March 29, 2008

Capitalismo Selvagem

Todo mundo sabe que eu amo os Estados Unidos. Desde pequena, sempre quis viver aqui, num país onde há ordem e respeito. Num país, que ao contrário do que muitos dizem, acolhe todo mundo, independente de cultura e religião. Foi aqui, desde muito nova, que conheci o verdadeiro sentido da palavra globalização, quando ganhei do Tio Sam a minha bolsa de estudos para vir fazer faculdade aqui. Na universidade, morava com búlgaras, turcas, indianas, nicaraguenses, chinesas, japonesas e até americanas. Uma experiência e tanto.

Resmungo, sinto muita falta de casa, mas gosto daqui. Acho o sistema educacional o melhor do mundo e tenho orgulho de ser produto dele, mas se tem uma coisa que me incomoda muito por aqui é a ausência de um sistema público de saúde. Não me canso de perguntar a tantos amigos americanos como pode o país mais poderoso do mundo ter um sistema de saúde tão capenga? Como podem as leis de proteção ao trabalhador serem tão incipientes? Há pouco vivi isto em primeira mão. Foi opção minha me desligar da Universidade de Maryland, mas não creio que eles tivessem condições de me manter na folha de pagamento. Aqui não tem licença de saúde paga pelo INSS. Seus "sick days", o equivalente à licença-saúde, são ganhos pro-rata, a medida que você acumula dias de serviço. Não é nada automático como no Brasil.

Mas voltando à questão da saúde, grande parte dos americanos é "underinsured" ou sub-segurados, ou seja, eles até têm plano de saúde, mas que não cobre praticamente nada. As seguradoras aqui são fortíssimas e a pressão para que os pacientes permaneçam o menor tempo possível no hospital é imensa.

Não me julguem mal. Não há ninguém que deteste hospital mais do que eu e que queira ter a estada lá abreviada ao máximo, mas tudo tem um limite. O sujeito faz uma cirurgia invasiva, leva uma baita anestesia e sai andando uma hora depois?

Por aqui estas coisas acontecem. Fiquei abobalhada quando o Blake me falou que a cirurgia de hérnia dupla dele seria ambulatorial. E nem foi por videolaparoscopia, foi no facão mesmo. Ele deu entrada umas 10:00 da manhã e meio-dia já estavam enxotando o coitado. Entra no centro cirúrgico, sai num piscar de olhos, toma um suquinho e "have a good day." Não é de se espantar que o coitado quase cai duro antes de sair do hospital. Foi preciso que nada menos que seis enfermeiras o amparassem.

Não bastasse esta disparate agora os planos de saúde estão forçando a barra para emplacar a idéia da "mastectomia drive-thru". No país do fast-food, agora a tendência é fast-surgery. A proposta é assustadora, mas muito real. Então agora em vez dos dois dias de internação depois da mastectomia, eles querem mandar as pacientes para casa, cheia de drenos e curativos para que elas se virem sozinhas. Uma covardia!

Mas parece que há algo que, pelo menos nós que moramos nos EUA, podemos fazer. Há uma petição dirigida ao Congresso Americano para que esta proposta aburda seja barrada. Quem quiser assinar, é só clicar aqui.

Não custa nada e pode evitar que esta barbárie se torne realidade.

Mil perdões pelo post inflamado e panfletário, mas não podia deixar passar.

5 comments:

Anonymous said...

Certíssima.
Pena que não posso assinar (só pode quem mora nos EUA, né?). beijos!!!! Fê.

Anonymous said...

Dani, estou quase como vc. Especialista hahaha. Comecei a preparar tudo com 13 meses de antecedência. Agora faltam nove e resolvi quase 90%. Vc é a noivinha homenageada da PAt. Ela tbm será minha fotógrafa. Beijos mil, Chris.

Carlos Wilker said...

Muito bom seu blog. MUITO. Tô lendo um post aqui, outro acolá - confesso que fiquei emocionado com o de 26 de março, 'Enfim Hopkins!'. Gostei do seu jeito direto de escrever; das histórias, das opiniões, enfim, vou voltar pra ler mais.
Abraços,

Dani said...

Fê,
Pena mesmo, mas fique na torcida para a petição conseguir barrar esta proposta louca.

Chris,
Quer maravilha já estar com tudo pronto a nove meses do dia D. Eu só tive seis meses para arrumar tudinho. Quase pirei! Mas estou aqui feliz e casada. :) Ótima escolha, você não poderia ter encontrado fotógrafa melhor.

Carlos,
Que legal seu comentário! Já estava na hora de acabar com o clube da Luluzinha por aqui. Bem-vindo e volte sempre!

Beijos a todos,

Dani

Margot said...

Concordo em gênero, número e grau. Já viste "Sicko"do M. Moore? very Scary. Depois do filme eu quis sair correndo daqui... já passei por uma situação em q o seguro não cobriu tudo q devia e estou até hoje pagando por isso...