August 31, 2010

O Dilema da Cozinha

Pois é, mais uma tarefa que agora vou ter que levar mais a sério...fazer jantar! Vou poupá-los da ladainha, mas digamos que eu não tenho duas coisas que são praticamente essenciais para qualquer chef de cozinha: interesse e paciência! Ao contrário do que acontece com a maioria da população humana -- a julgar pela popularidade das centenas de programas de culinária na TV -- o assunto me dá tédio! Claro que gosto de uma comida gostosa, um sabor diferente, mas posso pensar em muitas outras coisas que me dão mais prazer do que isso... Até restaurante mesmo...prezo mais a atmosfera, a apresentação (esta sim, me enche os olhos!) e o serviço (superimportante para mim!) do que a comida em si.

Morei sozinha em NY durante cinco anos e sinceramente não me lembro uma só vez de ter pilotado o fogão sozinha. Morei no Rio outros tantos anos (com a minha irmã e sozinha) e o fogão do nosso apê jamais foi usado. Pelo menos por nós duas! Então quando casei a coisa mudou de figura. Comecei meu curso intensivo de pilotar fogão. Aprendi umas receitas coringas, mas confesso que não me tornei nenhuma Martha Stewart. Sendo assim, a tarefa árdua e ingrata de preparar o menu semanal para nossa casa ainda não é algo natural para mim, principalmente depois de um longo dia na labuta. Mas acho que não tenho mesmo para onde correr e vou ter que dar um jeito qualquer, principalmente agora que vamos ter mais um membro na família...mais uma boca para alimentar!

Cheguei ao trabalho hoje me queixando e foi quando uma colega me sugeriu o seguinte website http://www.whatthefuckshouldimakefordinner.com Achei a ideia o máximo, pois reflete exatamente meu estado espírito. De qualquer jeito além deste site, já me inscrevi em outros mais tradicionais:
www.epicurious.com/
www.tastymenu.com

E vocês, como se viram? Têm alguma dica de receita fácil e quando digo fácil me refiro a algo que só use duas panelas e quatro etapas de preparo! Ah, e no máximo 30 minutos para ficar pronto...

Esta vida de Amélia definitivamente não combina comigo!

August 30, 2010

buybuyBaby = bye, bye money!


Deve ser ranço de subdesenvolvimento, mas excesso de escolhas realmente me deixa confusa. Acho que já falei sobre isto aqui, mas tanta opção, deixa tarefas corriqueiras muito complicadas para mim. Sou do tempo em que no Brasil só tinha carro da GM, da Ford, da VW e da Fiat, ou seja, me lembro bem de quanto o Collor chamou todos os carros brasileiros de carroça! Mas carroça ou não, era o que a gente tinha e se dava por satisfeito...

Se os turistas brasileiros amam vir aos EUA justamente pela abundância de opções, eu que moro aqui tenho pesadelos só de pensar neste megamalls... Deve ser coisa da minha personalidade! Gosto de ver tudo, estudar tintim por tintim, examinar, conhecer tudo nos mínimos detalhes antes de tomar uma decisão. Meu brainstorming é sempre caótico, sempre intenso e às vezes até sofrido. É realmente um processo que inclui a parte lógica e a parte sentimental e leva muito tempo...

A minha mãe tinha pânico de resolver as coisas do casamento comigo, pois ela não tem muito saco para tantos detalhes. Sabe o que quer, entra e resolve logo. Não sou assim... Preciso estar 100% certa de alguma coisa antes de me decidir por ela e chegar a estes 100% é que são elas. Quando se tem três opções, tudo bem. Mas e quando se tem três mil? Enlouquecedor é pouco! Frustrante? Muito!

Sábado foi um exemplo perfeito. Quem mora nos States e tem filhos, certamente conhece esta “lojinha” chamada buybuyBaby. Quem não tem filhos, deve conhecer a Bed Bath and Beyond, loja de artigos para casa... Pois é, a buybuyBaby é da mesma holding e o esquema é igual: lojas enormes, prateleiras que não acabam mais e produtos estocados do chão ao teto – tudo para bebê! Coisas que a gente nem imagina que existe, mas tem sempre alguém para te convencer que o tal produto é essencial. Quer um exemplo? “Wipes Warmer” ou seja “esquentador de lenços umedecidos”. É isto mesmo, um aparelhinho para esquentar os tais lencinhos que a gente usa para limpar o bebê! Pois dizem que o frio do lencinho pode acordar ou irritar o bebê, principalmente no inverno americano. Ah, como tinha gente dizendo que o bebê se acostumava com o quentinho em casa e depois se queixava do frio na rua, agora eles inventaram um esquentador portátil para viagem. Não, juro que não é piada! Estou falando seríssimo! Para quem ainda não acredita em mim, está aqui a prova! Tanto a foto do produto como os comentários dos clientes!

Fora a tal da bomba para tirar leite...cujos modelos variam entre US$50 e US$380!!! Ninguém merece! E todo o produto tem um acessório que também é indispensável! Depois de mais de três horas de tour com nosso personal shopper, saímos de lá tontos! Eu abri e fechei tantos carrinhos que acabei não me decidindo por nenhum... O Blake só dizia “Agora chega! Outra hora você volta aqui com a minha mãe... Por favor, vamos embora!” É verdade que abri e fechei uns 500 modelos de carrinhos e achei todos pesados e complicados e alguns carésimos. Como diz a minha irmã, com US$1500 – que é o preço de alguns depois de acrescentar todos os acessórios -- dá pra comprar até um carro de verdade, nem que seja Chevette velho!

Hoje, acho que vou dar uma passadinha rápida – será que é possível? – na Babies R Us que tem no caminho de casa e abrir mais uns três modelos de carrinho para ver se me decido. Quero também fazer uma limpa na minha lista, pois desconfio que ainda tenho outros produtos essenciais como o wipe warmer ou a bomba de leite profissional que de repente podem ser excluídos, já que a minha conta bancária não tem semelhança alguma com a do Donald Trump.

Ah, e como tudo acontece na mesma hora, ontem tivemos uma mini-enchente lá em casa por conta da lavadora de roupas que quebrou e deixou água jorrando para todo lado... Resultado: vamos morrer em mais uma graninha e comprar uma lavadora nova para o Joaquim! Well, quem está na chuva é para se molhar!

August 27, 2010

#1MILHAOSEMPRECONCEITO

@thiagovhiver from #1milhaosempreconceito on Vimeo.



Vale a pena clicar no link acima para conhecer a história do Thiago e da luta dele contra o preconceito.

Se estiverem no Twitter, sigam o Thiago também. Ajudem-no a provar que o preconceito pode ser vencido. Por razões óbvias, principalmente depois do trabalho em Honduras, já me tornei amiga dele.

Como vocês sabem, a viagem a Honduras me marcou demais. E uma das histórias mais tocantes que vi por lá foi a de Stephanie*, uma jovem mãe, inteligente, carinhosa e superdedicada, que vive com HIV há vários anos. (Quem quiser ler, a matéria está aqui.)

O maior medo da Stephanie não é da doença em si -- já que ela segue o tratamento religiosamente e faz todos os exames -- mas de alguém descobrir que ela é portadora do vírus. E seu maior medo não é que a AIDS possa matá-la, mas que o preconceito possa fazer isto. Ela viu de perto um cunhado definhar por falta de amor e de apoio da família e dos amigos, então resolveu que o "segredo" deve ficar entre ela e o marido, também soropositivo.

Espero que um dia a Stephanie não precise mais ter medo do preconceito. Espero que um dia ela possa se libertar deste "segredo", mas antes precisamos vencer este estigma. É por isto que quando vi este vídeo no blog da Amanda, na mesma hora resolvi postar aqui. É muito bacana!

August 26, 2010

Mãe made in Brazil... Filho made in USA...

Se para muitas brasileiras morando aqui, principalmente as casadas com americanos, a decisão de ter filhos neste país é meio automática, para mim não foi. Por causa de vários fatores, entre eles o fato de conhecer excelentes médicos no Brasil e ter acesso a ótimos hospitais, a minha vontade era ter o meu bebê no Rio, mas infelizmente a ideia não iria funcionar em termos práticos. Tanto eu quanto o Blake trabalhamos aqui e não teríamos condições de passar seis meses no Brasil, pois teríamos que viajar no máximo daqui a dois meses e ficar lá até o bebê completar pelo menos três meses, o que para nós seria inviável.

Confesso que ficaria mais tranquila no Rio, mas tenho que aceitar que a minha vida – e a do Joaquim em breve – está aqui, então tenho que criar algum tipo de estrutura. Ainda ligo para o Dr. Joaquim quando preciso tomar remédio. Quando tenho dúvidas, uso e abuso dos vários amigos médicos no Brasil...confio neles e sei que estarão sempre disponíveis e dispostos a me ajudar. Quem mora aqui sabe que é mais fácil uma audiência com o Papa do que conseguir que um médico atenda o telefone. (O único que SEMPRE me retornava era o meu médico do tramento de FIV, mas ele é a exceção da exceção!)

A gravidez em si tem sido bem tranquila – graças a Deus – e o Blake tem participado bastante, mas me considero bem independente e escolada quando o assunto é médico, então não tenho o menor problema em ir a consultas ou exames de rotina sozinha. Só levei o Blake a duas ultras, mais por ele do que por mim. Outro dia, a tal amiga da minha cunhada disse a ela que sentia falta de alguém para dividir este momento, então me pergunto, mas marido serve para quê? Minha mãe e minha irmã são muito presentes, mesmo que à distância, dão pitacos na decoração, na escolha do enxoval...só não podem mesmo ir às compras comigo, mas o Joaquim vai, sem reclamar! Não tenho muito esta necessidade de compartilhar com outras grávidas a minha rotina, me viro muito bem sozinha.

A única coisa que realmente me preocupa é que, ao contrário do que aconteceria no Rio, não conheço meus médicos direito. E como aqui voê nunca sabe quem vi fazer seu parto, já que eles trabalham em esquema de plantão, se revezando na equipe, achei melhor pelo menos ver a cara de todos até o grande dia. A minha favorita, que me tinha sido recomendada, está grávida de gêmeos, com data prevista para o parto no dia do meu aniversário, ou seja, mais de um mês antes do nascimento do meu filho, então está descartada. Logo ela que tem a minha idade e entende tudo de FIV – já fez cinco! – e tem filhos pequenos! Mas tudo bem, espero que o resto da equipe seja bacana também.

Mas acima de tudo, espero que a exemplo do que tem acotnecido até aqui, tudo transcorra de modo absolutamente normal... Sei que na hora muita coisa sai do script, só espero que não seja nada de grave. Se no Brasil, sempre tenho a certeza de estar nas mãos dos melhores profissionais, aqui já não posso dizer o mesmo... As outras grávidas que encontro no consultório dizem gostar muito dos médicos de lá, há fotos e mais fotos de bebês lindos e gorduchos. Espero que em breve o meu seja um deles...

August 25, 2010

Chá de Bebê


Americanos sempre me impressionaram pela eficiência e pela organização. Tudo deles é planejado nos mínimos detalhes e com muita antecedência, as vezes tanta antecedência até me parece incompreensível. Quer exemplo? Você convida um amigo para ir ao cinema ou para jantar e tem que fazer isto com um mínimo de um mês de antecedência, melhor mais de seis semanas. Mas não é para festança, casamento ou black-tie, é para ir ali do lado comer uma pizza! E o que percebo é que o povo aqui nem é tão ocupado assim – nada se comparado com a badalação carioca. O que acho é que americanos não é muito chegado ao improviso.

O tema atual aqui nas reuniões de família é meu chá de bebê. O tópico ficou ainda mais “animado” depois que a minha sogra disse que ia organizar e que uma amiga da minha cunhada apareceu grávida seis semanas depois de mim. Até aí tudo bem...

Primeiro, me avisaram que o chá de bebê da tal amiga – que espera o bebê para meados de janeiro – seria em julho! Achei um tanto quanto antecipado, mas cada um sabe de si... Depois ninguém mais falou no assunto. Ontem, minha sogra me liga para marcarmos loga a data, já que a tal amiga tinha ligado para ela perguntando se o chá estava marcado por que ela tinha escolhido 3 de outubro para fazer o dela.

A minha sogra, que de início tinha reservado o dia 10 de outubro para o meu chá, ficou um pouco preocupada com as proximidade das duas datas e resolveu me ligar. Conversamos e fechamos 17 de outubro, quando vou estar prestes a entrar na minha 33ª semana, o que achei bem razoável.

Mas confesso que fiquei um pouquinho irritada – posso colocar a culpa na gravidez? – de ter que decidir a minha vida baseada na escolha de alguém que não tem nada a ver comigo. Mas c’ést la vie...pelo menos não vou fazer chá de bebê duplo...fala sério!

Sei que este tipo de colocação é um tanto quanto ridícula, mas como ainda não estou entrando na fila para beatificação...

August 24, 2010

Caindo a Ficha

Acho que agora estou finalmente entendendo que vou ser mãe em pouco mais de três meses. É muito estranho, principalmente porque a minha gravidez não aconteceu, digamos assim, por acaso e nem me pegou de surpresa. Depois de um ano de muita agonia e de algum sofrimento, conseguimos encomendar nosso primeiro herdeiro. Era de se esperar que eu fosse espalhar a novidade aos quatro ventos, que fosse anunciar em rádio e televisão e que fosse às compras logo no primeiro mês.


Mas nada disto. O medo da decepção me deixou meio paralisada e o fato da aparência não ter mudado muito me deixou numa espécie de limbo. Ninguém perguntava, nem eu falava... Só que agora a barriga virou uma entidade em si, ela chega primeiro que eu e as reações são as mais loucas possíveis – sorrisos, caras de surpresa, mil perguntas!


Nas últimas semanas só penso e respiro quartinho de bebê. O Blake, que já estava achando que eu ia em marcha lenta, agora já não me aguenta mais. Estou em ritmo de preparativos, na mesma vibe do casamento – comendo, bebendo e respirando Joaquim. Hoje até o presidente da empresa veio conferir o tema do quartinho do bebê. Amanhã ou depois finalmente vou até à loja para conferir tudo pessoalmente e finalmente efetuar a compra.


Acho que, como dizem por aqui, já entrei em nesting mode, ou seja, estou mesmo animada para arrumar o ninho e aguardar a chegada do nosso pintinho, que apesar das suas 25 semanas de vida já viveu aventuras demais!

August 22, 2010

Decorando o quartinho...ou tentando








Meu processo criativo é sempre meio caótico. Tenho pena do Blake que é todo superorganizado. Eu não...não sei compartimentar bem as coisas, gosto de me embrenhar e entrar de cabeça em qualquer projeto, gosto de colher todo e qualquer tipo de informação...gosto do caos!

Só assim consigo me inspirar. Foi assim com o casamento e assim com a decoração da casa. Tudo leva muito mais tempo do que eu gostaria, mas no final fico satisfeita. Sempre fazendo acertos, mas já mais tranquila.

Com a casa foi assim. O Blake ficava impaciente, pois passamos meses sem comprar um móvel sequer. Causava um incômodo enorme nele entrar em casa e dar de cara com uma sala enorme e vazia. Ele me cobrava sugestões, ideias de cores e móveis e eu, nada. Com a história da minha avó no hospital (naquela época treva de 2008!), minha cabeça estava muito longe.

Mas meses depois de tanta procura e muito debate, investimos numas peças bacanas e usamos muita criatividade. O resultado é uma casa bem no nosso estilo, moderna mas ao mesmo tempo acolhedora e confortável.

A minhas esperança é a mesma para o quarto do Joaquim. Depois de muito pesquisar, escolhemos móveis mais clássicos e de qualidade superior, pois queremos que ele use bastante (o berço vira caminha de criança e depois cama de solteiro), então agora só falta mesmo a decoração.

O Blake quer se inspirar na Amazônia, pois ele adora macaquinhos, mas eu sou apaixonada por azul bebê e gosto da mistura com marrom, então está aí o impasse. Para completar, ainda não vi nada que me deixasse de queixo caído, mas gostei de algumas coisinhas das fotos acima. Acho que vou usar alguma inspiração. Uma ideia também é usar aviões e balões, num tema aéreo (já que o náutico foi vetado pelo pai), já que o bebê voou mais do que filho de aeromoça: 14 voos em menos de um mês -- desde jumbos até jatinhos de 4 passageiros! E o pior é que acho que ele gosta. O Blake tem lá suas dúvidas...

De qualquer jeito, esta semana volto a atacar as lojas de bebê para ver se acho alguma coisa legal, já que a pesquisa na internet tem me ajudado pouco...

August 20, 2010

Está na hora de começar...

Não acredito que fora a mobília do quartinho do Joaquim e os presentes que ganhei de amigos, ainda não fiz nada para esperá-lo!

Por enquanto já li muito, pesquisei muito, mas tomar decisão é difícil. Já tenho as cores escolhidas, o tema mais ou menos em aberto, mas nada de carrinho, cadeirinha de carro, banheira, enxoval...nada!

Mãe desnaturada! Este fim de semana temos visita, mas da semana que vem não passa. Vou assumir de vez meu papel de mãe... O único problema é que me dá calafrios toda vez que tenho que tomar uma decisão mais séria. Ah esta vida de mãe de primeira viagem...

August 19, 2010

Recuerdos de Honduras

Diagnóstico (mais ou menos) fechado: picadas de algum inseto (eu acho que deve ter sido pulga mesmo) e uma crise de sinusite sinistra. Resultado: antibiótico por cinco dias e uma pomadinha à base de corticóides. Maravilha! Desde que não seja malária, estou no lucro!

Só que, ontem, logo depois de passar a tal pomada para me livrar da coceira, resolvi ler a bula, que aqui vem das farmácias: "Safety of use during pregnancy has not been establisheds. This medicine SHOULD NOT BE USED DURING PREGNANCY unless benefit justifies potential risk to fetus. CALL YOUR DOCTOR."

Assim mesmo, em letras garrafais! Para quem espera dois dias e meio para enxaqueca passar e nem Tylenol toma, imagina o susto que levei! Na mesma hora, mandei email para dois amigos médicos. E o Blake também fica em pânico nestas horas, me faz mil perguntas para as quais nunca tenho resposta e só me deixa irritada! Depois de conversar com os amigos médicos, que me garantiram que o pequeno uso tópico não faria mal, estou passando bem pouquinho nas dezenas de bolinhas que se espalharam pela minha perna.

De início fiquei com medo de ser algo relativo à gravidez. Depois fiquei com medo de ter sido mais uma vítima da invasão dos percevejos que estão levando pânico à população aqui, após terem aparecido em lojas tipo Victoria's Secret e Abercrombie & Fitch, em Manhattan. A última aparição foi num cinema enorme em Times Square!

Mas pelo tipo de picada, acho que estou a salvo deles. De qualquer jeito, lavei todas as minhas roupas da viagem de novo, desta vez em água quente, e todos os lençóis, colchas, toalhas, etc que estiveram em uso nos últimos dias.

Pois é, como se diz por aqui, na minha vida, there is never a dull moment! Se Deus quiser, a coceira vai passar em três dias e a sinusite vai embora em cinco! O fato é que esta viagem a Honduras está durando muito mais do que o esperado...

August 18, 2010

Ninguém merece...

Ontem acordei com umas três bolinhas que pareciam picadinhas de inseto e coçavam de mais. Quando cheguei do trabalho a coceira aumentou e as bolinhas idem. Claro que liguei para minha obstetra, mas como já passavam das cinco, me transferiram para um enfermeira que me disse -- surpresa! -- que marcasse consulta para o dia seguinte.

Curiosos, o Blake e eu resolvemos consultar a Dra. Internet, aí já viu...várias hipóteses, algumas relacionadas com gravidez, umas mais brandas, outras menos. Fiquei com o pé tão atrás que resolvi encher o saco de uma amiga dermato no Rio. Ela pediu fotos, pesquisou e etc. Hoje, respondeu.

"Elas estão agrupadas? Um montinho aqui e outro ali...Vc viajou qdo? Qto tempo depois elas surgiram? Vc viajou só? Mas algém está com isso?
Não pode ser picada de pulga? Bom de qq forma, não fique preocupada."

Era só o que me faltava...pegar pulga naquela pocilga no meio da floresta!?

De qualquer jeito daqui a pouco estou saindo para ir ao médico aqui... Será que ele vai arriscar diagnóstico?

Aguardem os próximos capítulos... A aventura na selva ainda nào acabou!

August 17, 2010

Viajando Grávida



Os médicos e especialistas têm razão, setiver que viajar, viage no segundo trimestre, que é sem dúvida a melhor fase da gravidez. Depois de um primeiro trimestre cheio de enjoos e cansaço, passo um segundo trimestre perfeito, tão bom que até esqueço que estou grávida.

Gravidez não é doença, mas estaria mentindo se dissesse que no primeiro trimestre não me senti um caco, então o segundo trimestre foi uma surpresa maravilhosa. Minha energia voltou, os enjoos se foram e me senti superbem, tão bem que viajei bastante e agarrei todos os projetos e aventuras que vi pela frente.

A viagem para Honduras foi o maior deles. O voo em si, não foi problema nenhum, pois para quem está costumada a voar para o Brasil, quase tudo fica perto, mas os dias de trabalho por lá foram muito intensos.

Para começar não sabia que ia paras a floresta, que é a maior floresta depois da Amazônia, e sendo assim tem todos os problemas que a Amazônia tem e mais, pois eles têm uns 50 anos de atraso em relação ao Brasil. Optei por não tomar as pastilhas, primeiro porque não sabia que ia mesmo precisar – achei que ficaria só em cidades – e depois porque quem não toma nem Tylenol como eu, vai tomar remédios fortíssimos que causam até alucinação?! Me precavi como pude, usei Off – que alguns médicos no Brasil desaconselham, mas os americanos dizem que é seguro – e achei que conseguiria aguentar por poucos dias. Acho que deu tudo certo, pois não percebi picada nenhuma. O que peguei por lá foi uma gripe que ainda me persegue, depois de 10 dias. Também passei um dia a base de barrinhas de cereal – menos um risco.

A viagem foi o máximo e valeu muito a pena sim. Os dois motivos que me levaram a topar a proposta foram em primeiro lugar a minha curiosidade e em segundo, querer mostrar para todo mundo que posso trabalhar tanto quanto qualquer outra pessoa no planeta, levando em consideração alguns limites. A parte mais assustadora foram os voos. Um foi tão aterrorizante que eu jurei não entrar mais em avião nenhum até o Joaquim nascer. (O coitadinho em menos de um mês pegou nada menos que 14 voos!) O bom é que tenho muita coisa para fazer aqui no escritório e o planos é ficar quietinha daqui para frente. Tudo como planejado.

Agora que tecnicamente entro no terceiro – mais longo e último – trimestre, já noto algumas mudanças. A barriga parace que despara a cada dia e a energia está um pouco comprometida – seja pela gripe ou pela gravidez, então vai ser bom voltar à rotina, retomar a yoga e me dedicar totalmente à chegada do nosso filhote.

August 16, 2010

Explicando melhor Honduras…





Muita gente anda me perguntando o que fomos fazer em Honduras, então vou fazer um resuminho básico aqui.

Em abril, comecei a trabalhar para uma organização não-governamental que se dedica a ajuda humanitária e desenvolvimento internacional chamada CHF International. Apesar de pouco conhecida pelo público em geral, a organização tem mais de 50 anos e é a quarta maior receptora de fundos do governo norte-americano, estando presente em quase 30 países, incluindo Iraque, Paquistão, Afeganistão e na América Latina, principalmente na Colômbia, em Hoduras e obviamente no Haiti.

Trabalho no departamento de comunicação e meu foco são as parcerias com a iniciativa privada e comunicação corporativa, principalmente. Como não há sofrimento que dure para sempre, depois de peregrinar e pagar todos os meus pecados trabalhando para pessoas de difícil convívio – para não dizer coisa pior – finalmente consegui um chefe inteligente, competente e humano! E de quebra uma equipe de gente muito bacana. Dizer que a organização não tem seus problemas seria mentira, mas se comparado ao que vi lá fora, isto aqui é o paraíso. Mas voltando ao assunto, nosso departamente é reponsável por toda a estratégia de comunicação de todas as operações no mundo, então este ano quatro países foram escolhidos para uma análise mais detalhada e para um trabalho mais cuidadoso.

Honduras é um caso bem interessante, já que ao contrário de todos os outros países onde operamos, não há dinheiro nenhum oriundo da USAID (Agência Americana para Ajuda Internacional). A liderança conseguiu diversificar os doadores, projetos e tipos de financiamento, tornando-se uma grande história de sucesso. Os programas da CHF em Honduras vão desde projetos de infraestrutura agrícola, até programas de combate à malária e de apoio a pacientes soropositivos, passando por tráfico humano e educação.

Então depois de tudo programado, tivemos doze dias para percorrer o país inteiro e conhecer as pessoas que estão sendo ajudadas pelos nossos programas. Dizer que foi emocionante é pouco. Entrevistei cerca de 60 pessoas, que abriram suas casas e seus corações ao compartilhar conosco suas histórias, de luta, muitas vezes de dor, mas na maioria das vezes de superação e vitória. Conhecemos Wendy, uma jovem mãe de 30 anos que se beneficiou de um dos nossos programas em paceria com a Alcoa. Conseguiu uma bolsa de estudos num instituto politécnico e nós financiamos seu transporte e sua alimentação ao longo dos dois anos de curso. Wendy, que trabalhava nove horas em média numa máquina de costura, hoje é técnica de qualidade, tem um trabalho melhor, salário mensal e benefícios garantidos. Já comprou duas casas: uma para ela e para os filhos e outra, ao lado, para a mãe. Wendy ainda luta com um problema renal da filha de 11 anos, mas não perde a garra e a vontade de crescer.

Conhecemos também Gabriela, que enganada com promessas de dinheiro fácil e rápido, foi levada à Guatemala onde teve que se prostituir para viver. Engravidou, numa das brigas com o dono do estabelecimento, apanhou tanto que foi parar no hospital, onde os médicos, desconfiados, alertaram a polícia e contataram o Ministério Público. Ficou três meses escondida e depois foi enviada a Honduras, onde vive em um abrigo com dois de seus três filhos. Foi uma das entrevistas mais difíceis da minha vida. O olhar dela era puro pavor e antes de dizer qualquer coisa, desabou. Aliás, desabamos, eu e ela. O que dizer a alguém que com tão pouca idade já sofreu tanto? Mas no final, ao mostrar-me sua filha de 21 dias, ela já esboçava um sorriso. Apesar do medo e do trauma enorme, Gabriela quer viver. Quando pergunto a ela o que ela mais deseja, ela diz sem pensar: “Um trabalho, qualquer trabalho, desde que seja de dia.”

Conversamos também com pessoas que vivem com o vírus HIV e que apesar de tantos obstáculos, como pobreza, pouca instrução, poucas alternativas de trabalho, tentam levar a vida da melhor forma possível, criando seus filhos com amor e com carinho, provando que pobreza não é sinônimo de violência ou abuso.

Uma viagem é sempre uma jornada de autoconhecimento, um mergulho dentro de nós mesmos... Todo mundo sabe que sou terminantemente contra favela tours e coisas do tipo, que ao mesmo tempo glamurizam e exploram a miséria alheia. Fico enojada quando escuto comentários do tipo “Vendo como este povo vive, temos que dar graças a Deus por tudo que temos.” Nada me deixa com mais raiva do que este tipo de comentário ao mesmo tempo hipócrita e patético. Acho que a única razão que pode levar alguém a querer ver como vive “a outra metade” é um desejo genuíno de fazer a diferença, de ajudar.

O Blake desde o início embarcou direto na aventura, dizendo que preferia mil vezes passar as férias fazendo algo útil do que sentado de perna para o ar num resort no Caribe... (Quanto a mim, acho que combinaria os dois!) Ele acabou trabalhando tanto quanto eu e sendo o fotógrafo oficial da organização, para minha sorte.

O que vi em Honduras foram pessoas absolutamente normais, muitas vivendo sob circustâncias absolutamente cruéis, mas todas, sem exceção, gratas por cada um dos programas que a organização desenvolve em suas comunidades. Senti também que muitas delas tinham um carinho especial por mim, só por estar ali, perguntando e ouvindo um pouquinho da realidade delas. O que elas mal sabem é que quem tem que agradecer sou eu, por ter tido o privilégio de conhecer uma realidade tão diferente da minha e de certa forma poder ter feito parte dela por alguns dias.

August 13, 2010

Honduras - lazer




Estas fotos foram tiradas num dos poucos momentos de lazer da nossa viagem, quando fugimos para almoçar numa cidade/vilarejo tipicamente espanhol, cerca de uns 40 minutos de Tegucigalpa.
A cidade, Valle de Angeles, me lembrou sim os pueblos blancos da Andaluzia, mas obviamente com um toque forte da América Central.
Para os curiosos, estão aí umas fotos recentes da barriga...
Quero escrever um post bacana sobre a viagem a Honduras e o motivo que nos levou a passar quase duas semanas inesquecíveis num dos países menos conhecidos da América Latina...

August 12, 2010

Aspectos Emocionais do Câncer



O tema é superinteressante e achei que valia a pena repassar para quem estiver no Rio e quiser saber mais...

Fiquem à vontade para repassar o email também. Dica da Cris Palmeira! (Obrigada, Cris!)

August 9, 2010

Selva urbana

Hoje o dia foi diferente, entrevistas com populações urbanas, muitos portadores do vírus HIV vivendo em favelas em condições precárias, mas tentando seguir a vida, criar os filhos e fazer planos para o futuro.

Às vezes é bom sair da nossa bolha, ver que há outros problemas diferentes dos nossos -- sem tentar medir se são maiores ou menores, apenas diferentes.

À tarde fizemos entrevistas com membros de um grupo de apoio à diversidade sexual. Histórias diversas, caminhos diferentes, experiências inacreditáveis e doloridas, mas gente como a gente.

Mudam os países, mudam as classes sociais e as orientações sexuais...mas os problemas muitas vezes são os mesmos.

August 8, 2010

Quando imagens falam mais que palavras







Indescritível! É só assim que posso resumir nossa semana aqui em Honduras. Como diz o Blake, parecemos uma banda de rock em tournê, acordamos em um lugar, passamos o dia em outro em dormimos num terceiro. Ontem percorremos cinco cidades em 12 horas, encontramos gente que não acabava mais e tivemos o privilégio de entrar em suas casas e saber um pouquinho de suas vidas. Sensacional...

Aqui nos encontramos com vítimas de tráfico humano, trabalhos forçados, abuso, doentes de malária, jovens que apesar de tantas dificuldades levam uma vida digna graças ao acesso à educação que têm, agentes de saúde comunitária que vivem dentro de florestas e bananais e gente que ainda vive em casas de palafita no meio da selva, que nem sabe muito bem o que é eletricidade...mas que já tem celular! Até Bill Clinton conhecemos -- ele tem três anos, vive numa comunidade no meio de selva de Honduras e tem malária. Mas não consegue deixar de sorrir, principalmente quando se vê nas fotos da nossa câmera...

Coisas de deixar qualquer um de queixo caído...eu ainda estou tentando processar tanta informação; tentar entender que tem tanta gente que leva um vida tão diferente da minha...

August 1, 2010

Chegada a Tegucigalpa



Quando uma imagem vale mais que mil palavras...

As primeiras impressões são ótimas: povo hospitaleiro e solícito. O pessoal do escritório é muito legal e depois de pegar a gente no aeroporto, ainda nos levaram num tour pela cidade.

Detalhe: por conta das trapalhadas da diplomacia brasileira, fui aconselhada a entrar no país com meu passaporte espanhol. Não tive o menor problema. Na saída, quando fui procurar o pessoal que ia me pegar, o nosso motorista e funcionário da CHF Honduras estava lá todo feliz com a camisa da seleção brasileira. Caí na gargalhada...