January 31, 2012

Walking Waka



O preguiçso do Joaquim já sobe e desce três lances de escada, engatinha pra frente e para trás (Michael Jackson?!), mas não se desgruda do andador para dar dois passinhos...

Como o nome dele aqui é pronunciado "Wakin", obviamente já o apelidaram de WakaWaka, ou Walking Waka!

January 18, 2012

Tédio Virtual

Outro dia uma amiga escreveu o seguinte no Facebook: “Será que as pessoas viajam para aproveitar ou para poder dizer para os outros no Facebook?” E obviamente recebeu várias respostas... Mas fiquei pensando, então me perguntei se o mesmo não vale para quase tudo hoje em dia. Parece que as coisas não acontencem a menos que estejam devidamente documentadas e postadas no Facebook, onde vários amigos (ou seriam simples conhecidos?) podem “curtir” ou debater sobre tal restaurante, cidade, e até mesmo programa de TV. Na era de smartphones com câmeras de foto e vídeo, parece que a humanidade carece desta “validação virtual”.

Claro que eu mesma me incluo neste time de aficcionados, fora algumas raras ocasiões quando até eu – que tenho pouquíssima necessidade de privacidade – deixo de postar ou escrever alguma coisa porque simplesmente acho exposição demais. É que na era de blogs, Facebook, Twitter e tantas outras coisas, todo mundo virou expert em tudo, ou pelo menos se auto-intitula e se vê como tal. E volta e meia um post inocente dá um pontapé numa discussão ridícula que começou a troco de nada. Gente que nunca se viu se agride e se ofende por causa de uma besteira qualquer. Acho uma chatice esta patrulha desnecessária, este concurso de quem sabe mais, de quem conhece mais que parece nunca acabar.

Não sou retrógrada ao ponto de não ver o aspecto positivo da revolução que vivemos. Amo as mídias sociais pois é graças a elas que apesar da distância e do tempo consigo manter amizades e me sinto mais próximas daqueles que amo. Ao ver fotos de gente querida me imagino bem pertinho deles, como se eu também estivesse presente em ocasiões tão bacanas. Também gosto de ver as notícias em tempo real...afinal de contas uma vez jornalista, sempre jornalista!

E é por isto que apesar de muitas vezes pensar em focar menos na vida virtual – onde todos são felizes, bonitos, inteligentes e bem sucedidos e conseguem fazer milhões de coisas com perfeição e ao mesmo tempo – não consigo deletar nenhuma das minhas contas. Tenho medo de cortar os laços verdadeiros, mesmo que eles passem por um (às vezes) enfadonho enredado virtual.

January 17, 2012

2011: O Ano que Descobri que Queria Ser Mais que Mãe

Nunca fui daquelas meninas que brincavam de boneca. Sempre preferi os livros. Também não fui daquelas jovens que sonhavam em casar vestida de noiva num castelo. Acho que sempre suspeitei que o tal Príncipe Encantado poderia se perder no meio do caminho. E tampouco fui daquelas mulheres loucas para ser mãe, dispostas a tudo, até uma produção independente. Sempre vi a maternidade como consequência e não como um fim. Construir uma família na minha cabeça sempre veio antes de me tornar mãe. Talvez por ter tantos obstáculos, gosto de tentar planejar algumas coisas na minha vida, filhos certamente.

O fato é que apesar da inicial falta de interesse, tive um casamento mais que tradicional, com direito a vestido de noiva e igreja barroca, como nos filmes de princesas. E depois de alguns anos de convivência, a menina que nunca se interessou muito por bonecas, achou que já havia chegado a hora de pensar na chegada de um bebê de verdade. E assim começaram nossas tentativas que duraram um bom tempo e vieram carregadas de expectativas e de decepções ao longo do caminho.

Mas como é o lema da minha vida, Deus me ajuda a alcançar cada objetivo, mas quase sempre com alguma dose de sangue, suor e lágrimas. Obviamente com meu bebê não seria diferente. Depois de todos os exames e nenhum diagnóstico, partimos para a fertilização in vitro. (Por conta do meu histórico de saúde, preferi ir direto ao método mais invasivo mas o que prometia melhores resultados também.) E ao contrário do que acontece com a grande maioria dos casais, conseguimos engravidar na primeira tentativa.

Eu, que já tinha me preparado para ser uma grávida de altíssimo risco, nem acreditei quando os médicos trataram de me tirar do tal grupo rapidinho. Tive uma gravidez perfeita. Fora os enjoos no primeiro trimestre, acho que nunca me senti tão bem disposta na vida. E assim foi, até a chegada do Joaquim, em dezembro de 2010, quando uma verdadeira avalanche tomou conta de nossas vidas.

Não importa sua idade, não importa quantos livros você leu, quantas grávidas você entrevistou, quantos vídeos assistiu, a verdade é que NADA nem ninguém pode preparar uma mulher para o que está por vir. Quando a minha mãe insistia em dizer “filho muda tudo!” eu sinceramente não tinha noção da dimensão da coisa. Aquela história de que a sua vida nunca mais será a mesma é...a mais pura verdade!

Obviamente eu sabia das restrições quanto a minha liberdade. Claro, agora tenho um serzinho que é 100% dependente de mim, mas convenhamos que já aproveitei bastante a minha vida. Também achei que fosse tirar as tais noites em claro de letra, afinal nunca dormi muito, nem nunca precisei de muitas horas de sono. Na minha cabeça (ôca, diga-se de passagem), o bebê iria acordar, mamar em 30 minutos, arrotar em 10 e depois voltar a dormir sem nenhum protesto. Pode até ser assim, mas na casa dos outros! O meu bebê não dormia NUNCA, estava sempre esfomeado, era um horror para mamar, e berrava 24 HORAS POR DIA. O Joaquim era o temido “bebê com refluxo.” Só quem já teve um sabe do que estou falando...

Todo mundo me dizia que as coisas aos poucos iam melhorando... Aos quatro meses ele vai dormir direto, insistia a minha sogra. Só que agora, aos 13 meses, ela ainda acorda à noite. Com cinco meses ele vai parar de vomitar...Ele só parou com mais de oito. E por aí vai... E eu, na doce ilusão de que tudo ia melhorar, que um dia a minha vida ia ser menos caótica. Quanta idiotice!

O que demorei mais de um ano para perceber é que não é o Joaquim que vai melhorar. Quem vai mudar – e está mudando – sou eu! Mudam as minhas expectativas, muda a minha forma de ver o mundo, muda o meu dia a dia. A maternidade, aprendi, é um processo sem fim. E este processo é ao mesmo tempo prazeroso e dolorido, como toda mudança.

Sempre soube que a maternidade seria uma das várias dimensões da minha personalidade. Ao contrário de muitas mulheres, nunca achei que um filho fosse me completar como mulher ou como ser humano. Nunca entreti a ideia de abandonar a minha carreira para ser mãe em tempo integral. Não condeno que faz tal escolha, mas não me vejo nesta posição. E se todo mundo diz que não há trabalho mais árduo do que o de mãe, na minha opinião, o trabalho fica ainda mais difícil quando esta mãe é esposa e profissional que ainda tem alguma ambição quanto a sua carreira.

Aqui no mundo corporativo americano, existe algo que se chama “mommy track”, um lugar entre o limbo e a porta de saída que abriga mulheres alijadas profissionalmente que nunca irão saber o que significa uma promoção ou um bônus por mérito. Um lugar de onde eu definitivamente quero distância! Acho que quem está na chuva é para se molhar. Se tenho que sair de casa, cumprir metas e horários e rebolar para manter a qualidade do meu trabalho, quero ter direito às mesmas oportunidades e aos mesmos benefícios. O “mommy track” definitivamente não é para mim.

Engana-se também quem acha que coloco a carreira acima da família. Ano passado, por exemplo, não fiz nenhuma viagem a trabalho. A única possibilidade era em novembro, quando o Joaquim estava prestes a completar um ano, e mesmo assim, preferi adiar. Às vezes me sinto esgotada, mas não consigo pensar na minha vida sem meu trabalho. Da mesma forma, hoje não me vejo sem o Joaquim, então a única saída é conciliar. E conciliar é abrir mão de horas de sono, horas de prazer e aceitar que o dolce far niente é coisa de um passado longínquo.

Sempre soube que queria mais do que ser mãe, mas confesso que durante a gravidez muitas vezes me perguntei se mudaria de ideia. Muita gente me dizia que eu não iria aguentar deixar o Joaquim e voltar ao trabalho. Não só consegui, como na maioria das vezes deixá-lo brincando na creche, aprendendo coisas novas, me traz muita satisfação. Assim como me enche de alegria ver o rostinho dele se iluminar quando vou buscá-lo na saída.

Ser mãe é muito bom, mas depois de um ano de muito trabalho e pouquíssima diversão, sinto que aos poucos vou resgatando a minha identidade e voltando – ainda que lentamente – a ser eu mesma. Não a mesma pessoa que existia até 2010, mas uma pessoa nova e multidimensional, que agora além de filha, esposa, amiga, profissional, é também mãe.