April 30, 2008

Blake é um artista...




A foto acima foi tirada no casamento da Michele e eu adorei. Adorei tanto que meu marido-artista e mago do Photoshop percebeu e resolveu brincar com a imagem. E aí? O que vocês acharam???

E no que será que eu estava pensando??? Nem eu me lembro ao certo, só me lembro de estar muito muito feliz. Além de ver mais um casal amigo transbordando de alegria e saber que contribuí muito para isso, só de estar ali firme, forte e saudável ... Parece coisa do comercial do Mastercard: não tem preço.

E óbvio que estar no glamour de NYC sempre ajuda...

Mais um na corrente

Pessoal,

Sei que pedi que vocês incluíssem o Felippe nas orações de vocês ontem. Hoje tenho mais um pedido a fazer. Peço que concentrem seus pensamentos positivos e orações no Ricardo, um outro paciente jovem e guerreiro como o Felippe, que será operado em Nova York amanhã.

A batalha dele tem sido loga e árdua, mas ele nem pensa em desisitir. Admiro muito gente assim, que do alto de seus vinte e poucos anos, encara coisas inimagináveis com uma bravura impressionante.

A Isabel, tia dele, veio parar aqui por acaso -- sei que o acaso não existe, mas ela foi mais uma amizade que fiz aqui no espaço cibernético.

No último comentário dela, ela resumiu um pouco a história do Ricardo:

"Faz 5 anos foi diagnosticado com um sarcoma mto. agressivo, Desmoplastic Small Round Cell Tumours (DSRCT). Nessse periodo de tempo já foi submetido a pelo menos umas 4 cirurgias, varias rodadas de quimioterapia e outubro do ano passado chegou a fazer um transplante de celulas tronco do seu proprio sangue. Infelizmente no seu ultimo Pet Scan apareceram tumores primarios na região pelvica e no figado. Amanhã ele estará retirando esses tumores.
Felizmente é uma pessoa otimista e guerreira. Seu amor à vida é enorme e vive cada dia intensamente.
Te pediria, se posível, inclui-lo no teu circulo ou corrente de orações.
Acredito que quando um grande número de pessoas, independente da crença de cada um, canaliza suas energias, preces , vibrações para algo, ele acontece com muito mais força e do quanto isso pode fazer a diferença!
Beijos e Boa Semana,
Isabel"

Eu também acredito muito nisso, Isabel. Acredito que quando há fé, milagres tornam-se possíveis e quando muitas pessoas se unem em pensamento e energias positivas, aumentam a escala destes milagres. Senti isso quando entrei e saí daquele hospital no início do ano. Senti uma paz absoluta indo para a cirurgia. Senti uma alegria enorme de ter a chance de poder lutar pela minha vida. Senti uma força estranha me empurrando para frente. E foi esta mesma força que me fez deixar o hospital quatro dias após a cirurgia caminhando com as minhas próprias pernas. Rezo e torço muito para que esta "força estranha", que se chama Deus, carregue o Ricardo no colo amanhã e ilumine seus médicos durante o procedimento.

Vou pedir para a minha mãe, que tem uma reza forte, rezar por ele também. Pedirei à família e aos amigos do Blake aqui e obviamente, tenho certeza que o pessoal que lê o blog vai estar todo com ele na sala de cirurgia amanhã. Diga ao Ricardo que tem muita gente aqui fora torcendo por ele.

Mande notícias para a gente, por favor.

April 29, 2008

Efeito Dominó

Às vezes a gente começa a fazer uma coisa qualquer e de repente nota que a tal idéia se espalha com alguma rapidez e certa facilidade.

Desde que "inventei" esta história de me alimentar melhor, tenho percebido isso. Semana passada fui encontrar um amigo de muitos anos num bar charmoso no Flat Iron District, em Nova York. Chegando lá o povo todo bebendo vinhos deliciosos -- ficamos no wine bar -- e beliscando uns quitutes belíssimos. Sem querer bancar a chata, pedi um suquinho de cranberry -- o legal é que de longe, o suco passa por vinho ou um drink vermelhinho qualquer -- e uns rolinhos de legumes.

Vendo minha escolha um tanto quanto sui-generis, meu amigo me perguntou sobre a saúde. Respondi que estava tudo bem e fiz meu discurso resumido de "agora decidi me alimentar melhor, não estou comendo muita besteira, bebo muito pouco e com raríssimas exceções sigo uma dieta vegana." Óbvio que vem o aviso "não sou chata, nem xiita, então pode me chamar para jantar na sua casa que eu vou sim..." Detesto gente cricri e tenho horror a ser incluída naquela lista de personas não-gratas, gente chata e complicada que estraga qualquer festa. Acho que meu discurso deve estar funcionando, pois continuo sendo chamada para diversos eventos sociais, para meu alívio.

No dia seguinte ao nosso encontro, encontro na minha caixa-postal um email supersimpático do meu amigo, dizendo que tinha adorado me ver e que eu tinha o inspirado a comer mais legumes. Fiquei tão feliz quanto surpresa. Eu inspirando alguém a comer direito? Minha mãe nem ia acreditar numa coisa destas!!!

Aliás, outra pessoa que merece um crédito indireto e mais que especial é a Déa, minha amiga blogueira, musa inspiradora e mestra na ciência e na arte do veganismo. Volta e meia vou lá no blog dela pegar uma receitinha diferente para testar em casa. O Blake agradece.

Fé e força

Hoje levei um susto logo de manhã. O Blake me ligou pra dizer que o pai dele tinha passado mal no metrô e depois quase desmaiado em casa. Tinha sido levado para o hospital de ambulância. Conhecendo o pai dele, vi que o negócio não era brincadeira, pois o Greg jamais falta ao trabalho por pior que esteja se sentindo.

Corremos para o hospital mas felizmente ele estava descansando e passando bem quando chegamos lá. Que alívio. Pode ser egoísmo meu, mas a nossa cota de hospital já foi batida há muito tempo este ano. Só espero que o susto faça o meu sogro diminuir o ritmo, pois trabalhar doze horas por dia e levar mais de duras horas para chegar ao trabalho é demais para qualquer garotão, que dirá para um senhor de 71 anos!

Aos poucos tento voltar à rotina, mas confesso que tem sido mais difícil do que imaginava. Além disso trabalhar de casa requer uma disciplina ferrenha, que eu ainda estou tentando encontrar. Meus horários estão bagunçados, minha agenfa idem, mas até o fim da semana coloco tudo em ordem.

Dei uma passada no blog do Felippe, um jovem de vinte e poucos anos que descobriu ser portador de linfoma no final do ano passado. Na verdade a suspeita inicial era leucemia e os médicos levaram três meses para fechar o diagnóstico final.

Gosto dos posts dele, cheios de humor e de garra, mas o de hoje me deu um aperto no coração. Dizia assim:

28 April, 2008 – 9:51 pm

Após quatro dias, hoje tive alta da Clínica São Vicente. Mas pelo andar da carruagem talvez não demore a voltar.

Saco…

Fiquei triste só de imaginar o que está passando pela cabeça dele... Aliás não preciso imaginar muito, consigo me lembrar muito bem das tais fases ruins que já vivi. É difícil não me revoltar quando penso que este menino está no meio da faculdade e ao invés de se preocupar com a prova final, tem que pensar em quimioterapia, tratamentos alternativos, medicamentos importados, efeitos colaterais.

Nestas horas acho que as pessoas que tem muita fé e muita religião levam grande vantagem sobre o resto de nós mortais. Tenho fé sim e sei que há um Deus maior que tudo e que tudo vê, mas ainda sou muito covarde e reluto em me desapegar desta vida aqui. Tenho medo e por isso sofro. Sofro por não entender. Sofro por não aceitar.

Hoje quero pedir para vocês colocarem o nome do Felippe nas orações de vocês, no mesmo lugar onde colocaram meu nome. Rezem para que Deus dê força, coragem e saúde a este jovem guerreiro.

April 28, 2008

Cirurgia pode curar câncer de fígado

Saiu no G1. Olhem só que boa notícia!!!!

Esse tipo de tumor era, até agora, considerado inoperável. Método usa capacidade regenerativa do órgão.
Um grupo de pesquisadores do Hospital Universitário de Zurique desenvolveu um novo sistema de cirurgia que pode ser usado em casos de câncer de fígado considerados até então não operáveis, aliado a sessões de quimioterapia.

O método, anunciado hoje na revista médica "The New England Journal of Medicine" e no jornal local suíço "Le Temps", usa a capacidade única de regeneração do fígado, o que, nos últimos anos, permitiu desenvolver novas técnicas em cirurgia hepática e transplantes.

Na primeira cirurgia, são retiradas as metástases visíveis do lóbulo esquerdo do fígado e obstruída a veia que irriga a outra parte do órgão, a mais atingida pelos tumores. Ao mesmo tempo, há a administração de quimioterapia diretamente no fígado pela artéria hepática, o que pode fazer com que a massa tumoral reduza até 60%, um resultado "espetacular", de acordo com o responsável de cirurgia do Hospital Universitário de Zurique, Alain Clavien.

A parte do órgão que não recebe irrigação fica atrofiada e é retirada em uma segunda operação, realizada três meses após a primeira, enquanto a outra parte sofre hipertrofia, ou seja, aumenta de tamanho, ao mesmo tempo em que os tumores que ainda permanecem na região regridem graças ao efeito da quimioterapia.

A administração local de quimioterapia "é muito eficaz, não provoca muitos efeitos secundários e pode ser administrada em massa porque o remédio é rapidamente destruído pelo fígado", disse Clavien. Apesar do sucesso da técnica, "por enquanto, (o método) só é aplicado nos pacientes cujo diagnóstico é muito pessimista", acrescentou o médico ao jornal suíço.


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PS: Ninguém merece duas cirurgias hepáticas -- muito menos eu! -- mas se é para salvar a vida do paciente, tudo é válido. Fico tão feliz quando vejo estes avanços que podem aumetar dramaticamente a sobreviência de pacientes. É como se estivesse dando um soco na cara do inimigo!
Como posso atestar pessoalmente, a capacidade de regeneração do fígado é impressionante... Depois de retirar 70% em 2002 e 40% em 2008, hoje tenho um fígado 110% novo! Não é a toa que me chamam de mulher biônica: fígado mutante, vesícula inexistente, pulmão direto meio esquisitinho e diafragma picotado...continuo mais viva do que nunca!

Flashback


Estas duas últimas semanas foram um flashback total. Volta e meia achava que ia dar de cara com a Dani Duran, estudante de jornalismo da NYU, pela rua. Ou talvez fosse encontrar a Dani, repórter da Thomson, numa esquina de lower Manhattan.

A sensação que tive ao longo destes dias foi de estar passando por um imenso túnel do tempo. Consegui enfim rever boa parte dos amigos -- ainda falta uma meia dúzia -- mas ainda assim voltei com gosto de quero mais.

A viagem que de início parecia fadada ao fracasso até que foi bem legal e Nova York tem um efeito mágico e quase imediato sobre o meu ego, pois é na grande maçã que me lembro do que sou capaz.

Como a minha nova empresa tem uma mentalidade de start-up, apesar de agora fazer parte da prestigiosa família Financial Times, me colocaram num hotel um tanto quanto excêntrico e de localização interessante, ao lado do famoso Museum of Sex.

O Gerswin Hotel , este da foto aí em cima, é endereço favorito dos hispters e Eurotrash e foi lá que percebi que meus tempos de hispter já ficaram para trás. Como diria Tim Maia, eu só quero sossego. O hotel é famoso tanto pela clientela alternativa/fashion/excêntrica quanto pelas obras de arte exibidas por lá. Tem muito Andy Warhol e tem sempre um artista em residência, mas honestamente não fiquei muito impressionada. Quando vou ao museu, não quero ver lençois brancos e toalhas limpas, então quando vou me hospedar num hotel, dispenso da mesma forma obras de Andy Warhol penduradas em paredes sujas. Resumo da ópera o tal o hotel não passa de um albergue metido a besta.

Mas fora o hotel-espelunca, ir para o trabalho a pé é um verdadeiro luxo. Aposentei todos os sapatos que levei na mala e não me separei das minhas confortáveis sapatilhas, em homenagem ao ícone nova-iorquino Audrey Hapburn em Breakfast at Tiffany's. Me senti a própria.

Nova York é e sempre será a minha segunda casa. Adoro me perder por aquelas ruas e encotrar no meio de tantos estranhos rostos familiares. Cada esquina tem um significado especial para mim, cada cantinho, cada arranha-céu tem uma história especial para mim. Não é raro eu me ver bem ali parada, seja na Union Square, na Christopher St. ou em Astor Place...é tudo muito próximo de mim.

Passei em frente ao prédio da Jamie em Astor Place. Senti uma enorme vontade de subir e tocar lá no apartamente 6H, onde ela ia me receber com aquele sorriso aberto e cheia de novidades para me contar. Pensei até em comprar o latte para ela no Starbucks, mas ela não estava mais lá e nunca mais vai voltar. A minha amiga inseparável e fada-madrinha em Nova York não está mais lá. Nem aqui. Nem em lugar nenhum. Ela se foi...o fígado não agüentou e a levou pra longe de todos nós. Ontem quando saí do metrô me deu uma saudade imensa dela, so seu jeito estabanado, da sua gargalhada. Olhei para o prédio da frente, nosso escritório, a megaloja da Barnes & Noble, que agora está fechada. Não deve ter suportado a saudade da Jamie. Perdi as contas de quantas vezes eu mesma me abriguei lá no meio de tantos livros, de tantas revistas, em busca de mim mesma. O passeio por Astor Place teve um sabor acridoce.

Nova York para mim tem gosto de inocência, pois foi naquelas ruas que me transformei em quem eu sou... Passei de menina estudante à jornalista financeira e quem diria que dez anos depois estaria de volta a Manhattan na condição de jornalista financeira! Só que desta vez mais para dinossaura do que para foca. (Para quem não sabe, repórter novo e inexperiente é chamado de foca e aquelas criaturas dos século passado que ainda habitam muitas redações por aí são também conhecidas como dinossauros.)

Quando que pensei que ainda ia vagar pela Quinta Avenida com a Michele em busca de um taxi em 2008? Só que desta vez ambas tínhamos hora para chegar, pois nossos maridos nos esperavam! Parece até piada ter as palavras "Danielle, Michele e maridos" na mesma frase. Pois é, nem tudo está perdido. Ou está?

Nova York sempre me faz bem, acho que é por me fazer perceber quanto fui feliz lá (tive momentos ruins também, mas que faço questão de esquecer) e quantas amizades sinceras e duradouras consegui fazer. Por incrível que pareça, mesmo saindo todas as noites durante duas semanas, não consegui ver todo mundo. Vi os antigos amigos e fiz novas amizades também. Me senti mais viva do que nunca. Mais útil, mais feliz, mais inteligente e mais determinada. Me senti completamente revigorada.

O melhor de tudo é que daqui a pouco já está na hora de voltar...

April 27, 2008

Cheguei

Estou supercansada mas cheia de histórias para contar... Pena que vou ter que dormir agora, pois aminhã tenho que ir à "Convenção dos Jornalistas Ecônomicos dos EUA." É estou voltando pra casa...mesmo que um pouco contrariada.
Nova York sempre é o máximo, terreno fértil para as histórias mais loucas do mundo. O emprego muito sui-generis, o hotel-pulgueiro, a festa dos wanna-bes, minha volta ao passado, vários momentos flashback e muita, muita gente legal.
The city that doesn't sleep continua bombando mais que nunca, muitos lugares novos, tendências diferentes e gente interessante. Um banho de vida e de ânimo sempre. Adoro aquele lugar! Fiquei sabendo que meu novo emprego vai me levar para lá a cada três meses. Melhor impossível! Duas semanas no tronco, mas encontrar os amigos de longa e bater perna em NY data não têm preço.

April 22, 2008

Entao ta…

Pois e, meus dias aqui na redacao ate que tem sido bem animados e como disse hoje a um colega que tem uns dez anos a menos que eu, minha temporada aqui tem sido um “exercicio de humildade”. Voltar ao lugar de partida nao e facil para ninguem, muito menos quando a gente jamais simpatizou com o tal lugar.

A empresa e diferente, mas o assunto e muito parecido com o que eu abordava no inicio da carreira e as praticas e politicas, melhor nem comentar. O bom e que exercito o meu texto e sou lembrada a cada momento de que apesar de poder ser uma excelente reporter, ja nao tenho grande interesse no assunto. Para falar a verdade, hard new nunca foi minha praia, sou muito mais um perfil bem escrito e apurado do que uma nota de impacto. Coisa de personalidade e a minha e assim.

Uma das coisas mais legais da minha temporada nova-iorquina foi encontrar a Andrea, minha amiga e iniciadora no mundo do veganismo, que saiu do mundo virtual e veio muito naturalmente para o mundo real. Nos encontramos num restaurante muito fofo no agora charmoso Meatpacking District (pois quando me mudei para ca esta area era um horror de suja e mal-frequentada).

Obviamente o cardapio era vegano e variadissimo. O restaurante, que se chama Blossom, estava lotado para uma segunda-feira. Mas Nova York e assim mesmo, tem sempre gente se o lugar e bom. Engatamos um papo-cabeca muito divertido e o que mais me surpreendeu foi que a Andrea repetiu uma frase que o Blake tinha me dito na vespera. “Nao pense que voce e diferente porque enfrentou uma barra pesada. Todo mundo tem um monte de problemas, so que ninguem fala.” Engracado isso, ne?

Confesso que as vezes me acho a martir, aquela que carrega a cruz do mundo. Confesso tambem que esta ultima cirurgia abalou bastante a minha confianca, pois toda o meu otimismo era baseado na teoria de que depois da minha primeira cirurgia, eu tinha acabado de pagar todos os meus pecados na Terra. Dali pra frente, seria ceu de brigadeiro. Mas como todo mundo sabe, a historia nao foi bem assim.

A Andrea tambem me disse uma outra coisa legal. Disse que viver e o que estou fazendo agora, ao tirar as pedras do meu caminho e ajustar a minha rota. A ideia de vida que eu tinha e completamente equivocada ja que se alicerca na nocao louca de que podemos ter controle quase que absoluto sobre a nossa vida. Pois e, decadas de analise nao conseguiram me convencer de que NAO tenho controle de tudo. Falar e facil. Dificil e aceitar. Mas estou tentando.

Ja que em muitos aspectos tive que voltar para a primeira casinha do tabuleiro, estou tentando aprender as licoes que devem ter ficado pelo caminho. E nesta trajetoria quem sabe nao esbarro comigo mesma e encontro um pouco de paz.

A Andressa me mandou um email hoje dizendo que se emocionou com um post que escrevi sobre ela. Pediu tambem para eu deixar de ter pena de mim, pois nao preciso disso. Prometi que vou ser mais forte. Acho que o pior e a ansiedade, a antecipacao. Depois das pancadas a gente leva um tempo para se levantar, as vezes reluta, mas sabe que tem que reagir.

April 21, 2008

A ralacao continua....

Ja tinha esquecido que jornalista que se preza ganha pouco e trabalha muito. Pensei que esta fase da minha vida ja tivesse virado passado, mas esta semana esta me parecendo um flahsback sem fim.Estou morando em NYC de novo -- ainda que temporariamente -- e trabalhando 10 horas por dia dentro de uma redacao que mais parece um boiler room. Nestas horas parece que fiquei presa no tunel do tempo..Mas NYC e sempre maravilhosa e sempre sera minha segunda casa.
Agora, as 7.12 pm, vou dar uma saida com a Andrea para conferir um restaurante vegan muito bacana no Metpacking District. Depois volto pra contar!

April 17, 2008

No tronco

A ausencia de postagens tem um motivo -- ainda nao sei bem se nobre -- estou em NYC nas proximas duas semanas em treinamento. Voltei ao jornalismo financeiro. Para falar a verdade nem sei se o que estou fazendo e jornalismo, mas que e financeiro, nao tenho a menor duvida.

A volta a redacao tem sido bem bacana, mas ficar pendurada 10 horas seguidas no telefone catando empresas que queiram comprar (outras) ou vender (a si mesmas) e dose para elefante. E como se eu fosse um daqueles corretores da bolsa do tempo do pregao ao vivo "compra, vende"... so que nao faco nem um milesimo da grana deles. O stress tambem nao e tanto.

Mas c'est la vie... Acho que estou de volta ao comeco: jornalismo financeiro em NYC, so quem com mais 10 anos de bagagem. Entao quem sabe daqui a pouco acho um trabalho bem legal e interessante?

April 11, 2008

Cansada de ter pena de mim

Nunca tive queda para fazer papel de vítima, mas tenho que confessar que ultimamente tem dias que acordo disposta a morrer de pena de mim mesma. Fico pensando que os últimos tempos têm sido muito difíceis para mim, que a minha cruz é mais pesada do que posso carregar, que o meu destino está marcado. Chego a pensar mesmo que a minha sorte e a minha felicidade foram bater ponto em outra vizinhança. Partiram sem data para voltar.

A verdade é que vi primeira cirurgia como minha passagem pelo purgatório. (Se não me engano o termo já caiu até em desuso pela Igreja Católica, mas esta é a idéia.) Depois de enfrentar o inferno na Terra, a felicidade absoluta seria minha por direito adquirido, afinal eu mereço isto e muito mais. Quem já teve câncer antes dos 30? Quem já teve recidiva passados mais de cinco anos da primeira cirurgia? Quem já fez mais ressonância, tomografia do que eu? Quem tem a veia mais difícil de puncionar que a minha? E a lista não pára por ái... Quando as coisas saem um pouco (ou bastante!) do planejado ou desejado, minha tendência é ficar bem chateada, afinal já sofri tanto na tempestade que já está mais do que na hora de ver a bonança.

Meu pai tem me ligado sempre e se mostra preocupado comigo. Ele sempre me pergunta o que aconteceu. Diz que eu, que sempre fui forte e otimista, tenho andado mais triste e reticente. Digo a ele que esta é uma forma de tentar me preservar um pouco. Sei que o otimismo é a chave da questão, mas não suporto mais cair do cavalo. Nos últimos meses, todas as vezes que pensei que a minha vida fosse finalmente entrar nos eixos, um tornado me varria para longe e me deixava no chão. Estou cansada de desabar. Dá muito trabalho juntar os caquinhos e começar tudo de novo. Às vezes bate um desânimo, um desespero, então prefiro gerenciar minhas expectativas e adotar a famosa atitude de "esperar para ver".

Sei que isto é o oposto do que rezam os livros de auto-ajuda. Aliás, eu queria muito gostar de livros de auto-ajuda, mas sou muito rebelde, ou como diz o povo por aí, espírito de porco, para deixar alguém me influenciar desta forma. Meu estilo argumentativo (será que existe esta palavra ou já estou misturando o inglês aqui?) me impede muitas vezes de crer em coisas que poderiam ser usadas a meu favor. Sou rebelde e desconfiada por natureza. Uma pena.

Mas pena é a palavra aqui. É difícil alguém que passou pelo que eu passei encarar a vida de um modo normal. É difícil que as pessoas ao nosso redor nos vejam como pessoas comuns também. Querendo ou não, nos tranformamos em heróis ou mártires ou simplesmente naquelas pessoas predestinadas a ter uma vida difícil. Desde pequena, sempre quis que as pessoas me vissem como uma lutadora, uma guerreira. Agora, no meio do caminho, mudei de idéia. Quero que as pessoas se lembrem de mim como alguém que é, que foi e que sempre será muito feliz. Não quero ser heroína nem vítima, só quero ser eu mesma. Só quero viver e ser feliz.

April 10, 2008

Irmãs

Dizem que é sempre assim, no caso de duas irmãs, a caçula sempre casa na frente!!!
O olho arregalado não é de medo!!!
Sempre tive muito medo do desconhecido. A idéia de confrontar algo estranho sempre me foi apavorante. Desde pequena foi assim. Eu, que sou a filha mais velha, deveria ser a mais corajosa também, mas não sou, nem nunca fui. Minha irmã mais nova desempenhava este papel com um talento impressionante.

Sempre tive medo do escuro e ela, embora mais nova e fisicamente mais franzina, sempre ria disto. Não entendia a razão do meu sofrimento. Houve uma fase que o pavor era tanto que tive que dormir na cama dos meus pais. Minha irmã, do alto dos seus quatro ou cinco anos, achava isto uma tremenda bobagem e dormia sozinha no nosso quarto escuro. Passada esta fase mais crítica, confesso que algumas noites, já na adolescência, pedia para ela vir dormir comigo na minha cama, por causa de sonhos ruins. Ela achava a idéia absurda, relutava um pouco, mas acabava cedendo.

Ao contrário de mim, a Andressa sempre foi destemida. Ela era abusada, corajosa, mas nunca inconseqüente, o que é raro. Enquanto eu sempre evitei riscos a todo custo, Andressa gostava de aventuras, mas seus riscos eram sempre calculados. Ela era corajosa mas estava longe de ser kamikase. Engraçado parar para pensar que a minha irmã mais nova era não só a minha bengala, mas meu exemplo, minha inspiração para muitas coisas que iria fazer.

Fomos crescendo quase gêmeas, totalmente complementares: uma mais calma, a outra mais agitada; uma mais medrosa, a outra mais atirada. Totalmente diferentes mas incrivelmente parecidas.

Hoje geograficamente distantes nunca fomos tão próximas. Não é raro pensar na Andressa e na mesma hora o telefone tocar e ela estar de outro lado. Não é raro ter uma idéia e nem precisar explicar para ela que já pôs tudo em prática. Minha mãe diz que é telepatia, que é a ligação muito forte que existe entre nós duas.

Agora a minha irmã é duas... Ela carrega na barriga a mais nova geração da nossa família, uma família de mulheres batalhadoras, adoráveis, às vezes complicadas e um tanto quanto sui-generis. A Chiara está sendo muito esperada. A tia coruja aqui já se sente um pouco mãe também.

April 9, 2008

Medo... para quê?

Não sei por que ainda tenho medo de alguma coisa. De todos os grandes medos que já nutri ao longo da vida, praticamente todos se materializaram. E eu ainda estou aqui, de pé, às vezes aos trancos e barrancos, mas de pé. É verdade que tem dias que só quero sumir, mas desistir não faz parte do meu vocabulário. Berro, esperneio, xingo, chuto, choro, mas no fim das contas me recomponho, enxugo as minhas muitas lágrimas, respiro fundo e sigo em frente.

Já enfrentei doença, desemprego, tristeza, solidão. Sem contar naquelas fobias mais bobas tipo dirigir em highway, pilotar um fogão, virar dona de casa...coisas que me causavam verdadeira aversão. Até mendigar já mendiguei. Não foi o fim do mundo, mas foi quase. E venci mais uma batalha, superei mais um obstáculo que na hora parecia maior do que eu. Parecia maior do que o mundo, mas não era.

E continuo aqui para contar a história. Aliás quando conto mais um "causo", a resposta dos outros é sempre unânime: "Você devia escrever um livro." A minha resposta é sempre a mesma, "Estou pensando no assunto." Mas cá entre nós minha vida está mais para novela das oito da Glória Perez do que para Bridget Jones. Quem sabe um dia chego lá?

Ato Nobre

Hoje lendo o blog do Ancelmo, vi uma notícia que me deixou muito feliz. Anita Leocádia, filha de Prestes e Olga Benário, ganhou na justiça o direito à indenização pelos tempos da ditadura. Em vez de embolsar o dinheiro na calada da noite, Anita doou os R$100 mil a uma instutuição de caridade dedicada ao combate ao câncer. A senhora, que é filha única do casal e professora universitária, achou imoral ter emprego e receber o dinheiro do governo.

Palavras de Anita ao entregar o cheque ao presidente da instituição: "A luta contra o câncer precisa de ajuda".

São atitudes como esta que fazem a diferença. Pena que a divulgação seja tão discreta. Enquanto tem muito pseudo-intelectual rico mamando nas tetas do governo até hoje, esta senhora, que perdeu a mãe para a ditadura, teve uma atitude tão nobre. De tirar o chapéu.

April 8, 2008

Mais fotos do casório da Mi

Pensativa... Achei esta foto com cara de foto antiga, tipo anos 60, naqueles jantares glamurosos das estrelas de Hollywood! hahaha Estou pensando aqui: Menos uma amiga solteira! Bom trabalho, Dani, agora só faltam umas 10!
Amei esta foto aqui de cima. Mais New York, impossível. Este Rolls Royce que eles alugaram só faz casamentos. Até a buzina do carro toca a Marcha Nupcial. Muito fofo!
Outra foto que só poderia ter sido tirada em New York. A Michele parece uma princesa, superclassuda junto ao pai todo orgulhoso. A cena poderia ter acontecido nos anos 40, não fosse o contraste com a paisagem urbana bem atual no fundo da foto.
Yours truly saindo da igreja de braços dados com o Best Man, Dave, que veio diretamente de Guernsey para o grande evento.
Déjà-vu absoluto. Entrando sozinha (desta vez abrindo o cortejo) segurando este bouquet lindíssimo. Ser matron of honour tem muitas vantagens.
Blake eu eu na recepção do Lotus Club, em Midtown Manhattan.

Casamento Mi & Max

Momento Sex and the City: Noiva (Michele: portenha de nascimento, paulista de alma e nova-iorquina de DNA) e Matron of Honour (Eu, Dani: carioca de alma e nascimento, nova-iorkina de coração) saindo do Waldorf=Astoria rumo à Grace Church, no nosso bairro e palco de muitas histórias, Greenwich Village. No fundo, o pai da Mi, Ernie, superorgulhoso e participativo e Sandy, amiga e Bridesmaid.


Casamento na neve. Para quem queria um casamento ao ar livre no verão, a Mi não podia ter feito algo mais diferente. Depois destas fotos, até eu, que detesto frio, adorei a idéia do casório na neve.
Como não achamos bem-casados legais aqui nos EUA, a Mi decidiu usar Alfajores como lembrancinhas. Ficaram lindos. Os tecidos eram belíssimos e são prodizidos pela empresa que ela trabalha.

April 7, 2008

Um dia daqueles...

Hoje tive um dia inacreditável. Parecia um filme de terror sem fim. Até esmola pedi. Mal posso esperar para ir dormir e acordar amanhã.

Passei um fim de semana ótimo com a Andressa aqui. Compramos muitas coisas para a Chiara e conseguimos ir a todos os lugares que tínhamos planejado. Um fim de semana ótimo que acabou esta segunda de manhã num tumulto só.

Saímos de casa ainda à noite, às 5:10 da manhã, já que o vôo da Andressa para Toronto saía às 8:00 de Dulles, que fica na Virginia, mais ou menos uma hora e meia daqui.

Chegamos lá em cima da hora, mas por algum motivo estranho não consigo achar o estacionamento que cobra por hora e fica bem perto do terminal. Depois de dar várias voltas, só encontro o estacionamento diário, que fica bem mais longe. Como estamos com pressa, deixamos o carro lá mesmo, pegamos o shuttle bus e chegamos ao terminal quase sem fôlego. Por sorte, Andressa consegue embarcar e despachar suas duas malas cheias de presentes para a Chiara.

Depois da despedida, desço a escada rolante, pronta para voltar para casa. Triste depois da despedida, mas certa de que o pior já tinha passado, afinal Andressa tinha embarcado. Pela primeira vez, sei exatamente onde deixei o carro (sim, já perdi meu carro em estacionamento mais de uma vez), sei onde tenho que pegar o tal shuttle bus, agora só preciso pagar o estacionamento. Desta vez, tive o cuidado de colocar o ticket dentro do bolsinho, na bolsa. Encontro o papelzinho com facilidade, coloco na máquina e abro a bolsa para pegar a carteira. Carteira? Que carteira? Onde está a minha carteira? Não é possivel! De novo não! Em trinta segundos chego a conclusão que a minha carteira não está comigo. Minha visão começa a ficar turva, sinto uma tonteira absurda e meus pensamentos estão a mil por hora. A pergunta que me assombra é: "Como vou sair daqui?" E quanto mais eu penso, menos tenho idéia de como vou escapar deste labirinto.

A primeira coisa que faço é ligar pro Blake que obviamente me pede calma. E quanto mais ele me pede para ficar calma, mais vontade eu tenho de explodir. Depois de falar com ele por alguns minutos entendo que estou ali sozinha, que ninguém vem me salvar e que tenho que me virar. A verdade é que o Blake está em casa e com o trânsito demoraria no mínimo três horas para chegar. No início, acho que ele vai pedir para a irmã, que mora relativamente perto, me ajudar. Mas nem ele oferece nem eu peço. Sinto muita raiva. Desligo o telefone e sigo o conselho dele de ir até o balcão de informações, que ainda está fechado. E aí?

A esta hora já estou completamente desesperada. Era só o que me faltava: ter que pedir dinheiro para um estranho. Eu, pela primeira vez na vida, ia pedir esmola. Nem no trote da faculdade pedi... Sempre dou um jeitinho de escapar e colocar alguém no meu lugar. Só que hoje não há ninguém, 'so eu. Um homem então pára na minha frente e abre a carteira. É a minha chance. Abro a boca sem pensar e pergunto se ele pode me emprestar cinco dólares. Ele olha para minha cara e diz "sorry", mal tem o suficiente para pegar um taxi e aperta o passo. Será que sou tão mal encarada assim? Juro que nesta hora quero morrer, ou pelo menos, quero sumir, desaparecer. Tinha finalmente me despido de todo meu orgulho próprio, engolido toda a minha vergonha... para nada! Certamente não teria coragem de fazer aquilo de novo.

Depois da negativa, devo parecer tão desesperada, que duas pessoas (ou seriam anjos?) aparecem na minha frente e me perguntam se preciso de ajuda. Entre soluços, explico o que tinha acontecido e o senhor então me dá cinco dólares e a senhora mais cinco. Ela diz que vinte oito anos depois de ter perdido o marido, tinha se casado novamente este ano. Tinha criado quatro filhos sozinha e passado muita necessidade, mas que hoje dinheiro não era problema, então ela estava mais do que feliz em poder me ajudar. Choramos abraçadas... Contando agora a cena parece um tanto quanto patética, mas na hora foi bem tocante. Se não estivesse tão surtada, certamente teria pedido o endereço da senhora/anjo da guarda para devolver o dinheiro e mandar um cartão de agradecimento, mas agora nem isso posso fazer. Vou rezar por ela e por sua família todas as noites por muitos e muitos anos. Pois se não fossem ela e o outro senhor, estaria no aeroporto até agora.

Ligo para o Blake de novo para saber se ele achou minha carteira. Nada. Imagino a dor de cabeça, mais uma vez. Infelizmente não seria a primeira vez que iria passar por isso. A viagem de volta para casa é um tormento absoluto, entre pais-nossos e lágrimas, sigo meu caminho. Tenho medo de voltar para casa e não encontrar a carteira, então resolvo parar na igreja aqui perto. Deus já deve estar farto de mim. Não tenho escolha, ajoelho na capela e peço uma orientação. Faço uma oração, rezo meu terço e peço coragem para revirar a casa toda e procurar a tal carteira que o Blake já não tinha achado.

Procuro na sala, examino detalhadamento o primeiro andar da casa e nada. Resolvo procurar no meu quanto. Talvez esteja em alguma sacola de compras de ontem. Nada! Olho a minha cômoda e nada. Não está aqui, penso. Decido olhar de novo e lá está: no chão ao lado da minha cômoda. Do nada, ela está lá. Mas ninguém tinha visto antes... Estou exausta, mas aliviada. Dou vários pulinhos para São Longuinho e me ajoelho para agradecer a Papai do Céu, que mais uma vez ouviu minhas preces. Respiro aliviada finalmente.

Ledo engano, pois a maratona não pára aí. O telefone toca. Andressa está em Toronto, sem bagagem. Antes disso, já tinha perdido e achado os passaportes no aeroporto. Tudo isso antes das 9:30 da manhã. Ela ri e diz que está tudo bem, que já tinham encontrado os passaportes e pelo menos não vai ter que levar as duas malas pesadas até o hotel. Ainda bem que ela consegue enxergar o copo meio cheio. Não há muito a fazer, o chefe dela já ligou querendo saber onde ela estava...

Quanto a mim, só quero que este dia acabe o quanto antes. Estou exausta.

April 3, 2008

Save the Date



Este blog às vezes me lembra o samba do crioulo doido, pois os assuntos mais abordados não poderiam ser mais diferentes: doença e casamento. Mas quem me conhece sabe que sou meio diferente e que estas foram as duas experiências mais marcantes e extremas que tive na vida, da felicidade absoluta à tristeza avalassadora. Antes que alguém pergunte, não sou bipolar ou coisa parecida, pelo menos é o que disse minha analista. Seria estranho se não fosse comigo, mas como a minha vida é um passeio na montanha-russa, vamos lá ao que interessa.

Como hoje felizmente não tive nenhuma surpresa de sagradável ou susto relativo à minha saúde, vou colocar, a pedido de umas amigas o "save the date" que mandamos aos nossos convidados mais ou menos uns cinco meses antes do casamento.

Tínhamos muitos amigos e familiares que vinham de fora do Brasil e precisavam de uma certa antecedência para montar suas agendas, marcar vôos e reservar hotéis. Mandamos no formato de um cartão postal e as cores lembravam as usadas na decoração da festa.

A Renatinha Freire, madrinha-artista e designer oficial do evento, criou estes save-the-dates, o programa do casamento, o menu e os cartões de agradecimento que enviamos depois.

Adorei o resultado!!!

Mara Manzan

Fiquei sabendo agora que a atriz Mara Manzan se despede da novela Duas Caras para fazer uma cirurgia para a retirada de um tumor maligno do pulmão. Apesar da notícia ruim, a imprensa diz que a atriz está emocionamente bem e disposta a lutar contra a doença mais uma vez. Mara teve câncer no útero há dez anos, quando participava da minissérie Hilda Furacão.

Este é o tipo de notícia que me entristece, pois acho que enfrentar uma doença como câncer é uma dor maior do que qualquer ser humano merece na vida. Deparar-se com esta doença bandida uma vez já é terrível. Ter dois encontros com ela é simplesmente devastador. Só quem viveu sabe.

Fico feliz de saber que Mara não perdeu o bom humor e espera voltar para gravar os últimos capítulos da novela das nove que termina no final do mês que vem. Estou na torcida também, pois a vitória de qualquer um sobre esta doença covarde é minha também. Quero voltar aqui daqui a um tempo e comemorar a recuperação da Mara da mesma forma que celebrei a volta do Nenê às quadras há poucos dias.

Não sei o motivo -- provavelmente inocência ou ignorância -- mas sempre achei que quando acontecia uma coisa horrível destas com a gente, a gente deveria ganhar automaticamente um passe-livre para o resto da vida. Na minha cabeça doida, quem tivesse enfrentado o câncer com sucesso viraria um Highlander ou coisa parecida e só poderia morrer de velhice. Afinal se o bandido não conseguiu nos pegar da primeira vez, não voltaria para nos aborrecer mais. Perdeu, perdeu e ponto final. Vai procurar outra vítima! Foi este enredo que inventei para mim mesma, na esperança de não me desesperar, de não enlouquecer.

Então quando vejo casos de recidivas, casos de um paciente que tem câncer num lugar e tempos depois descobre o bandido em outro órgão é difícil não me revoltar. Mas dentro de mim sei que na maior parte das vezes, revolta é um sentimento inútil e vazio, ainda mais nos casos de um inimigo silencioso e covarde que se instala dentro de nós sem pedir permissão.

Nestas horas, uma outra frase do Lance Armstrong torna-se uma espécie de matra para mim:

You picked the wrong guy. When you looked around for a body to try to live in, you made a big mistake when you chose mine."


Ou na minha tradução feminima e tupiniquim:

"Você escolheu a mulher errada. Quando andou à procura de um corpo para se instalar, você cometeu um grande erro ao escolher o meu."

É isso que vou dizer para mim mesma de agora em diante. Cada vez que como brócolis, cada vez que tomo o "suco verde" do Blake, digo para mim mesma que este é o alimento sagrado para meu corpo e minha maior arma contra coisas ruins que pensam em se alojar dentro de mim. Nenhuma célula ruim vai resistir a duas cenouras, dois dentes de alho, molhes e molhes de espinafre e brócolis e várias porções de blueberries por dia.

Vou mostrar para estas células rebeldes e daninhas que quem manda aqui sou eu! Também vou rezar muito pela Mara, para que ela continue com este espírito alegre e lutador. Ninguém mais do que eu torce para ter mais uma história de sucesso para contar.

April 1, 2008

Como cheguei aqui?

Sabe aquelas horas que a gente dá uma parada, olha ao nosso redor e se pergunta como é que foi parar naquele lugar ou naquela situação? Volta e meia, tenho pensado nisso.

Uma das qualidades que melhor me descrevem é perseverança. A minha mãe vai além e diz que sou osbstinada, quando coloco alguma coisa na cabeça vou até o final, custe o que custar. Não sei se isso é defeito ou qualidade, pois às vezes chega a beirar a teimosia, que também é característica minha, mas que aos poucos vou tentando domar.

Na minha vida sempre acabo alcançando meus objetivos de uma forma ou de outra, mas o timing me parece sempre off e a batalha é sempre árdua. Na hora que já tinha deixado a tal história para lá...tchan, tchan, a coisa mais improvável do mundo acaba virando realidade. O problema é que até eu chegar a este ponto, muita coisa já rolou, já tive muita dor de estômago, já passei muita noite em claro e depois de muito pensar, decidi que finalmente havia chegado a hora de arquivar o tal projeto.

Muitas vezes viver dói, pelo menos em mim, mas ainda estou longe de desistir da idéia. Ontem tive um pesadelo horrível e acordei com o coração aos pulos. Sonhei que ia morrer. Pela primeira vez na vida. Sei que tudo não passou de um sonho ruim mas parecia tão real que choro de pensar nele. Mas decidi falar sobre isso aqui para tirar este peso do meu coração. Tenho descoberto que quando falo sobre meus problemas eles parecem diminuir, pelo menos um pouco. Confesso que muitas noites antes de dormir, rezo para acordar no dia seguinte e me lembrar de que tudo não passou de um pesadelo. Isso quase nunca acontece. Mas hoje, graças a Deus, aconteceu.

No meu sonho terrível, durante uma outra consulta médica de rotina, eles descobrem algo de estranho em alguma parte do meu corpo. E embora achassem que não seria nada de mais grave, descobrem que era a doença que havia se espalhado para outros órgãos. Que dor! No sonho, o médico não me dá muita esperança, mas então digo: "Já que não tenho tanto tempo para viver, quero viver tudo agora." E sorrio. Então, quando o médico me dá as costas e vai embora, grito desesperadamente.

Já vivi situações muito ruins, mas nada que se compare a uma metástese. Graças a Deus. Mas o tal momento do silêncio ensurdecedor, este sim já vivi mais de uma vez. Já me vi como protagonista daquelas cenas tristes de novela que vão mais ou menos assim:

Depois do famoso "momento de silêncio" e da expressão preocupada do médico, tomo coragem e faço a pergunta mais difícil do mundo:

"Há algo de errado, doutor?"
"Tem uma coisinha aqui que não está certa. Uma coisa da qual não estou gostando."

Então um calafrio, que vai da minha cabeça aos meus pés, toma conta de todo meu corpo num instante que mais parece uma eternidade. Minha respiração toma um ritmo diferente, meu coração dispara, meu cérebro começa a não registrar mais nada ao meu redor. De repente é só o escuro. E as vozes que se embaralham no ambiente mas que não me dizem mais nada. Sou sugada, caio num abismo, na mais profunda escuridão. Tenho medo. Muito medo.

E aí o médico, que mal esconde o susto, tenta me consolar:
"Dani, você precisa ser forte. Você tem sorte de termos encontrado a tempo de tratar. Foi para isso que você veio aqui, etc, etc..."

Como se alguém fosse ao médico para saber que está doente. É tudo tão injusto. Só preciso de um tempo para me refazer, me recuperar. Mas o tempo não é meu. O tempo é de Deus. Só não quero que a minha história seja parecida com a de Jó, o homem bom que perdeu tudo e teve sua fé testada por Deus. Já falei para Ele lá em cima que não quero ir para os anais médicos, que não quero fazer história na medicina, que não quero ser cobaia. Tudo que quero é ter uma vida absolutamente normal e feliz.

Quero poder dormir, sonhar e acordar apta a transformar meus sonhos em realidade. Não sei como vim parar aqui onde estou. Sequer imagino onde isto começou. Só sei que quero e que preciso de uma saída. Quero respirar aliviada mais uma vez. Tenho pressa.