May 29, 2009

Enfim Sexta!

Esta semana apesar de curta me pareceu pesada. Não sei bem o motivo mas estuo mais cansada do que o habitual. Também um pouco tensa, mas isto não chega a ser novidade. Por isto mesmo, esta semana resolvi pegar leve nas aulas de yoga e ontem fiz uma aula bem light. Era exatamente o que eu precisava. Saí de lá completamente zen! Sem nenhuma vontade de falar ou de ouvir barulho nenhum, fora o som do silêncio. Voltei para casa dirigindo bem mais devagar que de costume e sem a interferência do rádio (até porque rádio americana quase não tem música, nunca vi povo pra gostar de falar tanto!) Minha mente estava calma enfim.

Sofro do que os budistas ou adeptos de meditação chamam de "monkey mind", ou mente macaco, uma mente inquieta cujos pensamentos saltitam, pulando de galho em galho sem parar um minuto sequer. Ontem pela primeira vez em muito tempo, os macacos pareciam adormecidos. Tudo bem, isto não durou mais de 20 minutos, mas para quem é cronicamente agitada e impaciente como eu, já é um grande progresso.

Quero acabar uns projetos aqui e depois ir para a acupuntura à tardinha. Amanhã, se Deus quiser, dou um pulinho na piscina e depois finalmente vamos à ópera!!! Sim, depois de três meses de espera vamos ver minha ópera favorita, Turandot!!!!

Outro dia, quando estava conversando com um grupo de amigos, um dele rindo me disse: "Peraí, será que escutei direito? Por um segundo pensei ter ouvido as palavras ópera e favorita na mesma frase! Devo estar enganado," e caiu na gargalhada. Olhei pra ele e disse que de jeito nenhum, que eu gostava muito de ópera e que tinha as minhas favoritas sim. Todo mundo olhou pra mim como se eu fosse um ET! Depois alguém emendou "Nossa, achei que ópera fosse coisa de velho!" Talvez eu tenha mesmo uma velha alma, mas que eu adoro um ópera bonita, isto eu adoro. Ainda mais dirigida por ninguém menos do que Placido Domingo! Ainda mais no Kennedy Center, que ainda não conheço.

Bom, depois volto aqui pra contar como foi. O vídeo abaixo é o mantra da minha aula de yoga que me deixou zen ontem....

Namastê!

May 28, 2009

Surpresa

Ontem na hora do almoço passei no hospital para ver o Todd. Na véspera tinha ido visitá-lo, mas ao chegar lá a Carmi me falou que ele tinha acabado de dormir. Como ele estava entubado, preferimos deixá-lo descansar.

Notei, ali na porta do CTI, que naquele momento quem precisava de mim era ela, que precisava falar. Conversamos pouco menos de uma hora sobre as opiniões médicas e as opções de acompanhamento/tratamento a longo prazo para o Todd. Todos concordam que eles devem voltar para o Iowa assim que a situação dele se estabilizar. Lá eles tem família e amigos, lá eles estarão em casa, mais perto de uma vida normal. Ao final da nosa conversa, Carmi estava mais tranquila e me agradeceu pelo carinho, disse que poder contar com a Elizabeth e comigo nos últimos meses tem ajudado bastante. Fiquei feliz e saí de lá mais aliviada. Embora ainda estivesse no respirador, o estado de saúde do Todd era melhor, garantiam os médicos.

Então, ontem, ao entrar pela primeira vez no novo quarto de CTI quase não acreditei. O Todd estava sentado, bem ereto, com o comuputador numa mesinha e um livro de economia na mão! Quase caí pra trás! Falei com ele rapidamente e notei que ele não me deu muito papo, estava concentradíssimo. A enfermeira entrou disse que ia precisar puncionar uma veia, mexeu nos fios, mas ele parecia em transe.

A Carmi me puxou pro lado e disse "Cheguei aqui às 7.30 e ele já estava estudando, parece que o prazo de entrega do trabalho é hoje! Ontem ele estava todo entubado lendo o tal livro. Disse que tinha perdido um dia de aula e precisava compensar." Pois é, não seria mais uma visita ao CTI que iria estragar os planos do Todd de continuar a faculdade. "Já perdi muito tempo quando era mais novo, agora falta um ano e meio pra eu me formar. Depois engato o mestrado," ele tinha me confessado antes.

E ali, naquele quarto de CTI, me senti pequena. Pequena por enxergar muitas vezes obstáculos insignificantes ou que sequer existem, pequena por às vezes pensar em desistir antes mesmo de começar.

Aquela cena, que se eu tivesse que sintetizar em uma palavra seria "determinação" me fez lembrar a frase do Cocteau que eu vivo dezendo aqui "Não sabendo que era impossível, foi lá e fez." Com a mesma tranquilidade e estoicismo de sempre, com pouquíssimas palavras, ontem mais mais vez o Todd deu mais uma demontração de fibra, resiliência e determinação.

May 27, 2009

Convite


Ontem fiquei surpresa ao receber um convite inesperado. Fui chamada para fazer parte do Young Adult Advisory Board que será criado no Ulman Cancer Fund, a organização que tenho participado ultimamente. A ideia deles e formar um comitê de 10 jovens adultos que estão em tratamento, já passaram por tratamento ou tem alguém querido que foi afetado por câncer. O objetivo é que este comitê os ajude a manter o foco na população de pacientes jovens afetados pela doença, além de trabalhar como embaixadores da fundação em eventos ou aceitando falar em público sobre a sua experiência com a doença.

Achei a ideia ótima, mas hesitei um pouco (uns 5 segundos pra ser exata!) em aceitar, pois apesar de ser apaixonada pelo ser humano, qualquer ser humano, a minha atitude é um pouco diferente quando diz respeito a organizações, pois acho que a essência acaba se perdendo e as pessoas, refém de vaidades e mesquinharias, acabam interessadas somente em servir a seus próprios interesses. Eu sei, esta é uma visão bem cínica e pessimista que não combina muito comigo, pelo menos na atual fase Dani Paz & Amor. E foi justamente por isto que resolvi aceitar o convite, para dar uma chance a uma organização que tem a real possibilidade de fazer a diferença na vida de Todds, Monicas, Lilians e Danis por aí, pois o que tenho aprendido com este pessoal em dois meses é simplesmente inacreditável.

Uma das minhas maiores críticas quanto à organização é o foco exacerbado em eventos atléticos -- maratonas, corridas, triatlos, etc. Tudo ótimo, mas ninguém me explicou ainda como este "atos heróicos de superação" vão melhorar a vida do Todd, neste momento preso a um respirador no CTI. Duvido que ele tenha muito interesse em saber os segredos do fulano ou beltrano para melhorar suas performances na piscina. A menos que os segredos funcionem no CTI, este tipo de coisa não faz a menor diferença na vida do Todd. Nem na minha, pra falar a verdade.

Apesar de completamente saudável, sei que nunca serei atleta. E isto não tem nada a ver com a doença ou com o pós-operatório ou com alguma possível complicação da cirurgia, que não aconteceu. Tem a ver com a minha falta de interesse mesmo. Atualmente faço yoga três horas por semana e caminho mais umas quatro. Eu sei que minha performance não vai me levar ao pódio, mas na atual conjuntura me recuso a fazer algo que não me agrada por obrigação, nem que as consequências da minha rebeldia sejam um bumbum caído e umas celulites espalhadas pela perna! Fazer o que? Já sou obrigada a ser espetada no mínimo umas quatro vezes por ano, vou a médico uma média de uma vez por mês...estes são os desprazares inevitáveis, mas ficar trancafiada numa academia puxando ferro, oh well, isto eu dispenso. Quem sabe um dia meus conceitos mudem? Mas agora é assim que me sinto. E acho que meus argumentos merecem ser ouvidos. Não por respeito a mim, mas por aqueles que talvez sob circunstâncias diferentes até participassem de uma maratona de 70 km, mas por motivos de saúde, não podem. A linha de chegada para eles não tem nada de glamurosa, a meta para eles é só poder andar na rua e voltar a trabalhar. Pare eles já está bom demais.

Apesar da primeira reunião ainda nem ter sido marcada, já dei o meu primeiro pitaco! (Este povo daqui a pouco vai se arrepender de ter feito o convite!) Propus que organizássemos uma bone marrow drive, ou um posto de cadastro para doação de medula, durante um evento em agosto. (Na verdade a idéia surgiu durante uma conversa entre o Todd e o Blake semana passada.) Disse que entro com trabalho e com alguns voluntários (Blake!) mas que vou precisar do apoio logístico deles. Não me importo de escrever press-releases ou de ficar na mesa de cadastro no fim de semana, muito pelo contrário. Por motivos óbvios (câncer!) não posso ser doadora, então o mínimo que posso fazer para compensar é trazer outros doadores que realemnte podem fazer a diferença.

May 26, 2009

Todd de novo

Acabei de voltar do hospital. O Todd estava dormindo, mas fiquei quase uma hora conversando com a mãe dele, a Carmi, uma mulher determinada e forte que é uma verdadeira leoa ao prteger sua cria. Ela saiu de Iowa em setembro, quando o Todd faria o transplante que foi adiando para dezembro, e nunca mais voltou. Não sai do lado do filho caçula por nada.

Quando cheguei lá, ela me disse que o Todd estava dormindo, então percebi que quem precisa falar era ela. Nos sentamos na sala de espera do sétimo andar, do lado de fora do CTI e la me contou as últimas novidades.

Os pulmões do Todd são realmente o foco do problema. Desde o início, a suspeita foi GVHD, mas os médicos ainda não puderam comprovar nada. Às vezes, eles descartam a hipótese, outras vezes ela volta com força total. Carmi, que é enfermeira, pressionou para que fosse feita uma biópsia. Os médicos tentaram adiar ao máximo, mas o medo é que se a causa do problema não for encontrada logo, Todd pode perder a chance de viver.

Pela manhã, um dos médicos explicou a ela, que de cada quatro transplantados, um não sobrevive ao transplante, um supera os primeiros obstáculos e passa a levar uma vida normal e dois acabam sucumbindo não à dopença, mas em decorrência das complicações. Este tal médico basicamente colocou o Todd no grupo daqueles 50% que vão acabar partindo por conta das complicações.

Imagine o que é isto para uma mãe?! Uma mãe como a Carmie, que não pensou duas vezes antes de largar a vida dela no meio-oeste americano para ficar dia e noite ao lado do filho? Ela diz que tem lido muito e que tem se preparado para aceitar a vontade de Deus, mas que ainda não chegou ao ponto de desistir, já que o Todd continua lutando.

Mais tarde, entretanto, um outro médico foi conversar com ela e disse que tem esperanças de que o Todd vai sair desta. Disse que se for mesmo constatada GVHD, eles vão entrar com remédios bem fortes que devem ajudar a combater o bandido. Este médico, de acordo com a Carmi, é bem humorado e parece gostar do Todd. Quem pode não gostar dele, um garoto realmente ótimo.

É nestas horas que a gente vê que há médicos e médicos. Claro que entendo que muitas vezes o dever do médico é preparar a família e dizer sempre a verdade, mas há várias formas de fazer isto. Ninguém é idiota de pensar que o caso do Todd não é grave, mas se ainda há tratamentos possíveis, então ele ainda tem chance. Como se a doença não fosse cruel o suficiente, o paciente e a família ainda tem que lidar com isto, muitas vezes com a inabilidade dos médicos e enfermeiros em dialogar. No meio de tanta dor, entre tantas dúvidas, a gente ainda tem que optar por qual médico ouvir. Ninguém quer ser enganado, mas morrer ou ser desenganado antes da hora é duro demais.

Todd

Elizabeth me ligou mais cedo. O Todd voltou para o CTI. O mesmo problema no pulmão que os médicos não conseguem diagnosticar direito. parece que ele está no respirador. Chato, muito chato. Na sexta estive lá com ele e ele disse que não estava 100%. Parece que voltou para o CTI ontem. Hoje ele iria recomeçar as aulas online. Me disseram que ele estava muito triste por conta disto. Mais uma decepção.

Meu dia foi muito corrido, mas estou indo pro hospital para vê-lo agora. Rezem por ele. Parece que um médico conversou com a mãe dele e não mostrou muito otimismo quanto ao quadro. Imagino o estado dela. Eu, entretanto, ainda tenho muita fé. Algo dentro de mim me diz que ele vai conseguir.

May 24, 2009

Preguiça

Nada melhor do que um domingo preguiçoso antes de uma segunda que é feriado. E viva o Memorial Day.

Ontem saímos para comer crabcakes, um bolinho de carangueijo típico de Maryland, que eu AMO. Um restaurante que parece o primo americano do Siri! A decoração não é lá estas coisas, a público é supereclético mas a comida...a comida é deliciosa! Principalmente para quem gosta de frutos do mar.

Aproveitamos para passear mais pelo condomínio e conhecer melhor a vizinhança. Voltamos convencidos de que precisamos caprichar mais no jardim e no deck!

May 23, 2009

Farrah's Story - Eu Vi

Ontem acabei vendo o documentário sem querer. Fui ver uma outra matéria online e o link me levou para o documentário da Farrah. Decidi que ia ver só a primeira parte. Quando fui perceber, tinha assitido tudo -- as onze partes.

Belo trabalho. O documentário é fascinante por vários motivos: fala da vida da atriz, do sucesso e mais do que tudo da "jornada" da doença, pois ao contrário do que muitos pensam, esta doença é um jornada --- tem altos e baixos, momentos de esperança e desespero, pouco preto e branco e muito cinza, muitas dúvidas e pouquíssimas certezas.

Vendo a luta e o sofrimento da atriz, uma coisa me veio à cabeça: tive muita sorte, pois acho os médicos no Brasil mais humanos. É difícil de julgar, pois não sou médica, mas o uso de anestesia parece muito restrito em outras partes do planeta. O câncer de Farrah começou no ânus e se espalhou para o fígado (metástese), então a luta dela é em duas frentes -- no câncer primário do ânus e no secundário, do fígado.

Muitas das imagens me pareceram familiares demais -- as salas de exame, as máquinas, as imagens nas salas escuras, o semblante sério dos médicos, os momentos de esperança e também de desespero, os hospitais e a vontade de lutar pela única vida que temos. A história da Farrah, apesar de muito diferente, em alguns momentos me pareceu próxima demais, insuportável demais até.

Não vou entrar em detalhes, mas como o tratamento da atriz em Los Angeles não dá os resultados esperados, ela decide se tratar na Alemanha, onde os médicos lhe oferecem outras opções. Além das cirurgias, para atacar os tumores no fígado, Farrah passa por quimioembolizações e outros procedimentos.

Foi justamente esta parte que me pegou. Quando me perguntam como é a quimioembolização, digo o que me lembro. Passei por duas sessões depois da primeira cirurgia (graças a Deus nao foi necessária na segunda!). Apesar de ser um precedimento invasivo -- os médicos inserem um catéter pela artéria femural onde injetam o quimioterápico que bloqueia o acesso ao fígado, consequentemente matando o tumor de fome -- não achei sofrido. No Brasil, pelo menos na Clínica São Vicente, no Rio, o exame é feito na sala de hemodinâmica com sedação. Me lembro de entrar na sala, ouvir as vozes dos médicos e acordar no final do exame ao escutar os médicos comentarem sobre a bela imagem que viam na tela. (Meu fígado cacarecado!!!!)

Saía da sala, ia para o quarto enfaixada, onde passava a noite imóvel e monitorada. Saía de lá e retomava minha vida normal. Uma vez cheguei até a ir trabalhar, na outra fui pra Feira da Providência! Não tive nenhum efeito colateral.

Não foi o que vi no filme de Farrah!!! A coitada passou por isto tudo acordada e, ao que parece, sem anestesia, gritando de dor! Muito sofrimento. Mas nem pos isto ela desiste e diz que vai lutar enquanto tiver forças. Admirável.

COnfesso que em alguns momentos foi muito difícil assistir ao documentário, mas acho que o saldo foi positivo. Às vezes me pergunto o motivo que me leva a querer ver e muitas vezes viver aquilo de novo. Acho que é para me sentir menos só. Para entender que coisas ruins acontecem com pessoas boas. Acho também que é porque sempre espero por um milagre, pois parafraseando Fernando Sabino, "no final tudo dá certo, se ainda não deu certo é porque não chegou ao final."

Ontem a Lilian fez o Pet Scan. Terça, os medalhões se econtram para o board meeting onde vão decidir o destino dela, uma jovem mãe de 31 anos que até pouco tempo exibia longos cabelos louros e passava as tardes brincando com o filho, que faz 2 anos em julho. Hoje a vida dela é diferente, entre sessões de químio e exames, ela ainda encontra tempo para levar Sebastian ao parquinho e fazer trabalho voluntário. Se a rotina mudou, o espírito continua imbatível e a fé inabalável. Agora é rezar para as notícias serem boas nos próximos dias.

May 22, 2009

Manhã Diferente

A manhã de ontem foi bem diferente das manhãs normais na vida das pessoas normais. Como tudo comigo é pelo menos um pouquinho diferente (pois é, não vim mesmo ao mundo a passeio!), já estou acostumada. Coisas que podem causar estranhamento a maioria dos mortais, para mim tornam-se cada vez mais corriqueiras.

Por causa do tempo limitado, vou pular a consulta ao médico (não se preocupem, está tudo bem!) e vou direto ao encontro do Blake e do Todd. Como o Blake vive escutando histórias do Todd e vice-versa, achei que seria bom que os dois se conhecessem. Além disso, o coitado do Todd acaba refém de papo mulherzinha 90% do tempo, já que entre a mãe dele, a Elizabeth e eu, o pobre é minoria absoluta. A gente ainda ri do dia que ele retomou a consciência no CTI e, como estava entubado, escrevia num papel "CAP" e agente não entendia de jeito nenhum! Quer chapéu? Está com frio? Cápsula de quê? Até que ele escreveu HOCKEY, só então a gente entendeu que ele queria saber o resultado do jogo! E é claro que a gente não fazia idéia do placar. nestas horas homem faz falta! Assim como o Blake, ele AMA esportes (jogava basquete e futebol americano na escola) e não perde um jogo, então deve sentir falta deste tipo de papo.

Dali pra frente comecei a amadurecer a idéia de levar o Blake para vistá-lo. Primeiro obviamente perguntei aos dois, que mostraram-se receptivos, e ontem como o Blake veio almoçar comigo aqui, coloquei o plano em prática.

O Todd estava sozinho no quarto quando chegamos. Colocamos os aventais amerelos e as luvas azuis e entramos. Fiz as apresentações e é claro que puxei a conversa. A minha idéia era promover um encontro rápido para que os dois se conhecessem e depois, num segundo momento, deixá-los juntos por mais tempo. Estas coisas não acontecem do dia para noite, relacionamentos tem que ser construídos aos poucos. Já vi isto de perto.

O bacana foi que o Blake leu um livro escrito por um médico que conta a história de alguns pacientes e um dos casos era muito parecido com o do Todd, então o Blake já estava mais familiarizado com a doença e sabia o que esperar.

Quem nunca entrou em contato com um paciente transplantado de medula leva um choque. Não tem como, o quadro é triste e estes pacientes estão extremamente doentes e debilitados. Para mim, a primeira vez foi muito difícil, pois apesar de ter estado doente, nunca me senti assim, nunca me vi daquela forma!

A minha doença era grave, mas era interna, fora a minha cicatriz, não me mudou nada fisicamente, nem na época da cirurgia -- claro que fiquei um pouco abatida -- nem na época do tratmento, que foi mais invasivo, mas menos intenso, acho. O Todd perdeu todo o cabelo, obviamente, e tem manisfestações de GVHD ou DECH na pele, fora um inchaço causado pelos corticóides. Ele pode não ter mais leucemia, mas luta contra todos os efeitos-colaterais e complicações pós-transplante e isto é muito óbvio. Mas para minha supresa, o Blake não me pareceu impressionado e semana que vem o ele vai voltar lá.

Vendo todas estas pessoas e me baseando na minha própria experiência, cada vez mais me convenço de que o nosso corpo é mesmo a nossa casca, pois a pessoa que somos, a alma que existe dentro de nós, permanece intocada. O espírito e o caráter resistem a cirugias invasivas, quimioterapias, tranplantes, radioterapias e tratamentos agressivos. Mais que nunca, vejo que o que realmente importa é o que temos dentro de nós.

Estes últimos meses foram uma verdadeira viagem para mim, uma jornada, que começou ano passado, depois da minha cirurgia. Acho que passei a maior parte de 2008 refém do meu medo e com pena de mim, mas 2009 está sendo diferente. Claro que volta e meia o medo ainda me assombra, mas não tenho mais pena de mim. Também não tenho pena do Todd, da Monica, da Lilian ou dos outros pacientes que conheci. Tenho uma enorme admiração e um profundo carinho por cada um deles. Queria do fundo do meu coração que eles não precisassem passar pelo que estão passando, torço para que tudo acabe bem o mais rápido possível. Acho que a palavra "empatia" traduz melhor meu sentimento em relação a eles, pessoas normais vivendo temporariamente situações completamente anormais.

May 20, 2009

Elizabeth

Uma das coisas mais legais de conversar com a Elizabeth é perceber a naturalidade com qual ela encara a doença, que apesar de não fazer mais parte da vida dela há tempos, será sempre um fantasma.

Conheci a Elizabeth há alguns meses e muito ao contrário do que acontece normalmente comigo a empatia não foi imediata. Ela me pareceu mais um rosto na multidão. Notei que havia algo diferente no rosto dela, uma cicatriz pertto da boca, achei que poderia ter sido um acidente de carro ou até mesmo câncer, mas não fiz perguntas. O Brock, que é o diretor do Ulman Fund nos apresentou e nos disse que ela era assitente social deles e que era responsável pelo "Patient Navigation Program" no Hospital de Universidade de Maryland, que fica aqui no campus. Trocamos uma palvrinha rápida, ela disse que ia me ligar. O tempo passou e nada.

Depois convidei-os para uma recepção aqui na Faculdade e eles vieram. Desta vez conversei mais com a Elizabeth, ela se desculpu pelo sumiço e disse que me ligaria. E me ligou. Marcamos um almoço no hospital.

Durante o almoço, ela me contou um pouco do trabalho dela e com muita naturalidade, explicou que a cicatriz no rosto era resultado de várias cirurgias que ela tinha feito para remover um tumor, quando ela tinha oito anos. De lá pra cá, ela levava uma vida normal, fazendo acompanhamento e tomografias periódicas. Ela me explicou que no caso dela, o perigo da recidiva é o que menos preocupa. O maior medo são os potenciais efeitos que a quimioterapia pode ter deixado -- a longo prazo estes efeitos são desconhecidos e agora desconfia-se que a exposição às drogas pode levar a formação de novos tumores mais de 25 depois do tratamento!

Ela me conta que tinha um amigo que teve o mesmo tipo de câncer que ela, foi tratado no mesmo lugar e era um adulto mais que saudável. Até que ele começou a sentir dores na coluna. No início achoou que as dores pudessem ter sido causadas pelas maratonas e triatlos que ele participava. No final, descobriram que ele tinha um tumor na face que tinha espalhado para a coluna. Apesar de muitas tentativas, ele partiu meses depois.

Me impressiona a naturalidade com a qual a Elizabeth relata o caso. Ao contrário do que acontence comigo e com muita gente, ela diz que adora fazer tomografias e exames, que para ela são a certeza de que está tudo bem.

Também ao contrário de mim e da maioria das pessoas que conheço, Elizabeth é a primeira a admitir que não sabe o que é viver sem câncer. "Nunca tive uma vida antes do câncer para poder ter uma vida depois dele. Praticamente, desde que me entendo por gente, vivo em hospitais, consultórios médicos e laboratórios. Para mim é tudo normal. Me sinto bem aqui, estar neste ambiente me traz um pouco de conforto," ela explica.

Nunca tinha pensado desta forma. A minha mãe é que volta e meia, quando nota que estou com medo, me diz que pelo menos eu sei o que está acontecendo comigo. "Já pensou que tem um monte de gente andando por aí com tumor na cabeça, na barriga e quando vai perceber já é tarde demais? Você pelo menos sabe que está sendo bem acompanhada," ela tenta me animar.

Devo ser covarde mesmo, pois ainda assim confesso que morro de medo do que podem encontrar nestes exames. Ao contrário da Elizabeth, exames não me trazem consolo, hospitais não me trazem paz. Talvez seja porque no meu caso, tudo está muito fresco, as lembraças são vívidas demais. A recidiva, sim a maldita, faz isto com a gente. É o tal tapa na cara ao qual a mãe do Todd se referiu. Cheguei a escutar a voz da doença zombando de mim. "Achou que pudesse me vencer? Pensou que pudesse me enganar? Pois é, voltei e agora vou botar você no seu lugar!"

Não quero vencer nada, não quero medir forças nem competir com coisa nenhuma. Só quero viver a minha vida da forma mais normal possível. Será que é pedir demais?

O tempo inteiro fico fazendo tratos comigo mesma. De vez em quando boto Deus no meio e faço mil promessas. Decidi também que vou acreditar no Dr. Joaquim, que diz que a segunda cirurgia foi para tirar o resquício que ficou da primeira. Não gosto da palavra recidiva. Não gosto da categoria que ela me insere. Uma vez me disseram que se a doença volta, ela nunca mais vai te largar. Não sei se tal informação tem embasamento científico, também não vou procurar saber. Claro que vou continuar o acompanhamento para sempre mas preciso deixar o medo de lado, pois tais exames farão para sempre parte da minha vida, quer eu queira ou não.

É por estas e outras que gosto muito de conversar com a Elizabeth, pois além do conhecimento acadêmico e da vivência profissional dela, ela me passa muito otimismo e muita coragem, e acima de tudo, de uma forma muito natural. Quem sabe um dia também chego lá?

May 19, 2009

Humor Macabro

Ontem quando saí do trabalho dei uma passada no hospital para ver o Todd, que ainda está no CTI, mas já está fora do tubo. Um alívio! Como diz a mãe dele, ele é o único paciente que parece vivo no andar inteiro.

A passadinha virou visita de quase duas horas e o coitado ainda teve que escutar as fofocas do fim de semana, pois quando cheguei a Elizabeth também estava lá.

O Todd está mais magro e me disseram que ele estava mais abatido, talvez deprimido. Não foi o que eu vi. Acho que a Elizabeth já devia tê-lo animado, pois ele me pareceu bem.

Claro que volta e meia a gente fala de doença e estavamos conversando sobre alguém que nós duas conhecemos mas que a Elizabeth descofia não estar tão doente como a tal pessoa diz que está. Nossa conhecida diz que está no fim, mas tem uma vida bem normal, pelo que vemos, o que torna meio difícil acreditar em tudo que ela fala. No meio da conversa, o Todd me sai com esta: "Bebe cerveja, anda normalmente, come tudo...pra mim ela não está cheia de câncer, está cheia de "merda" (full of shit, que o povo usa quando quer dizer que alguém está mentindo descaradamente.)

Conversamos também sobre recidivas e eu saí procurando madeira para a doença não voltar. O Todd, olha pra mim e diz "Pois se quiser que o câncer volte agora mesmo, basta comer isto aqui!", e aponta para o prato de comida que a enfermeira tinha deixado para ele. Nós três rimos a beça.

Para terminar, ele pergunta quantos anos tem a tal pessoa de quem estavamos falando. E a gente diz uns 37, 38. Então me sai com esta "Nossa ela já é velha!" Ao que nós duas protestamos, "Peraí, Todd, tudo bem que você é garoto, mas aqui no quarto tem gente que está quase chegando lá!" Ele riu meio sem graça e foi logo se desculpando "Não foi isto que eu quis dizer. Me referi a ser velha demais para ficar inventando coisas!"

E aos poucos nós vamos formando uma família, disfuncional e às vezes pouco saudável, é verdade. Em vez de nos reunirmos em volta da mesa, nos reunimos em torno do leito. Em vez de fazermos passeios no parque, a gente anda pelo CTI mesmo. E sem querer o Todd já virou o irmão mais novo da gente. Até parte da fofoca o coitado já está fazendo. Prometi a ele que levaria o Blake lá para que eles possam ter uma conversa de homem, pois o coitado já não aguenta mais falar de celulite e gordura localizada!

May 18, 2009

Busy!!!


Aqui no meu trabalho as coisas mudam num ritmo alucinante. A minha chefe é simplesmente um furacão e por onde passa vai deixando seu rastro. Sexta fui chamada para uma reunião e resumindo saí de lá com zilhões de novas atribuições e muitas promessas -- vamos ver no que vai dar. Basicamente a criatura quer que em duas semanas eu crie dois websites do zero! Quem me conhece sabe que não sou de IT e nem de design, então vou precisar da ajuda de alguns cristãos (ou budistas, ou muçulmanos) bem intencionados para cumprir estes prazos impossíveis. Mas tudo bem, eu nasci no Dia de Todos os Santos, entào é impossível que eles não me dêem uma forcinha!

Tenho muita coisapra falar neste post, mas pouco tempo, então minhas reflexões ficam para depois.

Na falta de tempo e de conteúdo, posto uma foto da nossa ante-sala (ou sitting room) que a minha mãe me mandou ontem. Não dá pra ver a sala toda, mas o bacana deste ambiente é que ele é superecológico, pois os móveis (vindos da casa antiga, de Craigslist ou de outras partes da casa) são todos "reciclados". A minha cunhada é que diz que cada vez que vai lá em casa, os móveis estão de uma disposição diferente. Já dizia o pessoal da minha faculdade (Comunicação - UFRJ) que a necessidade é a mãe da invenção!

May 16, 2009

Meu Jardim



Nunca fui chegada à jardinagem e como nos mudamos no outono, não fazíamos muita idéia das surpresas que a primavera nos traria.

Ontem ao chegar em casa, percebi que a minha roseira estava em flor! Também vi umas flores cor-de-rosa lindíssimas.

Como boa carioca, nunca prestei atenção na mudança das estações, até porque no Rio isto praticamente inexiste. Mas a primavera aqui em Maryland é uma estação muito bonita!

Não reparem na minha cara de acabada. Tínhamos acabado de chegar de uma caminhada pelo condomínio e soltei o cabelo para tirar a foto. O resultado desastroso vocês conferem acima!

Não Vi o Documentário da Farrah Fawcett

Decidi que não veria o documentário da Farrah Fawcett. Vi umas chamadas e umas matérias nos programas de TV e decidi que não era hora de assistir. Pelo pouco que vi, me emocionei demais, pois por algum motivo sempre gostei da atriz e as cenas que vi, onde ela recitava o terço me tocaram demais, já que sempre rezo o meu nos momentos de tribulação. Certamente já vivi algumas das cenas na pela e outras, infelizmente, já presenciei na vida de outras pessoas. Numa atitude um tanto quanto egoísta e atendendo ao apelo de amigos e familiares, resolvi me "preservar" um pouco.

Horas antes, liguei para a Carmi, mãe do Todd, para avisar que iria vê-los ontem à tarde. Na véspera, ela tinha mandado um email para Elizabeth dizendo que ele estava ótimo e que eles tinham ido à base pegar uns livros e que o Todd estava se preparando para voltar à faculdade mês que vem. Liguei bem otimista mas o tom de voz da Carmi indicava o contrário: o Todd tinha voltado para o CTI. Não acreditei! Do outro lado da linha, aquela mulher tão forte não conseguia mais esconder a dor "Não sei até quando vamos aguentar isto, Dani! Há três dias, voltamos a casa dele, pegamos alguns livros, passamos no supermercado e depois almoçamos juntos. Pela primeira vez em tanto tempo. Ele estava tão bem! No dia seguinte, ele me pede para chamar a ambulância. Coitado do meu garoto, Dani! Parece um tapa na cara dele. Um nocaute. Um dia, ele finalmente consegue ter um gostinho de vida normal, no outro está preso a um tubo numa cama de hospital. Não sei até quando o corpo dele vai suportar isto; ele está cada vez mais debilitado. Não sei mais o que fazer!"

Ouvi uma agonia na voz dela que nunca tinha notado antes. Na mesma hora, pedi que me encontrasse na porta do hospital para que fossemos juntas vê-lo no CTI. (Ela tinha ido deixar o carro na casa de apoio.) Quando a vi, ela não se conteve e começou a chorar. Subimos juntas e entrei logo, pois precisava sair. Todd tinha os olhos fechados, mas assim que ouviu minha voz, abriu. Como estava entubado, me respondia com os olhos. Conversei um pouco com ele e pedi que continuasse a luta, pois tinha muita gente aqui fora torcendo por ele. (Me senti um pouco estranha, pois quem sou eu para pedir que ele lute?! Este menino só tem feito isso!) Pela primeira vez, disse a ele que desde o início sentia uma certeza inexplicável de que ele sobreviveria. Ele abriu e fechou os olhos, como se concordasse comigo. E assim deixei-o no quarto.

Saí de lá e fui almoçar com o Blake. Senti que precisava de um ar. Às vezes as coisas ficam muito intensas. Na volta, falei com a Elizabeth, que me disse que os exames do Todd estavam melhores do que os médicos esperavam. De início falaram sobre "lesões no pulmão", mas ao que parece, são bactérias e um restante de líquido.

Hoje liguei de novo para a mãe dele, que estava bem mais tranquila, pois o Todd está reagindo muito bem e deve sair do tubo até o fim do dia. A maior preocupação de Carmi é até quando Todd vai continuar lutando. Não conheço muito o Todd, mas a minha intuição me diz que ela ainda está longe de desisitir. Está mais cansado física e mentalmente, mais conformado com as pedras no caminho, mas não deprimido.

Esta semana quero levar o Blake para conhecê-lo. O Todd só fala com mulher há meses. Volta e meia ele pergunta sobre algum jogo e todas nós ficamos com cara de idota, sem ter o que dizer. Acho que conversar com alguém do sexo masculino que tenha algo em comum com ele vai ajudar.

Mas voltando ao título do post, não vi o documentário da Farrah, mas pedi para o Blake gravar. Quem sabe um dia eu assista. Em vez disso, resolvi ver o novo filme do Matthew McConaughey que foi lançado semana passada, "Ghosts of Girlfriends Past. Bem bobinho, água com açucar, mas para falar a verdade já estou de saco cheio deste tipo de comédia romântica, acho péssimo exemplo para as meninas, pois nestes filmes, elas sempre se apaixonam pelo garanhão babaca, sofrem, mas no final, o cara muda completamente e vira um anjo. Fala sério, se ainda estivesse esperando meus namorados babacas mudarem, estaria solteira até hoje!

May 14, 2009

SEM PRECONCEITO, SOMOS MAIS


Para quem está no Rio, vale a pena participar e apoiar o movimento abaixo.

Dados recentes sobre a doença*:

O número de pessoas vivendo com HIV em 2007 é estimado em 33,2 milhões (em 2006 eram 39,5 milhões), portanto havendo uma redução de 16%. Entre os infectados adultos, exatamente a metade refere-se ao sexo feminino. O número de novos casos - adultos e crianças infectados durante o ano de 2007 - foi estimado em 2,5 milhões, também abaixo dos dados anteriores. Cerca de 68% (mais de 1/3) destes novos casosocorreram na África subsaariana. O total de óbitos durante o ano de 2007 foi estimado em 2,1 milhões, tendo 76% deles ocorrido na África subsaariana. Diariamente,
6.800 pessoas tornam-se infectadas e 5.700 morrem de Aids, a maioria devido ao acesso inadequado aos serviços de prevenção e tratamento.

Na América Latina, o número de infectados entre adultos e crianças é de 1,6 milhão, enquanto o número de novas infecções em 2007 (100.000 casos) permaneceu estável; a prevalência global em adultos, na América Latina, é de 0,5%, tendo ocorrido 58.000
óbitos no ano passado. O Brasil possui 1/3 (620.000)de todas as pessoas vivendo com HIV na América Latina. Na Argentina e no Uruguai a epidemia está sendo devida, em sua grande maioria, a sexo não seguro, predominantemente entre heterossexuais, enquanto na Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru a transmissão
predominante ocorre entre HSH.

* Estudo publicado por Hélio Vasconcellos Lopes, Coordenador do Programa Municipal DST/AIDS/Hepatites da Secretaria de Saúde de Santos. Professor Titular de Infectologia da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC.

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SEM PRECONCEITO, SOMOS MAIS

A 26ª Edição do Memorial das Velas Acesas, tradicional evento de luta contra a AIDS, já tem dia marcado. Próximo domingo, 17 de maio, a partir das 14h, com ponto de encontro no Largo do Machado. O objetivo do evento é relembrar as vítimas da AIDS em todo o mundo mas, principalmente, manter o compromisso contínuo de promover informação e lutar contra o preconceito aos portadores do vírus HIV.

Por isso, profissionais de Saúde, estudantes, voluntários e multiplicadores do Grupo Com Vida, do Hospital Universitário Pedro Ernesto, apresentarão atividades lúdicas, roda de capoeira e oficinas que debaterão temas relacionados à sexualidade, DSTs e AIDS.

Numa sociedade, onde a informação circula aceleradamente, o grupo Com Vida não quer parar no tempo e, organizando pelo sexto ano consecutivo a atividade, quer motivar a unidade com o tema: “Juntos Nós Somos a Solução”. Venha participar. Para isso, basta trazer a solidariedade.


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Coordenadoria de Comunicação Social, Eventos e Humanização do Hospital Universitário Pedro Ernesto – Comhupe
Tel.: (21) 2587- 6258 / 6548
Av. 28 de Setembro, n° 77 - Rio de Janeiro - RJ - CEP:20551-030

La Garantía Soy Yo!


Quem é carioca vai lembrar de um comercial muito engraçado de um curso de inglês, se não me engano, onde um comerciante supostamente paraguaio vendia muamba... Preconceitos à parte, o tal curso queria dizer que garantia o ensino legítimo de inglês, ao contrário de outros cursos concorrentes. Não me lembro dos detalhes, mas o comercial terminava com a frase que é título de post de hoje.

O fato é que entre meu grupo de amigas, quando alguém fala um portuñol e insiste em dizer que está falando espanhol, a gente diz que o fulano fala espanhol "la grantia so yo"! Já virou motivo de piada.

Para quem ainda não desconfiou lendo meu sobrenome, sou descendente de espanhóis, mais precisamente de galegos, que por si só já falam um espanhol meio falsificado, meio portuñol por natureza. Sendo assim, cresci ouvindo meus avós -- mais a minha avó, já que meu avô partiu quando eu ainda era pequena -- e seus amigos falando um português estranho, com sotaque para lá de carregado. Só depois descobri que eles continuavam falando o galego mesmo e incorporando o vocabulário em português aprendido depois da chegada ao Brasil. Claro que se comunicavam superbem, mas o "g" sempre teve som de "x" e "pergunta" nunca deixou de ser "pregunta".

Meu pai, apesar de ter pai e mãe espanhóis, nunca se interessou muito em aprender a língua formalmente, mistura um espanhol, um galego e um português e pronto. Lê bem. Eu também nunca tinha tido curiosidade até vir estudar aqui nos EUA. Fiz muitas amigas Latinas (Chicanas) e da América Central e ficava chateada de não poder particupar mais das conversas quando elas usavam a língua materna. Prometi a elas que quando voltasse ao Brasil, a primeira coisa que iria fazer era entrar para um curso de espanhol e aprender a língua direito.

Cumpri a promessa e dentro de dois anos, saí com o diploma do Cervantes embaixo do braço, mas quem disse que eu tunha confiança de falar? Só usava a língua em caso de absoluta necessidade quando ninguém que me acompanhava queria arriscar. Mas aos poucos vi que tinha que mudar.

Ao voltar para os EUA, a vontade apareceu de novo. A população latina aumenta a olhos vistos e a comunidade hispânica de Washington aos poucos começa a se infiltrar em Maryland. De acordo com as estatísticas, os latinos serão maioria em 2040.

Ano passado, conheci uma organização muito bacana chamada Taproot, que aloca profissionais de comunicação e marketing em projetos gratuitos para organizações sem fins lucrativos. Fiz o treinamento em Nova York, mas por conta do trabalho novo, decidi esperar um pouco para ter certeza que poderia me dedicar ao projeto.

Há alguns meses, fui contatada pelo diretor de um projeto que iria começar numa organização que atende crianças e famílias latinas (na maioria) em Washington, DC e agora em Maryland. Ele me perguntou sobre a minha fluência em espanhol. Expliquei que falava e escrevia alguma coisa, mas sempre tenho que dizer que meu espanhol não é tão bom quanto meu inglês. O problema dele tinha sido justo este, encontrar no banco de voluntários profissionais que tivessem o perfil adequado e fossem bilíngues. Como tenho amigos cuja língua materna é espanhol, topei. Qualquer coisa, eles fariam a revisão.

A preocupação maior de Peter, o diretor do projeto, era construir um time que agradasse à CEO e presidente da Fundação, uma boliviana que estava à frente do projeto há 35 anos. BB (Beatriz) Otero chegou aqui há mais de 40 anos com seus pais que vieram trabalhar no Banco Mundial. Viu de perto as transformações das comunidades imigrantes em Washington e o influxo de diferentes populações vindas da América Latina. A maior preocupação da BB por sua vez era ter uma equipe que realmente entendesse o valor da educação bilíngue, mais que isso, da experiência multicultural.

A visita ao CentroNía, organização de BB, foi uma grata surpresa: uma escola/creche/centro comunitário de Primeiro Mundo servindo a cidadãos de Terceiro. O objetivo é que todas as crianças ao deixarem a escola na quarta-série seja bilíngues. Apesar do foco latino, a fundação aceita alunos de qualquer país.

Todas as mensagens nos murais, comunicados aos pais, circulares, etc são escritas em inglês e espanhol. Tudo idêntico. "Não basta dizer que valorizamos a cultura latina se pouco se vê o espanhol por aqui. Não adianta dizer que somos uma organização bilíngue se a mensagem em espanhol é mal escrita ou impressa num material de pior qualidade. Precisamos fazer jus às nossas palavras. Se valorizamos a língua e a cultura, temos que dar provas disto," explica BB. Eu nunca tinha pensado no assunto, mas acho que ela não deixa de ter razão.

Além de serviço de creche e escola, a organização procura empregar adultos e pais da comunidade e encontrar oportunidades para as famílias, disponibilizando uma sala com computadores e impressoras e aconselhamento profissional. Um trabalho muito bacana que precisa ser mais divulgado. Eles querem fugir da imagem de "creche e centro comunitário de Capitol Heights, bairro latimo de Washington; querem projetar uma imagem nacional, mais corporativa. O objetivo é ser conhecido como centro multicultural e educacional e é por isto que estamos engajados no projeto.

No começo, tive receio da minha fluência em espanhol, mas com exceção do Peter, o resto da equipe é formado só por mulheres, todas com bom nível de espanhol, mas americanas. A única nativa é Patrícia, uma argentina profissional de marketing que está em Georgetown fazendo inglês intensivo. A experiência profissional dela é vasta e a visão ótima, mas ela se sente limitada pela língua, no caso dela o inglês, então falamos muito espanhol nas reuniões de grupo.

No início, disse a ela que falasse em espanhol e eu responderia em inglês, mas depois achei mais fácil gastar meu espanhol-la-garantía-soy-yo mesmo, afinal seria uma ótima oportunidade de praticar. Estou adorando! Outro dia refizemos os questionários em espanhol e em breve vamos organizar os grupos de discussão, também em espanhol. Quem sabe assim não solto a língua de vez?

O legal do trabalho voluntário é justamente isto: a gente faz o bem e ainda aprende! Como meu trabalho full-time não me dá muitas oportunidades de treinamento -- aqui é só na base do erro e acerto, tudo na pressão -- trocar experiências com profissionais da minha área e ainda praticar uma terceira língua para mim tem sido ótimo. Trabalho voluntário cansa, mas faz bem pro coração e para cabeça!

May 13, 2009

Farrah Fawcett

Aqui nos EUA não se fala em outra coisa que não seja a doença de Farrah Fawcett. A NBC vai exibir nesta sexta à noite um documentário feito por ela. paraquem não está acompanhando a história, um breve resumo: Em 2006, a atriz descobriu um câncer no ânus. Depois do tratamento, parecia que a doença havia sido erradicada, mas no ano seguinte, ela teve uma recaída e desde então luta contra o câncer. Depois de se subter aos tratamentos covnencionais, Farrah decidiu tentar tratamentos alternativos na Alemanha. Por um tempo, ao que parece os tratamentos funcionaram, mas de acordo com Ryan O'Neal, marido da atriz, ultimamente a doença tem progredido muito rápido.

A idéia do documentário surgiu quando Farrah decidiu gravar uma consulta em vídeo para ter certeza de que guardaria todas as informações ditas pelo médico. Hoje, num programa de TV, a repórter questionava como alguém poderia achar que esqueceria uma notícia tão traumática. Obviamente esta repórter nunca esteve doente. Não que o paciente vá esquecer as palavras do médico que lhe deu a notícia bombástica, mas há tantos detalhes... Qual o estágio da doença? Quais são minhas opções? Riscos? Chances a curto prazo? Longo prazo? Prognóstico? Qual é o próximo passo? Onde está a doença? Quanto do meu corpo está tomado por ela? Enfim, são tantas perguntas que fica impossível tentar guardar todas as respostas. Sem dizer que quando se recebe uma notícia destas, a gente fica fora do ar. É um golpe enorme, um completo nocaute, então imagina se algiém vai lembrar de tantos detalhes. Até hoje, a maioria das minhas consultas médicas fica meio perdida na minha memória, minhas lembranças completamente embaçadas pelo medo e pela angústia.

Hoje vi uma prévia do programa no Today Show. Ainda não decidi se vou ver o documentário, pois além de muito triste, acaba sendo muito pessoal para mim, já que tive experiência parecidas. Não no diagnóstico, graças a Deus, continuo saudável e feliz, mas nos momentos de angústia. Nas cenas de hoje, vi Farrah agarrada ao seu terço, rezando, exatamente como faço nos momentos de angústia. Vi também que ela faz o sinal da cruz antes de entrar na máquina de ressonância, assim como faço toda vez que me encontro em situação desagradável.

Dizem que apesar dos pesares, Farrah se mantém firme e acredita em milagres. Também acredito neles. Sei que os cínicos e céticos me criticam por isto. Outro dia tive uma conversa com uma amiga sobre a posição delicada de lidar com um paciente/amigo cujas chances de sobrevivência são pequenas. Ela dizia que não se sentia confortável ao mentir para o paciente, ao dar-lhe falsas esperanças. Eu, por outro lado, procuro ser otimista, pois acredito em milagres. Penso que se não puder dar esperança a alguém que luta desesperadamente pela vida, qual seria meu papel? Não sou Deus, não sei quem vai morrer quando, nem quero saber. Prefiro acreditar até o final que milagres acontecem, eu já vi vários, mas entendo que nestas horas a vontade de Deus é soberana.

Tenho amigos, que nos piores momentos, me disseram que entregaram suas vidas nas mãos de Deus e pediram para que Ele fizesse o que fosse melhor. Nestas horas vejo que sou fraca, pouco evoluída, pois nunca cheguei a este ponto. Entendo e aceito que a vontade de Deus é sempre maior, mas confesso que já cherei muito e implorei e supliquei demais para que Ele ouvisse a minha vontade, para que Ele se compadecesse de mim. Quem sabe um dia minha fé vai ser maior e vou entender melhor os desígnios de Deus. Só posso dizer que por enquanto ainda tenho um longo caminho a percorrer.

May 12, 2009

Viver Não É Preciso

Outro dia li num livro que "o câncer é como uma nota C num boletim que até então era impecável. O pior é que aquele "c" vai ficar no seu histórico pro resto da sua vida." Para mim, que sempre fui CDF, esta foi a melhor definição de como me sinto em relação à doença. Se fisicamente tudo que me restou dela foi uma cicatriz um tanto quanto sui-generis no abdome, a carga piscológica é bem mais pesada. Por mais que eu tente, não consigo me livrar dela totalmente. Não adianta, a gente jamais volta a encarar a vida da mesma forma, para pior ou para melhor, a mudança é permanente.

Estaria mentindo se dissesse que hoje não sinto mais medo do que sentia há dez anos. Hoje sei mais, me preocupo mais com o que pode ser. Mesmo que minhas escolhas conscientes apontem para o lado otimista, existe sempre o fantasminha nada camarada que volta e meia me assombra. Exames que fazem parte da rotina de qualquer um e que a maioria das pessoas nem pensa duas vezes ao fazer, me causam verdadeiros calafrios. Dizem que só o tempo para apagar, ou tornar as matizes hoje tão intensas, um pouco mais desbotadas. Também acreditei que o tempo fosse meu amigo, até que ele me deu uma rasteira, agora nem nele eu confio mais. Se não confio no tempo, só me resta acreditar em Deus e pedir para que ele prorrogue indefinidademente a minha estadia por aqui. Sei que a vida eterna deve ser ótima, um verdadeiro paraíso, mas ainda não me cansei do caos aqui debaixo.

Sábado, num evento do trabalho, ouvi duas palestras emocionantes. A primeira foi de uma repórter do Baltimore Sun, que durante meses acompanhou pacientes que tinham câncer de mama em estágio quatro (o último estágio da doença, dito incurável). Como não lhes restava nenhuma esperança, elas decidiram participar de um estudo sobre uma vacina experimental que talvez pudesse prorrogar suas vidas.

O estudo acabou ano passado e ainda não se tem resultados. Algumas pacientes já partiram e a certeza que se tem é que, pelo menos para elas, o tratamento não funcionou. Outras ainda estão por aqui, vivendo cada minuto de suas vidas na prorrogação, pois não se sabe quanto tempo lhes resta. (A expressão em inglês neste caso é perfeita, pois diz-se que elas estão "living on borrowed time", ou seja, vivendo em tempo emprestado, tempo que já não lhes pertence.)

O depoimento da repórter foi tocante e me impressionou a sinceridade dela ao admtir que, ao longo dos meses de tratamento, tinha infringido a regra número um do jornalismo ao se tornar parte da história. Esta linha é muito tênue e muitas vezes o profissional nem sempre é o ético e o humano. Fico feliz quando vejo que ainda há jornalistas humanos por aí.

O outro depoimento foi de uma das pacientes do mesmo estudo. Fiquei surpresa ao ver uma mulher jovem, muito bonita, de cabelos longos e cheia de vida se dirigindo ao palco. "Não, ela não pode estar doente, não tem nada de errado ali!," pensei. Mas era ela, jovem mãe de dois filhos, vivendo com câncer de mama, estágio quatro, metástese. (Metástese era a palavra que mais me assustava durante todo o meu período entre diagnóstico e tratamento. Metástese, como se sabe, é quando o câncer se espalha para outros órgãos do corpo, o que torna a cura mais difícil.)

A história de Darby não é tão diferente da de outros pacientes de câncer. Em 2004, ao descobrir uma forma agressiva de câncer de mama, optou por uma radical mastectomia dupla. Os médicos lhe asseguravam que apesar de ser a forma de tratamento mais drástica, também era a mais segura, pois previniria um recidiva em 99.9% dos casos. Valeria o sacrifício.

"Ótimo, vamos fazer tudo para que ele não volte," foi o pensamento de Darby, cujos filhos tinham 4 e 2 anos, na época. O tempo foi passando e a rotina foi voltando ao normal. A família mudou-se de Atlanta para um subúrbio de Baltimore e Darby decidiu que seria uma grande oportunidade de deixar a doença no passado. Fez bons amigos na nova cidade, mas não mencionou seu histórico. "Para que? Estou começando de novo!," foi a atutude dela.

Mas os recomeços não são sempre tão fáceis assim e meses depois Darby teve a pior notícia imaginável. A doença tinha voltado, mais forte do que nunca. Sim, ela era aquele 0.1% dos casos, aquela fatia tão ínfima do grupo que muitos custam a acreditar que existe. Infelizmente, as estatísticas não mentem e para os 99.9% de felizardos existem os 0.1% cuja sorte é questionável, e Darby estava no último grupo.

Sem ter muitas opções, Darby percebeu que se não poderia controlar a doença, controlaria sua própria vida: iria lutar até o final com todas as armas disponíveis. Tomou a difícil decisão de não se deixar morrer antes do tempo. E é o que tem feito a cada dia que levanta e leva as crianças para escola, faz compras ou sai com as amigas. Ela vive! Vive o hoje e reza para que o amanhã seja tão bom quanto.

A palestra de Darby estava marcada para o meio da tarde, mas ela pediu para que fosse antecipada para a parte da manhã. Darby tinha um vôo para pegar naquele sábado. Ela e o marido iriam celebrar o aniversário dele numa viagem de 10 dias para Israel. O sorriso dela, o ar jovial, o porte e a fala rápida não combinavam em nada com a imagem que eu tinha de um paciente de câncer terminal. Mas pensando bem, quem disse que o estágio de Darby é terminal? A doença pode estar em estágio avançado, mas não há traços evidentes. A alma continua intocada e a vontade de viver é óbvia. Já me disseram que a vida é um estágio termina, então só nos resta vivê-la.

Darby me fez lembrar o que Elizabeth Edwards, que também tem câncer de mama estágio quatro, diz em seu livro recém-lançado. Elizabeth diz que gostaria de ser lembrada como uma mulher que, quando o vento não soprava a seu favor (o que acontece muitas vezes), em vez de se revoltar, ela ajustava as suas velas e continuava a navegar.

A frase me fez lembrar o grande Fernando Pessoa que disse "Navegar é preciso, viver não é preciso". Sei que há muitas interpretações para o poema, mas para mim, não se trata da necessidade de viver ou navegar, e sim da precisão que pode existir na navegação, mas certamente inexiste na vida, onde não há mapas, rotas a serem percoridas ou mesmo certezas. Por mais estranho que possa parecer, a vida é inexoravelmente incerta.

May 11, 2009

Vídeo Bacana



Achei este vídeo por acaso...para quem gosta de culturas diferentes é um presente... Cenas assim só reafirmam a minha teoria de que o ser humano é todo igual.

Dizem por aí que Matt Harding, um americano cansado de sua rotina resolveu torrar todas suas economias numa viagem ao redor do mundo. Em cada lugar que passou, decidiu fazer um vídeo onde aparece dançando para colocar no youtube e manter sua família e amigos informados das suas andanças. Num exemplo perfeito de grassroots marketing, o vídeo gira o mundo e chega até uma empresa chicletes que decide patrocinar o garoto de Connecticut e hoje em dia ele é pago para isso: viajar, dançar e dar palestras por aí.

Nada mal para quem só queria sair por aí...

Day Off

Hoje tirei um raro dia para curtir a minha companhia, coisa que já não fazia há séculos. Nos últimos anos, todo e qualquer instante da minha existência tem sido dedicado ao outro. Não que me importe, muito pelo contrário, a escolha sempre foi minha. Adoro gente, gosto de casa cheia e de buxixo na rua. Longe de mim reclamar.

Ultimamente a rotina tem se intesificado: o ritmo detrabalho aumentou e as responsabilidades idem, as tarefas voluntárias se multiplicam muitas vezes desordenadamente e as obrigações cada vez mais intensas. Como diz a slogan do McD's, "amo muito tudo isto", mas confesso que tudo tem seu preço. E o corpo sente.

Há umas três semanas acordei e ao tentar me levantar tive um espasmo muscular como nunca pensei que existisse. A dor foi tão intensa que dei um berro e cai na cama na mesma hora! Fiquei apavorada sem poder me mover por uns 10 minutos. Passei o resto do dia andando feito robô, fiz acupuntura (e melhorou pouco na hora), só bem mais tarde uma amiga nossa, que é massoterapeuta, e por coincidência deu uma passada aqui salvou a minha vida, mass foi logo me avisando que a situação era calamitosa e eu precisave me cuidar com urgência.

Mas a rotina não deixava. Tenho trabalhado muito, até nos fins de semana, mas como milagres acontencem, vendo a minah dedicação ímpar, minha chefe num rompante de bondade absurda, me disse para ficam em casa e trabalhar umas horinhas só hoje. Era tudo o que eu precisava. Levantei cedo, coloquei umas coisas em dia no trabalho. Depois corri no salão e fiz pé e mão, Brazilian style. Pois é, não eram só as minhas costas que estavam em petição de miséria, minhas unhas também. As do pé então...sem comentários!

Depois, já de unhas feitas, passei no shopping e fiz umas trocas que já estavam na minha lista há séculos e de lá resolvi usar o certificado para uma massagem de uma hora e meia que o Blake tinha me dado de Valentine's Day. Que delícia! Bem, para falar a verdade, dos 90 minutos, diria que 75 foram uma delícia, os outros 15 foram de muita ralação, pois nunca vi ninguém para ter tanto nó muscular como eu! Como comigo tem que ser tudo diferente, o tal espasmo muscular mudava de lado ao receber a pressão da massagem. Nem a terapeuta sabia mais o que fazer! Quando eu digo que TUDO comigo tem que ser diferente... Mas tudo bem, no final deu tudo certo. Claro que a recomendação é de que eu volte pelo menos duas vezes por mês. Agora além da yoga, da acupuntura e da fitoterapia, incluo a massoterapia na minha rotinha. É agora ou nunca, vou virar zen na marra!

E para completar o dia de dedicação exclusiva a mim, resolvi fazer um detox! Comecei o dia um um suquinho verde supervitaminado e terminei com um omelete de legumes.

May 7, 2009

Lilian

A voz dela é doce e o semblante tranquilo. Se não estivesse ela ligada a uma máquina e rodeada por enfermeiras e outros pacientes, jamais acreditaria que Lilian enfrenta mais uma sessão de quimioterapia no Centro de Câncer do Hospital da Universidade de Maryland. O marido, meu xará Danny, sempre a acompanha, mas prefere jogar poker no laptop a falar sobre cirurgias e doenças ou sobre assuntos de mulher. Elizabeth, minha amiga e assistente social que me apresenta a estes pacientes, me avisa de antemão que Danny não é muito de bate papo, mas volta e meia, para surpresa de Elizabeth, ele dá um pitaco na nossa conversa.

Lilian tem sempre um sorriso nos lábios e uma doçura extremamente difícil de se explicar em alguém que luta não contra um, mas dois tipos diferentes de câncer bem agressivos. Um é no intestino com metástese para o fígado e o outro (tumor neuroendócrino) começou no mesmo lugar mas é um tipo diferente, aparentemente causado por hormônios e stress. Nestas horas é que me sinto muito ignorante.. Onde já se viu dois tipos detumor diferentes num mesmo órgão?!

Mas nem os tumores, nem as biópsias, nem os tratamentos agressivos parecem tirar a doçura dela, que pode ser percebida no tom de voz, nos gestos, na escolha das palavras. Ela está determinada a vencer, mas tem a humildade de aceitar o que o destino lhe reserva. "Só me resta rezar para que a minha hora ainda não tenha chegado," ela explica com um sorriso tímido. "Por enquanto estou ocupada planejando a festa de dois anos do meu filho, em julho," ela suspira enquanto tira da carteira (Louis Vuitton legítima) fotos de um garotinho de cara redonda e cabelos cacheados.

Outro sonho de Lilian é conhecer o Brasil. Ela tem uma amiga que vai visitar o João de Deus há três anos e jura que as consultas com o médium/curandeiro/espiritualista tem ajudado muito. Lilian diz que além de conhecer João sonha em passar uns dias no Rio, mas quer fugir dos mosquitos! A amiga dela disse que tem época que eles estão por todos os lados em Brasília.

A simplicidade dela também assusta. Soube que ela é de uma das famílias mais ricas de Baltimore. Ela, o marido e o filhinho moravam em Miami, mas depois de descobrir a doença e de uma série de diagnósticos errados, optaram por voltar para casa e ela se trata no mesmo centro onde o pai foi tratado há dois anos. O pai de Lilian faleceu de câncer de pulmão na época do nascimento do filho dela. Ela diz que a cada visita,a acada exame tem uma enorme sensação de déjà-vu, mas que por mais duro que seja, prefere estar num lugar onde confia na equipe médica.

"Às vezes me pergunto se não é coisa demais para uma pessoa só," ela confessa. "Mas depois acabo entendendo que isto acontece e estas são as questões com as quais preciso lidar no momento. Não há tempo ou energia para questionamentos ou revolta," ela mesma conclui.

Apesar de só ter visto Lilian duas vezes (fomos apresentadas ontem), sinto uma enorme afeição por ela -- simpatia e empatia. Ela também emana uma energia muito boa e diz que se sente fisicamente muito bem, fato que ela credita a uma chá chamado Vitali-Tea. (Acho que além do chá milagroso existe uma dose enorme de resiliência e otimismo cauteloso dela.) O fato é que quando vou vê-la na unidade de tratamento me sinto como se tivesse batendo papo com uma amiga num salão de beleza. Parte de mim fica feliz por fazer com que horas tão difíceis passem mais rápido para ela. A outra parte sabe que estou fazendo um bem enorme a mim mesma ao sair do escritório um pouco durante o dia e conversar com alguém diferente.

E aos poucos, muito sutilmente, sinto que a minha direção na vida vai mudando de novo. Há alguns meses, tinha impresso todo o material e já ia dar entrada no processo de seleção de um programa de doutorado em administração, mas me bateu uma grande dúvida e chego aquestionar se negócios e transações comerciais e o mundo corporativo realmente tem algo a ver comigo. Se mais um diploma vai me fazer mais completa. Claro que ainda quero aproveitar esta grande oportunidade, mas provavelmente em outra direção. Não quero enveredar pelo caminho das políticas públicas pois não tenho nem tempo para blablablá nem paciência para lidar com o sistema e nem talento para fazer politicagem. Eu gosto de gente, mas gosto de lidar com indivíduos, não grupos. Se tiver que optar entre ajudar uma pessoa ou uma organização, não tenho nenhuma dúvida de onde está a minha lealdade.

Vou continuar a explorar as opções de doutorado, mas começo a achar que o mundo dos negócios pode não ser para mim.

É incrível como ao conhecer o outro, sempre descobrimos algo surpreendente sobre nós mesmos. Este post tinha toda a intenção de falar exclusivamente sobre a Lilian -- esta jovem mãe extremamente afável que conheci há tão pouco mas que parece fazer parte do meu círculo há tempos -- entretanto por algum estranho motivo acabei falando sobre mim. Acho que a cada vez que me disponho a conhecer e abrir meu coração para alguém, acabo abrindo alguma janelinha, até então oculta, dentro de mim.

May 6, 2009

CAMPANHA PARA O DIA DAS MÃES DAS CRIANÇAS COM LEUCEMIA DO HOSPITAL DA LAGOA - Rio

Para quem está no Rio, esta é uma ótima oportunidade de fazer o bem!

A Pri, minha amiga e doadora de sangue, está a frente de um trabalho muito bacana com crianças que estão em tratamento para leucemia no Hospital da Lagoa, no Rio. Ela começou a ir ao hospital acompanhando a Julia e se apaixonou pelos amiguinhos que ela dez por lá.

A doença de um filho é a pior coisa que pode acontecer na vida de uma mãe, então a Pri e a mãe da Giulia resolveram tentar alegara um pouco o dia destas mulheres tão fortes que acompanham os filhotes em tratamento no Hospital da Lagoa.

Quem quiser ajudar, ligue ou mande um email para a Pri (priscila.passos@uol.com.br ) o mais rápido possível!


CAMPANHA PARA O DIA DAS MÃES DAS CRIANÇAS COM LEUCEMIA DO HOSPITAL DA LAGOA
Vamos ajudar uma criança com Leucemia a fazer sua mamãe sorrir?


Amigos(as),

Como vcs já sabem, eu (Priscila Passos) e minha amiga Helena Hallais (mãe da Giulia, 11 anos, com leucemia pela 2ª vez), estamos dedicadas ao trabalho social, de amparo às crianças com Leucemia do Hospital da Lagoa, onde a Giulia faz tratamento. Pudemos perceber que apesar da doença, não falta nada material para a Giulia (graças a Deus!). Mas também vemos o outro lado, e as outras crianças??? Como podem garantir um tratamento eficaz sem as mínimas condições de sobrevivência?

Resolvemos abraçar essa causa, e por isso precisamos de vcs !!!! Sozinhas não conseguiremos!!!

No final de Mar/09 (aniversário da Helena), ela pediu que os amigos dessem presentes para as crianças e a entrega, na qual estive presente, foi muito emocionante!!! Por ter sido um sucesso, maior que qualquer outro tipo de emoção e felicidade que já tive na vida, resolvemos continuar a alegrar e tentar amenizar a dor e os transtornos que os efeitos das quimioterapias fazem às crianças.
Desta vez, contamos com a generosidade de vcs, e de mais quem puder colaborar com a nossa nova campanha!
Vamos ajudar uma criança com Leucemia a retribuir o carinho e dedicação das mamães do Hospital da Lagoa, doando um Kit de higiene e beleza, conforme sugerimos abaixo, porém, é mera sugestão (vc pode montar como desejar)... O mais importante é ajudarmos essas crianças a fazerem suas mães sorrir!


Kit de Beleza/ Higiene para Dia das Mães

- Nécessaire
- Shampoo e Condicionador
- Creme para pentear (cabelo)
- Sabonete (com saboneteira)*
- Desodorante
- Escova de dente*
- Pasta de dente*
- Pente e/ou escova de cabelo
- Absorvente
- Batom
- Hidratante Corporal
- Colônia ou perfume


Ao todo são 40 crianças que precisam presentear suas guerreiras mamães. Já temos 16 kits, mas ainda faltam muitos...

*OBS.: Para os itens a seguir já conseguimos as 40 unidades: sabonete, pasta de dente e escova de dente. Um dos doadores é funcionário de uma empresa do ramo e nos forneceu caixas fechadas. Por isso, FAVOR DESCONSIDERAR ESSES 3 ITENS.


Para melhor organização, precisamos recolher os Kits até o dia 07/05, pq a festa de entrega será no hospital dia 11/05, às 9hs, e precisamos de tempo para arrumar os presentes, colocar nomes, separar kits, etc.

Como o pessoal de baixa renda só participa de alguma palestra de conscientização se "ganhar" brindes, esta foi a maneira que as médicas, a psicóloga, a comissão de infectologia do hospital e a Helena encontraram para atrair as outras mães para a tal palestra, que acontecerá dia 11/05 (2 feira), lá mesmo no hospital.

A palestra ocorrerá em virtude do alto índice de infecção que as crianças vêm apresentando, para tentar conscientizar as mães da importância da higiene e limpeza para com as crianças em tratamento e com baixa imunidade...

Já prometemos os presentes! Agora estamos apavoradas, pq precisamos de vcs...

Desde já, estamos à disposição para esclarecimentos. Quem necessitar ou quiser comprovar o trabalho, pode marcar visitas às crianças em tratamento no Hospital da Lagoa (Hematologia Pediátrica) - médica responsável , Dra Soraia Rouxinol !!!!

Só não podemos levar muitas pessoas ou um grupo pq as crianças possuem imunidade muito baixa e, por isso, não podem ter contato com muita gente ao mesmo tempo, e menos ainda com pessoas que estejam com gripe ou qq coisa contagiosa, mesmo que seja banal.

Contamos com a ajuda de vcs, repassem aos seus amigos!!!

Podemos recolher os produtos onde desejarem ou, se preferirem, deixem em minha portaria (ou na da Helena) a qualquer hora do dia com alguma identificação para que possamos identificar o doador.

Quem puder, junto com o Kit, envie também: roupas, sapatos, bolsas, agasalhos, bonés, bijuterias, etc..., semi-novos, para deixarmos as crianças presentearem suas mamães!!! Afinal, são todas GUERREIRAS, merecem e aceitam as doações de coração !!!!

Contatos:

Priscila Passos
Tel: 3873-1128 / 9104-5871

Helena Hallais
Tel: 2537-1139 / 9456-9844

Vamos salvar vidas !!! DOE MEDULA ÓSSEA, DOE VIDA!
Já parou para pensar, que vc pode ser o doador compatível com a GIULIA ou com muitas outras crianças/ pessoas??? Já fez a sua parte???

O Linfoma na Mídia

Parece que nas últimas semanas esta doença de nome estranho e assustador resolveu ter seus quinze minutos de fama e em menos de um mês, entrou na vida de duas das mulheres mais conhecidas do Brasil: a Ministra e Pré-Candidata a Presidência da República Dilma Roussef e a escritora e autora de novelas Gloria Perez.

Impressionou-me a força das duas ao falar abertamente sobre a doença. Sei que no caso de Dilma houve muita discusão sobre como lidar com a notícia e a cúpula do PT chegou a discutir os prós e os contras que a doença poderia exercer na candidatura da ministra. (Nunca vi tanta frieza na minha vida!)

Dilma já disse que continuará a manter o ritmo acelerado e para bom entendedor já está claro que se depender dela e do companheiro Lula, a campanha à presidência contunua firme e forte. Há quem diga que a doença pode ser um fator favorável, já que pode, aos olhos do público, tornar a figura dura e fria da ministra mais afável e até mais humana. (De novo, nunca vi gente tão fria!)

Glória também é so otimismo e faz questão de afirmar que o tratamento não vai interferir em seu trabalho e que ela conseguirá continuar escrevendo "Caminho das Índias". A autora insiste em dizer que vai manter seu ritmo de vida.

Admiro a força de vontade das duas, mas acho que ambas estão perdendo uma tremenda chance de aprender com a doença. Uma das maiores lições que aprendi e venho aprendendo depois da doença tem a ver com humildade. Aprendi na marra que existem coisas que não dependem de mim nem da minha força de vontade. Aprendi também que preciso respeitar meus limites. Quando digo que fiz da doença o meu guru, quero dizer que usei uma experiência muito ruim para mergulhar no fundo de meu eu e sair de lá mais fortalecida. Usei o inimigo que morava dentro de mim para explorar as minhas próprias profundezas e me afundar nas minhas entranhas.

Foi a experiência mais assustadora da minha vida. E a mais dolorosa também, mas não canso de dizer que tanto sofrimento me transformou na pessoa que sou hoje. Longe de mim dizer que as pessoas devem se entregar. Também procuro alcançar o equilíbrio entre o otimismo e o realismo, o que nem sempre é fácil, mas ao decidir que iria enfrentar qualquer situação, preciso me preparar para isto. Claro que cada pessoa lida com seus desafios de forma diferente. Eu optei por usar salto alto e maquiagem a cada vez que me internava para fazer quimioembolização. Achava a minha perda de peso (que não foi nada absurda!) uma bênção...adorava exibir minha saboneteira e usar minhas calças caindo. (Tem doido para tudo!)

Mas ao mesmo tempo, acabei me aceitando mais, com todos os defeitos e limitações (temporárias) impostas pela doença. Passei a viver a vida muito mais intensamente, mas também me tornei mais seletiva; coloquei minhas prioridades em ordem. Usei uma experiência muito ruim para repaginar a minha existência e sou grata por isto. É por estas e outras que embora admire o otimismo de Glória e de Dilma, espero que elas não percam esta chance única de aprender com o baque.

Receita de Bolo de Framboesa


Para satisfazer a curiosidade das chefs de plantão, vou postar a receita superfácil do Chocolate-Raspberry Cookie Trifle, o que na minha tradução livre e perneta seria mais ou menos como um bolo de biscoito triplo de chocolate e framboesa. Para que gosta de doce e é chocoholic como eu, este prato é simplesmente DELICIOSO!

A receita original do Pampered Chef está na foto (é só clicar para aumetar) e a tradução posto aqui embaixo. É bom avisar que como nào entendo NADA de cozinha, não sei se soube me explicar direito. Há também alguns ingredientes que não sei se estão disponíveis no Brasil, tipo os biscoitos redondinhos de baunilha, mas tenho certeza que as meninas mais prendadas e com mais conhecimentos dos supermercados brasileiros do que eu vão poder ajudar.

A receita é uma ótima opção para o Dia das Mães! Como a festa vai ser na minha casa outra vez (depois escrevo mais um post sobre o assunto, pois não aguento mais organizar eventos!), já intimei a minha cunhada a fazer a sobremesa. Só espero que ela não invente moda, pois ela é metida a chef e adora modificar as receitas -- as vezes funciona, outras não...

De qualquer jeito, aqui vai a receita do Bolo de Biscoito Triplo de Chocolate e Framboesa, cortesia da Pampered Chef:

1 xícara de leite
1 pacote (100g) de pó para pudim sabor chocolate branco
1 lata (450g) de whipped topping congelado (tipo um crème de chantily)
1 lata (350g) de biscoitos de baunilha (redondos)
1 xícara de flocos de chocolate
1 jarra (350g) de geléia de framboesa
1 saco (350g) de framboesas congeladas, deixar descongelando antes

Para o recheio: combine o leite e o pó de pudim, misturando até que engrossar.
Reserve ½ xícara do crème de chantily e coloque lentamente o restante do crème na mistura de pudim. Cubra e refrigere.

Para a cobertura: combine os flocos de chocolate, o crème de chantily reservado e metade da geléia de framboesa numa vasilha.
Coloque no microondas em ALTO por 40-60 segundos ou até que a mistura derreta, misturando a cada 20 segundos. Mexa até que fique uniforme. Reserve ¼ xícara numa tigela para decorar.
Coloque o resto da geléia em outro recipiente e ponha no microondas por mais 30-60 segundos (ALTO) ou até derreter. Coloque as frutas em outra vasilha e cubra-as com geleia, misture com cuidado.
Separe 16 biscoitos para decorar o bolo; parta o resto dos biscoitos ao meio.
Para montar o bolo, coloque um-terço dos biscoitos partidos no fundo do recipiente. Depois coloque um-terço da mistura das framboesas cobrindo os biscoitos. Cubra com um-terço da mistura de pudim e mais um terço da mistura de chocolate.
Repita mais duas vezes, finalizando com a cobertura de chocolate.
Mergulhe os biscoitos reservados até a metade em chocolate e coloque-os no topo do bolo.

Bon appetit!

May 5, 2009

Alívio


Acabo de voltar do hospital, mais precisamente do Breast Center (ou Centro da Mama) onde fiz a minha mamografia de acompanhamento. Quando fiz a primeira ano passado, eles acharam uns micro-cistos e desde então tenho que acompanhar. Saco!

Como me disseram uma vez, depois que se tem câncer, qualquer coisinha um pouquinho diferente que apareça, os médicos já acham que tem que virar a gente de cabeça pra baixo. C'est la vie... No início fiquei muito p da vida, pois em vez de só voltar a fazer o tal exame daqui a cinco anos, tenho que dar as caras a cada seis meses, mas depois percebi que revolta e raiva são sentimentos desperdiçados que não me levam a lugar nenhum. O negócio é encarar e ponto.

Então hoje voltei lá para fazer panqueca de mama, como dizem por aqui. O exame não é o que eu chamaria de agradável, mas também não é o bicho de sete cabeças que pintam por aí. Dizem que quem tem seios pequenos sente muito mais dor do que quem tem seios mais fartos. Então advinhem qual é o grupo onde me encaixo? Ganhou um pirulito quem disse que estou no grupo das sem-peito! Mas não é de se estranhar se levarmos em consideração que também estou no grupo dos que tem pouquíssimas veias e as que me sobram são as ditas bailarinas. Ironia do destino, pois conheço muito pouca gente que tem que fazer exame com contraste a cada três meses (ooops, agora quatro!), mas como diz a minha avó, o que não tem remédio, remediado está!

Mas voltando à mamografia, o tal micro-cisto ainda está lá e não apresenta nenhuma mudança, o que para mim já é motivo mais que suficiente para comemorar. Vou continuar abrindo os champagnes rosés que comprei este fim de semana! E agora, com os ótimos resultados dos exames de Hopkins e desta mamografia, respiro realmente aliviada! Pelo menos pelos próximos quatro meses...

May 4, 2009

Quando Imagens Dizem Mais que Mil Palavras...II





Para quem duvidava que a megera indomável aqui poderia ser domesticada, as fotos dizem tudo. Acreditem se quiser, fiz uma festinha da Pampered Chef aqui em casa ontem. Para quem não conhece, The Pampered Chef é uma linha de produtos de cozinha muito legais. Tem cada coisa fofa e de ótima qualidade.

Sem querer acabei fazendo um experimento científico e comprovei. Como comemos muito tofu, sempre tento deixar os pedacinhos tostadinhos e crocantes na panela, mas nunca havia conseguido. O tofu não doura e ainda por cima gruda todo na panela, de Teflon e tudo. Comprei uma frigiderinha bem pequena da Pampered Chef para experimentar e como não pude colocar todos os cubinhos de tofu, dentro dela, acabei colocando parte na minha firgideira antiga. Então elas ficaram lado a lado fritando os cubinhos. A diferença foi tão grande que acabei passando tudo para a firgideira menor da Pampered Chef, e pela primeira vez meus cubinhos de tofu ficaram supercrocantes, parecendo até de restaurante! Nem precisa dizer que já comprei a frigideira maior!

Pois é, meus pais que voltaram hoje para o Rio saíram daqui boquiabertos, pois a filha que nem um copo lavava, hoje, lava, passa, limpa e cozinha. E eu juro que não é piada, mas a minha mãe teve que me implorar para eu parar de passar roupa. A veia de Maria atacou e passei quase toda a minha coleção (que é enorme!)de camisas sociais. Não sei qual foi o espírito que baixou, mas deve ter sido o "caboclo trabalhador", mas fiquei mais de duas horas com a barriga grudada na táboa. Resultado: terminei a noite com uma baita tendinite mas com toda a roupa passada.

Quem me viu...quem me vê...

May 3, 2009

Viva La Juicy



Acabei pagando a língua! Quem me conhece sabe que adoro um perfuminho. Não sou muito consumista, mas perfumes (e principalmente frascos lindos!) são meu ponto fraco, o que só piorou depois que casei, já que minha sogra e minha cunhada trabalham para um grande distribuidor de perfumes e cosméticos. Por conta do trabalho delas, acabo conhecendo todos os lançamentos de perfume antes que eles cheguem ao mercado.

Adoro florais, mas são raras as fragrâncias que me desagradam. Só tem uma regra que não abro mão: Não uso em hipótese alguma perfume com nome de celebridade! Por mais cheirosos que possam ser, Britneu Spears, Jennifer Lopez, Kimora Lee Simmons (eca!), Mariah Carey ou sei lá mais quem, estou fora!!! Paris Hilton então nem me pagando! Continuo firme nas tradicionais marcas de couture ou de cosméticos, mas fazer propaganda de artista, nem pensar! No máximo, aturo as ditas cujas como garotas-propanga, mas só.

Tem também umas marcas que ganham minha antipatia por serer associadas a justamente estas figurinhas... E Juicy Couture sempre foi uma destas...apesar de rosa ser minha cor favorita, só de imaginar a raquítica da Paris Hilton nos moletons fúcsia da marca me dá ânsia de vômito. Sei que não é bom pro karma falar mal dos outros, mas não tenho a menor admiração por gente do naipe dela, que poderia usar o dinheiro para fazer coisas boas, mas só consegue pensar em aparecer.

Bom, voltando a história do perfume, então quando a minha cunhada me mostrou o novo perfume da Juicy Cuture, nem experimentar eu queria, mas achei o frasco tão lindo que não resitsi!!! E para minha surpresa, adorei o aroma flora (com traços de baunilha) do lançamento deles. Resultando: acabei comprando e agora ele está lá na minha cômda fazendo companhia aos meus outros favoritos, como Daisy, de Marc Jacobs (que é outro que tem um frasco lindo e um cheiro delicioso!), Chance - Eau Fraiche, da Chanel, e Euphoria, da Calvin Klein, que são os que tenho usado mais ultimamente. Também sou louca por Flower by Kenzo, mas gosto mais de usá-lo no verão.

E vocês? Quais são seus perfumes favoritos?