June 28, 2011

Tempo passa...Joaquim cresce sem parar!

O tempo passa e a gente acaba esquecendo das coisas. Quando o assunto é compra, sou indecisa por natureza. Pesquiso, pesquiso e pesquiso até chegar à conclusão de que pesquiso demais e vencida pelo cansaço mental e psicológico, acabo quase sempre seguindo a minha intuição.

O assunto do momento é a cadeirinha de carro do Joaquim. O infant car seat já está ficando pequeno e precisamos de outro com urgência. Já tenho alguns modelos em mente, mas está difícil escolher entre uns três finalistas.

na minha indecisão, hoje me dei conta que o Joaquim já não cabe mais na atual cadeirinha! Esta manhã, a caminho da creche, olhei para trás para ver o meu pequeno e percebi que a cabeça dele está basicamente mais alta que o assento! Pois é, o meu pequenino cresceu tão rápido que a mãe nem percebeu direito. De hoje a compra da cadeirinha não passa! Santa indecisão!

June 27, 2011

Groucho Marx...e eu!

Este fim de semana recebi um friend request de uma jovem que tinha alguns amigos em comum comigo, fui olhar o perfil dela e precebi que ela também teve HCF, o mesmo tipo de câncer que eu tive. Ela já completou 12 anos em remissão, se não me engano, o que é ótimo. Atráves dela, descobri que o tipo de câncer que tivemos é ainda mais raro do que pensava: 200 casos por ano!

Alguém tem noção do que isto significa? Que das 7 BILHÕES de pessoas que habitam este planeta enorme, 200 - DUZENTAS - a cada ano tem esta doença?! De acordo com as poucas informações disponíveis, a doença afeta um em cada 5,000,000. Dá para acreditar? Ou seja, tinha mais chance de ganhar no loteria do que ter este negócio horrível! Mais, como não há casos suficientes, não existem teste clínicos disponíveis e como pouca gente conhece a doença, a maioria acaba morrendo. É claro que deve haver muitos casos que não foram reportados, mas convenhamos que o número assim mesmo é ínfimo.

Descobri até que tem um grupo no Facebook chamado Fibrolamellars of the World Unite! A ideia é ótima já que este tipo de câncer é tão raro que normalmente os pacientes acabam sabendo mais sobre ele do que a maioria dos médicos. Mas confesso que tenho sentimentos ambivalentes e estou mais para Groucho Marx quando ele disse que não tinha muito interesse em pertencer a um clube que aceitasse pessoas como ele. ["I don't care to belong to a club that accepts people like me as members."] Por mais exclusivo que este grupo seja e por mais que eu queira ajudar quem está passando por este problema terrível, pretendo pelo menos neste momento manter um pouco de distância, por puro medo. Espero que Deus me entenda -- me perdoe pela convardia -- e me permita esta "leave of absence" ou período de licença para que eu possa me dedicar de corpo e alma a um fofinho de seis meses que precisa muito de mim.

June 24, 2011

Santo Expedito, Virgem Maria, Jesus e Anjos de Carne e Osso

Quem lê o blog deve lembrar da minha amiga que está no processo de adoção de dois irmãos na Etiópia, pois volta e meia venho aqui me solidarizar com ela, já que o processo é simplesmente brutal. Mesmo a mais zen das pessoas -- como a minha amiga -- fica esgotada com tanta falta de informação, desordem e puro caos. Eu já disse a ela que o drama certamente daria um livro.

Um resumo breve para quem não conhece a história: Eles começaram o processo no fim de 2008 e deram entrada na papelada bem no início de 2009. Escolheram a Etiópia porque tinham morado na África e sempre souberam que queriam adotar uma criança africana, como não conseguiam engravidar naturalmente -- eles optaram por não fazer tratamento -- resolveram adotar duas crianças, de preferência dois irmãos de uma vez.

Até o início deste ano não tinham nenhuma notícia, então começaram a pressionar mais e finalmente a agência identificou dois irmãos, que agora têm três e quatro anos. Apesar de preferirem um bebê no início, minha amiga topou na hora. Agora começava a contagem regressiva, imaginamos. De acordo com as informações disponíveis, ela deveria ir à Etiópia dentro de três meses para adotar as crianças e depois de mais uns dois meses voltaria ao país para trazê-los para os EUA.

No início do ano, dias depois das intensas comemorações, soubemos que as regras haviam mudado e que os dois meses iniciais agora seriam mais ou menos seis! Minha amiga obviamente estava tão incrédula como inconsolável. De volta à estaca zero -- ou quase.

Mas de alguma forma, ela conseguiu uma data para oficializar a adoção em maio! Maior correria e eles finalmente foram conhecer os filhos para legalizar a adoção na justiça etíope. Tudo indo muito bem, até que no grande dia, a juíza nota que falta uma carta do Ministério das Mulheres e Crianças. Sem ela nada de adoção. A juíza entra com mandado e nada... Meus amigos voltam para casa com o coração aos pedaços, sem a menor ideia de quando verão os filhos de novo.

Como trabalhamos numa organização internacional e temos programas na Etiópia, resolvi encher o saco do nosso staff lá. Minha amiga no início ficou muito sem graça e reticente -- não queria perturbar ninguém -- mas eu comecei o processo e ela finalmente aceitou entrar em contato com nosso gerente lá, que prontamente a atendeu. Ele ligou para o tal ministério algumas vezes -- o escritório deles fecha e todo mundo some por semanas! -- falou com alguém lá, recebeu informações sobre o caso, mas a tal funcionária disse que provavelmente a tal carta não estaria pronta a tempo da segunda audiência. Como sempre, quando alguém intercede por nós, fica alguma coisa no ar. Perguntas sem resposta. Minha amiga ficou bem decepcionada com a notícia. Mais uma vez, sem previsão.

Como já tínhamos esgotados todos os caminho possíveis e imaginários, insisti para que ela apelasse para o "pessoal la de cima". Ela, que não acredita(va) em muita coisa, já estava fazendo novena. Contei a ela então sobre São Expedito e como o povo acredita nele e em São Judas, no Brasil. Ela gostou da história e na mesma hora, imprimiu uma oração e colocou a foto dele e uma prece no Facebook!

Lembrei que durante meu tratamento para engravidar, usei um cordão com a medalha milagrosa e só tirei bem depois que o Joaquim nasceu. Só tirei quando ele começou a puxar tudo que tinha "pendurado" em mim: cordão, pulseira, brinco, etc. Eu estava usando justamente o tal cordão quando ela recebeu mais notícias ruins. Como se por instinto, tirei o cordão e dei para ela,que me olhou com um misto de ansiedade e esperança. "Vou usar sim, mas a coisa não está parecendo muito boa para o meu lado," ela confessou. "Mas vou acreditar."

O dia da audiência veio e se foi e não tivemos nenhuma notícia, quando ontem pela manhã, ouvi a voz dela bem animada ao telefone. Resolvi parar e escutar a conversa -- sim, sou muito bisbilhoteira -- será que eu estava ouvindo direito?! A tal carta que não ia chegar como que por milagre tinha aparecido junto aos outros documentos dela! A adoção agora era oficial.

Ela desligou o telefone -- e a esta altura já éramos três olhando para ela -- e aos prantos gritou: "Sou mãe! Os meninos são legalmente nossos filhos! Agora sou mãe!" E começamos todas a pular e a chorar juntas, pois este é sem dúvida o trabalho de parto mais longo que já vi. O calvário dela faz a minha situação parecer piada... Na mesma hora ela beijou a medalha milagrosa e agradeceu. Foi um momento tocante.

Acho que mesmo quem não acredita em Deus ou não tem religião ficaria emocionado com a cena. Alguém ali bem na nossa frente se conectando genuinamente com algo que não se pode ver. Bonito.

Voltei para minha mesa e pouco tempo depois vi que ela tinha atualizado a conta dela no Facebook. "Obrigada, São Expedito" dizia o post, bem ao lado da foto dos filhos dela.

É claro que acredito em milagres; já vi e vivi tantos. Acredito no Homem lá de cima, nos santos que interferem junto a Ele, assim como acredito em anjos de carne e osso que habitam este planeta. Algo me diz que Deus pode ter usado nosso colega na Etiópia para operar este milagre. Nunca sequer o vi -- nem a minha amiga -- mas quem o conhece só tem elogios. Uma outra amiga nossa, que o conhece bem, disse ontem: "Não me admiraria nada saber que o Sintayehu mexeu uns pauzinhos lá, mas nunca vamos saber. Ele é o tipo que faz as coisas e não quer crédito."

Quando o ser humano me irrita e de deixa pessimista, gosto de pensar que ainda há vários Sintayehus por aí... Para mim, isto já é bastante.

June 23, 2011

U2 360




Ontem voltei a pensar na minha bucket list, coisa que não fazia há tempos. A vida anda tão ocupada que não sobre muito t empo para filosofar ou pensar em termos abstratos, ou até sonhar alto demais. Não é uma queixa, só uma constatação! Quem vai pensar numa viagem incrível às Ilhas Fiji quando tem um bebê de seis meses berrando cheio de sapinho na boca e assaduras terríveis resultantes de sua primeira diarréia?! Sim, este foi meu fim de semana. Lavando bumbum de bebê, lençol e roupinhas praticamente 24 horas por dia, mas até que gostei de me sentir tão próxima e tão útil ao meu bebezinho.

Só que ontem desafiei até a chefona do meu chefe e disse a ela que ia sair mais cedo porque ia ao show do U2 e não poderia ir a tal reunião que ela tinha jogado no meu colo de última hora. Ela quis me enforcar, mas meu chefe já tinha me dado permissão e eu decidi que antes do show queria pegar duas míseras horas de sol, aproveitando que o Joaquim estava na creche. Sou muito workaholic, mas estava esperando por este dia há "apenas" seis meses e não seria ela a me fazer mudar de ideia.

Corri para casa, passei na piscina, arrumei tudo, o Blake pegou o Joaquim na creche, a Consuelo chegou, explicamos os rituais e procedimentos a ela rapidamente e saímos correndo com medo de trânsito. Ufa!

Mas não foi até entrar no carro e pegar o caminho de Baltimore que me toquei: vou ver o U2 pela primeira vez e há 20 anos espero por isso! Uau! Sim, ver o U2 ao vivo num megashow faz parte da minha bucket list sim! Quem disse que preciso ver o Taj Mahal (até preciso, mas há outros itens mais acessíveis!) para ser feliz? Um passeio ao Inner Harbor e um show no M&T já estão de bom tamanho para uma mãe de família na atual conjuntura!

E foi mesmo o máximo! O Blake, que até um mês antes não sabia que queria ir acabou adorando, e ao saber que o show era parte da minha lista me perguntou por que não tinha dito isto a ele antes?! Ele detesta confusão, multidão, aglomeração e muitas coisas que terminam em "ão", mas enchi tanto o saco dele, que ele comprou os ingressos no meu aniversário, ou seja, em novembro do ano passado!

O show foi perfeito e o repertório maravilhoso para os fãs de Achtung Baby, como eu. acho que tocaram todas as minhas músicas favoritas, mas o meu momento favorito foi sem dúvida o do clip acima. Comecei a chorar feito boba quando vi a declaração de amor -- direto do espaço! -- do Comandante Mark Kelly à sua esposa Gabrielle Giffords, deputada democrata que foi gravemente ferida por um louco num atentado ano passado no Arizona. Achei uma sacada genial do genial Bono!

Além de Kelly, Desmond Tutu e Aung San Suu Kyi apareceram no telão gigante como "guest speakers"...coisa superhiperbem bolada!

Bom, agora que já vi o U2 posso voltar a pensar na minha viagem a Fiji...ou num showzinho do Ricky Martin!?

PS: Durante o show, morri de saudade do meu gordinho!

June 20, 2011

Vida Dupla de Mãe Moderna



Semana passada fiz o impensável e no meio do expediente – mais precisamente na hora do almoço – saí com minhas amigas do trabalho para ver um filme cult de Werner Herzog. Se é para ser cult, tem que ser cult mesmo! Nem me lembro do último filme de Herzog que assisti. Que vergonha! Saímos todas, levando nossas estagiárias a tiracolo e com a bênção do chefe, rumos a um cinema muito bacana que fica bem em frente ao prédio onde trabalho.

Cave of the Forgotten Dreams é filme bacanérrimo: documentário narrado por ninguém menos do que o próprio Herzog sobre uma caverna no sul da França, onde nos anos 90, cientistas encontraram os desenhos humanos mais antigos que se tem noticia. Coisa de 30 mil anos atrás, sim 30 MIL! Obviamente, o acesso é fechado e só uma vez por ano um grupo exclusivo de especialistas consegue entrar. Herzog conseguiu acesso à Caverna de Chauvet (recebeu o nome do explorador que fez a descoberta) e por algumas horas durante alguns dias gravou cenas impressionantes. E emocionantes.

Saí do cinema mais reflexiva e muito mais viva do que entrei, como se tivesse matado mina eterna sede por estímulo intelectual, ainda que momentariamente. Matei a saudade das atividades culturais do Goethe Institut! Prometi a mim mesmo que vou fazer isto outras vezes. Nem que tenha que fazer hora extra!

No fim de semana, vesti novamente a roupa de mãe e fiquei na minha "caverna" o tempo todo cuidando do Joaquim, que teve seu primeiro episódio sério de assadura. O médico recomendou que ele ficasse sem fralda o maior tempo possível. Resultado: passei sábado e domingo lavando roupa (graças a Deus pela máquina de lavar!) e bumbum de bebê. Trancada em casa (ou na minha caverna?)com o Joaquim, a Galinha Pintadinha e a Xuxa, sem muito estímulo intelectual mas cheia de instinto maternal e feliz!

Quem tiver a oportunidade não deve deixar de ver este filme!

June 16, 2011

June 14, 2011

Mães e mães...

Ontem uma amiga minha me ligou para dizer que está pensando em tirar a filha da creche porque eles não estão seguindo o currículo. Além disto, parece que ela anda chorando bastante lá. Antes que me perguntem, a filha dela tem exatamente a idade do Joaquim, ou seja, seis meses.

Vocês devem estar achando estranho o motivo pelo qual ela pensa em desistir da creche, afinal que currículo pode ser implementado com bebês de seis meses? Minha amiga reclama que tudo que eles fazem lá é trocar fralda, dar mamadeira e colocar para dormir. Pela grana que a gente paga ela quer mais. Está pensando em babá, mais precisamente, nanny share, ou seja, vai dividir o tempo e o salário da babá com uma outra amiga nossa. Cada um sabe de si, mas se achar uma supernanny que vai estimular seu filho 24 horas por dia com um currículo didático cinco estrelas vai ser difícil, imagina dividi-la com uma outra pessoa? Pode ser...

Esta segunda amiga também está meio receosa de colocar a filha na creche e quando foi fazer a matrícula, perguntou detalhadamente sobre cada procedimento utilizado na creche: Se o bebê chorar,o que fazem? Quanto tempo deixam a criança chorar? Qual é a rotina diária dos bebês? Que horas comem? Que tipo de atividade desenvolvem? Como são avaliados, etc., etc...

Então parei para pensar e cheguei à seguinte conclusão: ou elas são exigentes demais ou eu sou de outro planeta. Quando estava grávida e visitei 13 creches nas redondezas, fiz várias perguntas, mas mais importante foi o tempo que passei em cada estabelecimento e a "vibe" que senti quando conversei com cada pessoa. Claro que estava procurando obter o máximo de informação, mas não era só isto. Minhas perguntas não foram específicas ou exigiam respostas certas ou erradas. Conversei horas com todo o staff, não só sobre crianças, metodologias, currículos, mas sobre a vida delas, o trabalho delas, o que elas queriam fazer no futuro ou o que fariam no fim de semana. Enquanto isto, observei tudo ao meu redor, desde a fisionomia das crianças até o ambiente. Abandonei meu checklist pela metada, anotei algumas coisas de um modo bem vago, mas do meu jeito acabei tendo as respostas que queria.

Escolhi a primeira creche que visitei, que nãe é a mesma creche das minhas amigas. Simpatizei de cara, mas apesar de uma forte intuição, a repórter dentro de mim continuou a apurar a matéria, checar todas as fontes, até tomar a minha decisão. Até hoje não me arrependi. Sinto que o Joaquim gosta de estar lá, é muito estimulado e tratado com muito carinho. Assim como eu. Lá, ele desenvolve atividades que sequer passariam pela minha cabeça de mãe de primeira viagem. Elas também me dão muitas dicas, sobre a rotina dele, alimentação e atividades preferidas. Sempre que vamos buscá-lo ele está feliz, apesar de exausto.

Claro que quero que ele seja bem tratado e amado, mas acho que chorar às vezes faz parte da vida, que nem sempre a gente vai ter tudo que quer a hora que quer, então é bom ir se acostumando com isto. Acho importante aprender a dividir, aprender a ceder e também a brigar pelo que é seu por direito. Acho imprescindível aprender a conviver. E por isto a ideia da creche me agrada, pois acho que esta experiência desde bebê pode ser muito positiva.

Quando chegamos em casa após um dia de trabalho, Blake, Joaquim e eu normalmente saímos para uma caminhada ou brincamos no chão. É impressionante ver como nosso filhote muda tão depressa e a cada dia que passa ficamos mais encantados de ver tudo que ele pode fazer. Procuro aproveitar ao máximo cada momento com ele...eu sei, o tempo passa rápido demais.

Às vezes tenho crises de consciência e acho que deveria ser mais como as minhas amigas, mais preocupada, mais detalhista. Então reflito e entendo que a minha preocupação é outra. A minha maior preocupação é que o Joaquim seja independente, saiba cuidar de si mesmo. Claro que a minha intenção -- se Deus quiser -- é sempre estar por perto, mas é importante para mim que ele saiba (quando puder entender) que pode se virar sozinho e que seja auto-confiante! Talvez seja pela minha experiência de vida, mas sou muito consciente da minha mortalidade, do meu tempo finito aqui, então me preocupo em amar meu filho, em primeiro lugar, mas além disto, minha grande preocupação é prepará-lo para a vida. Desde já.

June 9, 2011

Seis Meses


Parece incrível mas hoje o meu pequeno Joaquim faz seis meses. Hoje também estou fazendo seis meses na minha função de mãe. Faz seis meses que a minha nova vida começou. Uma vida que não tem muito horário, que não tem nenhum tempo livre, que é de pura correria. Mas uma vida que sequer imaginava ser possível. Uma felicidade que eu sequer poderia calcular.

Joaquim está uma graça e a cada dia vamos notando mais a personalidade dele, o que não é difícil. Como já desconfiávamos desde os tempos da gravidez, o Joaquim sempre diz ao que veio. Se ele está feliz, dá gargalhadas e é só sorrisos, se algo incomoda, ele nos faz perceber na hora. Ele não gosta de ficar sujo, então sempre sabemos quando precisamos trocar a fralda ou a roupa. O rostinho dele tem que estar sempre limpo.

O Joaquim gosta de atenção. Ele até pode brincar sozinho por uns minutinhos, mas não gosta. Gosta mesmo é de gente, de movimento. Está cada dia mais intrigado com os gatos, que em breve vão começar a sofrer nas mãos de um pequeno curioso. Outro dia, agarrou um deles pelo bigode!

Joaquim é menino bruto, de movimentos bruscos, de pouco medo, atrevido. Ele gosta das coisas da maneira dele. Jamais aceita mamadeira de primeira, faz um joguinho de tira-e-bota muito engraçado com a chupeta. No final, não só toma toda mamadeira como pede mais. E depois quase sempre dorme, feliz e satisfeito.

Joaquim adora comer. Cada vez que introduzimos um novo alimento morremos de rir. Assim que ele experimenta a primeira colherada leva uns três segundos para perceber o sabor delicioso, que pode ser de banana, maçã, pêssego, ervilha, batata doce, abóbora, cenoura, espinafre e, mais recentemente, manga. Como ele adora manga. Puxou aos pais. Ele adora uma papinha orgânica que é uma mistureba de tudo. Nem para tomar remédio ele reclama.

Ele adora andar de carro e adormece na cadeirinha com frequência, mas não sem antes nos dar um aviso, que é a coisa mais engraçada do mundo. Ele começa a falar (na língua dele, é claro) e depois os sons vão ficando mais longos, como se formassem um mantra. E de repente, ele fecha os olhinhos, suspira e dorme tranquilamente.

Agora está querendo engatinhar e o lugar preferido para treinar é o berço. Sempre me assusto ao vê-lo totalmente de cabeça para baixo no meio da noite. Dizem que filho é assim mesmo, uma surpresa depois da outra.

Joaquim foi a melhor surpresa que recebi na vida e o melhor de tudo é que as surpresas continuam a cada dia, a cada minuto que passamos com ele.

Parabéns, meu filho. Mais do que tudo, obrigada.

June 7, 2011

O processo ou o evento?

Outro dia a minha amiga que acabava de voltar da Etiópia, onde vai adotaar dois meninos, estava aos prantos quando entrei na sala dela. Eu, que vinha rindo e pronta para contar o que tinha acontecido na reunião anterior, imediatamente entendi o motivo da agonia dela. Durante a viagem, ela tinha finalmente conhecido os filhos e tudo fazia crer que em dois ou três meses os meninos estariam aqui. Só que na hora da audiência, a juíza notou que faltava uma carta de um ministério local, autorizando a adoção. A agência garantiu que em poucos dias a carta aparecia e o problema seria sanado. Uma semana depois, ela recebe um email com uma nova data para audiência, 23 de junho. Obviamente, ela ficou decepcionada.

Tentei, como sempre, mostrar a ela o lado positivo. "Pense bem, pelo menos eles têm um prazo razoável para emitir o documento e nem falta tanto tempo assim para o dia 23." Ela, como os olhos vermelhos,respondeu; "Eu sei, mas imagine você saber que vai ficar três semanas longe do Joaquim?" Ela respirou e continuou "Tudo bem, eu sei que não é a mesma coisa..." Foi então que, para minah surpresa, eu sequer deixei que ela terminasse a frase e fui incisiva dizendo "É sim, é sim."

Se na hora, falei sem pensar muito, agora tenho a maior para tranquilidade para dizer que acho que é a mesma coisa sim. Filho é filho do mesmo jeito, biológico, adotivo, do coração, do que seja... Agora, depois de ter esperado muito para ter meu filho que hoje tem seis meses, acho sinceramente que o amor mesmo vem a cada dia. Amo o Joaquim hoje muito mais do que o amei quando ele saiu da minha barriga. A sensação de ver sua carinha pela primeira vez foi maravilhosa, mas nada supera a felicidade que sinto ao ouvir sua gargalhada a cada manhã, quando ele acorda. Ser mãe não é um evento, é um processo.

É natural que o ser humano queira se eternizar de alguma forma. Saber que parte de nós viverá além de nós mesmos pode ser um tipo de consolo, ou vaidade pura. Olhar para um bebê e tentar saber com quem ele se parece é sempre interessante, mas ser mãe vai muito além. Uma vez, ouvi que adotar é ser mãe duas vezes e acompanhando o martírio -- sim pois o que ela passa parece um sofrimento sem fim -- da minha amiga só me faz ter mais certeza disto.

Acho que o nosso foco está errado. Parir, para muita gente, é fácil, mas educar um ser humano é uma tarefa árdua e constante, muitas vezes inglória. O mesmo vale para o casamento. Organizar uma festa é fácil, usar um lindo vestido é glamouroso, mas sustentar uma relação na base do respeito, da verdade e do amor é um desafio. Muito além da aliança no dedo, casamento é um projeto comum de duas pessoas e construído a cada dia. E vale a pena. Vale a pena lutar pelo que se acredita, vale a pena passar noites em claro, vale a pena abrir mão de certas coisas em troca de outras de maior significado. Apesar do trabalho, vale muito mais a pena focar no processo do que no evento em si.

June 3, 2011

Agente de Mudança



Uma das grandes vantagens de trabalhar numa organização de ajuda humanitária e desevolvimento internacional e vir para o escritório e saber que de alguma forma você está ajudando alguém em algum canto do planeta. Na maioria das vezes, acho que tenho o melhor trabalho do mundo, pois a minha função é contar estas histórias e espalhá-las aos quatro cantos do planeta.

Um outro aspecto muito bacana do nosso trabalho fica por conta das pessoas com quem nos relacionamos: colegas de trabalho, parceiros locais e comunidades que servimos. Cada vez que nos reunimos me sinto dentro de uma sala de aula, pois saio sempre com uma lição de vida.

Minha reunião ontem foi com a diretora do nosso escritório na Palestina, Lana Abu-Hijleh, uma mulher sensacional. Durante uma hora ela nos contou um pouco mais dos projetos que implementa na região e dos desafios diários que ela enfrenta, principlamente por conta do Governo Hammas. E durante uma hora, escutei de forma objetiva, mas ao mesmo tempo não pude deixar de admirar sua determinação e força de vontade.

A história de vida dela também é sensacional e é por isto que compartilho o vídeo acima. Posições políticas e ideológicas à parte, a gente tem que tirar o chapéu para esta grande mulher.

June 1, 2011

Acupuntura & FIV

Tenho várias amigas fazendo tratamento de fertilidade. No momento, duas já passaram por um ciclo sem sucesso e é lógico que só quem viveu esta experiência entende exatamente o que elas estão atravessando. No momento buscam respostas, informações, alento e, mais que tudo, força, pois vão se submeter a outro ciclo.

Minha experiência durante o tratamento foi muito positiva. Aliás, graças a Deus, isto tem sido uma constante na minha vida: nada vem fácil, passo bons pedaços, mas no final os tratamentos funcionam muito bem. Foi assim com o fígado, foi assim com o bebê. Então pelos bons resultados e pela "bagagem" acumulada ao longo dos anos e das temporadas em hospital, minha visão pode ser um pouco simplista, já que para mim o tratamento foi muito fácil. Afinal o que são três agulhadas diárias e um exame de sangue dia sim dia não para que tem mais de 3000 pontos na barriga e de três em três meses (agora seis!) tem que colocar um IV no pulso para tirar sangue e fazer ressonância com contraste?

Mas conversando com as minhas amigas cujos tratamentos ainda não deram certo, elas me perguntaram se eu tinha feito alguma coisa para auxiliar no tratamento. E a resposta é "O que eu NÃO fiz para ajudar o processo?" Mudei minha dieta, pratiquei yoga, continuei firme na acupuntura, tudo específico para a fertilidade. E pode ter sido coincidência, mas respondi ao tratamento de uma forma absurda e fiquei grávida de primeira, o que é um excelente resultado.

Como já vinha fazendo acupuntura há anos, só perguntei ao meu médico se teria que parar e ele disse que não. Pelo contrário, me disse que há estudos que buscam comprovar a eficácia do tratamento e ninguém ainda conseguiu provar o papel da acupuntura na FIV, mas que mal não me faria. Muita gente acha que acupuntura auxilia bastante o tratamento de FIV, talvez por levar mais sangue para a área do útero e dos ovários, talvez por relaxar a paciente. Obviamente que também há estudos que discordam desta teoria, mas como acupuntura nunca fez mal a ninguém, resolvi tentar.

Além do tratamento normal, que fiz durante anos, minha acupunturista disse que era muito importante fazer uma sessão logo depois da transferência dos embriões, pois este tratamento bem específico ajudaria a fixá-los. O mais incrível é que sem marcar nada, consegui sair do hospital e ir direto ao consultório dela. (Claro que ela já estava em stand-by caso precisasse de outra data.) Pode ter sido coincidência...ou não!

Para quem não sabe, um dos motivos pelos quais o tratamento de FIV causa muita ansiedade é sua total imprevisibilidade: a gente não sabe como vai reagir, quanto tempo vai ter que tomar cada medicação, e quando o tratamento em si acada. Não há certo nem errado, cada um tem seu próprio ritmo e as doses mudam diariamente.

Lembro que durante algumas semanas me senti como se estivesse filmando Missão Impossível. A enfermeira me ligava toda tarde, religiosamente às 16 horas, para me dar o resultado de exame de sangue que eu tinha feito pela manhã e me dizer quais remédios e quantas doses deles precisava tomar aquele dia. À noite eram duas injeções, pela manhã só uma. Na etapa final, as ultras e os exames de sangue eram diários até a hora do trigger shot, que é a última injeção para liberar os óvulos, 36 horas antes da fertilização acontecer. Coisa de Admirável Mundo Novo!

Por outro lado, também acredito muito na medicina chinesa e em práticas tradicionais. Sinto que a acupuntura teve um efeito físico e psicológico sobre mim, o que no fim contribiuu bastante para o resultado positivo, pois me mantive surpreendentemente calma durante todo o processo.

Ao me cercar de cuidados e de especialistas por tudos os lados, consegui uma certa tranquilidade, crucial num momento tão importante. E na certeza de estar fazendo tudo ao meu alcance, tive paz para poder deixar o resto nas mãos dEle. A fé certamente foi um grande fator nesta equação: fé em Deus, fé nos médicos e profissionais de saúde, fé nas terapias, fé nas medicações e fé em mim.