October 29, 2010

Joaquim Top Model






Ia falar de eleição, pois ando com tantas perguntas e tenho tanta coisa presa na garganta, mas decidi que tenho coisas mais interessantes para me ocupar.

Ontem, fomos a Hopkins para a última ultra antes do Joaquim nascer. Como diz o Blake, é tão bom ir até lá por um motivo feliz... Impressionante como muda tudo!

Esta ultra foi um pedido meu atendido pela minha médica, mas como não sou paciente de alto risco, precisava de um "motivo médico" e ela teve que citar "crescimento intrauterino abaixo do esperado". Mesmo me dizendo que o motivo era completamente forçado, a gente acaba ficanco um pouquinho preocupada. Eu já sou meio neurótica e meu ganho de peso reflete isto: passo um mês sem ganhar nada, depois engordo três quilos em duas semanas, para perder 300g na próxima consulta... A médica sempre me assegura que o que importa é o total e eu tenho me mantido dentro da meta.

Apesar de ter tido uma gravidez ótima, a gente sempre fica com uma pontinha de preocupação, então nada melhor que uma boa imagem, ou várias, para sanar qualquer dúvida.

Com 34 semanas e três dias, sabemos que o Joaquim pesava 2.7 kg (deve ter engordado mais um pouquinho nas últimas 24 horas!), tem bochechas enormes, cabelinho no topo da cabeça e boca grande... Hoje, pela manhã, quando veio me acordar, o Blake disse que ficou surpreso com a semelhança entre mim e o bebê. Será?

O negócio é esperar mais cinco semanas para conferir ao vivo!

October 27, 2010

Ultra

Tem muitos estudos aqui que dizem que pacientes encrenqueiros vivem mais e recebem melhor tratamento. Acho que por força das circunstâncias acabei me encaixando neste grupo.

Na consulta de ontem me queixei de câimbras fortíssimas que viram dores musculares e a minha médica me deu uma requisição para uma ultra com dopler na mesma hora. "Não deve ser nada, mas vamos tirar qualquer dúvida," me aconselhou. "Até lá, se sentir dor no peito ou dificuldade de respirar, me ligue e corra para o pronto-socorro." Graças a Deus não foi nada, mas confesso que gostei do zelo dela.

Quando pela trocentésima vez perguntei pela última ultra para ver o Joaquim, ela respondeu: "Você quer uma ultra mesmo, né? Vou conseguir uma para você." Explico: aqui nos States, para pacientes fora dos grupos de risco (euzinha, acreditam?!) o seguro só paga duas ultras, uma de 12 e outra de 20 semanas, então qualquer ultra extra, só por recomendação médica. Ela mediu minha barriga e disse que a barriga tinha crescido 1 cm em vez dos 2 cm de costume, então ela ia usar isto como motivo. "Nem se preocupe com isto, mas esta foi a única 'desculpa' que consegui para poder justificar sua ultra. Se você não quisesse a ultra, a gente nem media," me assegurou.

Então respirei mais aliviada...mas como sou encucada por natureza, fiquei um pouquinho tensa, até ler na minha Bíblia "O que esperar quando você esperando", que com 34 semanas sua barriga deve medir -- bingo! -- 34 cm!

Hoje fiz a tal ultra com dopler e deu tudo certo, graças a Deus. Só descobri, que as minhas veias são pequenas e finas nas pernas também...coisa maravilhosa!!! :)

Amanhã, vamos para Hopkins para ver o Joaquim. Se Deus quiser, vai dar tudo certo de novo e vamos conseguir vê-lo pela última vez antes de conhecê-lo ao vivo!

Felicidade...

October 25, 2010

Curso de Gestantes



Ontem passamos praticamente o dia inteiro no curso de gestantes e domingo que vem vai ser a mesma coisa: ficaremos trancafiados numa sala com mais uns casais. Como tudo por aqui, o curso parecia uma assembleia da ONU de tanta diversidade étnica. Os representantes de sempre: um casal indiano (ontem eram dois), um casal latino, um casal interracial/intercultural (ontem éramos nós!), um casal negro e um casal branco (ontem eram três). No nosso curso, só ficaram de fora os chineses, que são muitos por estes lados. Ah, ontem tinha também uma mulher sozinha, mas casada. Como moramos relativamente perto de Fort Meade, uma das maiores bases militares na Costa Leste, achei que o marido dela estivesse fora...

Estava achando que seria a mais barriguda do grupo, mas estamos todas mais ou menos esperando nossos bebês na mesma época – fim de novembro a início de janeiro. O curso em si é bem informativo e o legal é a chance de perguntar e ter as respostas ali, ao vivo e a cores. As instrutoras eram duas enfermeiras do próprio hospital que conheciam bem o riscado e, ao contrário do que ouvi dizer sobre alguns instrutores, eram bem abertas e nada xiitas.

Apesar da boa vontade delas, confesso que saímos de lá a ssustados. Não com as informações em si, mas com o tal filminho que elas botam para ilustrar as discussões. Socorro!!! Sabe aquela música, Eduardo e Monica, do Legião, que fala em “festa estranha com gente esquisita”? Então, nunca vi gente tão estranha na minha vida!!! Um povo que parecia ter saído de um filme de terror. Tudo bem que o filme era meio antigo – início dos anos 90 talvez – mas não me lembro de ter visto gente tão horrorosa na vida! Desde os crotes de cabelo – moicano, hello! – até o figurino do povo – mulheres de macacão jeans tipo overall OshKoshBegosh! – sem falar nos penteados e na maquiagem...

Podem me chamar de fútil ou preconceituosa, mas a aparência do elenco, sinceremante desviava minha atenção. E o fato do povo ficar urrando no hospital e contorcendo pelos corredores também não ajudou muito. Fora os detalhes gráficos demais pro meu gosto – e olhem que nem sou fresca! Teve umc asal que pediu para o médico/a parteira levar a placenta até a cama numa espécie de ritual... Negócio meio macabro! Bizonho!

Mas passando o susto, ficamos com boas ideias e sugestões. Além da consultora de amamentação que já estava nos planos, estou pensando em contratar uma doula, ou uma birthing coach, que é uma pessoa treinada que fica com a mãe durante todo o trabalho de parto. Já que ao que tudo indica que o parto vai ser normal, pois NÃO sou uma grávida de alto risco, já vi que vou entrar em trabalho de parto e como aqui nos States, o médico só dá as caras na hora de segurar o bebê e as enfermeiras se dividem entre pacientes, acho que é melhor cercar por todos os lados. Aqui, se a gente quiser ter atenção total, o melhor a fazer é contratar uma destas pessoas, normalmente mulheres, que têm experiência e podem dar toda assistência neste período delicado. Vou começar a buscar umas referências, pois desconfio que o Blake vai estar uma pilha na hora H...

E para acabar o dia, resolvemos tirar umas fotos da barriga pertinho de casa. Admito que tenho sido bem relapsa e ouvido muitas reclamações do pessoal aqui e no Brasil, então pra quem ainda não viu o Facebook, coloco umas fotos recentes no blog...

October 20, 2010

Pediatra

Hoje, o Blake e eu fomos conhecer o pediatra do Joaquim. Como a maioria das coisas na minha vida, devo agradecer à Santa Internet por mais este achado. Queria um médico que fosse humano, o que aqui é bem difícil de encontrar.

Quando liguei para marcar a entrevista – sim, aqui a gente entrevista o médico primeiro—conversei com a esposa dele que é enfermeira e trabalhou durante muitos anos na UTI neonatal do hospital aqui perto de casa. Simpática e atenciosa, marcou logo a reunião e hoje nos recebeu superbem.

Ficamos com ela uma hora na sala e eu chequei todas as perguntas da minha listinha de mãe de primeira viagem – e eram várias! Ela me respondeu com muito detalhe e, como disse o Blake, o que nos ganhou mesmo foi quando ela disse que todos os pacientes têm o celular deles e podem ligar a qualquer hora. E isto faz uma megadiferença! Eu que o diga...

Saímos de lá bem satisfeitos e cheios de informações úteis, bem mais tranquilos. Agora, se tudo correr bem, vamos ver o Dr. Ambush – sim, este é o nome dele – no início de dezembro, após o nascimento do Joaquim.

Mais tarde, hoje ainda, vamos ao open house da creche para o Blake conhecer... Ufa!

October 18, 2010

Reta final

Hoje completo 33 semanas, reta final! Vamos respirar muito aliviados quando completarmos 35 e mais ainda depois das esperadas 38, mas tudo vai caminhando muito normal.

Além da chegada do Joaquim, no início de dezembro o livro com as históras das pessoas que conheci durante a nossa viagem a Honduras vai ser lançado. Por motivos óbvios, não estarei presente na comemoração que vai acontecer em Tegucigalpa. O Hector, que organizou toda a viagem e nos acompanhou durante a temporada lá, sugeriu que dedicássemos o livro ao Joaquim, além das pessoas fenomenais que concordaram em dividir um pouco de suas vidas conosco. Fiquei bem emocionada. Ele me pediu que começasse a escrever a nota sobre a autora e a dedicatória... Ainda estou buscando as palavras.

É engraçado pensar que, assim como o Joaquim, o livro, que vai ser bilíngue (inglês e espanhol) é um projeto meu é do Blake, que ficou responsável pelas fotos (e cá entre nós, pela minha sanidade mental, pois ir para uma aldeia indígena, no meio do nada, grávida de cinco meses não é pra qualquer um não!) Então dezembro vai ser um mês muito bacana para a gente.

Acho que agora só me resta escolher uma mudinha para plantar, pois acho que até o fim do ano, o livro e o bebê já vão estar comigo...

October 14, 2010

Pensando alto...

Detesto cinismo. Mesmo gostando muito de sarcasmo e de humor negro, de piadas inteligentes, de língua afiada... Também sou altamente crítica e cheia de opinião, mas detesto ter que lidar com gente que insiste em ver o copo meio vazio. Este tipo me cansa, me entedia. De verdade.

Antes, ainda perdia tempo tentando enxergar o lado mais positivo destas pessoas, agora nem isto. Bom dia, boa tarde, boa noite. Fui! Não quero saber que o trânsito vai estar uma porcaria quando eu sair daqui, que a vida dos mineiros do Chile não vai ser um mar de rosas daqui pra frente ou que o mundo vai acabar em 2012.

Até lá, me deixem viver! Aliás, deixem os coitados dos mineiros em paz também e, aproveitando, deixem de encher o saco de Deus lá em cima, que sinceramente já não aguenta mais tanta gente discutindo se Ele existe ou não. Eu acredito e pronto, mas não fico querendo converter ninguém. Respeito quem não acredita e os motivos que possam existir. Agora não questionem minha habilidade intelectual que não tem absolutamente nenhuma relação com a minha fé.

Pronto falei.

October 12, 2010

Como Assim? Pesa de novo!

Depois de várias semanas sem ter muitas novidades, a consulta de hoje me deixou de queixo caído. Ultimamente, está todo mundo comentando que a minha barriga cresceu assustadoramente e eu mesma tenho notado, mas nada poderia ter me preparado para a surpresa de hoje.

Como toda mulher que foi adolescente gordinha, tenho trauma de balança. Nunca fui neurótica a ponto de me matar de fome – anoréxica – nem a ponto de colocar o dedo na goela para vomitar – bulímica – mas digamos que de resto, já apelei apra tudo. Desde as dietas mais malucas do mundo, até as simpatias mais ridículas, passando pelas famosas bombinhas de manipulação. Mas desde da minha primeira cirurgia de fígado, tomei jeito. Aprendi a me controlar e manter meu peso num patamar mais ou menos aceitável... Um fato digno de orgulho principalmente por estar nos States, onde quase 100% da população tem algum distúrbio alimentar ou compulsão.

Mas a verdade é que o trauma fica, sempre. Uma vez gorducha, sempre gorducha, pelo menos na cabeça. Quando vejo uma balança, já quero sair correndo… Nos últimos meses porém algo inimaginável aconteceu: eu não vinha ganhando peso esperado! A médica não viu muito motivo para alarme, mas a mãe de primeira viagem quase entrou em parafuso. Já pensou se meu filho nasce esquelético? Já pensou se ele nasce fraquinho antes da hora?

Então o que fiz eu? Comecei a comer feito doida! Claro que os três dias no resort foram a ocasião perfeita para comer tudo e mais um pouco...e o resultado, que informalmente já tinha sido observado por várias pessoas, hoje tornou-se oficial.
Ao chegar ao consultório, a recepcionista, já demonstrou espanto: “Uau!!! O que aconteceu com esta barriga para ela crescer tanto?”

E cinco minutos depois, ao subir na balança, ela anunciou minha sentença: “Nove pounds!” Eu me recusei a acreditar! “Nem vem! Pode ir medindo de novo!” Subi e desci da balança e ela me disse em tom mais camarada: “Tudo bem, são só sete...” Como é que é? “Só” sete?! Como assim, cara pálida?!

A médica, mais uma vez, não me pareceu preocupada... “É isto mesmo que acontece. Umas semanas, você não ganha nada; em outras você extrapola, mas seu ganho de peso e o tamanho do bebê estão absolutamente normais. Mas se voc6e chegar aqui na próxima consulta sete pounds mais gorda, aí nós vamos conversar. Em todo caso, vamos dar um tempo no sorvete e deixar o Toddinho de lado por uns tempos...”

Como é que ela advinhou?!

Por outro lado, só agora, entrando no oitavo mês é que a barriga se tournou óbvia! Vamos ver o que as próximas oito semanas reservam para mim?

October 8, 2010

Começando a pensar no que levar pra maternidade...


Pois é, agora começaram os sonhos malucos, o incômodo na hora de dormir e os preparativos finais para a chegada do Joaquim.

Conversando com uns colegas de trabalho, parece que todos os bebês aqui estão chegando antes da hora, então acho que devo começar a arrumar a malinha para maternidade de uma vez...

Espero que o Joaquim respeite o tempo regulamentar e não adiante muito, mas melhor estar preparada para qualquer surpresa.

Então a perguntas é para as mamães leitoras, principalmente as que tiveram bebê aqui: O que devo levar para a maternidade -- para mim, pro Joaquim e para o Blake?

Sugestões de todos são absolutamente bem-vindas!

October 6, 2010

Reta Final

Acho que agora, na 31a semana sinto que estou mesmo entrando na reta final. Na minha última ida à obstetra, ela me disse que eu não tinha ganho nenhum peso, assim como tinha contecido na vez anterior, ou seja, em seis semanas, nenhum quilinho ganho. Claro que uma parte de mim ficou feliz por não estar balofa, mas outra parte ficou muito preocupada com o desenvolvimento do Joaquim.

Então é claro que dali pra frente, desandei a comer. Abri a boca geral, ataquei os restaurants do resort em Atlantic City, e acho que o resultado veio mais rápido do que eu previa. Meu chefe ficou três dias sem me ver e ontem já estava comentando que a minha barriga tinha crescido... Hoje medi a altura do útero e, se meus cálculos estiverem certos, ganhei quase uns 2 cm... Not bad!

O mais engraçado é que esta noite tive um pesadelo de que estava uma baleia – e o sonho não fazia nenhuma referência à gravidez. Confesso que acordei meio perdida e paranóica e nestas últimas semanas tenho pensado mais nas semanas que ainda estão por vir. Quando acho que está tudo sob controle, lembro que ainda há zilhões de coisas a fazer...

October 2, 2010

Eleiçoes - Por que me importo?

Não gosto de política e evito falar no tema aqui, simplesmente porque respeito a opinião alheia e, mais do que isto, detesto comprar briga desnecessária, principalmente via internet. Não gosto de política, mas não sou indiferente. Tenho minhas convicções e posicionamentos e não tenho motivos para deixar de expô-los quando julgo necessário.

Volta e meia, quando digo que estou decepcionada com a política brasileira e entristecida com as opções que nós eleitores temos, alguém me pergunta por que eu ainda me importo, afinal moro nos Estados Unidos, sem previsão de volta e tenho cidadania espanhola que me permite morar e trabalhar não só na Espanha mas praticamente em toda a Europa. Em poucos meses também terei meu passaporte americano. Sendo assim, "sem pátria não fico," me garantem eles.

Só que na prática a coisa não é bem assim. Ao contrário de alguns brasileiros que não sentem a menor ligação com o país onde nasceram, tenho um laço muito forte com o Brasil e rezo sempre para que nosso país se torne cada vez mais um lugar melhor para todos os brasileiros. Me importo com o que acontece lá sim; tenho família e amigos lá, tenho investimentos lá, e acima de tudo, acredito no Brasil. Tenho sorte de ter um marido que compartilha destes planos, que ama meu país, aprende português e acha o máximo batizar o filho de Joaquim!

Quando vejo um cenário político nebuloso, quando candidatos mostram claramente que têm planos de poder e não de governo, fico muito preocupada. Quando vejo campanhas políticas pautadas em demagogia e ausentes de conteúdo, fico desanimada. Quando vejo debates fracos e candidatos despreparados, fico descrente. E é isto que tenho visto ultimamente...

Apesar de tudo, sou contra o voto de protesto, pois apesar de ser o caminho mais fácil, nos torna cúmplices do desrespeito à cidadania no nosso país. As opções atuais ficam longe de ideais, mas nem por isto pregaria a alienação. Em vez disto prego o voto consciente, pois só assim ficaremos livres de Tiriricas, Rorizes, Netinhos, Romarios e tantos outros, que já provaram não honrar o papel de representantes do povo. São desqualificados. Há uma linha tênue entre a democracia e o deboche, e o último jamais deve ser tolerado.

Espero que amanhã o povo compareça em peso às urnas e exerça seu direito de voto. Este ano infelizmente vou ter que justificar o meu, pois por conta dos enjoos dos primeiros meses de gravidez perdi o prazo de transferência do título para Washington.

Ao contrário do que muita gente que se esquiva deste dever, estou triste. Nos meus últimos anos no Brasil, não só votei, mas presidi sessões eleitorais em cada eleição. E depois de cada dia de votação, sentia uma estranha sensação de dever cumprido, de pelo menos estar fazendo a minha parte, por menor que ela fosse. Então amanhã vai ser um dia triste para mim, simplesmente por não estar exercendo plenamente meu papel de cidadã brasileira, do qual sempre me orgulhei.

Aos que me perguntam por que eu ainda me importo, a resposta é simples: quero poder sempre voltar para casa, um luxo que meus amigos venezuelanos, iranianos e cubanos, por exemplo, hoje não têm.