December 9, 2011

Joaquim, o brasileirinho

Pode ser viagem minha, mas nunca me passou pela cabeça que o Joaquim não seria brasileiro. Acho que optei por ignorar a geografia e praticamente tudo que nos cerca no dia a dia, pois nunca achei que o Joaquim fosse ter uma vida muito diferente da minha ou da vida das primas dele que nasceram e moram no Rio. Ele pode não andar de short e havaiana o dia inteiro, mas sua canção de ninar favorita é Sapo Cururu. Seu programa de televisão? Xuxa Só Para Baixinhos! Fruta? Banana (que ele chama pelo nome!) Mais brasileirinho que isto?

Viagem minha deve ser. Mas desde que foi concebido o Joaquim escuta português e só ouve português da minha boca. Um esforço consciente e árduo para que ele sempre saiba de onde veio e que é. Nem me passa pela cabeça que uma dia ele possa sentir vergonha disto, de suas origens, da língua de sua mãe...talvez pelo fato de que EU jamais senti algo parecido.

Gosto daqui, mas não sei se um dia vou considerar este país minha casa. É uma pátria acolhedora que me deu muitas chances: bolsa de estudo, trabalho, um marido e mais recentemente, um filho. Sem cotnar nos muitos amigos e experiências inesquecíveis. Me deu até direto à cidadania e por tudo isto, para sempre serei grata. Aprendi muito nos quase 20 anos que vivo entre Brasil e EUA. Uma frase da famosa primeira-dama americana Eleanor Roosevelt nunca me sai da cabeça: No one can make you feel inferior without your consent. Pois é, acho que eu nunca dei permissão a ninguém para fazer isto, então vivo feliz assim, brasileira ou americana.

Também não tenho intenção de mudar muito para me encaixar nos padrões locais. Nunca tive esta preocupação no Brasil e não iria mudar agora. Absorvo o que interessa e ignoro o resto, tanto nos EUA quanto no Brasil. Espero sinceramente que o Joaquim se conforme com isso... Mas além disto, espero que ele sinta-se feliz e em paz consigo mesmo, sempre.

Então hoje que o Joaquim completa seu primeiro aniversário, me pego imaginando o que vai ser daqui a cinco, 10 ou 15 anos... Será um gringuinho brasileiro ou um brasileirinho gringo? Vai gostar de esportes -- surf ou ski, soccer ou football? Vai preferir churrasco com picanha ou com hamburger? São tantas as possibilidades.

Gosto de imaginar que ele será como um jovem que encontrei há muitos anos num destes aeroportos da vida: ele parecia indiano, tinha passaporte americano e falava português sem sotaque. Começamos a conversar e eu, curiosa que sou, fui logo fazendo perguntas e ele se explicando com muito orgulho. "Nasci nos Estados Unidos, filho de pai indiano e mãe brasileira. Minha mãe sempre falou português comigo e sempre visitei minha família no Rio com frequência. Na época da faculdade, estudei português durante os quatro anos. Depois de formado, consegui um emprego num banco de investimentos e vivi anos no Brasil, dois deles com a minha avó." Me lembro de ter dito a ele "Puxa, se um dia tiver um filho, quero que ele seja assim, como você." Ele sorriu e respondeu. "Minha mulher é uruguaia estamos esperando nosso primeiro filho, só ainda não decidimos se em casa falaremos português ou espanhol."

É Joaquim, nossa caminhada está só começando! Feliz aniversário, meu filho!

December 7, 2011

A primeira ida ao hospital a gente nunca esquece...




As últimas semanas foram um verdadeiro vendaval por aqui. O feriado de Thanksgiving que parecia que ia ser um período de "descanso" (entre aspas mesmo porque -- minha mãe estava certa -- depois que a gente tem filho este conceito não existe mais!) foi certamente a fase mais punk da nossa breve vida de pais.

Chegamos da casa da minha sogra e achamos o Joaquim quentinho e resolvemos obviamente acompanhar. De madrugada, a febre dele passava de 39C, então voamos para a emergência pediátrica. Ele tinha acabado o segundo ciclo de antibiótico e parecia melhor durante o dia, mas como depois a febre não parava de subir, no meio da noite nos restavam poucas alternativas.

Eu que já me considero calejada no assunto, fiquei obviamente chateada de estar ali com ele, mas nem de longe imaginei que os médicos fossem dar mais que uma injeção. De repente as enferimeiras me dizem que o médico quer um exame de sangue para se certificar de que a infecção não se espalhou pelo sangue e que vão precisar de um acesso para o exame e para o medicamento. Acesso, como assim? Num bracinho de um bebê gorducho de 11 meses? E assim foi feito -- infelizmente.

Foi horrível, foi traumático, foi de cortar o coração ver o olhar de pânico do nosso filhote durantes aquelas duas horas que mais pareciam uma eternidade. E no dia seguinte, tudo de novo, mas desta vez, as enfermeiras não conseguiram inserir o cateter e decidiram tirar o sangue e depois dar a injeção.

E além do tormento no hospital, Advil e Tylenol a cada três horas e antibiótico duas vezes por dia. Apesar de tudo, Joaquim continuava ativo e esperto, irritadinho às vezes, mas nunca pareceu debilitado. Isto tudo a uma semana da festa de aniversário dele.

os dias seguintes fora difíceis também e acabei ficando um tempo em casa cuidando dele e tentando finalizar uns projetos com prazos apertados no trabalho. (Nestas horas ter um chefe compreensivo e humano conta muito!) Para aumentar ainda mais o stress, tivemos duas festas no fim de semana: a do Blake e a do Joaquim (que foi adiantada em função da agenda apertada do aniversariante!). Eu organizando tudo, trabalhando e com filho doente... Achei que fosse surtar. Chegamos a cogitar cancelar a festa de aniversário do Joaquim, mas resolvemos ver como ele ia reagir durante a semana.

Mas no final deu tudo certo. O jantar de aniversário do Blake foi um barato -- contratamos uma chef e a minha irmã e meu cunhado vieram do Rio para ver a gente e participar das festas. E as crianças -- a começar pelo próprio aniversariante -- amaram a festa do Joaquim, que foi na Gymboree.

Missão cumprida, com sucesso... Mal posso acreditar que na sexta meu pequeno completa um ano. Ao mesmo tempo, estas últimas semanas parecem ter durado um século.