May 28, 2013

Como Cancelar um Atração na Disney

E para quem acha que a diversão na Disney foi só o que viu nos dois vídeos postados do post passado, está muito enganado. A nossa maior aventura na Terra do Mickey Mouse foi mesmo acabar com a alegria de centenas de crianças que estavam sentadas e finalmente assistiam a última performance de Finding Nemo, no Aninal Kingdom.

Mas vamos começar do início. Até que o dia não tinha sido dos piores e o Joaquim estava se portando incrivelmente bem. Bem verdade, o Animal Kingdom é o melhor parque para crianças menores -- tem muita coisa ao ar livre e espaço para os pequenos brincarem mais soltos -- mas ele parecia estar gostando das mísicas e dos bichinhos.

Depois de um tempinho, o Joaquim acabou dormindo durante algumas horas no início da tarde -- só assim pudemos almoçar em paz. Dpois disto, ainda se divertiu bastante a bordo do jipe fazendo safari e tocando uns tambores que ele adora. Por mim, já poderíamos ir para casa. Mas no finalzinho do dia, as meninas pediram muito para ver o show de marionetes Finding Nemo e resolvemos por consenso atender ao pedido.

Já sabendo do risco, Blake, Joaquim e eu resolvemos sentar mais perto da saída. O Joaquim não gosta muito destes shows: muito barulho e escuridão, mas não custava tentar. Logo que as luzes se apagaram o primeiro sinal: "All done now," código do Joaquim nos avisando que dentro de alguns segundos ele começaria a berrar. Ainda tentamos mais alguns minutos, mas ficou muito claro que a situação só iria piorar e o "All done now" continuava de forma insistente e cada vez mais estridente! Nos preparamos então para uma saída rápida e discreta, mas foi aí que tinha um ferro no meio do caminho... E o Blake deu uma pancada tão grande com o joelho neste ferro do encosto dos bancos que nossa fuga tornou-se ainda mais frustrada.

Rapidamente, ele me passou o Joaquim, sentou na fileira mais próxiam a saída e me pediu que levasse o Joaquim e seguisse sem ele, que estava com muita dor. Com o Joaquim aos berros e se debatendo no meu colo, saí correndo pela porta de emergência o mais rápido que pude. A última coisa que vi foi o Blake sentado com a mochila no colo.

Corta!

Já lá fora, perto da saída de emergência a situação é a seguinte:

Eu esperando o Blake sair para fugir para as montanhas... Joaquim aos prantos, jogado no chão, berrando "Daddy, daddy, daddy!" E um minuto se passa. E mais cinco se passam. E dez...e nada do Blake! Resolvo voltar ao teatro com Joaquim berrando no meu colo, no meio da escuridão. E para não atrapalhar ainda mais o show, tento tapar sua boca com a mão, o que de nada adianta.

Ao entrar no teatro vejo o Blake no chão, amaparado por um senhor e rodeado por muitas pessoas -- todas estranhas. Perguntei se o Blake havia machucado o joelho, mas algo naquela cena me causava estranheza... E o senhor que amparava o Blake disse que não. Pensei rapidamente num ataque de pânico ou coisa parecida, mas antes que dissesse mais algo, o senhor se adiantou "Foi uma convulsão, e das bravas." Como assim!? Fiquei ainda mais atônita.

A poucos metros dali, praticamente a minha família inteira assistia inocentemente o show das marionetes, até que decidi estragar a festa da galera. Logo avistei a minha irmã e vocês imaginem o que eu disse para ela... Aliás, melhor não. Mas foi mais ou menos "Sua pateta, tá fazendo o que com esta cara de paspalha que ainda não levantou para me ajudar? Meu marido estirado no chão, meu filho tendo um ataque, eu sozinha aqui e você aí achando graça no peixinho que se perdeu do pai?! Fala sério, vem aqui AGORA!!!" Ela, coitada, meio tonta, na maior inocência, tentando se locomover com sua barriga de seis meses atráves das cadeiras sem entender nada...

Finalmente, ela chegou e tirou o Joaquim do meu colo. Na mesma hora chegaram os paramédicos da Disney e a equipe de socorro. Logo depois, as luzes se acenderam e, para desespero das centenas de crianças que estavam se divertindo horrores, ouvimos o comunicado "Sentimos muito informar que a atração Finding Nemo foi cancelada por hoje. Por favor, dirijam-se para a saída mais próxima.

Só que a nossa aventura estava só começando. Assim que os paramédicos chegaram , mediram a pressão e examinaram a glicose do Blake -- sim minha gente, ecocardiograma e exame de sangue no ato!!! -- para um diagnóstico preliminar. Perguntaram sobre o histórico de saúde do Blake, fizeram umas outras perguntas a ele e determinaram que não devia se tratar de convulsão -- ele estava muito alerta e não havia feito xixi na calça -- quem disse que Disney não pode ser cultura. Discovery Channel é pouco, a gente gosta é de reality mesmo!

E assim, o Blake e eu deixamos Nemo e seus amiguinhos pela porta dos fundos a bordo de uma ambulância e seguimos para o hospital. Próxima atração: emergência num sábado à noite! Mas é aí que a história fica boa...

Brasileiros e brasileiras, a gente chega na emergência de um hospital num sábado à noite e espera encontrar: ( ) um monte de gente bêbada e fedorenta na sala de espera e funcionários mal humorados ( ) Pato Donald e Mickey Mouse batendo um papo cabeça (x) Gente educada e funcionários sorridentes e de bem com a vida

Pois é, it's the happiest place in the world after all, pelo menos para o staff do Dr. Phillips Hospital, em Orlando. Este blog não é de dicas de viagem, mas modéstia à parte, de hospital eu entendo!!!

Fomos superbem recebidos, desde a recepcionista até o médico. Todos nos perguntando pelo Joaquim e se precisávamos de mais alguma coisa. Nos oferecendo comida e bebida -- pelo menos pra mim até que o Blake fosse examinado -- e explicando, passo a passo, o que estava acontecendo. A enfermeira tinha o cabelo mais lindo da Florida -- liso, cheio, negro -- e era uma simpatia. Parecia genuinamente preocupada com nosso bem estar.

Minutos depois entra o médico todo sorridente, digno do elenco de ER ou Grey's Anatomy -- uns 50 anos, cabelo meio grisalho e olhos super azuis -- dava de 10 no George Clooney e no Patrick Dempsey e ainda tinha a vantagem de ser médico de verdade! Ele olha pro Blake e logo diz: "Queria muito ver você, pois acredite se quiser, a mesmíssima coisa me aconteceu quando eu tinha uns 30 anos. Bati com a perna na quina de uma mesa e acordei a uns 5 metros de onde estava. Também me lembro de ter tido uns sonhos muito reais num breve espaço de tempo. Coisa muito estranha." E segundo o doutor do olho azul, depois dos exames mais detalhados que afastaram outras possibilidades mais sérias como arritmia ou outros problemas cardíacos, o que o Blake teve mesmo foi uma síncope. Pois é, a gente vive usando o termo e não sabe direito o que é. No caso do Blake, o diagnóstico final foi "síncope vasovagal"

E a tal "convulsão" na verdade foi resultado do sonho que o Blake teve: ele estava tentando dirigir um carro que tinha perdido o controle e havia pessoas o impedindo de alcançar o volante. Então ele tentava se desvencilhar das pessoas que na verdade estavam tentando ajudá-lo. Mas para quem via de fora, parecia que ele estava se debatendo, sofrendo uma convulsão. Imaginem o susto! E tudo isto ao som da trilha sonora de Finding Nemo!!!

Já mais trabquilos, recebemos alta. Felizmente tudo não havia passado de um grande susto. Ao chegar no hotel, encontramos o Joaquim feliz e brincando com seus avós e priminhos. Graças a Deus, sem nenhum sinal de trauma. Mas Disney e síncopes, nem tão cedo para gente!

May 21, 2013

Disneyworld com crianças, ou melhor, com o Joaquim


Não faço muitos posts de viagem porque sinceramente não tenho muito saco e tem gente que faz isto superbem. Então se você quiser dicas bem bacanas de viagem, sugiro visitar os blogs excelentes Aprendiz de Viajante, Colagem e Dri Everywhere. Mas se você tem um filhote que é impossível e se acha a pior mãe do mundo porque não consegue fazer com que o pequeno se comporte direito, pode puxar uma cadeira que tenho história para contar.

Primeiro a boa notícia: você não está só. Em Maryland, bem no meio do caminho entre Washington e Baltimore, mora um casal que depois de anos tentando engravidar conseguiu finalmente realizar este sonho: em 9 de dezembro de 2010, veio ao mundo nosso pequeno Joaquim, que apesar do nome de santo, de anjinho não tem nada. Chegou com três dias de atraso e cheio de atitude. O Joaquim é uma criança adorável. É um menino inteligente, carinhoso, espirituoso. Mas é também teimoso, marrento e determinado, que é como suas professoras preferem descrever sua filosofia de só fazer o que quer. Nem imagino a quem ele deve ter puxado... E nem venham dizer que ele é mimado, porque quem conhece a gente pode atestar o contrário.

Mas chegando logo ao ponto do post, muitos amigos andam me perguntando como foi a viagem, então resolvi tocar no assunto aqui. Conhecendo muito bem o filho que tenho, a ideia de levar o Joaquim a Disney antes dos 10 anos sequer nos passava pela cabeça. Mas é aí que entram as tais circunstâncias e a família inteira resolve ir pra Florida passar 10 dias, pois era a última chance das minhas sobrinhas irem a Disney antes da irmãzinha delas nascer, em agosto. E como a nossa última viagem a Disney em família tinha ocorrido em meados dos anos 90, quando éramos só nós cinco, a ideia de reunir a "grande família" que contando agregados e família da família, chegava a 14 pessoas, não resisti. Já ciente do "desafio", me programei pra ir com o Blake e Joaquim mas para passar só quatro dias. Não ajudou muito a minha viagem de trabalho a Portland, Oregon, na semana anterior. Depois de dias longuíssimos e muitas horas no ar, fioquei exausta, mas nada que se comparasse aos quatro dias de calor escaldante em Orlando com o Joaquim.

Queria dizer pra vocês que foi tudo uma maravilha, mas convenhamos que Disney com quatro crianças de menos de quatro anos é só para os fortes. Some-se ainda a esta equação o fato de que o mais novo da turma era o Joaquim -- também o mais barraqueiro. Dá para imaginar o imbroglio! As meninas, Chiara e Giovanna, de quase quatro e cinco anos (fazem aniversário em julho) amaram. O Felipe, priminho delas, de quase três (aniversário em junho) não aproveitou tanto assim, mas se portou superbem. (Mas também o Felipe é um ANJO!) E o Joaquim, ah o Joaquim...bom não dá nem para colocar em palavras...

Juro quer gostaria de dizer que os quatro dias foram assim:
Mas estaria mentindo e eu não sei mentir. Então vejam vocês com seus próprios olhos:

Então é por estas e outras que nosso próximo passeio à Disney não deve acontecer nem tão cedo. Pelo menos até que me recupere do trauma desta viagem -- então bota tempo nisso!