September 30, 2009

Bolhas

Ontem tive que ir a Washington e não calculei que fosse andar tanto. Resultado: duas bolhas enormes nos pés como não tinha há anos. Doendo até agora. Acabo de ver que há uma terceira! A grande pergunta agora é como colocar sapatos para ir trabalhar.

O Blake acha que eu deveria trabalhar de casa e usar um sick day, mas eu morro de dor na consciência. E o pior é que amanhã tenho que voltar a Washington...não faço a menor ideia de como.

Desejem-me sorte. E se alguém souber de algum remédio milagroso para secar bolhas em menos de 24 horas e quiser dividir o segredo comigo, agradeço!

Depois volto para contar as novidades, que são interessantes.

September 28, 2009

Mais fotos - Campanha de Doação de Medula



Memória Viva





Não existe maneira mais fácil de lidar com a morte. Ninguém nunca está preparado para enfrentá-la e ela sempre parece cruel e repentina. Nos últimos meses convivi muito de perto com ela, acompanhando o caso de Todd até o final. Foram momentos extremamente difíceis, mas o que aprendi com um jovem de 28 anos e sua família não está escrito em livro nenhum e vai ficar comigo para sempre.

Apesar da doença, Todd nunca se mostrou egoísta, nem por um minuto sequer. Nunca usou de sua condição para despertar pena ou piedade nos outros. Jamais quis tratamento especial ou se mostrou inconformado com sua dura sentença.

O tempo todo ele pensava nos outros. Pensava na mãe e jamais se queixava na frente dela. Pensava nos irmãos, que privavam suas famílias de seu convívio quando passavam semanas ao lado dele em Baltimore. Pensava no pai, que não podia passar tanto tempo ao seu lado por conta de um chefe insensível. Pensava nos outros pacientes que sequer tiveram a chance de fazer um transplante.

Numa das nossas conversar, ele me disse que queria muito sair do hospital e organizar mais campanhas de doação de medula. Infelizmente isto nunca aconteceu, mas naquela conversa comigo e com o Blake, Todd mais uma vez cumpriu sua missão, ao deixar a semente plantada na gente.

E depois de tanto sofrimento, três meses depois da partida dele, sinto que o corpo pode ter morrido mas suas ideias vão viver para sempre, no meu coração e no coração de cada uma das 82 pessoas que saíram de casa num sábado de muita chuva e frio e que aceitaram ficar na fila para doar um pouquinho de si na esperança de salvar uma vida em algum momento.

Foi ali, ao ver os panfletos com o rosto de Todd e ao ouvir o que as pessoas falavam dele que entendi mais do que nunca que melhor forma de mantê-lo vivo e contar a história dele, a história de um jovem que lutou muito, não só por ele, mas pelos outros. Um jovem de 28 que ao partir teve a preocupação de deixar parte do dinheiro que ele tinha guardado para comprar sua primeira casa para ajudar a custear os estudos de outro jovem paciente de câncer.

Nestas horas acho que alguns partem tão cedo porque simplesmente já tinham aprendido mais que suficiente nesta jornada e em curtíssimo espaço de tempo conseguem cumprir sua missão. Acho que o Todd se inclui neste grupo.

Às vezes este pensamento não me parece justo, mas não há motivos para discordar. A única forma que encontrei para tornar a morte menos insuportável é manter as pessoas queriadas vivas, através de sua memoria e dos exemplos que nos deixaram em vida. Foi isto que tornou um dia tão feio muito especial.

Mais uma vez, obrigada, Todd.

September 25, 2009

A Vida Acaba Quando o Sonho de Viver Termina



Achei esta frase fenomenal e ilustra bem o maior desafio de quem tem que enfrentar uma doença que pode ser terminal. O clip acima faz parte da entrevista que Eduardo Marafanti, fundador da Abrale (Associação Brasileira de Leucemia e Linfoma), concedeu ao Jô Soares, mês passado. Quem tiver tempo -- quem não tiver arruma! -- deve assistir as três partes da entrevista, que foi indicada pela Paula, e é simplesmente imperdível.

O interessante para mim é que, apesar de tão diferentes, todas as histórias de pessoas que tiveram que lidar com a doença tocam sempre nos mesmo pontos. É incrível como pessoas que aparentemente não tem nada a ver, acham denominadores tão comuns ao passar por situações difíceis e de certa forma semelhantes. Sempre digo que o câncer é uma doença democrática, não só por atacar homens e mulheres, jovens e idosos, ricos e pobres, mas por fazer com que cada uma destas pessoas descubra quem verdadeiramente é.

É claro que é uma jornada e tanto, cheia de percalços e desafios, de altos e baixos, de medos e inseguranças, e cada um lida com ela de uma forma particular. Uns, como eu, gostam de dividir as histórias, de compartilhar medos e vitórias, outros preferem guardar para si e se expor o mínimo possível. Uns demoram um pouco para tocar no assunto. Outros jamais falarão abertamente da experiência. Mas uma coisa todos temos em comum: o medo, nem que seja só no início, e a vontade, nem que seja desespero, de lutar, a gana de viver. São processos que vivemos muito intensamente: do choque, à luta, passando pelo medo, pela tristeza e às vezes pela negação.

É claro que para muitos a história de que "não deixo que pequenas coisas me perturbem mais" ou "agora sei dar valor ao que realmente importa" chega a ser até irritante, pelo menos no início. Vivendo um turbilhão de emoções e tendo que tomar decisões práticas e rápidas, fica difícil para qualquer um se tornar filosófico. Mas acontece. Nem todo mundo vira monge ou decide viver numa casinha no campo, mas cada um de nós acaba fazendo algumas concessões e todos no final passamos a dar valor à nossa vida, principalmente depois de ter lutado muito por ela.

Difícil não se emocinar com histórias como as de Eduardo, de coragem, de pioneirismo e de solidariedade. Grande inspiração. Tomara que em breve mais e mais brasileiros tenham a chance que Eduardo teve de pelo menos tentar um protocolo experimental, de fazer parte de um teste clínico, de ter acesso a uma droga nova. Como ele mesmo disse na entrevista "afogado se agarra até em navalha!"

September 24, 2009

Tempo Nublado Sujeito a Chuvas e Trovoadas


Tempo nublado e sujeito a chuvas e trovoadas. Apesar do solzinho de outono que vejo aqui da minha janela do sexto andar, no Centro de Baltimore, o clima dentro de mim é outro.

As coisas estão meio nebulosas do lado de cá -- nada de grave, só muitas interrogações e uma sensação de instabilidade total, a mesma instabilidade de quando estamos à mercê de fenômenos metereológicos -- ou não -- coisas que estão na iminência de acontecer a qualquer momento, completamente alheias à nossa vontade ou ao nosso controle.

Sensação esquisita. Vontade de procurar abrigo, de me proteger e achar um lugar seguro para esperar a tempestade passar. Mas tão desconfortável quanto ter que esperar por algo que não se sabe quando vai acontecer é a ideia de não se fazer absolutamente nada, da completa inércia e da impossibilidade.

Prefiro me encharcar a me proteger, com medo. Seguir meu rumo a esperar que escolhas sejam feitas por mim. Prefiro pular a ver a água me engolir. Nadando tenho alguma chance de chegar a algum lugar. Ao ficar parada estou entregue.

September 23, 2009

Clip LINDO do casamento da Michelle e do Shane

Casamento Michelle e Shane from aprilvideo on Vimeo.



Olha que trabalho bacana do videomaker. Ficou emocionante e muito high-tech! Detalhe para a cena da noiva calçando o sapatinho -- parece Cinderella!!! Aliás, compramos juntas o sapato e os brincos. Vi também a prova do vestido, os arranojos das mesas... A internet é o máximo -- faz a gente estar pertinho, mesmo que de longe.

Que sejam muito felizes!

Reiki


Daqui a pouco vou dar uma corrida no hospital para ver uma palestra sobre Reiki, uma terapia que muito me interessa mas da qual entendo muito pouco, então acho que vai ser bem educativo.

Acho que estas terapias alternativas podem desempanhar um papel importante e muitas vezes atuar como co-adjuvantes nos tratamentos convencionais. Depois da minha primeira cirurgia, uma amiga minha acho, nem me perguntem como, uma terapeuta de Reiki que morava em Salvador e que me fazia o tratamento à distância. Além do Reiki ela me mandava mensagens e trechos para meditação. E o mais interessante, o trabalho era completamente voluntário. Ela nunca me cobrou um tostão. Quando tive a recidiva em 2007, tentei até entrar em contato com ela de novo, mas o email já não existia mais. Uma pena.

A palestra de hoje vai ser dada por um enfermeira então tenho certeza que ela vai falar sobre a convergência da medicina tradicional e das terapias alternativas. Vou ver se consigo marcar uma sessãozinha pra mim, pois a coisa aqui na senzala anda feia!

September 22, 2009

Hipocrisia & Celebridade no Hospital

Ontem soube que um famoso jogador de futebol americano faria uma visita aos pacientes jovens to hospital aqui da universidade. Ao que parece, ele teve casos de câncer na família e se sensibilizou com o trabalho do Ulman Fund. Até aí, tudo bem, achei a atitude do cara bacana. Muito legal ele arrumar tempo na agenda no meio da temporada. E fiquei pensando no meu amigo Todd, que apesar de não ser torcedor dos Ravens, iria adorar conhecer um jogador de futebol americano, esporte pelo qual ele era apaixonado.

Então hoje na hora do almoço, e Elizabeth me chama para encontrar com ela e conhecer Todd Heap, o tal jogador dos Ravens. Como estava a caminho do hospital para o almoço e um pouquinho curiosa, fui ao encontro dela. Ao chegar lá, me deparo com a seguinte cena: Elizabeth, na frente, de guia, Todd Heap a seguindo e atrás dele um multidão de, como diria meu pai, "papagaios de pirata". Fiquei passada! Onde estão estes parasitas quando precisamos de ajuda com os pacientes?! Vejo uma câmera de TV, alguns rostos conhecidos e vários estranhos. Não são funcionários do hospital, não sei quem são.

Correm todos para entrar no mesmo elevador, hipnotizados pelo ídolo do esporte. Ao me ver, Elizabeth sorri meio sem graça e me chama para entrar no elevador lotado com eles. Recuso imediatamente! Não tenho o menor interesse em fazer parte do circo. vejo ali que a visita não será exatamente como eu havia imaginado.

Sinto uma raiva enorme só de pensar na insensibilidade destas pessoas que caminham pelos corredores do hospital como se estivessem num parque de diversões, alheios ao sofrimento e à dor dos pacientes. Será que eles não entendem que apesar de seriamente doentes estas pessoas ainda tem dignidade e merecem ao menos um pouco de respeito?

Recebo outro torpedo da Elizabeth. "Estamos indo para a unidade de TMO. Você deveria vir conosco." Ao que respondo "Gente demais pode perturbar os pacientes." Decido ali mesmo que não quero ter nada a ver com a tal iniciativa.

É por estas e outras que sempre fui muito cética quando se trata de organizações de caridade. Por algum motivo, não sinto o engajamento esperado, não sinto esta autenticidade. Depois que fiquei doente e me curei, resolvi passar por cima deste meu sentimento de desconfiança (afinal sou escorpiana!) pelo que pensei ser uma causa maior. Na verdade, a causa é nobre, mas o modus operandi de algumas destas organizações deixa muito a desejar.

Olhar para uma ala de transplantados de medula como se fosse um passeio pelo zoológico é algo perturbador pra mim, me dá arrepios, me enoja. Me imagino ali, como paciente que fui, e penso na minha reação ao ver uma multidão de curiosos sem noção invadindo meu quarto e fingindo que se importam comigo. Uma mistura de desconforto e enjôo. Tudo para estar ao lado de um jogador de futebol -- muito bem intencionado, diga-se de passagem -- perseguindo seus 15 minutos (ou seriam segundos?) de fama.

Fiquei triste por perceber que pacientes foram usados como figurantes e cenário, numa visita que tinha tudo para ser bacana, mas que não passou de teatrinho infantil de quinta categoria. Todd Heap poderia mesmo ter visto o trabalho que é feito com os pacientes jovens, poderia ver que ainda há muito a ser desenvolvido e que ainda deixa a desejar. Mas no meio de tanta confusão, aposto que não viu nada disso.

Se estas mesmas pessoas que hoje escoltam Todd Heap em sua visita ao hospital, estivessem presentes pelo menos uma vez por semana visitando os pacientes, muitos deles não se sentiriam sós em seus momentos finais. Não posso deixar também de me perguntar quantos dos que estavam naquele elevador irão doar suas medulas este sábado...

Doação de Órgãos

Novartis Doação de Órgãos

Acabei de descobrir no blog de Apoio ao Dr. Joaquim & Equipe que dia 27 de setembro é o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos no Brasil. Dia 26 de setembro é a nossa companha pela doação de medula óssea aqui em Maryland. Coincidências da vida.

Como a gente disse nos panfletos, apesar da partida do Todd, seis meses depois do transplante, sua família e seus amigos continuam gratos pelo tempo extra que tiveram com ele, fruto da generosidade de um doador anônimo.

Se você ainda tem dúvidas, neste site aqui vai poder encontrar todas as respostas.

Como sempre digo, não existe privilégio maior do que poder salvar uma vida.

Aos amigos blogueiros que quiserem apoiar e divulgar a campanha, o selinho estyá disponível aqui.

September 21, 2009

Casamento da Michelle





As fotos do post de hoje são do casamento da Michelle e do Shane, que aconteceu no Rio semana passada e eu infelizmente não pude ir. Nestas horas é que é uma droga morar no exterior e não poder simplesmente se enfiar num avião para presenciar um momento tão legal. Como eu já tinha ido ao Rio em julho pro nascimento da Giovanna e estamos voltando para o Natal, uma visita-relâmpago em setembro se tornou impossível.

Mas é nestas horas que a internet é o máximo. Além de ter acompanhado de pertinho -- via email and Skype -- todos os preparativos para o grande dia, vi algumas fotos em primeira mão e resolvi dividir com vocês, pois quem não gosta de ver uma noiva linda e radiante.

A Carolina Pires, fotógrafa contradada pela Michy, fez um trabalho maravilhoso e apesar de ainda estar tratando as fotos, liberou algumas pra gente. Tem mais algumas no Flicker dela, e já dá para perceber que este álbum vai ser um escândalo de lindo.

Tanto glamour e felicidade a gente só vê mesmo em casamento. E por estas e outras, casamentos continuam sendo as minhas festas favoritas. E como diz a minha sogra, não há nada que se compare a um casamento no Brasil. Ai, que saudade de casa!

September 19, 2009

Schwabtoberfest



Esta é a nossa programação de hoje. Um amigo do Blake está fazendo uma Oktoberfest na casa dele logo mais. Apesar do tempo chato que estava fazendo até ontem à tarde, parece que São Pedro cooperou e hoje o sol resolveu dar as caras, o que vai ser ótimo já que a festa será ao ar livre. Tudo me leva a crer que serei a motorista da noite, uma vez que cerveja não é meu forte e que ontem quando saímos quem voltou dirigindo foi o Blake.

Esta é a segunda edição da festa, só que ano passado não pude ir, pois precisei ir ao Rio às pressas por conta do estado de saúde muito delicado da minha avó. Os meses de outubro, novembro e dezembro de 2008 passaram sem que eu percebesse, já que meu corpo estava aqui, mas meu coração estava apertadinho no Brasil. Foram tempos muito difíceis para todos nós mas parece que o impossível aconteceu.

Ontem, meus pais me ligaram de um restaurante. Estavam com a família toda reunida, inclusive meus avós celebrando o segundo aniversário da minha avó. O primeiro comemora o dia que ela nasceu, non dia 13 de setembro, o segundo, que foi ontem, comemora o dia que ela driblou a morte.

Há exatamente um ano, esta cena, de um simples jantar em família parecia tão distante e improvável -- tantas notícias ruins, tantos prognósticos assustadores -- então hoje e os próximos meses que se seguem serão muito especiais para nós. Se há exatamente um ano, os médicos sequer nos davam muita esperança quanto à sobrevivência dela, saber que hoje a minha avó anda sozinha, sai para todo lado e até ajuda a tomar conta das minhas sobrinhas é mais do que eu poderia imaginar e pedir a Deus.

Motivos para brindar na festa mais tarde não me faltam, nem que seja para brindar bebendo água ou suco de maçã!

September 18, 2009

Para Me Sentir Viva

Exemplo maior de resiliência e do poder da poesia.

Limite

Sou panfletária e militante mesmo. Sempre fui assim, quando coloco uma coisa na cabeça, vou até o fim. Defendo ardentemente as causas que escolho, luto pelo que acredito e brigo pelos meus amigos até o fim. Na maioria das vezes, enxergo isto como uma qualidade, mas volta e meia vejo algo que me faz pensar melhor no assunto.

Ontem li um artigo que foi publicado na revista Natural News cuja chamada era "Could Patrick Swayze have been saved by natural anti-cancer remedies?", em português "Patrick Swayze poderia ter sido salvo por remédios anti-câncer naturais?" Até aí, tudo bem. Qualquer um tem o direito de levantar a questão.

Mas então o autor simplesmente se tranforma num monstro para defender seus argumentos de que não foi o câncer de pâncreas, mas a quimioterapia que matou Patrick Swayze e que os médicos estão aí pra ganhar dinheiro, vendidos nas mãos dos laboratórios que não tem interesse nenhum em encontrar uma cura para a doença.

E aí que pra mim qualquer agumento se perde! Quando se nota nitidamente que o autor é parcial e apela para teorias conspiratórias. Pode até ter verdade, mas até que haja provas concretas, tudo não passa de falácia.

Mas a crueldade do tal escritor só aumenta quando ele "culpa" Patrick pela "escolha" errada! Sem saber o tipo de tratamento que o ator recebeu, diz que se tivese mudado a alimentação, estaria vivo até hoje. O autor crucifica Patrick Swayze e ignora o fato de que o ator tinha mudado, sim, sua alimentação. Também não revela nenhum paciente que tenha sobrevivido ao câncer de pâncreas usando somente medicina natural.

E só piora, quando no post original, coloca uma foto do ator quando jovem ao lado de uma que estampou os tablóides uns meses atrás dizendo que ele só tinha semanas de vida. Quanta maldade! Quanto desrespeito ao paciente e à sua família. Quanta leviandade!

Como todo mundo sabe, eu não tomo remédio: nem aspirina, nem tylenol, nem antialérgico, nem coisa nenhuma. Volta e meia quando tenho cólicas ou dor de cabeça, que às vezes são bem fortes, tomo um chazinho e espero passar na cara e na coragem. Foi uma opção minha, mas não saio por aí condenando quem pensa diferente. Deixo claro também que não tenho nenhum problema crônico de saúde que me obrigue a usar medicação diária.

Mas quando descobri o primeiro tumor no fígado, não pensei duas vezes antes de entrar na faca, na hora! Caso contrário, tudo leva a crer que não estaria hoje aqui para contar a história. Quando os médicos sugeriram a quimioembolização, também aceitei na hora -- tudo pela minha vida. Mesmo depois da recidiva, acho que a químio valeu, pois serviu para deixar o tumor adormecido por tanto tempo, tempo que foi precioso para que eu me restabelecesse e pudesse enfrentar o segundo round da batalha, cinco anos mais tarde.

Após a segunda cirurgia, mudei minha alimentação radicalmente, cortando carne, laticínios e produtos industrializados sempre que possível. Me livrei dos refrigerantes, dos adoçantes, mas ainda há muito a fazer. Gosto de pesquisar e aprender mais sobre como uma alimentação saudável pode melhorar e prolongar a minha vida, mas daí a sair julgando os outros e fazendo afirmações cruéis e levianas...nem pensar.

Quando leio artigos ridículos assim entendo porque ainda há tanta ignorância a respeito de algo tão positivo quanto medicina natural, fitoterapia e alimentação regulada. É uma pena, pois a grande maioria dos profissionais no ramo são seríssimos mas estes malucos sinceramente prestam um tremendo disserviço à causa.

Usar foto de um paciente doente num dia ruim e comparar com fotos do mesmo paciente anos mais jovem e saudável é no mínimo cruel. Querer educar os outros é válido e honroso. Querer manipular os outros usando fatos distorcidos e meias verdades é covarde e irresponsável.

September 17, 2009

Foto Mental

Se tem uma coisa que não gosto muito é de olhar pra trás. Sim, houve um tempo que fiquei muito presa ao passado, ao que já era ou tinha sido. Fiquei empacada mesmo, prisioneira. Por motivos bons e ruins, lembranças de experiências bacanas que tinham ficado para trás ou sentimentos amargos causados por fatos que eu já não podia mais mudar viviam dentro de mim. Mau humor e tristeza eram os resultados mais óbvios do meu estado de espírito.

Meu outro pecado também foi sempre fixar meu olhar no futuro, no horizonte, no que ainda está por vir, no que é incerto e nebuloso e que também ainda não pode ser mudando, simplesmente pelo fato de que ainda não é. Refém dos meus planos futuros, meu olhar vidrado no horizonte pouco percebeu a paisagem e o que acontecia a minha volta. E o que era presente virou passado e o que era futuro fica eternamente por vir.

Mas então a minha vida virou de cabeça para baixo pelo pior motivo possível e só assim consegui enxergar que não vale a pena ficar preso àquilo que não se pode mudar, por melhor ou pior que tenha sido ou que venha a ser no futuro. O que já foi não importa mais e o que ainda não é não pode ser pertinente já que sequer existe.

Passei então a exercitar diariamente a ideia de agradecer ou me entristecer pelo que acontece já. Viver tudo que for possível no momento. Hoje, mais do que nunca procuro viver o momento. Sei que pode até parecer chavão ou papo de livro de auto-ajuda (que detesto!), mas é verdade. Acho que hoje sou mais sensível e consigo perceber quando o momento é especial.

Num dos meus primeiros encontros com Blake no Brasil, ele me pediu para parar um instante e ficou olhando pra mim. Fiquei sem entender nada. Ele olhava pra mim e olhava ao meu redor sem dizer uma palavra. Quando perguntei do que se tratava, ele respondeu que estava criando uma "foto mental", que estava gravando aquele momento na memória dele para que quando a saudade apertasse, ele se lembrasse daquele momento exato. Mas enquanto isto, ele estava vivendo o tal momento ciente de que era algo especial.

Gostei da lição e volta e meia, quando algo bom me acontece, por mais banal que seja, respiro fundo, olho ao meu redor, agradeço pelas bênçãos e faço uma "foto mental" para guardar no HD do meu coração. Sem carregar comigo emoções ou pensamentos, só a imagem.

September 16, 2009

Desejo do Todd


Parte da missão daqueles que ficam é manter a memória dos que partiram viva. Muitas vezes quando conversei com o Todd no hospital, ele demonstrava um desejo enorme de organizar uma campanha para doação de medula aqui em Maryland. Apesar de muito doente, ele era eternamente grato ao doador que, num ato de extrema generosidade, pode prolongar sua vida. Também devo muito a este doador anônimo, pois sem ele, o Todd não teria feito o transplante aqui no Hospital da Universidade de Maryland e eu jamais o teria conhecido. Também não teria tido o privilégio de conhecer a Carmi, a Angie, o Chris e o Alan, pessoas maravilhosas que passaram por momentos dificílimos com uma dignidade e uma doçura impressionantes. O câncer e suas complicações podem ter levado o Todd deles, mas a fé deles é inabalável e comove qualquer um.

A Carmi está cuidando da bolsa de estudos que a família vai estabelecer em nome do Todd. Espero que já no ano que vem algum jovem adulto portador de câncer possa se beneficiar da ajuda financeira e da generosidade de outro jovem, que acreditava que a educação era algo extremamente importante e que até o fim não deixou de fazer um trabalho de casa e manteve uma média altíssima, apesar das longas temporadas no hospital e do duro tratamento.

A minha parte está sendo feita também: dia 26 de setembro vamos fazer a campanha para doação de medula num evento esportivo em Columbia, MD. Aqui nos EUA, os interessados em se cadastrar no banco de medula tem que pagar $53 se não forem parte de uma minoria, o que me parece absurdo. Felizmente nós conseguimos que esta taxa fosse abonada durante nosso evento. Sendo assim, quem quiser se cadastrar, independente de raça, vai poder fazer isto de graça!

Acabei de terminaro flyer e posto aqui para vocês em primeira mão. Aos que estiverem em Maryland, Washington e arredores, peço que espalhem a notícia e entrem em contato comigo. Quero muito que esta campanha seja um sucesso, pelo Todd, que tenho certeza que está vendo tudo lá de cima, e pela família dele que precisa ver algo positivo depois de tanta dor. Quero muito poder dar a eles algum motivo para sorrir.

Elefante


Volta e meia alguém me faz a pergunta mais óbvia do mundo, a mesma pergunta que me persegue há quase sete anos: quais são as chances de uma recidiva? Daria tudo por uma resposta...ou não.

Esta também é a mesma pergunta que faço para cada um dos médicos a cada vez que os encontro. Mas a resposta é sempre a mesma: Não há certezas. Claro que os estudos e as pesquisas sugerem que com o passar do tempo a probabilidade de uma recidiva é cada vez menor, mas infelizmente ela nunca deixa de existir. Por algum motivo esta doença encontrou um ambiente apropriado para se desenvolver em alguns e não em outros. O motivo, a ciência ainda não consegue explicar. É um sentimento incômodo, uma sensação de que existe algo desconhecido dentro de nós que não pode ser controlado, que não pode ser sequer previsto. Às vezes é cansativo ter que estar eternamente alerta.

Confesso que já perdi muitas noites de sono e derramei muitas lágrimas tentando responder esta pergunta e tentando entender a minha situação, um tanto suigeneris. Aos poucos chego à conclusão que foi puro tempo perdido: não me cabe entender a situação, também não posso fingir que ela não existe por mais desconfortável que seja, então só me resta aceitá-la e conviver com ela da melhor maneira possível. Não há nenhuma explicação ou certeza no meu caminho, mas então penso que a vida dos outros talvez não seja tão diferente assim, e sigo meu rumo.

O fato é que, como se diz por aqui, tenho um elefante no meio da sala, uma cicatriz em forma de Mercedes no meio da barriga, que ostento com orgulho a cada dia que passa. Assim como a cicatriz no meu abdome, também não posso fazer o meu histórico médico desaparecer; é meu elefante no meio da sala. É o que me cabe. Mas em vez de olhar para o animal gigante com medo, procuro enxergá-lo como um bichinho de estimação, um tanto quanto excêntrico, é verdade, mas domesticado e manso.

September 15, 2009

Nem quero falar no Patrick Swayze porque me dá uma tristeza enorme, um sentimento de vazio absurdo, uma revolta até. Obviamente não o conhecia, o que não me impedia de gostar muito dele -- que mulher na fase dos 30 pode esquecer de Dirty Dancing e Ghost? -- mas é claro que a causa mortis dele me incomoda demais.

Lembro que da primeira vez que ouvi a notícia da doença dele fiquei igualmente arrasada e revoltada, pois na mesma hora os comentaristas apareceram com suas previsões aterrorizantes. Uma tremenda falta de respeito ao ator e sua família. Até a correspondente médica da NBC me saiu com a seguinte pérola, na época: "Se for pra ter câncer, é melhor que não seja no pâncreas." Como se alguém na face da Terra quisesse ter câncer ou pudesse escolher um tipo específico. Imaginem a cena: "Não, no pâncreas não quero não. Agora me vê um melanoma básico, destes que não precisam de quimioterapia, por favor." Surreal!

Acho que a morte do Patrick Swayze me abalou por dois motivos: obviamente pelo tipo de doença e pelo fato de em pleno século XXI estarmos tão longe da cura, mas também por ter de alguma forma estranha sepultado um sonho de adolescente ou ter-me feito enxergar que aquele tempo não volta mais. Será que estou me sentindo velha?

Ano passado, quando participou do Stand Up 2 Cancer, um evento beneficente enorme aqui nos EUA, ele disse que sonhava com o dia que a palavra "câncer" não fosse seguida da expressão "de cura impossível." Infelizmente, Patrick, assim como tantos outros, não viveu para ver este dia.

Como disse à Carmi ontem, parte da missão dos que ficam é fazer com que este dia esteja cada vez mais próximo e que aqueles que partiram sem realizar este sonho jamais sejam esquecidos.

É por isto que a campanha por doação de medula aqui em Maryland vai ser uma homenagem ao Todd, para que as pessoas tomem consciência de quã importante é este ato de solidariedade. É acridoce não tê-lo aqui conosco fisicamente, pois certamente ele estará lá em espírito.

Quanto ao Patrick Swayze, ele não precisa de muito para ficar imortalizado na imaginação de milhões das mulheres que foram as adolescentes dos anos 80/90 e que viram cada um de seus filmes mais de 10 vezes -- grupo no qual me incluo.

O cara era o máximo: uma combinação perfeita de masculinidade e delicadeza, pois onde já se viu um cowboy ser bailarino?

Além de tudo era simplesmente LINDO.

Saudade...

September 14, 2009

O rosto do Todd



Muita gente aqui torceu, rezou e sofreu muito com a partida do Todd, um cara superbacana e cheio de vida que nos deixou cedo demais. Vocês praticamente conhecem toda a história dele, mas se são um pouquinho como eu, morrem de curiosidade de saber como ele realmente era.

Eu sempre dizia que ele era um cara muito bonito, mesmo visivelmente doente e afetado pela GVHD [doença do enxerto contra o hospedeiro, em português], dava para ver que ele tinha os traços muito bonitos e os olhos era duas continhas azuis.

Mesmo não estando mais aqui, ele vai ser o garoto-propaganda da nossa campanha de doação de medula, então pedi à Carmi uma foto dele para colocar nos posters. Pedi uma foto dele saudável, de antes da doença com a qual ele lutou incessantemente pelos últimos cinco ou seis anos. Ela me mandou a mesma foto que estava na porta do quarto dele e fazia as enfermeiras suspirarem cada vez que passavam por lá.

Sempre disse que o Todd tinha algo angelical, o cabelo, a cor dos olhos e certamente as atitudes e o modo de encarar a vida...e a morte. Acho que a foto fala por si só.

Feedback

Adorei os comentários aqui! E como o cliente tem sempre razão, esta semana vou experimentar outras cores de fundo. Eu adoro preto e como sou míope enxergo muito bem de perto, mas sei que tem gente que tem problemas para ler em fundo escuro.Vou deixar o preto por mais uns dias para ver se o povo se acostuma com a mudança e mais pro fim da semana, vou colocar um fundo mais claro e pedir mais opiniões, até a gente fechar um formato que agrade a maioria.

September 13, 2009

Cara Nova

Não sei se vocês repararam, mas resolvi dar uma repaginada no visual do blog. Eu continuo a mesma, rosa continua sendo minha cor favorita, mas já estava cansando de dar de cara todo dia com o mesmo template... Enjoei...pronto, falei!

Foto básica e bem recente...menos princesinha e mais pé no chão. Será nova fase? Só o tempo dirá...

E vocês, o que acharam da mundança?

Minorias


Detesto esta expressão, pois acho que simplesmente não significa coisa nenhuma, já que de uma hora para outra passamos de minoria à maioria, de dominadores a dominados ou coisa do tipo. Não gosto de rótulos nem de segregação. Acho pura perda de tempo.

Por ironia do destino, aos chegar aos EUA, virei minoria da noite pro dia. Percebi isto há muito tempo, quando uma amiga minha começou a falar mal dos "brancos" na minha frente e quando tentei contestar, ela respondeu assustada: "E desde quando você é branca? Quando falo dos brancos, me refiro a estes brancos daqui, não tem nada a ver com você!" E ali, para minha surpresa, fiquei sabendo que tinha acabado de mudar de etnia, de branca tinha virado "outros" e depois acabei percebendo que de "outros" tinha virado "latina". Apesar de meu inglês ser melhor do que meu espanhol, era o rótulo que me pertencia.

E ao longo dos anos fui me habituando a isto e hoje já respondo aos questionários como "hispânica", "de origem espanhola ou latino-americana", afinal, no meu caso, as duas condições se aplicam.

Em lugar nenhum como no meu trabalho o meu papel de "minoria" fica mais evidente: sou a única mulher não-negra. Além de mim há apenas dois homens: um indiano e um chinês. Haja diversidade! Mas como ninguém sabe o que brasileiro é na verdade, sou meio café-com-leite.

Na minha vizinhança também não é diferente. Na primeira vez que saí atrasada para o trabalho, vi todas as crianças indo para a escola, que fica bem em frente a minha casa. Para minha surpresa eram 100% asiáticas -- grande maioria de chineses, alguns coreanos e uns indianos! Chinatown é aqui!

Ontem fomos a uma festa na casa dos vizinhos aqui do lado, um casal muito bancana de chineses! E fora um casal de colombianos que moram aqui em frente, éramos os únicos não-chineses na festa. Nem precisa dizer que a comida estava um delícia e os anfitriões ficaram muito satisfeitos ao perceber que experimentávamos cada uma das iguarias. "Americanos nunca fazem isto!," eles diziam, "Parece que tem medo das nossas comidas," me contava a minha amiga Yen, que além de minha vizinha, foi minha colega de trabalho na universidade em College Park.

Detesto rótulos, mas adoro chineses. Acho que eles são pessoas tão interessantes e bem contra o estereótipo, sempre tenho um amigo chinês/coreano/japonês muito falante e extrovertido. Foi graças a minha amiga de faculdade Mihori, uma japinha que falava espanhol superbem, que passei a conhecer e a adorar sushi! O meu amigo James, um coreano-americano muito gente boa, era meu anjo da guarda em Nova York e mesmo depois de anos sem nos ver, ele e a esposa foram ao Rio para meu casamento!

Aqui nos States, eles usam muito a expressão "east meets west" se referindo a pessoas que gostam e se influenciam tanto por filosofias ocidentais como orientais, independente do lugar onde tenham nascido. A julgar pelos meus gostos, desde comidas a filosofia, acho que me incluo neste grupo. Não deve ter sido a toa que viemos parar aqui, em plena Chinatown da suburbia!

September 10, 2009

Obama e a Saúde

Nos últimos dias não se fala de outra coisa aqui: Obama! na terça, ele fez um pronunciamente direcionado aos alunos das escolas públicas nos EUA, no canal especial que é transmitido nas escolas de todo o país. Um ato tão simples causou uma polêmica enorme,com diretores que obrigaram todos os alunos a assistir a pronunciamente sob ameaça de punição de um lado, e pais se recusando a mandar os filhos para a escola dizendo que não tolerariam propaganda política.

No final das contas, um tremendo exagero, já que o discurso do presidente foi mais uma lista de conselhos para as crianças, numa versão bem mais simples do livro do meu favorito Rainer Maria Rilke, Cartas a Um Jovem Poeta.

Mas o discurso de ontem foi muito mais polêmico, muito mais ardente, a começar pelo público e o local: o Congresso Americano. Claro que agora todo mundo já viu um dos deputados chamar o Obama de mentiroso, no maior estilo barraco que a gente pensa só existir no Brasil, mas distrações à parte, este é um debate duro mas que tem que acontecer neste país urgentemente.

Normalmente me abstenho a dar uma opinião por simplesmente não possuir conhecimento total dos fatos e saber que há sempre vários argumentos em qualquer uma das posições que se tome, mas uma das situações é muito real para mim: a ausência de cobertura por questões financeiras. Não sei bem o motivo mas isto tem um gosto amargo demais para mim. Não acho justo que só uns poucos privilegiados tenham direito a uma cirurgia ou a um tratamento que pode lhes salvar a vida. para falar a verdade, acho isto indecente! Acho covarde. Acho cruel. As mortes da Thalita e da Lilia ainda engasgadas na minha garganta e as tantas perguntas que jamais terão respostas.

É claro que há os que dizem que já havia chegado a hora delas, mas este argumento não me traz nenhuma paz. Quem há de dizer que a minha hora também não tinha chegado? A única diferenca entre mim e elas é que eu tinha plano de saúde, eu tinha recursos financeiros, eu tinha pais que tinham amigos que puderam me ajudar logo. Elas não. E o resultado disto é que eu continuo aqui e elas partiram. Partiram mas não sem antes lutar muito, é bem verdade, mas sua passagem por aqui foi breve demais. Acontece no Brasil. Acontece nos EUA. Infelizmente.

Durante seu discurso, Obama fala de Ted Kennedy, que também morreu de câncer, mas que antes disto, viveu a doença dos dois filhos e sentiu na pele o que é ser pai de um filho muito doente. Na época, quando recebeu os dois diagnósticos terríveis, Ted não se deu por vencido, convocou os melhores especialistas do país, lutou até encontrar um médico que aceitasse cuidar dos casos da forma mais agressiva possível. E das duas vezes saiu vencedor: seus dois filhos vivem saudáveis hoje.

Ted sabia que era provilegiado, mas não achava isto justo e por isto sempre lutou arduamente pela reforma do sistema de saúde americano. Obama diz que a paixão e a compaixão de Ted Kennedy não eram originárias de nenhuma filosofia política, mas das experiências vividas pelo senador ao longo de sua vida. Entendo bem isto. Ao contrário da imensa maioria da população americana, não tenho nenhum problema com meu plano de saúde, aliás com meus planos, pois hoje tenho dois! O que um não cobrir, o outro paga. Mas ao meu redor, pessoas perdem suas casas e gastam todas as economias para cobrir despesas de saúde.

É claro que muitos vão acusar o Presidente de usar o nome de Kennedy para passar a tal reforma. Talvez eles tenham razão. Não entendo muito bem os meandros da política ou do sistema de saúde americanos, mas do fundo do meu coraçã sei que algo fundamenteal tem que mudar na saúde deste país, que há muito tempo está muito doente.

September 9, 2009

Spent


Trocando figurinhas com meu amigo Lallo, de San Francisco, ele me recomendou que lesse um livro chamado Spent, cujo título em português, se traduzido literalmente, seria "Gasto," pois é assim que a maioria dos seres humanos se sente hoje em dia.


O Lallo jura que o livro faz milagres. Diz que deois que implementou alguns (não todos!) conselhos do autor sua vida mudou, e seu exame de sangue comprova isto, já que apresentou uma melhora significativa.


Depois de tanta propaganda, resolvi pegar o livro na biblioteca. Se for bom, compro depois. Ontem à noite comecei a ler e gostei do que vi. O melhor é que já sigo muitas das dicas do autor. O grande problema, suspeito, vai ser ELIMINAR completamente o açúcar da minha vida. O açúcar em si não me assusta tanto, pois quase não uso e substituo por stevia, mas o grande problema é que TUDO tem o bendito açúcar inustrializado como ingrediente, até o cereal que como de manhã!!!!


É bem verdade que atualmente alterno o cereal com uma vitamina receitada pela minha herbalista, mas tirar mais uma coisa do meu cardápio já reduzido vai ser trevas. Do início de 2008 pra cá já tirei carne, leite, refrigerante, adoçante e outras cositas más. Agora até o meu santo cereal vai pras cucuias?!


Obviamente incorporei uns ingredientes que eu sequer sonhava que existiam, tipo quinoa (que eu amo e como sempre!), tehini (ou pasta de gergelim), grão de bico, agave, leite de amêndoas, de aveia, e muitos outros alimentos deliciosos. Também incrementei muito a minha listinha de temperos: alecrim, ervas da Provence, pimenta cayenne, etc...


E também tem as frutas, todas locais! O grande barato de morar em Suburbia USA é que mesmo estando espremida entre Baltimore e Washington, a cinco minutos da minha casa tem duas fazendas e num raio de 30 km acho que umas 10, então a gente dá uma paradinha na volta do trabalho e abastece a casa com milho (White Queen Corn -- melhor não existe!), melancia, melão, alface, dente de leão e mais um monte de frutas e legumes frequinhos. Um luxo! Ano que vem, vamos fazer parte da cooperativa de uma das fazendas, o que quer dizer que por um valor fixo, a gente recebe uma cesta lotada de alimentos a cada semana por uns quatro meses!


Mas voltando ao tema do livro, estou achando superinteressante, pois o autor é médico, mas faz uso de medicina fitoterápica, yoga, meditação e acupuntura, exatamente o que tenho tentado fazer.


Há um tempinho venho tentando deixar a doença para trás para focar na saúde, pois como dizem os sábios chineses, a cura começa pela prevenção.

September 8, 2009

História Americana







Tudo começou quando comecei a perguntar ao Blake por que cargas d'água americano adora se fantasiar. Aqui em Maryland, este mês tem o tal Renaissance Festival, ou Festival da Renascença, que é uma feira livre onde as pessoas se transportam no tempo e compram bugingangas, comem galinha com a mão e um ou outro maluco se veste nos trajes de época. Tipo um Medieval Times ao ar livre e mais interativo.
Acho engraçado porque obviamente por estas bandas não há absolutamente nada que remeta à esta época, então é tudo bem fake. Sempre achei que fosse coisa pra criança, mas fui dizer isto pra minha cunhada, ao revelar a minha total falta de interesse e vontade de me vestir a carater, e acho que ela deve ter ficado ofendida, pois depois disso não nos falamos mais. Diferenças culturais? Vai saber... Mas pra mim, fora desfile de escola de samba e baile a fantasia, adulto fantasiado é meio esquisito... Abro exceção para festas de Halloween, mas só.

Cansado de ouvir as minhas piadas sobre a mania americana de achar que tudo é história, o Blake resolveu me surpreender com uma viagem rapidinha para a Virginia, mais precisamente uma visita a Monticello, casa de Thomas Jefferson, e Williamsburg, uma cidadezinha histórica. O engraçado é que apesar de ter morado no estado durante a minha faculdade, nunca visitei a casa de Jefferson e sempre tive muita vontade.

O fim de semana foi bacanérrimo. Monticello é um lugar belíssimo e vale uma visita. Aliás, só o site deles já é superinteressante. Jefferson era mesmo um cara fascinante além de inteligentíssimo, interessado em tudo, desde jardinagem até agricultura, pasando por relógios e metereologia!

O Blake sempre morre de rir comigo quando digo a ele que não gosto de assistir programas de TV ou documentários sobre viagem. Também não curto muito escrever sobre lugares que visitei. Para mim viagem não é algo que se descreve, é algo que se sente e frequentemente tantas sensações ficam meio perdidas quando passadas para o papel. Acho dicas e roteiros superúteis, mas uma viagem nunca é igual a outra. O roteiro pode até ser o mesmo, mas viagem, cada um faz a sua e é isto que torna esta experiência tão especial.

Williamsburg foi um pouco decepcionante. Apesar de já ter visitado a cidadezinha várias vezes, acho que fui enganada pelas minhas próprias lembranças, pois esperava mais. As casinhas são fofas, as lojinhas também, mas numa tarde dá pra conhecer tudo. As tavernas são o melhor do lugar.

O melhor foi a preparação para a viagem do mês que vem. Testamos sapatos, câmeras e outros apetrechos que vamos levar. Como diz a minha avó, seguro morreu de velho.

September 5, 2009

Vou ali e já volto...



Ontem recebi com surpresa a notícia de que íaamos para Williamsburg. Aindanão tive tempo de arrumar as malas etemos que sair daqui a meia-hora.

A cidadezinha é muito fofa e sempe foi especial pra mim, que estudei na Virginia há 15 anos, então vai ser muito legal revê-la.

Depois volto aqui para contar sobre as mudanças!

Enquanto a Espanha não vem, Colonial Williamsburg will do!

September 4, 2009

Mudança no Roteiro


Por conta do tempo em outubro, decidimos mudar o roteiro da nossa viagem mês que vem e trocamos a Provence pela Andalucia. O mais engraçado é que o Blake é que fincou pé e insistiu em ir para a Espanha, que afinal sempre tinha sido o motivo da viagem. A desculpa era usar meu passaporte espanhol que está tinindo de novo e pelo qual esperei "apenas" 15 anos e uma drástica mudança nas leis locais, mas como boa brasileira -- e agora espanhola -- não desisto jamais! Ano que vem, peço a minha cidadania americana e dentro de um ano, passo de um para três passaportes! :)

A história do passaporte por si só já daria uma novela mexicana, ou melhor, um dramalhão ibero-brasileiro com 15 anos, 180 meses ou 5475 dias de duração e muito sangue, suor e lágrimas. Resumindo o drama, a minha irmã que é apenas um ano e meio mais nova que eu tem o pasaporte dela desde noventa e poucos, assim como meu irmão. Meu pai teve o dele muito antes, mas como a rapidez não é marca da cultura hispânica, quando chegou a vez dos filhos, a espera foi grande e quando finalmente tivemos autorização para pedir nossos passaportes eu já estava velha demais! Tinha passado da data limite por coisa de uns 10 meses ou coisa parecida.

Mas como águas passadas não movem moinhos e o que é do homem o bicho não como, 15 anos depois, o passaporte, que sempre tinha sido meu por direito, veio parar na minha mão, na maior rapidez e sem grandes burocracias. Hoje sou cidadã espanhola (hahaha!), registrada na Embaixada de Washington, e tenho domicílio eleitoral em Madrid, onde mora uma tia-avó velhinha minha que nunca vi! Muito chique.

De volta à viagem que ainda não aconteceu, o roteiro agora é Barcelona, Sevilla, Granada, Valencia e o que mais estiver no meio do caminho. Já fechamos passagens, carro, hotel e até banhos árabes... Mal posso esperar, pois estressada como ando hoje, adoraria poder me jogar num destes.

Pena, ainda tenho mais de um mês para esperar...

September 3, 2009

Crise no Closet e Saudade de Casa

Sabe quando a gente acorda certa de que vai usar uma roupa, que já usou trocentas vezes, e quando põe no corpo, simplesmente odeia?! Pois é, me aconteceu hoje! Depois da primeira tentativa, vieram outras tantas, mas antes de perder a paciência por completo, decidi usar uma coisinha bem básica para evitr mais estresse. Acordar às seis para sair de casa às sete e meia, sem ter lavado o cabelo, só comigo mesmo.

Mas em vez de continuar o mau humor pro resto de dia, dei o assunto por encerrado, entrei no carro e cheguei no trabalho pouco depois das oito. Mais cedo do que de costume, mas mais de uma hora mais tarde do que tinha planejado. C'ést la vie.

Além da nossa viagem mutante e a mania do Blake de pesquisar tudo ad eternum -- igualzinho a mim, not! -- tenho que fazer a minha parte também: fiquei encarregada de escolher alguns hotéis em algumas cidades onde vamos parar. Já vi trocentos e todos me parecem ótimos -- que indecisão!

No trabalho, o clima de stress sempre, mas confesso que aos poucos vou ficando imune. Claro que odeio perder tempo com gente sonsa que sonega informação, mas não adianta muito tentar remar contra a maré. Sempre foi assim antes de mim e vai ser assim depois que eu me for. Problema deles.

Por estas e outras, minha inspiração anda no chão, sendo assim, nada de muito legal por aqui.

Só que hoje ao abrir meu Twitter e meu Facebook, percebi que ambas as contas tinham sido invadidas por imagens da minha cidade, ou seja, me deu uma baita saudade de casa! Claro que os vídeos sobre a candidatura do Rio às Olimpíadas de 2016 não podiam ser mais lindos. A cidade é um espetáculo e as imagens não poderiam ser mais belas. Confesso que a pateta aqui ficou arrepiada e morrendo de vontade de pegar o primeiro avião rumo ao Galeão! Eita campanha boa!

Claro que além do talento do cinegrafista, o editor também foi fenomenal cortando as imagens mais feias. Claro que a favela atrás do Sambódromo fica bem discreta e as casinhas brancas nos morros fazem lembrar as montanhas da Europa, quando a realidade não poderia ser mais diferente. Claro que a narradora diz até 2016 vamos ter uma highway ou coisa do tipo ligando todos os pólos olímpicos (mas ninguém falou de metrô?) e ainda por cima disse que Deodoro é perto da Barra. Desculpem a ignorância, mas desde quando? Eu morei na Barra tempos e não faço a menor ideia de como se faz pra chegar em Deodoro. Sei lá... Quae morri de rir quando a narraora dizia que as provas de tiro acontecerão no lugar tal. "Como assim cara-pálida"?", pensei eu, "Tiro no Rio acontece na cidade inteira!"

Bom, mas deixando o espírito crítico de lado, o trabalho de marketing do pessoal está de parabéns. (Agora só falta implementar tantos projetos!) As imagens são lindíssimas e para quem está longe de casa, tudo tem um sabor especial. A gente vira idiota mesmo, mas o fato é que só assim me livrei do mal humor matutino.



September 1, 2009

Tem que rir pra não chorar...

Comercial de Remédio

Para vocês não pensarem que é exagero meu...

Remédios Americanos

Uma das coisas que me chamam mais atenção aqui nos EUA é o número de comerciais de remédios na TV. Claro que os núncios em jornais e revistas também nãoficam atrás, mas já acordar, ligar a TV e dar de cara com nomes feito Symbalta, Lunesta, Rituxan, Chantix ou Areva é dose. Pois é, estes são só alguns nomes que me vem à cabeça, provavelente porque os vi hoje quando assistia TV ao me arrumava para o trabalho.

Reparem que não estou me referindo a Tylenol, Advil ou coisinhas mais básicas, esta galera ai de cima é harcore. Tem remédio para depressão, artrite reumatóide, tem até remédio para parar de fumar. Confesso que quando vi o tal coemrcial, que prometia ser a oitava maravilha, quase liguei pra mimha mãe, que há séculos tenta se livrar do vício sem sucesso. Mas quando já ia pegar o telefone, animada com tantas boas-novas, ouvi um aviso no final do filme. O narrador lia rápido o script abaixo:


Important Safety Information

Some people have had changes in behavior, hostility, agitation, depressed mood, suicidal thoughts or actions while using CHANTIX to help them quit smoking. Some people had these symptoms when they began taking CHANTIX, and others developed them after several weeks of treatment or after stopping CHANTIX. If you, your family, or caregiver notice agitation, hostility, depression, or changes in behavior, thinking, or mood that are not typical for you, or you develop suicidal thoughts or actions, anxiety, panic, aggression, anger, mania, abnormal sensations, hallucinations, paranoia, or confusion, stop taking CHANTIX and call your doctor right away. Also tell your doctor about any history of depression or other mental health problems before taking CHANTIX, as these symptoms may worsen while taking CHANTIX.

Some people can have serious skin reactions while taking CHANTIX, some of which can become life-threatening. These can include rash, swelling, redness, and peeling of the skin. Some people can have allergic reactions to CHANTIX, some of which can be life-threatening and include: swelling of the face, mouth, and throat that can cause trouble breathing. If you have these symptoms or have a rash with peeling skin or blisters in your mouth, stop taking CHANTIX and get medical attention right away.

The most common side effects include nausea (30%), sleep problems, constipation, gas, and/or vomiting. If you have side effects that bother you or don’t go away, tell your doctor.

You may have trouble sleeping, vivid, unusual, or strange dreams while taking CHANTIX. Use caution driving or operating machinery until you know how CHANTIX may affect you.

CHANTIX should not be taken with other quit-smoking products. You may need a lower dose of CHANTIX if you have kidney problems or get dialysis.

Before starting CHANTIX, tell your doctor if you are pregnant, plan to become pregnant, or if you take insulin, asthma medicines, or blood thinners. Medicines like these may work differently when you quit smoking.

CHANTIX is a prescription medicine to help adults 18 and over stop smoking. You may benefit from quit-smoking support programs and/or counseling during your quit attempt. It’s possible that you might slip-up and smoke while taking CHANTIX. If you do, you can stay on CHANTIX and keep trying to quit.


Claro que depois de ouvir tantos possíveis efeitos colaterais, desisti da minha ideia de ligar para minha mãe. Afinal, antes fumante do que paranoica, antes viva fumante do que morta!

Ai que horror! Não é a toa que aqui tem até organizações cuja missão é desvendar o verdadeiro conteúdo destes anúncios aparentemente inofensivos e até mesmo úteis.



Gente, este povo não tem mesmo medo de karma!