Se tem uma coisa que não gosto muito é de olhar pra trás. Sim, houve um tempo que fiquei muito presa ao passado, ao que já era ou tinha sido. Fiquei empacada mesmo, prisioneira. Por motivos bons e ruins, lembranças de experiências bacanas que tinham ficado para trás ou sentimentos amargos causados por fatos que eu já não podia mais mudar viviam dentro de mim. Mau humor e tristeza eram os resultados mais óbvios do meu estado de espírito.
Meu outro pecado também foi sempre fixar meu olhar no futuro, no horizonte, no que ainda está por vir, no que é incerto e nebuloso e que também ainda não pode ser mudando, simplesmente pelo fato de que ainda não é. Refém dos meus planos futuros, meu olhar vidrado no horizonte pouco percebeu a paisagem e o que acontecia a minha volta. E o que era presente virou passado e o que era futuro fica eternamente por vir.
Mas então a minha vida virou de cabeça para baixo pelo pior motivo possível e só assim consegui enxergar que não vale a pena ficar preso àquilo que não se pode mudar, por melhor ou pior que tenha sido ou que venha a ser no futuro. O que já foi não importa mais e o que ainda não é não pode ser pertinente já que sequer existe.
Passei então a exercitar diariamente a ideia de agradecer ou me entristecer pelo que acontece já. Viver tudo que for possível no momento. Hoje, mais do que nunca procuro viver o momento. Sei que pode até parecer chavão ou papo de livro de auto-ajuda (que detesto!), mas é verdade. Acho que hoje sou mais sensível e consigo perceber quando o momento é especial.
Num dos meus primeiros encontros com Blake no Brasil, ele me pediu para parar um instante e ficou olhando pra mim. Fiquei sem entender nada. Ele olhava pra mim e olhava ao meu redor sem dizer uma palavra. Quando perguntei do que se tratava, ele respondeu que estava criando uma "foto mental", que estava gravando aquele momento na memória dele para que quando a saudade apertasse, ele se lembrasse daquele momento exato. Mas enquanto isto, ele estava vivendo o tal momento ciente de que era algo especial.
Gostei da lição e volta e meia, quando algo bom me acontece, por mais banal que seja, respiro fundo, olho ao meu redor, agradeço pelas bênçãos e faço uma "foto mental" para guardar no HD do meu coração. Sem carregar comigo emoções ou pensamentos, só a imagem.
3 comments:
Nossa!!!!!! Pede ao Blake para me ensinar a tirar fotos mentais, deve ser o maior barato,
Beeeeeeeeeeijos,
MOM
Que post lindo! E o blog tá lindo também, fiquei um tempo sem aparecer por aqui e levei uma surpresa.Adorei!
Beijos
Que curioso Dani!
Quinta passada eu tava em Sintra e um mexicano me ensinou tirar uma foto mental. Pois é, a língua que menos falei nas férias foi português, Lisboa tava invadido por latinos e afins...
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