September 25, 2009

A Vida Acaba Quando o Sonho de Viver Termina



Achei esta frase fenomenal e ilustra bem o maior desafio de quem tem que enfrentar uma doença que pode ser terminal. O clip acima faz parte da entrevista que Eduardo Marafanti, fundador da Abrale (Associação Brasileira de Leucemia e Linfoma), concedeu ao Jô Soares, mês passado. Quem tiver tempo -- quem não tiver arruma! -- deve assistir as três partes da entrevista, que foi indicada pela Paula, e é simplesmente imperdível.

O interessante para mim é que, apesar de tão diferentes, todas as histórias de pessoas que tiveram que lidar com a doença tocam sempre nos mesmo pontos. É incrível como pessoas que aparentemente não tem nada a ver, acham denominadores tão comuns ao passar por situações difíceis e de certa forma semelhantes. Sempre digo que o câncer é uma doença democrática, não só por atacar homens e mulheres, jovens e idosos, ricos e pobres, mas por fazer com que cada uma destas pessoas descubra quem verdadeiramente é.

É claro que é uma jornada e tanto, cheia de percalços e desafios, de altos e baixos, de medos e inseguranças, e cada um lida com ela de uma forma particular. Uns, como eu, gostam de dividir as histórias, de compartilhar medos e vitórias, outros preferem guardar para si e se expor o mínimo possível. Uns demoram um pouco para tocar no assunto. Outros jamais falarão abertamente da experiência. Mas uma coisa todos temos em comum: o medo, nem que seja só no início, e a vontade, nem que seja desespero, de lutar, a gana de viver. São processos que vivemos muito intensamente: do choque, à luta, passando pelo medo, pela tristeza e às vezes pela negação.

É claro que para muitos a história de que "não deixo que pequenas coisas me perturbem mais" ou "agora sei dar valor ao que realmente importa" chega a ser até irritante, pelo menos no início. Vivendo um turbilhão de emoções e tendo que tomar decisões práticas e rápidas, fica difícil para qualquer um se tornar filosófico. Mas acontece. Nem todo mundo vira monge ou decide viver numa casinha no campo, mas cada um de nós acaba fazendo algumas concessões e todos no final passamos a dar valor à nossa vida, principalmente depois de ter lutado muito por ela.

Difícil não se emocinar com histórias como as de Eduardo, de coragem, de pioneirismo e de solidariedade. Grande inspiração. Tomara que em breve mais e mais brasileiros tenham a chance que Eduardo teve de pelo menos tentar um protocolo experimental, de fazer parte de um teste clínico, de ter acesso a uma droga nova. Como ele mesmo disse na entrevista "afogado se agarra até em navalha!"

2 comments:

Nei Vieira said...

Olá! Eu vi essa entrevista no dia... Depois de umas senanas, comentei com sua amiga Ana Paula de São Paulo. Ela me passou seu link e adorei, vc. fez uma bela análise da entrevista, parabéns!
Eu também fiz TMO há 10 anos por LMC. Eu, Ana e Eduardo - tivemos o mesmo tipo de leucemia, e cada um com suas histórias... Eu sofri muito mesmo no pós-tmo com GVHD (doença do enxerto x hospedeiro), doença auto-imune. E hoje estou ótimo graças a Deus! Há incluvise eu fiz uma feijoada para umas 140 pessoas dia 26/09/09 - pra comemorar os 10 anos de vida nova!

Dani said...

Nei,
Obrigada pela visita!
Foi a sua, ou melhor nossa, amiga Paula que me falou da entrevista. Emocionante!
Fico muito feliz em ver histórias como a sua, a dela e a do Eduardo.
Sei muito bem como um transplante é difícil; há poucos meses perdi um amigo para a GVHD. Um rapaz de 28 anos, de uma garra impressionante e cheio de vida. Histórias como a de vocês me enchem de esperança.
Fique com Deus e celebre muito a nova vida! Parabéns!
Bjs