September 16, 2009
Elefante
Volta e meia alguém me faz a pergunta mais óbvia do mundo, a mesma pergunta que me persegue há quase sete anos: quais são as chances de uma recidiva? Daria tudo por uma resposta...ou não.
Esta também é a mesma pergunta que faço para cada um dos médicos a cada vez que os encontro. Mas a resposta é sempre a mesma: Não há certezas. Claro que os estudos e as pesquisas sugerem que com o passar do tempo a probabilidade de uma recidiva é cada vez menor, mas infelizmente ela nunca deixa de existir. Por algum motivo esta doença encontrou um ambiente apropriado para se desenvolver em alguns e não em outros. O motivo, a ciência ainda não consegue explicar. É um sentimento incômodo, uma sensação de que existe algo desconhecido dentro de nós que não pode ser controlado, que não pode ser sequer previsto. Às vezes é cansativo ter que estar eternamente alerta.
Confesso que já perdi muitas noites de sono e derramei muitas lágrimas tentando responder esta pergunta e tentando entender a minha situação, um tanto suigeneris. Aos poucos chego à conclusão que foi puro tempo perdido: não me cabe entender a situação, também não posso fingir que ela não existe por mais desconfortável que seja, então só me resta aceitá-la e conviver com ela da melhor maneira possível. Não há nenhuma explicação ou certeza no meu caminho, mas então penso que a vida dos outros talvez não seja tão diferente assim, e sigo meu rumo.
O fato é que, como se diz por aqui, tenho um elefante no meio da sala, uma cicatriz em forma de Mercedes no meio da barriga, que ostento com orgulho a cada dia que passa. Assim como a cicatriz no meu abdome, também não posso fazer o meu histórico médico desaparecer; é meu elefante no meio da sala. É o que me cabe. Mas em vez de olhar para o animal gigante com medo, procuro enxergá-lo como um bichinho de estimação, um tanto quanto excêntrico, é verdade, mas domesticado e manso.
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recidiva
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1 comment:
É isso mesmo, Dani, viva sua vida feliz, siga seu rumo; cada dia é uma dádiva, uma benção. Nós estamos aqui neste mundo e não sabemos o dia de amanhã - nenhum de nós, mas com fé e otimismo vamos tirando as folhinhas do calendário das nossas vida, sempre esperando que o melhor aconteça.
Um beijo e que Deus te conceda muitas alegrias sempre!
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