June 16, 2009

Inexplicável

Ontem ao visitar o Todd no hospital, vi que o quadro se agrava a cada dia. Pela primeira vez, ema praticamente não interagiu com a gente. Fiquei lá mais de uma hora, conversando mais com a Carmi do que outra coisa.

A fé dela me emociona, pois não é uma fé cega e irracional, é uma fé profunda e conformada. No meio de tanta dor, ela ainda agradece por poder estar com os filhos a seu lado, agradece por não ter tido que tomar nenhuma decisão difícil sobre a saúde do Todd, agradece o carinho da gente... Agradece por tudo! E quando ela se questiona sobre alguma coisa, logo diz para si mesma que o filho nunca foi assim, nunca foi desagregador, nunca foi revoltado, então ela também não pode ser. Ainda ontem ela dizia ter esperanças de que o Todd de alguma forma tenha ensinado algo aos médicos e enfermeiros que cuidam dele. Claro que a gente não tem a ilusão de tocar o coração de cada um, mas sempre existe no meio de uma multidão de funcionários burocratas e sem alma, alguém que enxerga as coisas de um modo diferente, alguém especial.

É impressionante como para algumas situações não existem respostas, então temos que aceitar mesmo os desígnios de Deus, que quer levar alguns mais cedo do que outros. Se fosse por coragem e determinação, o Felippe estaria aqui até hoje, pois jamais pensou em desistir e a cada dia que o quadro se complicava, mais determinado ele estava para vencer a luta. Mas ele partiu. Se fé deixasse alguém aqui com a gente, a Thalita estaria aqui até hoje. Ela tinha uma fé enorme e em nenhum momento deixou de colocar sua vida nas mãos de Deus. Se resignação aumentasse o nosso tempo aqui, o Daniel não teria partido depois de mais de sete anos de luta. Com atitude de samurai, ele vivia um dia de cada vez, dentro das muitas limitações impostas pela doença, mas sem abrir mão de fazer o que gostava. E por fim, se fosse por obediência e gentileza, o Todd viveria até os 200 anos, pois ele jamais descumpriu uma ordem médica e até agora aceita qualquer procedimento sugerido pelos médicos.

Nestas horas fica claro que não há receitas, não há causas, não há explicações. Dói bastante ter que entender e conviver com isto, mas não existe razão em questionar o inexplicável.

2 comments:

Ana, A menina que roubava idéias said...

Diante do sofrimento, uns amigos meus que perderam filhos nos ensinaram que não tem que perguntar Por que, mas Para que. Aprendi que coisas ruins acontecem com pessoas boas e vice e versa. O importante é como você lida com isto.

Sua amiga é a própria Maria, que viu seu filho sofrer, sofreu junto, com dignidade e em pé, por que confiava em Deus e entregou seu filho aos cuidados dele. Ele vai fazer o que for melhor.


beijos, você é muito especial.

Dani said...

Obrigada pelo carinho...
É verdade mesmo. A cena ontem me pareceu bastante familiar, agora entendo o porque -- sofrimento de mãe é sempre comovente demais.
Bjs e fique com Deus