June 11, 2009

Pensando com meus botões

Nos últimos dias tenho pensado demais. O Blake tem até estranhado o meu silêncio repentino. Na hora do jantar então, ele pergunta “E aí? What’s up? Nada pra falar não?” E eu, que sou uma matraca, suspiro e respondo que estou aquietando a minha mente. Ele acha tudo muito esquisito, pois o meu silêncio temporário muda toda a nossa dinâmica de casal. Eu falo, ele responde! Nunca ao contrário...

Mas ultimamente por conta de tudo que anda acontecendo com o Todd, tenho pensado muito e falado pouco. Tenho buscado dentro de mim justificativas para o inexplicável. Aliás, acho que desisti das explicações de vez, estou entrando no doloroso processo de aceitação. É o maior chavão do mundo, mas só me resta pensar que cada um tem sua hora e que nem todo sofrimento pode ser explicado. Sou testemunha da dor alheia e procuro estar presente sempre que solicitada, sem jamais er uma intrusa. É uma linha muito tênue, mas tenho conseguido um certo equilíbrio.

Converso muito com Deus sobre tudo, das coisas mais sérias às coisas mais banais e volta e meia entendo quando ele me manda uma resposta. Tenho me perguntado muito se vale a pena o que estou fazendo, principalmente nas horas que me sinto completamente impotente. Nestas horas a dor é absurda. Sei que a gente não deve se envolver tanto, mas pra mim esta teoria não funciona na prática. Acho que jamais vou conseguir implementar este conceito, não tem nada a ver comigo.

Também não vou conseguir dar às costas para tanto sofrimento alheio. Depois de tudo que passei, os doentes deixaram de ser "eles" e passaram a ser “nós”. Estes pacientes já são abandonados pelos médicos, muitas vezes pelos amigos e não raro pela família que não consegue estar presente num momento de tanta dor (felizmente, não é o caso do Todd), eu não conseguiria seguir meu caminho deixando-os pra trás.

Acho que no meu caso o melhor a fazer é tentar aumentar a minha fé. É realmente acreditar que Deus nos chama mesmo quando pensamos não estar prontos, mesmo quando os que ficam não conseguem entender. E é justo aí que eu estou tentando entender o inexplicável, tentando achar sentido no imponderável... Tarefa nada fácil.

5 comments:

paula said...

Dani,

No momento sinto exatamente isso, e sabia que vc também ia chegar a estas conclusões, nos questionamos se vale a pena tudo isso quando o inevitável está para acontecer, mas por outro lado, não dá para "fingir" que não é com a gente quando alguém precisa de nossa ajuda, e tanto eu quanto você não ficamos por aqui simplesmente por acaso, não nos conhecemos virtualmente por acaso, já parou para pensar nisso?
Não foi uma coincidência eu ter entrado em seu blog, ter me apresentado e tempos depois vc conhece o Todd, fui de uma certa forma "colocada" no sei dia a dia, e pude memo que de longe, dar uma pouquinho de esperança para ele e a família, espero ainda poder ajudar muitos,é difícil, mas cada vez mais, creio que existe algo maior, muito maior, que controla tudo isso.
E nós, por nossa vez, simples ferramentas para em momentos de dor e desespero ajudar a quem precisa.
Sinto-me privilegiada de ter te conhecido e poder de alguma forma
participar de sua nobre missão.

Beijos,´
Paula

Anonymous said...

Debora, tenho acompanhado seu blog ha um tempo mas sempre silenciosa. Desta vez resolvi excrever um pouquinho pois estou sentindo sua tristeza e queria fazer algo para ajudar. Fiquei aqui tentando escolher as palavras, mas nao estou conseguindo....

Minha linda, vc eh forte, inteligente, guereira, bem humorada. Cuida bem desse seu coracaozinho ai pra gente, tah?

Um beijo bem forte,

Tata.

Dani said...

Paula,
Penso exatamente como você e apesar da dor, me sinto privilegiada de conhecer tantas pessoas maravilhosas que realmente vão ficar pra sempre no meu coração e você é uma delas.
Ainda ontem almoçando com a Carmi, ela disse que tinha achado sua carta nas coisas do Todd. Comentou que ele tinha arquivado, como tudo que ele gosta. Ele e a família dele sempre perguntam de você e eu digo que você continua rezando por eles. Eles sempre agradecem. Hoje ela parecia tão melhor no hospital... perguntaram se ele aceitaria fazer uma Photopheresis ou extracorporeal photoimmune therapy e sabe o que ele disse? "Why not?" Uma gracinha ele...sempre.
Enfim, sei que o prognóstico é muito ruim, mas minhas rezas continuam.
Beijos e muito obrigada!

Cristina said...

Dani,
concordo com vc. A gente tem que aceitar, é o desígnio de Deus, mas que dói, dói. Mas não pára de falar não, que se não o Blake estranha rsrs (mas diz que é a chance dele falar agora ha ha!!!).
Ontem vi um filme que se passava em Washington, deu uma saudade...vou botar fotos no orkut em breve, aguarde!
Bom final de semana!
bjs
Cris

Dani said...

Tata,
Obrigada mesmo pelo carinho. Estas coisas me confortam muito. Estou procuirando me cuidar sim, pdoe deixar. Vou aprendendo aos pucos com meus tropeços.

Cris,
Bota as fotos no Orkut sim! Você já está virando local.

Bjs