Uma das coisas que ficaram de fora nas seis coisas aleatórias sobre mim é que eu sou FANÁTICA pelo ABBA! Podem me chamar de cafona ou o que for, mas é a mais pura verdade. Quem me conhece de verdade sabe que a minha música favorita é Dancing Queen! Mas adoro todas as outras...
Da primeira vez que fui a Londres, vi posters anunciando a estréia da peça no West End. Quase morri quando descobri que ainda ia demorar um tempão para a estréia. Fiquei com o coração partido.
Anos depois, quando comecei a ir a Londres frequentemente a trabalho, toda vez que via os billboards da peça espalhados pela cidade ficava louca, mas como todos os meus amigos já tinham visto o musical, não tinha companhia para ir. Até que um belo dia, durante uma destas viagens a trabalho, passando pela porta do teatro com dois médicos brasileiros, pensei alto... E não é que eles me escutaram e toparam a loucura!? A médica adorou a idéia de cara, pois o Abba a fazia lembrar da adolescência. Já o médico, bem mais velho, disse que o grupo sueco o fazia lembrar das filhas, principalmente da mais velha, superfã. E lá fomos nós numa noite que se tornou inesquecível... O médico (ex-diretor do INCA) gostou tanto da peça que no dia seguinte confessou que tinha até sonhado estar de volta ao teatro!!!
Então quando o filme saiu, fiquei louca...mas para variar sem companhia. O povo que eu conheço aqui não gosta muito de cinema. Vai entender... Quando notei ontem que poderia ver o filme on-demand, o Blake foi intimado a sentar lá comigo -- e no final confessou que não detestou.
Eu AMEI!!! Algumas considerações:
* Para mim a Meryl Streep merecia ganhar um Oscar por ano! Aliás, ela tinha que ser hors-concours, sempre! Não dá para conceber que ela seja a mesma pessoa em Mamma Mia, o Diabo Veste Prada e no mais recente Doubt (não sei o título em português!)
* A locação do filme é maravilhosa e só me fez ter mais vontade de visitar as Ilhas Gregas. Eu sei, todo mundo fala para não esperar tanto, mas aquele mar...
* Nunca mais vou ver o Piece Brosnan com os mesmos olhos. Eu e o Blake não parávamos de dizer "Nossa , olha lá o James Bond..." Cômico! A voz dele não é nenhuma Brastemp, mas ele está em plena forma.
* Tem homens que ficam charmosíssimos grisalhos -- Brosnan é um deles. George Clooney idem. É por estas e outras que sempre brigo com as minha cunhadas que cismam em pintar o cabelo dos homens da família. Já falei parar ficarem bem longe do Blake! Fala sério!!!
* Colin Firth está ótimo também. Adoro ele!
* As músicas do ABBA são perfeitas e atemporais. Dancing Queen vai ser a minha trilha sonora sempre!!! Foi por isto que fiz questão que tocasse no meu casamento e todo mundo veio dançar comigo na hora!!!
* Adoro musicais bem feitos. Este é um deles: elenco estelar e trilha sonora impecável. Sem falar na cinematografia.
February 28, 2009
February 27, 2009
À Flor da Pele
Foi assim que optei (conscientemente ou não) por viver minha vida. Sentir, ousar, arriscar, cair, levantar, buscar, perder, triunfar, ao menos tentar. Todos são verbos que traduzem o meu jeito de viver. Hoje. Agora. Se durante muito tempo preferi observar, estudar, criticar, pensar, ponderar, hoje entendo que aquele tempo precioso foi perdido, desperdiçado em nome do quê?
Eu deixava de viver por ter medo de não ser perfeita, de não acertar. Me lembro de um professor que me disse que a vida era uma só e não havia rascunho para ela. Era na base do tudo ou nada. Envolvia riscos, traçados certeiros. A afirmação me deu medo. (Acho que esta não era exatamente a intenção dele...)
Percebo que até pouco tempo optei por escrever a minha vida e a minha história a lápis, sem marcas profundas, procurando a certeza inexistente de que de uma hora para outra poderia mudar o rumo da minha prosa, passando a borracha e apagando tudo que não era perfeito. Só que o que eu não entendia é que a beleza da vida está justamente na imperfeição, naquilo que nos faz completamente únicos e fascinantes, nos rabiscos, nos remendos.
Passei tanto tempo tentando encontrar o caminho certo ou o modo correto de fazer as coisas que me esqueci de viver. Me refugiei nos livros, nas análises profundas, na busca de manuais que me garantissem uma vida feliz sem grandes riscos. Levei muito tempo e outros tantos tropeços para perceber que felicidade sem risco não existe. A vida não é um conto de fadas, nem deve ser. Ela tem que ser vivida do jeito que é: real e imperfeita, de altos e baixos, de sucessos e derrotas. E não pode ser completa sem surpresas boas e ruins.
Eu, como todo mundo, já tive a minha cota de ambas: surpresas deliciosas e supresas horríveis também, das quais jamais vou me esquecer. Mas parando para pensar, não foram as tais surpresas que me transformaram na pessoa que sou, mas o modo como decidi lidar com elas, encarando ou fugindo, lutando ou me entregando. Escolhendo as minhas batalhas e traçando meu próprio caminho, aos poucos me transformei em quem eu sou. Sem perceber, fui abandonando o lápis e o medo de errar e hoje sou mais feliz, à flor da pele e na ponta da caneta.
Eu deixava de viver por ter medo de não ser perfeita, de não acertar. Me lembro de um professor que me disse que a vida era uma só e não havia rascunho para ela. Era na base do tudo ou nada. Envolvia riscos, traçados certeiros. A afirmação me deu medo. (Acho que esta não era exatamente a intenção dele...)
Percebo que até pouco tempo optei por escrever a minha vida e a minha história a lápis, sem marcas profundas, procurando a certeza inexistente de que de uma hora para outra poderia mudar o rumo da minha prosa, passando a borracha e apagando tudo que não era perfeito. Só que o que eu não entendia é que a beleza da vida está justamente na imperfeição, naquilo que nos faz completamente únicos e fascinantes, nos rabiscos, nos remendos.
Passei tanto tempo tentando encontrar o caminho certo ou o modo correto de fazer as coisas que me esqueci de viver. Me refugiei nos livros, nas análises profundas, na busca de manuais que me garantissem uma vida feliz sem grandes riscos. Levei muito tempo e outros tantos tropeços para perceber que felicidade sem risco não existe. A vida não é um conto de fadas, nem deve ser. Ela tem que ser vivida do jeito que é: real e imperfeita, de altos e baixos, de sucessos e derrotas. E não pode ser completa sem surpresas boas e ruins.
Eu, como todo mundo, já tive a minha cota de ambas: surpresas deliciosas e supresas horríveis também, das quais jamais vou me esquecer. Mas parando para pensar, não foram as tais surpresas que me transformaram na pessoa que sou, mas o modo como decidi lidar com elas, encarando ou fugindo, lutando ou me entregando. Escolhendo as minhas batalhas e traçando meu próprio caminho, aos poucos me transformei em quem eu sou. Sem perceber, fui abandonando o lápis e o medo de errar e hoje sou mais feliz, à flor da pele e na ponta da caneta.
February 26, 2009
Álcool & Câncer
Sem querer ser alarmista, liguei para minha mãe assim que li a notícia.
"Já tomou sua taça de vinho hoje, Mãe?"
Ela suspirou e respondeu "Ainda não."
E eu emendei logo "Nem tome." Depois fui explicando a ela o que eu tinha lido em vários jornais.
Engraçado porque eu e o Blake tínhamos tido esta coversa há poucos dias. Ele dizia que não via problema nenhum em tomar uma taça de vinho toda noite. Deu como exemplo inclusive a sua mãe e depois a minha. Eu protestei dizendo que pelo menos a minha mãe não tomava o tal inofensivo copinho de vinho todo dia, mas ele manteve a posição e disse que a dele tomava e que não havia problema nenhum.
Sem o menor embasamento científico e também sem a menor vergonha de admitir a minha "ignorância médica e científica", citei o bom senso e decretei: "Se ela precisa tomar uma taça de vinho por dia, isto não está certo. Álcool não faz bem e ponto final."
Sou praticamente 100% abstêmia, muito embora os médicos sempre façam questão de dizer que meu fígado é normal. Mas então escuto aquela vozinha insistente que me fala lá dentro "Fígado normal não cria tumor gigante!" E prefiro pecar pela cautela do que pelo excesso. Confesso que tomei uma taça no dia dos namorados e outra na véspera. Mas acho que este ano foi só e se Deus quiser vou manter a contagem nos dedos de uma só mão. Com meu fígado não se brinca mesmo.
Sei que não devemos pautar nossas vidas em cima de "pesquisas", pois cada dia sai uma nova levantado uma teoria diferente. Lembra da manteigaque era um horror e tinha que ser substituída pela margarina? E agora sabemos que a margarina é o veneno, chaia de gordura trans? Até a soja entra no bolo! Tem pesquisa dizendo que a soja é uma maravilha, que protege até contra o câncer de mama! E tem pesquisa que diz que a soja contribui para o parecimento da doença! Vai saber!
Uma das coisas que aprendi depois de ouvir os maiores disparates é que ó equilíbrio é o segredo de tudo. Por isto mesmo, quando decidi abolir o leite de vaca, não substituí só por leite de soja. Na minha casa a gente oma leite de soja, de nozes, ed avelãs, de arroz, de aveia e hoje experimentamos um de hemp, que sinceramente não me agradou muito não. Mas valeu pela experiência.
De qualquer jeito, segue a matéria publicada no JB de hoje sobre a tal pesquisa. Aliás, apesar de eu ter falado do vinho, que muita gente acha sempre inofensivo, a pesquisa não discrimina o tipo de bebida alcóolica. E vocês o que acham?
Pesquisa revela que álcool aumenta risco de câncer de mama
Jornal do Brasil
LONDRES - O mito de que beber uma taça de vinho por dia faz bem à saúde pode estar indo por água abaixo. Pesquisadores britânicos descobriram que ingerir uma dose de álcool por dia é suficiente para aumentar o risco de desenvolver câncer em mulheres.
De acordo com cientistas do Cancer Research UK, o consumo de uma bebida por dia resulta em cerca de 7 mil casos de câncer extras – sendo a maioria de mama – nas mulheres do Reino Unido a cada ano.
Segundo informações obtidas com base na observação de 1 milhão de mulheres, o risco cresce conforme aumenta o consumo de bebida, seja destilados, vinhos ou mesmo cerveja.
De modo geral, o álcool é culpado por cerca de 13% dos casos de câncer de mama, fígado, intestino, boca e esôfago. Pesquisadores estimam que cerca de 5 mil casos de câncer de mama no Reino Unido – o equivalente a 11% dos 4.500 diagnosticados a cada ano – podem estar diretamente ligados ao consumo de álcool pelas mulheres.
Método
No estudo, observou-se especificamente mulheres que consomem de baixos a moderados níveis de álcool – definidos em até três doses por dia. Nos sete anos necessários para a execução da pesquisa, publicada no Journal of National Cancer Institute, um quarto das 1,3 milhão de mulheres afirmaram não consumirem bebidas alcoólicas. Daquelas que bebem, na prática, consomem menos que 21 drinques por semana, em média 10g de álcool por dia, o que equivale a uma taça de 125 ml de vinho ou uma simples dose de destilado.
Cerca de 70 mil mulheres de meia idade que participaram do estudo desenvolveram câncer. Consumir um drinque por dia aumenta o risco de todos os tipos de câncer em cerca de 6% em mulheres com idade acima dos 75, segundo o estudo.
As taxas em relação aos tipos de câncer variam: uma dose por dia eleva em 12% o risco de câncer de mama, 10% no de intestino, 22% no de esôfago, 29% no de boca e aumenta em 44% as chances de se desenvolver câncer de traquéia.
Em uma escala populacional, isto significa que 15 casos de câncer são diagnosticados para cada mil mulheres – incluindo 11 de mama, um de boca, um de intestino e 0,7 relacionados a tipos como de esôfago, traquéia e fígado.
O câncer de mama é atualmente o tipo mais comum no Reino Unido. Anualmente, quase 45 mil mulheres são diagnosticadas com a doença. O risco de desenvolver câncer de mama acomete uma em cada nove britânicas.
O governo britânico alerta que o consumo de nenhuma quantia de álcool é seguro, mas recomenda que mulheres não bebam mais que duas ou três unidades por dia. Para homens, o limite recomendado é não ingerir mais do que três.
Em entrevista à BBC, a autora do estudo, Naomi Allen, da Universidade de Oxford, avaliou que seu trabalho poderia ajudar o governo estimar se os limites aceitos por legislações deveriam ou não mudar – ainda que a pesquisa não tenha foco na população masculina.
– As descobertas deste estudo mostram que até mesmo os baixos níveis de bebidas alcoólicas que eram tidos como seguros podem, sim, aumentar os riscos de desenvolver câncer – ressaltou. – Cerca de 5% de todos os tipos de câncer no Reino Unido estão ligados ao hábito de beber nada mais que um drinque alcoólico por dia.
Um porta-voz do Departamento de Saúde britânico garantiu que autoridades ficarão atentas e colocarão a orientação que costuma ser dada por elas sob revisão.
– Recomendamos um limite e beber mais do que esse nível pode ser prejudicial. Iremos examinar esta pesquisa com mais atenção – garantiu o porta-voz à BBC.
February 25, 2009
Saindo da Zona de Conforto
Esta deve ter sido uma das frases que mais ouvi desde que cheguei aqui. Cada vez que demonstro impaciência ou desânimo de fazer alguma coisa diferente, escuto o mesmo mantra do Blake... "Você precisa deixar sua zona de conforto; tem que se aventurar mais e fazer coisas novas, blá, blá blá..."
Esta é a explicação para minhas aulas de yoga e de culinária indiana, para meus eventos cheios de estranhos e para os meus projetos com a American Cancer Society e mais recentemente com o Ulman Fund.
Admito: odeio mudança! Morro de medo do novo e detesto entrar sozinha em ambientes lotados. Minha vontade é sair correndo e chamar minha mãe na hora. Não, a minha mãe não! Pois a última vez que tentei fazer isto, tinha treze anos e estava na porta do meu curso de inglês.
Pausa para viagem no tempo: A filha prodígio da Angela (eu!) ou nerd-mor tinha acabado de fazer o livro do curso de inglês durante as férias e quando a minha mãe percebeu o ocorrido, não pestanejou. "Vai pular de ano porque eu não sou milionária para pagar para você aprender o que já sabe!" E assim aconteceu, ela anunciou o feito aos quatro ventos e quando vi, lá estava eu na sala do diretor fazendo prova oral. E depois escrita. Mas o trato com a minha mãe era que a menos que eu tirasse 100, não pularia de nível, pois ainda tinha o que aprender.
Tirar a nota máxima foi a parte fácil. Difícil foi ir para a aula no dia seguinte e no meio do período sem o livro e sem conhecer ninguém. Claro que não queria ir de jeito nenhum. Queria voltar para a minha turma antiga e para o meu livro feito, mas a minha mãe não quis conversa. Fez questão de me levar até lá e aguardar comigo o sinal para ter certeza que eu iria subir para sala.
Nunca senti tanto pavor na vida. O sinal tocou, os alunos se dirigiram para suas respectivas salas e eu literalmente congelei! "Mãe, não consigo sair daqui. Não vou subir! Por favor, me leve de volta para casa," implorei, praticamente aos prantos. Mas ela continuava impassível e quando me distraí um pouco, levei um tremendo empurrão e fui parar do outro lado da porta. Quando tentei abrir, notei que a minha mãe segurava o outro lado. Ainda tentei puxar por alguns segundos, mas nada pior para um tímido do que chamar atenção, então depois de alguns olhares curiosos, me resignei e subi os degraus, me preparando para o sacrifício. A situação agora era ainda pior, além de não conhecer ninguém e não ter o livro, ainda estava atrasada. A tortura durou uns minutos, mas eu sobrevivi e jamais esqueci daquela tarde patética. Vez ou outra, quando o mesmo medo me torna refém de mim mesma, imagino a minha mãe me empurrando porta a dentro e sigo em frente.
Mas esta história toda é para ilustrar o meu pavor por certas coisas. Pedir dinheiro é uma delas. Se fosse rica, daria milhões do meu próprio bolso só para não ter que pedir para ninguém. Meu ego é muito frágil e se esfacela a cada "não" recebido. Pelo menos era assim até muito pouco tempo...
De uns meses para cá sinto que vou mudando aos poucos, vou me atrevendo a dizer uns "nãos" sem me sentir a pior das pessoas e vez ou outra ouso fazer um pedido mais complicadinho que aumenta as possibilidades de ouvir aquela mesma palavrinha que me causa calafrios.
Não sou boa vendedora nem jamais serei, mas acho que sou boa contadora de histórias e foi por isto que encarei o desafio e acabei de mandar uns 80 emails para amigos nos quatro cantos do mundo pedindo para que eles me ajudassem a levantar 500 dólares para o Ulman Cancer Fund.
A causa? Ajudar jovens e adolescentes portadores de câncer. Esta organização oferece diversos serviços de suporte gratuitos a portadores de câncer, independente do estágio da doença, entre 15 e 39 anos. Honestamente não existe causa que fale mais alto ao meu coração, pois infelizmente o meu caso não é regra, mas uma tremenda exceção. Jamais vou achar justo a Thalita ter tido que partir no meio do seu mestrado, ou o Felippe ter nos deixado aos 24 anos quando ainda tinha tantos projetos geniais pela frente. A doença também levou o Sandro que já tinha vencido um câncer no intestino mas sucumbiu a uma metástese depois. E por último o Daniel, o corajoso samurai, que viveu sete anos e meio depois do transplante de medula, mas há poucas semanas partiu por razões relativas a complicações da doença. Sem contar na Allison, que mesmo rtendo o estágio quatro (é último) da doença continua trabalhando e praticemente me convocou para fazer a caminhada com ela.
Estas são histórias de cinco jovens brilhantes que tinham a vida pela frente mas foram (ou provavelmente no caso da Allisom, será) covardemente levados por esta doença terrível. Hoje eles fazem do céu um lugar mais iluminado, mas a saudade vai ficar para sempre. Assim como eles há milhares de jovens no mundo inteiro que lutam pelo direito de ficar aqui mais um pouco. A batalha é dura e é vencida a cada dia. Nào há perdedores, só que alguns partem mais cedo que outros. E é por isto que resolvi deixar a minha zona de conforto de uma vez por todas e pedir a quem quer que possa ajudar, que embarque nesta empreitada comigo, ajudando a fazer as vidas de tantos jovens um pouco melhores enquanto eles estiverem por aqui.
Se vocês quiserem saber mais sobre o evento ou sobre as razões que me levaram a participar do Ulman Cancer Fund, por favor visitem este site .
Esta é a explicação para minhas aulas de yoga e de culinária indiana, para meus eventos cheios de estranhos e para os meus projetos com a American Cancer Society e mais recentemente com o Ulman Fund.
Admito: odeio mudança! Morro de medo do novo e detesto entrar sozinha em ambientes lotados. Minha vontade é sair correndo e chamar minha mãe na hora. Não, a minha mãe não! Pois a última vez que tentei fazer isto, tinha treze anos e estava na porta do meu curso de inglês.
Pausa para viagem no tempo: A filha prodígio da Angela (eu!) ou nerd-mor tinha acabado de fazer o livro do curso de inglês durante as férias e quando a minha mãe percebeu o ocorrido, não pestanejou. "Vai pular de ano porque eu não sou milionária para pagar para você aprender o que já sabe!" E assim aconteceu, ela anunciou o feito aos quatro ventos e quando vi, lá estava eu na sala do diretor fazendo prova oral. E depois escrita. Mas o trato com a minha mãe era que a menos que eu tirasse 100, não pularia de nível, pois ainda tinha o que aprender.
Tirar a nota máxima foi a parte fácil. Difícil foi ir para a aula no dia seguinte e no meio do período sem o livro e sem conhecer ninguém. Claro que não queria ir de jeito nenhum. Queria voltar para a minha turma antiga e para o meu livro feito, mas a minha mãe não quis conversa. Fez questão de me levar até lá e aguardar comigo o sinal para ter certeza que eu iria subir para sala.
Nunca senti tanto pavor na vida. O sinal tocou, os alunos se dirigiram para suas respectivas salas e eu literalmente congelei! "Mãe, não consigo sair daqui. Não vou subir! Por favor, me leve de volta para casa," implorei, praticamente aos prantos. Mas ela continuava impassível e quando me distraí um pouco, levei um tremendo empurrão e fui parar do outro lado da porta. Quando tentei abrir, notei que a minha mãe segurava o outro lado. Ainda tentei puxar por alguns segundos, mas nada pior para um tímido do que chamar atenção, então depois de alguns olhares curiosos, me resignei e subi os degraus, me preparando para o sacrifício. A situação agora era ainda pior, além de não conhecer ninguém e não ter o livro, ainda estava atrasada. A tortura durou uns minutos, mas eu sobrevivi e jamais esqueci daquela tarde patética. Vez ou outra, quando o mesmo medo me torna refém de mim mesma, imagino a minha mãe me empurrando porta a dentro e sigo em frente.
Mas esta história toda é para ilustrar o meu pavor por certas coisas. Pedir dinheiro é uma delas. Se fosse rica, daria milhões do meu próprio bolso só para não ter que pedir para ninguém. Meu ego é muito frágil e se esfacela a cada "não" recebido. Pelo menos era assim até muito pouco tempo...
De uns meses para cá sinto que vou mudando aos poucos, vou me atrevendo a dizer uns "nãos" sem me sentir a pior das pessoas e vez ou outra ouso fazer um pedido mais complicadinho que aumenta as possibilidades de ouvir aquela mesma palavrinha que me causa calafrios.
Não sou boa vendedora nem jamais serei, mas acho que sou boa contadora de histórias e foi por isto que encarei o desafio e acabei de mandar uns 80 emails para amigos nos quatro cantos do mundo pedindo para que eles me ajudassem a levantar 500 dólares para o Ulman Cancer Fund.
A causa? Ajudar jovens e adolescentes portadores de câncer. Esta organização oferece diversos serviços de suporte gratuitos a portadores de câncer, independente do estágio da doença, entre 15 e 39 anos. Honestamente não existe causa que fale mais alto ao meu coração, pois infelizmente o meu caso não é regra, mas uma tremenda exceção. Jamais vou achar justo a Thalita ter tido que partir no meio do seu mestrado, ou o Felippe ter nos deixado aos 24 anos quando ainda tinha tantos projetos geniais pela frente. A doença também levou o Sandro que já tinha vencido um câncer no intestino mas sucumbiu a uma metástese depois. E por último o Daniel, o corajoso samurai, que viveu sete anos e meio depois do transplante de medula, mas há poucas semanas partiu por razões relativas a complicações da doença. Sem contar na Allison, que mesmo rtendo o estágio quatro (é último) da doença continua trabalhando e praticemente me convocou para fazer a caminhada com ela.
Estas são histórias de cinco jovens brilhantes que tinham a vida pela frente mas foram (ou provavelmente no caso da Allisom, será) covardemente levados por esta doença terrível. Hoje eles fazem do céu um lugar mais iluminado, mas a saudade vai ficar para sempre. Assim como eles há milhares de jovens no mundo inteiro que lutam pelo direito de ficar aqui mais um pouco. A batalha é dura e é vencida a cada dia. Nào há perdedores, só que alguns partem mais cedo que outros. E é por isto que resolvi deixar a minha zona de conforto de uma vez por todas e pedir a quem quer que possa ajudar, que embarque nesta empreitada comigo, ajudando a fazer as vidas de tantos jovens um pouco melhores enquanto eles estiverem por aqui.
Se vocês quiserem saber mais sobre o evento ou sobre as razões que me levaram a participar do Ulman Cancer Fund, por favor visitem este site .
February 24, 2009
Planeta Bizarro
Ontem, uma notícia me chamou atenção no site da CNN e do Guardian. A chamada fazia menção a uma estrela de TV que, morrendo de câncer, teria fechado um contrato com uma emissora de TV para um reality show. Além disso a tal "estrela", depois de receber o terrível diagnóstico de que só lhe restariam poucos meses de vida, tinha se casado sábado passado e vendido o direito de publicar as fotos para a revista OK!
A foto ilustrando a matéria mostrava uma jovem calva beijando um jovem de cabelos negros. Lendo a história, vi que a tal "estrela de TV" era Jade Goody, uma inglesa de classe baixa que havia se tornado famosa depois de participar de uma edição do Big Brother em 2002, se não me engano. (Pois é, estas coisas não acontecem só no Brasil, onde pessoas sem talento algum conseguem tranformar-se em "estrelas" do dia para a noite.) Depois da temporada no programa, Jade lançou perfume, livros, DVDs de exercícios e se tornou uma empresária de sucesso e "TV personality", como esta tribo passa a ser chamada.
Depois de alcançar a tal fama, em 2007, Jade foi chamada para uma edição especial do Big Brother, "Celebrity Big Brother", onde protagonizou episódios, no mínimo, de mau gosto. Sua performance culminou quando resolveu implicar com a atriz indiana Shilpa Shetty. Depois de muitos protestos, a inglesa foi execrada ao sair da casa pelos comentários de cunho racista.
Depois dos inúmeros pedidos de desculpa, Jade foi convidada a participar da versão indiana do programa que a tinha lançado para a fama. Já na Índia, durante as gravações, recebeu o diagnóstico de câncer cervival (ou do colo do útero) e teve que deixar o país às pressas. De volta à Inglaterra, pareciam que as coisas iam melhorando, mas nos últimos meses, e mais precisamente nas últimas semanas, Jade ouviu dos médicos que a doença se espalhava assustadoramente e não havia nada mais a ser feito, agora só lhe restam alguns meses de vida, ou dias, de vida.
Jade, que só tem 27 anos e é mãe de dois filhos, disse que sua prioridade é deixar algum dinheiro para eles, já que ela não poderá vê-los crescer, sendo assim está tentando levantar dinheiro da maneira que pode e sabe. Dizem que nas últimas semanas a quantia arrecada já chega a mais de 2 milhões de libras, nada mal para uma mulher de classe baixa, pouca instrução e nenhuma habilidade extraordinária.
Não consigo sequer imaginar o que se passa na cabeça desta jovem. Às vezes acho tudo isto de uma morbidez absurda, um produto perverso do nosso "culto à celebridade" que tenta vender jornais à custa do respeito pela vida humana. Às vezes vejo a tal moça como uma vítima, outras vezes como uma ágil manipuladora, tentando se agarrar a fama até o último instante. (Só não consigo entender o porquê.)Algumas vezes vejo a experiência como algo tão surreal que ela tenta encarar a morte como um projeto, mantendo-se ocupada ela tenta mascarar o medo e a dor. Ó único fato é que, salvo um milagre, o tempo de Jade diante das câmeras e longe delas se engota rapidamente.
É válida a tentativa de tornar a doença pública, pois já passei por isto e sei que a compaixão humana é sem limite. A única coisa boa de uma doença tão covarde é a luz que ela lança na maioria dos seres humanos. A generosidade que presenciei, o apoio que tive e as demonstrações de carinho vivenciadas por mim são algo indrescritível e por isto jamais me arrependo da minha decisão de dividir a minha experiência com aqueles que gsotavam de mim. Mas até onde vai o limite? Até onde se pode ir sem perder ocontrole da curiosidade alheia? Em que ponto exato começa a exploração da imagem e da dor alheias? Até quando vale se expor e dividir? Quais são as recompesas e as perdas?
Mas o show tem que continuar, e a tal moça que já foi chamada de racista, de burra, de malvada, agora acaba de virar heroína, pois graças a ela as doações para organizações ligadas ao câncer tem visto um aumento significativo nas últimas semanas, assim como a procura por exames preventivos.
O porta-voz de Jade que não quer que a morte da moça seja mostrada na TV. Segundo o guru Max Clifford, sua cliente deve realizar o batizado dos dois filhos e talvez conceda uma última entrevista ao famoso jornalista de celebridades, Piers Morgan. Segundo Clifford, depois disso Jade deve passar seus últimos dias longe dos olhos de curiosos. Será?
February 23, 2009
Frio que Não Acaba
Devia ter desconfiado quando em meados de outubro tive que tirar meu casaco de lã do armário, em pleno outono. Depois de um verão bem mixuruca, o pessoal aqui dizia que o inverno prometia.
Como, graças a cirurgia do fígado, escapei do inverno passado já tinha me esquecido de como os invernos são longos aqui no hemisfério norte. Hoje, andando do estacionamento até a universidade, literalmente senti na pele. Apesar do sol, o vento é frio e cortante e a caminhada de uns 600m se torna uma tortura. Definitivamente, não nasci para isto. Mas cá estou então preciso parar de reclamar. Apertei o passo e cheguei aqui em menos de coinco minutos. Levei mais uns dois para me recuperar de tanto frio. Diz a lenda que dentro de alguns dias vão me remanejar para um estacionamento mais próximo. Tomara!
E enquanto o pessoal se esbalda de pular no carnaval, eu corro para me preteger do frio. C'ést la vie.
Hoje também decidi me inscrever no Team Fright e abraçar devez a causa do Ulman Fund. Minha meta é levantar $500 nos próximos meses. Não parece muito mas vai ser um desafio e tanto para mim, que fora meu pai, nunca pedi dinheiro para ninguém! Além disso vou ter que correr/andar 5km no dia 26 de abril, pois aceitei o convite e vou fazer parte do time da Allison, que diz que vai estar lá pronta para fazer o percurso, a pé ou na cadeira de rodas, o importante é estar lá, diz ela. Como é forte esta garota, não me canso de dizer.
Recebi também o email do diretor de marketing deles e tive ainda mais certeza do que queria fazer.
A mensagem curta e objetiva dizia:
Hey Dani-
It was great to meet you last night at swim practice. Meeting people like yourself is the reason I have committed to work for such a great organization. I hope you enjoyed yourself. We feel that we really have something special here at UCF and many, many great people who commit to FIGHT with us.
Era o que eu precisava ouvir. Sign me up! É incrível como cada vez mais vidas são tocadas por esta doença, então a necessidade de mais pesquisas e mais suporte é crescente. Nos últimos dois meses, dois amigos do Blake, na faixa de 30 e tantos anos, receberam este diagnóstico tão aterrorizante. Ambos, supersaudáveis e ativos, foram pegos de surpresa, mas graças a Deus, parece que a doença estava em estágio inicial, sendo assim as chances de cura são grandes.
Foi se o tempo em que câncer era doença de velho e só acontecia com os outros. Infelizmente cada vez mais pessoas e cada vez mais jovens se veem às voltas com um diagnóstico que muradará suas vidas para sempre. Só me resta esperara de que, assim como acontenceu comigo, este desafio possa mudar a vida delas para melhor.
Como, graças a cirurgia do fígado, escapei do inverno passado já tinha me esquecido de como os invernos são longos aqui no hemisfério norte. Hoje, andando do estacionamento até a universidade, literalmente senti na pele. Apesar do sol, o vento é frio e cortante e a caminhada de uns 600m se torna uma tortura. Definitivamente, não nasci para isto. Mas cá estou então preciso parar de reclamar. Apertei o passo e cheguei aqui em menos de coinco minutos. Levei mais uns dois para me recuperar de tanto frio. Diz a lenda que dentro de alguns dias vão me remanejar para um estacionamento mais próximo. Tomara!
E enquanto o pessoal se esbalda de pular no carnaval, eu corro para me preteger do frio. C'ést la vie.
Hoje também decidi me inscrever no Team Fright e abraçar devez a causa do Ulman Fund. Minha meta é levantar $500 nos próximos meses. Não parece muito mas vai ser um desafio e tanto para mim, que fora meu pai, nunca pedi dinheiro para ninguém! Além disso vou ter que correr/andar 5km no dia 26 de abril, pois aceitei o convite e vou fazer parte do time da Allison, que diz que vai estar lá pronta para fazer o percurso, a pé ou na cadeira de rodas, o importante é estar lá, diz ela. Como é forte esta garota, não me canso de dizer.
Recebi também o email do diretor de marketing deles e tive ainda mais certeza do que queria fazer.
A mensagem curta e objetiva dizia:
Hey Dani-
It was great to meet you last night at swim practice. Meeting people like yourself is the reason I have committed to work for such a great organization. I hope you enjoyed yourself. We feel that we really have something special here at UCF and many, many great people who commit to FIGHT with us.
Era o que eu precisava ouvir. Sign me up! É incrível como cada vez mais vidas são tocadas por esta doença, então a necessidade de mais pesquisas e mais suporte é crescente. Nos últimos dois meses, dois amigos do Blake, na faixa de 30 e tantos anos, receberam este diagnóstico tão aterrorizante. Ambos, supersaudáveis e ativos, foram pegos de surpresa, mas graças a Deus, parece que a doença estava em estágio inicial, sendo assim as chances de cura são grandes.
Foi se o tempo em que câncer era doença de velho e só acontecia com os outros. Infelizmente cada vez mais pessoas e cada vez mais jovens se veem às voltas com um diagnóstico que muradará suas vidas para sempre. Só me resta esperara de que, assim como acontenceu comigo, este desafio possa mudar a vida delas para melhor.
February 20, 2009
O Desafio de Allison
"Oi Dani, tudo bem? Como você está? Já faz quanto tempo da sua última cirurgia?," Allison me pergunta.
"Estou ótima, já faz mais de um ano desde que operei. Estou perfeita. E você, Allison?," devolvo a pergunta para ela, que para, respira e responde.
"Fico muito feliz por você. Eu, Dani... Não vou tão bem assim. Acabaram-se os tratamentos. Não há mais opções para mim. Agora é uma questão de tempo," ela me responde de um modo estranhamente sereno.
Como a gente reage depois de ouvir uma reposta destas?, foi o que pensei na hora. O que dizer a uma jovem de trinta e poucos anos que se prepara para a morte? Ela está ali na minha frente. Penso rápido.
"Você já ouviu uma segunda opinião? Não há testes clínicos que você possa participar?," pergunto, temendo escutar a resposta dela.
"Já ouvi segunda e terceira opiniões. Já consultei os maiores especialistas aqui nos EUA. Além de Hopkins, já fui ao MD Andersen e ao Dana Farber. A conduta está correta. Não há nada a fazer. Os tumores crescem e a doença progride, nada pode detê-la. Preciso me preparar," ela me explica, num tom de voz doce, que depois venho a saber também é consequencia da doença. O câncer se espalhou para os pulmões e diminui a capacidade respiratória dela.
Estamos nós duas numa noite fria à beira da piscina, vendo o pessoal treinar para um triatlon. As únicas fora da piscina. As únicas sem roupa de banho. Confesso que nunca tive nenhuma intenção de nadar, mas o convite da Allison na noite anterior me pareceu irrecusável. Ela me pediu para conhecer o resto do pessoal do time deles. Disse que seria importante que eles soubessem que eu também sou o motivo que os leva a competir e a arrecadar fundos para pesquisas e tratamentos para jovens portadores de câncer. Eles me recebem de braços abertos e insistem para que me junte ao grupo na semana que vem.
"Ano que vem, talvez," é a minha resposta. Piscina? Eu nado com a cabeça para fora d'água! Fora que não tenho nem maiô! Mas a Allison me pede para fazer a caminhada de 5K no time dela, em abril. Ela diz que esta é a grande meta dela até lá. "Nem que seja na cadeira de rodas. Vou completar os 5K," ela afirma. Preciso arrecadar 500 dólares, logo eu, que detesto pedir dinheiro e nem vender sei, mas diante do pedido dela, isto é mero detalhe. Aceito o desafio. Vamos começar nossas caminhadas no parque semana que vem. A Allison acha que vai ser um rito de despedida dela. "Sei que não vai ser amanhã, mas também sei que não vou ver o próximo Natal," ela confessa e me convida para o que parece ser sua última festa de aniversário, mês que vem. "Meus pais vão me dar a festa de presente e não vai ser nada triste. Vai ser uma celebração da minha vida. Você tem que ir," me intima a nova amiga.
Pois é, fiz mais uma amiga que parece ter os dias contados. Desde já me preparo para dizer adeus a alguém forte, carismático e determinado. Tarefa difícil, mas que não delegaria a ninguém mais. Os últimos meses tem sido assim para mim: descubro pessoas fascinantes para perdê-las dentro de tão pouco tempo. Muita gente deve achar que sou masoquista, que deveria me preservar, manter uma certa distância de pessoas que não tiveram a mesma sorte do que eu. Será mesmo? Será que depois de tudo que foi me dado eu não posso estender a mão ao meu semelhante? Oferecer um ombro amigo ou mesmo rir junto deles? Mesmo que isso venha trazer sofrimento depois...não importa.
Confesso que a cada história que escuto sempre me pergunto, por que eles e não eu? Mas é claro que jamais terei a resposta. Não me interessa. Não quero saber quantos dias ou anos me restam, só quero ter certeza de ter vivido cada um intensamente. Quero ser a senhora do meu próprio destino. E por isto me permito me envolver com meu semelhante mesmo sabendo que a amizade tem data de validade. Não por conta de desentendimentos corriqueiros, mas porque meu/minha companheiro(a) de viagem vai partir. Mas isto torna a jornada mais intensa. Justamente por saber que lhes resta tão pouco tempo, estas pessoas me ensinaram e me ensinam demais, com suas palavras, mas acima de tudo com suas atitudes, com seus exemplos.
A Allison me conta que por muitos anos ficou presa na armadilha "trabalho=dinheiro", nesta equação perversa que não dá lugar ao prazer, à satisfação. Até que em 2007, pediu demissão do emprego e decidiu tomar as rédeas da própria vida. "Coloquei na cabeça que 2007 seria o ano da Ally, e foi. Foi muito difícil também, pois o câncer voltou, mas isto me fez ver que tinha tomado a decisão certa. Se não me resta muito a viver, o pouco que me resta tem que me dar prazer," ela me conta. Me explica também que tudo parece surreal, pois nos últimos dias, depois de ter parado os tratamentos que lhe deixavam fraca e indisposta, ela tem se sentido melhor, com mais energia.
Ela trabalha na Ulman Foundation e entre muitos projetos, ela está escrevendo um manual para jovens que já atingiram o estado terminal da doença. "Não existe nada que prepare o jovem para a morte, então vou usando a minha experiência para ajudar a outros que podem precisar deste apoio no futuro," ela diz. Allison já preparou seu enterro, seu testamento, e já deixou instruções do que quer que seja feito com o dinheiro da venda da sua casa (que deve financiar a universidade dos seus sobrinhos) e onde quer que a família espalhe suas cinzas.
"Semana passada tive uma conversa muito difícil, mas muito honesta com meus pais. Pela primeira vez, dividi com eles os meus planos. Descobri que eles tem uma sepultura num cemitério aqui onde eles querem depositar as minhas cinzas. Eles precisam de uma lápide. Eu não. Tenho alguns lugares que gostaria que as minhas cinzas fossem espalhadas. Então depois daquela conversa, chegamos a um acordo. Por mais triste que tenha sido esta discussão, ela foi necessária para todos nós. Agora sei que a minha vontade será respeitada e que meus pais estão cientes dela."
Ouvi as palavras dela e meu coração se encheu de um misto de admiração e tristeza. Então disse a ela as mesmas palavras que ouvi tantas vezes, e que muitas vezes me incomodaram tanto: "Você é forte, Allison, muito forte. Te admiro por isto." Ela sorriu e respondeu: "Eu tento. Tenho dias melhores que outros, mas vivo um dia de cada vez. Esta foi uma das primeiras vezes que falei sobre este assunto sem derramar uma lágrima. Acho que estou ficando boa nisto," ela emendou para descontrair. Incrível como alguém na situação dela ainda pensa em não me deixar sem graça ou triste.
E passamos mais alguns minutos falando de paz, de fé, de religião, de morte e de ressureição. Lembro que uma vez, durante um encontro de jovens (que eu detestava!), uma palestra me chamou atenção. Esta senhora dizia que a vida terrena era só uma preparação para vida eterna, junto ao nosso Pai. O "aqui e agora" seria uma espécie de gestação para o que realmente estaria por vir. Não me lembro muito mais do tal encontro a não ser que detestei o resto das atividades, mas a idéia da gestação como uma preparação para a vida eterna ficou comigo. E toda vez que penso em morte, procuro enxergá-la desta forma, como um parto, uma passagem.
Longe de mim estar preparada para tal. Como diz a minha amiga Carla, que depois de três anos, perdeu a mãe ano passado para um câncer no abdomen, "ninguém nunca vai estar". Por mais que tentemos, nada jamais vai nos preparar para a imensa saudade que vai ficar conosco para sempre. A verdade é que aquele buraco no peito nunca mais vai fechar. Só o tempo para atenuar a dor. Precisamos do luto, apesar do que nos dizem os anúncios e comerciais de TV, que nos empurram pílulas milagrosas e calmantes mágicos, nestas horas precisamos viver a tristeza, precisamos sentir. Faz parte da experiência humana. Por que negar?
Acho que sou romântica, pois penso que ter conhecido cada um destes meus amigos que se foram me tornou uma pessoa melhor. Aprendi tanto com todos eles em tão pouco tempo. Sinto que de alguma forma eles também estão vivos dentro de mim, pois nunca me esqueço de contar a história de coragem e de superação que cada um deles fez questão de dividir comigo. Levo um pouquinho da essência deles onde quer que eu vá. É a minha forma de homenageá-los e manter a memória deles viva de alguma forma. Por isto divido tanto a minha história quanto a história da Thalita, do Daniel, do Fellipe, do Sandro e de tantos outros jovens que se foram tão cedo e que hoje deixam o céu mais brilhante. Se o tempo que trocamos emails e telefonemas foi curto, o aprendizado vai ser eterno.
"Estou ótima, já faz mais de um ano desde que operei. Estou perfeita. E você, Allison?," devolvo a pergunta para ela, que para, respira e responde.
"Fico muito feliz por você. Eu, Dani... Não vou tão bem assim. Acabaram-se os tratamentos. Não há mais opções para mim. Agora é uma questão de tempo," ela me responde de um modo estranhamente sereno.
Como a gente reage depois de ouvir uma reposta destas?, foi o que pensei na hora. O que dizer a uma jovem de trinta e poucos anos que se prepara para a morte? Ela está ali na minha frente. Penso rápido.
"Você já ouviu uma segunda opinião? Não há testes clínicos que você possa participar?," pergunto, temendo escutar a resposta dela.
"Já ouvi segunda e terceira opiniões. Já consultei os maiores especialistas aqui nos EUA. Além de Hopkins, já fui ao MD Andersen e ao Dana Farber. A conduta está correta. Não há nada a fazer. Os tumores crescem e a doença progride, nada pode detê-la. Preciso me preparar," ela me explica, num tom de voz doce, que depois venho a saber também é consequencia da doença. O câncer se espalhou para os pulmões e diminui a capacidade respiratória dela.
Estamos nós duas numa noite fria à beira da piscina, vendo o pessoal treinar para um triatlon. As únicas fora da piscina. As únicas sem roupa de banho. Confesso que nunca tive nenhuma intenção de nadar, mas o convite da Allison na noite anterior me pareceu irrecusável. Ela me pediu para conhecer o resto do pessoal do time deles. Disse que seria importante que eles soubessem que eu também sou o motivo que os leva a competir e a arrecadar fundos para pesquisas e tratamentos para jovens portadores de câncer. Eles me recebem de braços abertos e insistem para que me junte ao grupo na semana que vem.
"Ano que vem, talvez," é a minha resposta. Piscina? Eu nado com a cabeça para fora d'água! Fora que não tenho nem maiô! Mas a Allison me pede para fazer a caminhada de 5K no time dela, em abril. Ela diz que esta é a grande meta dela até lá. "Nem que seja na cadeira de rodas. Vou completar os 5K," ela afirma. Preciso arrecadar 500 dólares, logo eu, que detesto pedir dinheiro e nem vender sei, mas diante do pedido dela, isto é mero detalhe. Aceito o desafio. Vamos começar nossas caminhadas no parque semana que vem. A Allison acha que vai ser um rito de despedida dela. "Sei que não vai ser amanhã, mas também sei que não vou ver o próximo Natal," ela confessa e me convida para o que parece ser sua última festa de aniversário, mês que vem. "Meus pais vão me dar a festa de presente e não vai ser nada triste. Vai ser uma celebração da minha vida. Você tem que ir," me intima a nova amiga.
Pois é, fiz mais uma amiga que parece ter os dias contados. Desde já me preparo para dizer adeus a alguém forte, carismático e determinado. Tarefa difícil, mas que não delegaria a ninguém mais. Os últimos meses tem sido assim para mim: descubro pessoas fascinantes para perdê-las dentro de tão pouco tempo. Muita gente deve achar que sou masoquista, que deveria me preservar, manter uma certa distância de pessoas que não tiveram a mesma sorte do que eu. Será mesmo? Será que depois de tudo que foi me dado eu não posso estender a mão ao meu semelhante? Oferecer um ombro amigo ou mesmo rir junto deles? Mesmo que isso venha trazer sofrimento depois...não importa.
Confesso que a cada história que escuto sempre me pergunto, por que eles e não eu? Mas é claro que jamais terei a resposta. Não me interessa. Não quero saber quantos dias ou anos me restam, só quero ter certeza de ter vivido cada um intensamente. Quero ser a senhora do meu próprio destino. E por isto me permito me envolver com meu semelhante mesmo sabendo que a amizade tem data de validade. Não por conta de desentendimentos corriqueiros, mas porque meu/minha companheiro(a) de viagem vai partir. Mas isto torna a jornada mais intensa. Justamente por saber que lhes resta tão pouco tempo, estas pessoas me ensinaram e me ensinam demais, com suas palavras, mas acima de tudo com suas atitudes, com seus exemplos.
A Allison me conta que por muitos anos ficou presa na armadilha "trabalho=dinheiro", nesta equação perversa que não dá lugar ao prazer, à satisfação. Até que em 2007, pediu demissão do emprego e decidiu tomar as rédeas da própria vida. "Coloquei na cabeça que 2007 seria o ano da Ally, e foi. Foi muito difícil também, pois o câncer voltou, mas isto me fez ver que tinha tomado a decisão certa. Se não me resta muito a viver, o pouco que me resta tem que me dar prazer," ela me conta. Me explica também que tudo parece surreal, pois nos últimos dias, depois de ter parado os tratamentos que lhe deixavam fraca e indisposta, ela tem se sentido melhor, com mais energia.
Ela trabalha na Ulman Foundation e entre muitos projetos, ela está escrevendo um manual para jovens que já atingiram o estado terminal da doença. "Não existe nada que prepare o jovem para a morte, então vou usando a minha experiência para ajudar a outros que podem precisar deste apoio no futuro," ela diz. Allison já preparou seu enterro, seu testamento, e já deixou instruções do que quer que seja feito com o dinheiro da venda da sua casa (que deve financiar a universidade dos seus sobrinhos) e onde quer que a família espalhe suas cinzas.
"Semana passada tive uma conversa muito difícil, mas muito honesta com meus pais. Pela primeira vez, dividi com eles os meus planos. Descobri que eles tem uma sepultura num cemitério aqui onde eles querem depositar as minhas cinzas. Eles precisam de uma lápide. Eu não. Tenho alguns lugares que gostaria que as minhas cinzas fossem espalhadas. Então depois daquela conversa, chegamos a um acordo. Por mais triste que tenha sido esta discussão, ela foi necessária para todos nós. Agora sei que a minha vontade será respeitada e que meus pais estão cientes dela."
Ouvi as palavras dela e meu coração se encheu de um misto de admiração e tristeza. Então disse a ela as mesmas palavras que ouvi tantas vezes, e que muitas vezes me incomodaram tanto: "Você é forte, Allison, muito forte. Te admiro por isto." Ela sorriu e respondeu: "Eu tento. Tenho dias melhores que outros, mas vivo um dia de cada vez. Esta foi uma das primeiras vezes que falei sobre este assunto sem derramar uma lágrima. Acho que estou ficando boa nisto," ela emendou para descontrair. Incrível como alguém na situação dela ainda pensa em não me deixar sem graça ou triste.
E passamos mais alguns minutos falando de paz, de fé, de religião, de morte e de ressureição. Lembro que uma vez, durante um encontro de jovens (que eu detestava!), uma palestra me chamou atenção. Esta senhora dizia que a vida terrena era só uma preparação para vida eterna, junto ao nosso Pai. O "aqui e agora" seria uma espécie de gestação para o que realmente estaria por vir. Não me lembro muito mais do tal encontro a não ser que detestei o resto das atividades, mas a idéia da gestação como uma preparação para a vida eterna ficou comigo. E toda vez que penso em morte, procuro enxergá-la desta forma, como um parto, uma passagem.
Longe de mim estar preparada para tal. Como diz a minha amiga Carla, que depois de três anos, perdeu a mãe ano passado para um câncer no abdomen, "ninguém nunca vai estar". Por mais que tentemos, nada jamais vai nos preparar para a imensa saudade que vai ficar conosco para sempre. A verdade é que aquele buraco no peito nunca mais vai fechar. Só o tempo para atenuar a dor. Precisamos do luto, apesar do que nos dizem os anúncios e comerciais de TV, que nos empurram pílulas milagrosas e calmantes mágicos, nestas horas precisamos viver a tristeza, precisamos sentir. Faz parte da experiência humana. Por que negar?
Acho que sou romântica, pois penso que ter conhecido cada um destes meus amigos que se foram me tornou uma pessoa melhor. Aprendi tanto com todos eles em tão pouco tempo. Sinto que de alguma forma eles também estão vivos dentro de mim, pois nunca me esqueço de contar a história de coragem e de superação que cada um deles fez questão de dividir comigo. Levo um pouquinho da essência deles onde quer que eu vá. É a minha forma de homenageá-los e manter a memória deles viva de alguma forma. Por isto divido tanto a minha história quanto a história da Thalita, do Daniel, do Fellipe, do Sandro e de tantos outros jovens que se foram tão cedo e que hoje deixam o céu mais brilhante. Se o tempo que trocamos emails e telefonemas foi curto, o aprendizado vai ser eterno.
February 19, 2009
Mais um selinho
Este é cortesia da minha amiga Leoraineiziel, que também mora aqui em Maryland.
Adorei! Obrigadíssima!
Então vamos às regras:
Exiba a imagem do selo “Olha Que Blog Maneiro” que vc acabou de ganhar.
Poste o link do blog que te indicou.(muito importante!).
Indique 10 blogs de sua preferência.
Avise seus indicados.
Publique as regras.
Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.
Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá 1 caricatura em P&B.
E os blogs:
mulherzinha
lá vem a noiva!
MINHAS ABOBRINHAS
Colagem
Espelho, espelho meu
O tempo voa!
Penso, logo... mudo de idéia!
Fernanda França
A grande batalha!
Na Cozinha com Aninha
Crazy Hour
Apesar das dúvidas do Blake, decidi ouvir minha intuição e repetir a dose do Happy Hour da Ulman Foundation, aqui em Columbia. Mas como a minha vida é sempre uma novela, até chegar ao tal bar, tive que fazer um pit-stop mais do que sinistro.
Toda vez que conto alguma coisa sobre o meu trabalho para alguém, a pessoa arregala os olhos e me diz: "Nossa, parece até aquele filme O Diabo Veste Prada." Mas é a mais pura verdade, eu poderia muito bem ter escrito aquele livro baseado em histórias pessoais. A priemira parte falaria sobre meus estágio na NBC, maior rede de TV americana, fazendo o telejornal de maior audiência por aqui, cujo apresentador/editor-chefe era o Tom Brokaw, jornalista famosíssimo por estas bandas. Mas meu emprego atual não fica muito atrás não -- seria trágico se não fosse cômico.
Ontem as coisa aqui estavam uma loucura... Então as secretárias perceberam que tinham esquecido de mandar um envelope com documentos importantes para minha chefe, que estava trabalhando de casa. Já eram cinco da tarde quando isto aconteceu. A chefe berrava ao telefone e as coitadas desesperadas já tinham decidido pagar o courrier do próprio bolso para salvar a pele. Foi então que lembrei que a meu happy hour era perto da casa da chefona e disse que não me custaria nada fazer a entrega. Elas agradeceram muito e pularam de felicidade, até se darem conta de que NINGUÉM pode saber onde a chefe mora. Me fizeram prometer que ia levar o segredo para o túmulo. Topei. E elas me deram milhões de instruções:
"Não deixe que ela veja você em hipótese alguma!"
"Não estacione na entrada da garagem dela!"
"Deixe o envelope entre a porta de vidro e a porta principal."
"Faça tudo o mais rápido possível e saia de lá o quanto antes!"
Qualquer semelhança com algum conto de fadas maluco não seria mera coincidência.
Peguei a estrada, já era noite. Melhor, pensei, assim fica mais difícil de me ver. Ainda bem que ela não conhece meu carro. Vou me aproximando do condomínio dela e vejo que as ruas são muito escuras. Graças a Deus, comemoro, assim fica mais fácil de fazer o serviço.
Quando estou quase chegando, meu blackberry toca, vejo o número dela. Fico gelada! Era a minha amiga secretária ligando do escritório, da linha dela. "Cuidado," ela me avisa, "a chefe está em casa. Pior, está esperando a encomenda, pois ligou para cá e a outra secretária disse que o portador estava a caminho. Seja rápida, não faça barulho e saia daí o quanto antes. Se ela vir você, estamos fritas e provavelmente sumariamente demitidas. Saia daí logo!," ela implorava.
"OK, Ok..." meu telefone toca, é a minha mãe do Brasil! "Mãe, não posso falar agora, te ligo depois. Beijos!" A coitada da minha mãe ficou sem entender nada. A rua é muito escura, mal posso ver o número das casas... mas preciso terminar o serviço logo.
Finalmente avisto o meu destino. O carro dela está lá fora. A luz da cozinha acesa. Ai meu Deus, me ajude!!! Paro em frente à casa do vizinho, ainda há neve na grama, está tudo escuro e eu toda vestida de preto da cabeça aos pés (pura coincidência!) me aproximo com cuidado do portão dela. Lembro que esqueci a minha bolsa no carro. Não tem ninguém aqui, que mal faz? Vai saber, de repente aparece um maluco do nada, leva meu carro e minha bolsa?! Nada disso! Volto para buscar a dita cuja.
Saio do carro correndo, equilibrando a bolsa, o envelope, o telefone e o Blackberry... Nesta hora qualquer deslize pode ser fatal. Meu Deus, me ajude! Rápido, corre, cuidado, vou dizendo para mim mesma. Não deixe o envelope cair por nada! Não faça barulho!
Finalmente avisto uma porta de vidro antes de uma porta vermelha. As instruções diziam para deixar o envelope entre as duas. Abro a porta com cuidado e deixo o bendito lá. Volto para o carro correndo, acelero e saio de lá o mais rápido possível. Ligo para o escritório: "Missão cumprida. Entrega feita." Todas nós respiramos mais que aliviadas. Ufa!
Durante aqueles poucos minutos me senti uma criminosa total, uma gatuna, uma ladra de verdade! Invadindo a casa dos outros, fazendo algo contra lei!!! Que rush de adrenalina! E tudo isto porque estava fazendo o favor de entregar um envelope na casa da chefe. Vai entender uma coisa destas...
Ao chegar atrasada ao happy hour, já fui dizendo que tinha uma desculpa tão boa quanto louca e contei a todos a história. Todo mundo morreu de rir e alguém disse "Nossa, parece aquele filme..." Respondi "O Diabo Veste Prada? Sim, mas no meu caso, o diabo veste é jaleco mesmo!" E todo mundo caiu na gargalhada... "Parece que você merece um drink, alguém lembrou. E lá fui eu em direção ao bar pegar um suco de cranberry!
Que dia! O happy hour foi o máximo e ontem tínhamos três homens e três mulheres. Conversamos mais sobre livros e negócios e cooperações... Amei! mas isto é assunto para outro post.
Toda vez que conto alguma coisa sobre o meu trabalho para alguém, a pessoa arregala os olhos e me diz: "Nossa, parece até aquele filme O Diabo Veste Prada." Mas é a mais pura verdade, eu poderia muito bem ter escrito aquele livro baseado em histórias pessoais. A priemira parte falaria sobre meus estágio na NBC, maior rede de TV americana, fazendo o telejornal de maior audiência por aqui, cujo apresentador/editor-chefe era o Tom Brokaw, jornalista famosíssimo por estas bandas. Mas meu emprego atual não fica muito atrás não -- seria trágico se não fosse cômico.
Ontem as coisa aqui estavam uma loucura... Então as secretárias perceberam que tinham esquecido de mandar um envelope com documentos importantes para minha chefe, que estava trabalhando de casa. Já eram cinco da tarde quando isto aconteceu. A chefe berrava ao telefone e as coitadas desesperadas já tinham decidido pagar o courrier do próprio bolso para salvar a pele. Foi então que lembrei que a meu happy hour era perto da casa da chefona e disse que não me custaria nada fazer a entrega. Elas agradeceram muito e pularam de felicidade, até se darem conta de que NINGUÉM pode saber onde a chefe mora. Me fizeram prometer que ia levar o segredo para o túmulo. Topei. E elas me deram milhões de instruções:
"Não deixe que ela veja você em hipótese alguma!"
"Não estacione na entrada da garagem dela!"
"Deixe o envelope entre a porta de vidro e a porta principal."
"Faça tudo o mais rápido possível e saia de lá o quanto antes!"
Qualquer semelhança com algum conto de fadas maluco não seria mera coincidência.
Peguei a estrada, já era noite. Melhor, pensei, assim fica mais difícil de me ver. Ainda bem que ela não conhece meu carro. Vou me aproximando do condomínio dela e vejo que as ruas são muito escuras. Graças a Deus, comemoro, assim fica mais fácil de fazer o serviço.
Quando estou quase chegando, meu blackberry toca, vejo o número dela. Fico gelada! Era a minha amiga secretária ligando do escritório, da linha dela. "Cuidado," ela me avisa, "a chefe está em casa. Pior, está esperando a encomenda, pois ligou para cá e a outra secretária disse que o portador estava a caminho. Seja rápida, não faça barulho e saia daí o quanto antes. Se ela vir você, estamos fritas e provavelmente sumariamente demitidas. Saia daí logo!," ela implorava.
"OK, Ok..." meu telefone toca, é a minha mãe do Brasil! "Mãe, não posso falar agora, te ligo depois. Beijos!" A coitada da minha mãe ficou sem entender nada. A rua é muito escura, mal posso ver o número das casas... mas preciso terminar o serviço logo.
Finalmente avisto o meu destino. O carro dela está lá fora. A luz da cozinha acesa. Ai meu Deus, me ajude!!! Paro em frente à casa do vizinho, ainda há neve na grama, está tudo escuro e eu toda vestida de preto da cabeça aos pés (pura coincidência!) me aproximo com cuidado do portão dela. Lembro que esqueci a minha bolsa no carro. Não tem ninguém aqui, que mal faz? Vai saber, de repente aparece um maluco do nada, leva meu carro e minha bolsa?! Nada disso! Volto para buscar a dita cuja.
Saio do carro correndo, equilibrando a bolsa, o envelope, o telefone e o Blackberry... Nesta hora qualquer deslize pode ser fatal. Meu Deus, me ajude! Rápido, corre, cuidado, vou dizendo para mim mesma. Não deixe o envelope cair por nada! Não faça barulho!
Finalmente avisto uma porta de vidro antes de uma porta vermelha. As instruções diziam para deixar o envelope entre as duas. Abro a porta com cuidado e deixo o bendito lá. Volto para o carro correndo, acelero e saio de lá o mais rápido possível. Ligo para o escritório: "Missão cumprida. Entrega feita." Todas nós respiramos mais que aliviadas. Ufa!
Durante aqueles poucos minutos me senti uma criminosa total, uma gatuna, uma ladra de verdade! Invadindo a casa dos outros, fazendo algo contra lei!!! Que rush de adrenalina! E tudo isto porque estava fazendo o favor de entregar um envelope na casa da chefe. Vai entender uma coisa destas...
Ao chegar atrasada ao happy hour, já fui dizendo que tinha uma desculpa tão boa quanto louca e contei a todos a história. Todo mundo morreu de rir e alguém disse "Nossa, parece aquele filme..." Respondi "O Diabo Veste Prada? Sim, mas no meu caso, o diabo veste é jaleco mesmo!" E todo mundo caiu na gargalhada... "Parece que você merece um drink, alguém lembrou. E lá fui eu em direção ao bar pegar um suco de cranberry!
Que dia! O happy hour foi o máximo e ontem tínhamos três homens e três mulheres. Conversamos mais sobre livros e negócios e cooperações... Amei! mas isto é assunto para outro post.
February 18, 2009
Lance Armstrong
Uns dizem que ele é um herói, outros dizem que o cara é um tremendo canastrão, o que no final das contas prova que ele é antes de tudo um ser humano, passível de erros.
Hoje sem querer, esbarrei com esta tradução de um trecho do livro dele e parei para ler. É incrível como pessoas completamente diferentes recebem uma notícia parecida... É impressionante perceber que o enredo é sempre o mesmo. Muitos dos pensamentos que passaram pela cabeça de Lance vivem na minha memória até hoje.
O livro não é nada novo, já até tinha lido esta passagem, mas por algum motivo hoje ela se tornou mais especial para mim:
"Câncer é assim. É como ser derrubado na estrada por um caminhão. E tenho as cicatrizes para provar. Há um corte enrugado na parte alta do meu tórax, um pouco abaixo do coração, que foi por onde o catéter foi introduzido. Um outro corte cirúrgico começa no lado direito da minha virilha, adentrando a parte superior da coxa, de onde extraíram meu testículo. Mas os verdadeiros prêmios são duas meias-luas profundas no meu crânio, como se um cavalo me tivesse dado dois coices na cabeça. São restos de uma cirurgia no cérebro.
Quando eu tinha 25 anos, tive câncer testicular e quase morri. Deram-me menos de 40% de chances de sobreviver e, francamente, alguns dos meus médicos estavam sendo bonzinhos quando deram essa probabilidade. Morte não é exatamente uma conversa de coquetel, sei, e tampouco é o câncer, a cirurgia cerebral ou coisas abaixo da cintura. Mas não estou aqui para falar sobre coisas bonitinhas. Quero contar a verdade. Tenho certeza de que você gostará de saber como Lance Armstrong tornou-se um respeitado cidadão americano e fonte de inspiração para todos nós, como ele venceu o Tour de France, corrida de estrada de 2290 milhas, que é considerado o evento esportivo mais cansativo da face da Terra. Você quer ouvir sobre fé e mistério, meu retorno milagroso e como me juntei a altas personalidades, como Greg LeMond e Miguel Indurain, no livro dos recordes. Você quer saber sobre a subida lírica através dos Alpes, minha conquista heróica dos Pirineus e todo o sentimento sobre isso. Mas o Tour é a última parte da história.
Algo disso não é fácil de se falar ou confortável de se ouvir. Peço-lhe, de início, que ponha de lado suas idéias sobre heróis e milagres porque não sou material para um livro de histórias. Isto não é Disneylândia, ou Hollywood.
Darei um exemplo: li que voei por sobre as colinas e montanhas da França. O problema é que você não voa sobre uma colina. Você luta lenta e dolorosamente na subida da montanha e talvez, se trabalhar muito duro, conquista seu cume primeiro que todo mundo.
Câncer é assim também. Pessoas boas e fortes contraem câncer, fazem todas as coisas certas para derrotá-lo e ainda assim morrem. Essa é a verdade essencial que se aprende. Pessoas morrem. E depois que você aprende isso, todas as outras coisas tornam-se irrelevantes. Elas simplesmente parecem pequeninas.
Não sei porque ainda estou vivo. Posso apenas supor. Tenho uma constituição física rígida e minha profissão me ensinou como competir com baixas probabilidades e grandes obstáculos. Gosto de treinar duro e correr com raça. Isso ajudou. Foi um bom começo, mas certamente não foi o fator determinante. Não ajudarei em nada se acreditar que minha sobrevivência foi apenas uma questão de sorte.
Quando eu estava com 16 anos, fui convidado a fazer um teste num lugar em Dallas chamado "Cooper Clinic", um prestigiado laboratório de pesquisas e o local de nascimento da revolução dos exercícios aeróbicos. Um médico lá mediu meu nível máximo de VO2, que é uma avaliação de quanto oxigênio você pode reter e usar. O médico disse que os meus resultados eram os mais altos que eles já haviam encontrado. Também, eu produzia menos ácido lático que a maioria das pessoas. Ácido lático é um produto químico que seu corpo gera quando lhe falta ar e quando está fatigado. É isso que faz seus pulmões queimarem e doer as pernas.
Basicamente, posso suportar mais cansaço físico que a maioria das pessoas e não fico tão cansado quando estou fazendo isso. Então percebi que isso poderia me ajudar a ganhar a vida. Tive sorte. Nasci com uma capacidade de respirar acima da média. Mas ainda assim, eu estaria sujeito a um nevoeiro de doença.
Minha doença estava me abatendo, revelando-se de forma grave e forçou-me a analisar a vida com uma visão implacável. Há alguns episódios vergonhosos nisso: exemplos de avareza, tarefas inacabadas, fraquezas e lamentações. Tive que me perguntar: "Seu eu viver, quem pretenderei ser?" Descobri que eu tinha muito que crescer como um homem.
Não vou te iludir. Existem dois Lance Armstrongs, o do pré-câncer e o posterior. A pergunta favorita de todos é: "Como o câncer te mudou?" A questão correta é: como ele não me mudaria? Deixei minha casa em 02 de outubro de 1996 como uma pessoa e quando voltei era outra. Eu era um atleta de nível internacional com uma mansão à margem de um rio, chaves para o Porsche e com uma fortuna no banco que eu havia feito. Eu era um dos maiores corredores do mundo e minha carreira estava se movendo em um perfeito arco de sucesso. Retornei uma pessoa diferente, literalmente. De um modo, o velho de mim morreu e eu tinha ganhado uma segunda vida. Até o meu corpo é diferente porque durante a quimioterapia perdi todos os músculos que havia conseguido e, quando os recuperei, não vieram do mesmo modo.
A verdade é que o câncer foi a melhor coisa que já aconteceu comigo. Não sei porque contraí a doença, mas ela fez milagres por mim e eu não fugiria dela. Por que eu iria querer mudar o evento mais importante e construtivo da minha vida?
As pessoas morrem. Essa verdade é tão desanimadora que às vezes não suporto articular sobre isso. Por que devemos seguir em frente? - você deve perguntar. Por que simplesmente não paramos e deitamos onde estamos? Há uma outra verdade também. São verdades iguais, porém contrapostas. As pessoas vivem, e das maneiras mais extraordinárias. Quando eu estava doente, vi mais beleza, triunfo e honestidade em um único dia, do que em qualquer corrida. E aqueles momentos eram humanos, não se tratava de milagre. Conheci um cara com uma roupa gasta e suada que se tornou um brilhante cirurgião. Fiquei amigo de uma enfermeira apressada e ocupada chamada LaTrice, que me deu tanta atenção que aquilo só podia ser resultado da mais profunda simpatia e afeição. Vi crianças sem cílios, sem sobrancelhas, com os cabelos queimados pela quimioterapia e que lutavam com corações de Indurains.
Ainda não entendo completamente."
Tradução livre de Fábio Ribeiro, Sorocaba SP.
Texto original em inglês disponível gratuitamente neste link
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Página do Lance Armstrong
Hoje sem querer, esbarrei com esta tradução de um trecho do livro dele e parei para ler. É incrível como pessoas completamente diferentes recebem uma notícia parecida... É impressionante perceber que o enredo é sempre o mesmo. Muitos dos pensamentos que passaram pela cabeça de Lance vivem na minha memória até hoje.
O livro não é nada novo, já até tinha lido esta passagem, mas por algum motivo hoje ela se tornou mais especial para mim:
"Câncer é assim. É como ser derrubado na estrada por um caminhão. E tenho as cicatrizes para provar. Há um corte enrugado na parte alta do meu tórax, um pouco abaixo do coração, que foi por onde o catéter foi introduzido. Um outro corte cirúrgico começa no lado direito da minha virilha, adentrando a parte superior da coxa, de onde extraíram meu testículo. Mas os verdadeiros prêmios são duas meias-luas profundas no meu crânio, como se um cavalo me tivesse dado dois coices na cabeça. São restos de uma cirurgia no cérebro.
Quando eu tinha 25 anos, tive câncer testicular e quase morri. Deram-me menos de 40% de chances de sobreviver e, francamente, alguns dos meus médicos estavam sendo bonzinhos quando deram essa probabilidade. Morte não é exatamente uma conversa de coquetel, sei, e tampouco é o câncer, a cirurgia cerebral ou coisas abaixo da cintura. Mas não estou aqui para falar sobre coisas bonitinhas. Quero contar a verdade. Tenho certeza de que você gostará de saber como Lance Armstrong tornou-se um respeitado cidadão americano e fonte de inspiração para todos nós, como ele venceu o Tour de France, corrida de estrada de 2290 milhas, que é considerado o evento esportivo mais cansativo da face da Terra. Você quer ouvir sobre fé e mistério, meu retorno milagroso e como me juntei a altas personalidades, como Greg LeMond e Miguel Indurain, no livro dos recordes. Você quer saber sobre a subida lírica através dos Alpes, minha conquista heróica dos Pirineus e todo o sentimento sobre isso. Mas o Tour é a última parte da história.
Algo disso não é fácil de se falar ou confortável de se ouvir. Peço-lhe, de início, que ponha de lado suas idéias sobre heróis e milagres porque não sou material para um livro de histórias. Isto não é Disneylândia, ou Hollywood.
Darei um exemplo: li que voei por sobre as colinas e montanhas da França. O problema é que você não voa sobre uma colina. Você luta lenta e dolorosamente na subida da montanha e talvez, se trabalhar muito duro, conquista seu cume primeiro que todo mundo.
Câncer é assim também. Pessoas boas e fortes contraem câncer, fazem todas as coisas certas para derrotá-lo e ainda assim morrem. Essa é a verdade essencial que se aprende. Pessoas morrem. E depois que você aprende isso, todas as outras coisas tornam-se irrelevantes. Elas simplesmente parecem pequeninas.
Não sei porque ainda estou vivo. Posso apenas supor. Tenho uma constituição física rígida e minha profissão me ensinou como competir com baixas probabilidades e grandes obstáculos. Gosto de treinar duro e correr com raça. Isso ajudou. Foi um bom começo, mas certamente não foi o fator determinante. Não ajudarei em nada se acreditar que minha sobrevivência foi apenas uma questão de sorte.
Quando eu estava com 16 anos, fui convidado a fazer um teste num lugar em Dallas chamado "Cooper Clinic", um prestigiado laboratório de pesquisas e o local de nascimento da revolução dos exercícios aeróbicos. Um médico lá mediu meu nível máximo de VO2, que é uma avaliação de quanto oxigênio você pode reter e usar. O médico disse que os meus resultados eram os mais altos que eles já haviam encontrado. Também, eu produzia menos ácido lático que a maioria das pessoas. Ácido lático é um produto químico que seu corpo gera quando lhe falta ar e quando está fatigado. É isso que faz seus pulmões queimarem e doer as pernas.
Basicamente, posso suportar mais cansaço físico que a maioria das pessoas e não fico tão cansado quando estou fazendo isso. Então percebi que isso poderia me ajudar a ganhar a vida. Tive sorte. Nasci com uma capacidade de respirar acima da média. Mas ainda assim, eu estaria sujeito a um nevoeiro de doença.
Minha doença estava me abatendo, revelando-se de forma grave e forçou-me a analisar a vida com uma visão implacável. Há alguns episódios vergonhosos nisso: exemplos de avareza, tarefas inacabadas, fraquezas e lamentações. Tive que me perguntar: "Seu eu viver, quem pretenderei ser?" Descobri que eu tinha muito que crescer como um homem.
Não vou te iludir. Existem dois Lance Armstrongs, o do pré-câncer e o posterior. A pergunta favorita de todos é: "Como o câncer te mudou?" A questão correta é: como ele não me mudaria? Deixei minha casa em 02 de outubro de 1996 como uma pessoa e quando voltei era outra. Eu era um atleta de nível internacional com uma mansão à margem de um rio, chaves para o Porsche e com uma fortuna no banco que eu havia feito. Eu era um dos maiores corredores do mundo e minha carreira estava se movendo em um perfeito arco de sucesso. Retornei uma pessoa diferente, literalmente. De um modo, o velho de mim morreu e eu tinha ganhado uma segunda vida. Até o meu corpo é diferente porque durante a quimioterapia perdi todos os músculos que havia conseguido e, quando os recuperei, não vieram do mesmo modo.
A verdade é que o câncer foi a melhor coisa que já aconteceu comigo. Não sei porque contraí a doença, mas ela fez milagres por mim e eu não fugiria dela. Por que eu iria querer mudar o evento mais importante e construtivo da minha vida?
As pessoas morrem. Essa verdade é tão desanimadora que às vezes não suporto articular sobre isso. Por que devemos seguir em frente? - você deve perguntar. Por que simplesmente não paramos e deitamos onde estamos? Há uma outra verdade também. São verdades iguais, porém contrapostas. As pessoas vivem, e das maneiras mais extraordinárias. Quando eu estava doente, vi mais beleza, triunfo e honestidade em um único dia, do que em qualquer corrida. E aqueles momentos eram humanos, não se tratava de milagre. Conheci um cara com uma roupa gasta e suada que se tornou um brilhante cirurgião. Fiquei amigo de uma enfermeira apressada e ocupada chamada LaTrice, que me deu tanta atenção que aquilo só podia ser resultado da mais profunda simpatia e afeição. Vi crianças sem cílios, sem sobrancelhas, com os cabelos queimados pela quimioterapia e que lutavam com corações de Indurains.
Ainda não entendo completamente."
Tradução livre de Fábio Ribeiro, Sorocaba SP.
Texto original em inglês disponível gratuitamente neste link
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Happy ou Sad Hour?
Hoje é dia do happy hour promovido pela Ulman Foundation, aqui em Maryland. O Blake insiste em chamar o evento de "sad hour" porque só tem histórias tristes, pelo menos aos olhos dele.
É verdade que esta é a primeira impressão sim, pois todos que estão ali certamente preferiam não estar. Não pela companhia, que é sempre agradável, ou pelo bate papo, sempre animado, mas pelo motivo primordial que faz com que todas nós tenhamos algo em comum: a doença, aquela doença. Ao olharmos umas para as outras entendemos que aquilo é real, que não foi só um sonho ruim do qual podemos acordar a qualquer momento. Não é algo que aconteceu às sombras e que pode ser varrido para baixo do tapete. Não, a doença é ou foi uma experiência real.
A partir do momento que você toma a decisão de tornar a doença pública ela passa a não ser mais só sua. Ela é da sua família, dos seus amigos e de todos que se importam com você. A partir do momento que você passa a militar e a lutar por mais verbas para a pesquisa, por maior acesso aos tratamentos, por uma melhor qualidade de vida para os pacientes, você sai do seu domínio particular e passa a figurar no domínio público. A escolha está feita, conscientemente ou não.
Não dá mais para esconder a doença de ninguém, não pode mais reclamar quando olham para você e dizem "nossa, nem parece que você teve câncer. Você parece tão saudável." Tem que engolir e sorrir. Pode até responder "Pareço não, sou saudável. Assim como você." Mas é só. Ao optar por viver sua experiência em público você deixa de ter alguns direitos, entre eles o da total privacidade. Também perde o pseudo-privilégio de 'ignorar' a doença de vez em quando, ou de às vezes achar que aquilo tudo não aconteceu com você -- deve ter sido com alguém muito próximo, pois a história é completamente surreal. Não existe mais a menor possibilidade de negação.
Ao aceitar encontrar ( e por que não 'encarar'?) estas pessoas que tem em comum aquilo que você mais teme ou abomina, você invariavelmente se torna uma delas. É difícil ouvir a história de uma mulher praticamente da sua idade que tem a doença em estágio avançado e cujas alternativas de cura são cada vez mais escassas. É difícil não pensar que poderia ser você ali e aceitar que não há para ela como não haveria para você nada a fazer. Há de se ter fé. Há de se lutar. Mas fora isto, não nos resta muito a não ser aceitar a nossa fragilidade e consequentemente a nossa mortalidade. Desafio cruel para alguém tão jovem.
Às vezes penso que o Blake tem razão e a happy/sad hour me consome um pouco, mas é um esforço válido, principalmente para quem como eu é apaixonada por gente e pelas nuances do ser humano. No início, me perguntava por que estas coisas tão difíceis aconteciam com pessoas tão fantásticas. Hoje penso que não são as pessoas que são fantásticas, mas provavelmente as circustâncias nas quais elas se encontram. Estas mesmas circunstâncias fazem com que a imensa maioria dos seres humanos mostre o que tem de melhor.
Para ilustrar minha teoria, uso a frase que nosso vice-presidente José Alencar disse ao sair do hospital ontem, depois de mais uma cirurgia para remoção de outro tumor no abdomem. José Alencar enfrenta a doença desde 1997 e continua trabalhando e vivendo. Quando perguntado como tinha tanta fé e tanta coragem para enfrentar o tratamento, ele disse: "Isso pode ser um equívoco. Onde está a coragem de um homem que não tinha outra alternativa? Não tinha outra opção. Era ou vai ou vai."
Se o vice-presidente é uma pessoa extraordinária eu não sei, mas sua lucidez e suas palavras são.
É verdade que esta é a primeira impressão sim, pois todos que estão ali certamente preferiam não estar. Não pela companhia, que é sempre agradável, ou pelo bate papo, sempre animado, mas pelo motivo primordial que faz com que todas nós tenhamos algo em comum: a doença, aquela doença. Ao olharmos umas para as outras entendemos que aquilo é real, que não foi só um sonho ruim do qual podemos acordar a qualquer momento. Não é algo que aconteceu às sombras e que pode ser varrido para baixo do tapete. Não, a doença é ou foi uma experiência real.
A partir do momento que você toma a decisão de tornar a doença pública ela passa a não ser mais só sua. Ela é da sua família, dos seus amigos e de todos que se importam com você. A partir do momento que você passa a militar e a lutar por mais verbas para a pesquisa, por maior acesso aos tratamentos, por uma melhor qualidade de vida para os pacientes, você sai do seu domínio particular e passa a figurar no domínio público. A escolha está feita, conscientemente ou não.
Não dá mais para esconder a doença de ninguém, não pode mais reclamar quando olham para você e dizem "nossa, nem parece que você teve câncer. Você parece tão saudável." Tem que engolir e sorrir. Pode até responder "Pareço não, sou saudável. Assim como você." Mas é só. Ao optar por viver sua experiência em público você deixa de ter alguns direitos, entre eles o da total privacidade. Também perde o pseudo-privilégio de 'ignorar' a doença de vez em quando, ou de às vezes achar que aquilo tudo não aconteceu com você -- deve ter sido com alguém muito próximo, pois a história é completamente surreal. Não existe mais a menor possibilidade de negação.
Ao aceitar encontrar ( e por que não 'encarar'?) estas pessoas que tem em comum aquilo que você mais teme ou abomina, você invariavelmente se torna uma delas. É difícil ouvir a história de uma mulher praticamente da sua idade que tem a doença em estágio avançado e cujas alternativas de cura são cada vez mais escassas. É difícil não pensar que poderia ser você ali e aceitar que não há para ela como não haveria para você nada a fazer. Há de se ter fé. Há de se lutar. Mas fora isto, não nos resta muito a não ser aceitar a nossa fragilidade e consequentemente a nossa mortalidade. Desafio cruel para alguém tão jovem.
Às vezes penso que o Blake tem razão e a happy/sad hour me consome um pouco, mas é um esforço válido, principalmente para quem como eu é apaixonada por gente e pelas nuances do ser humano. No início, me perguntava por que estas coisas tão difíceis aconteciam com pessoas tão fantásticas. Hoje penso que não são as pessoas que são fantásticas, mas provavelmente as circustâncias nas quais elas se encontram. Estas mesmas circunstâncias fazem com que a imensa maioria dos seres humanos mostre o que tem de melhor.
Para ilustrar minha teoria, uso a frase que nosso vice-presidente José Alencar disse ao sair do hospital ontem, depois de mais uma cirurgia para remoção de outro tumor no abdomem. José Alencar enfrenta a doença desde 1997 e continua trabalhando e vivendo. Quando perguntado como tinha tanta fé e tanta coragem para enfrentar o tratamento, ele disse: "Isso pode ser um equívoco. Onde está a coragem de um homem que não tinha outra alternativa? Não tinha outra opção. Era ou vai ou vai."
Se o vice-presidente é uma pessoa extraordinária eu não sei, mas sua lucidez e suas palavras são.
February 17, 2009
Seis Coisas Aleatórias sobre Mim
A minha xará Dani me indicou para o meme das seis coisas quem nem todo mundo sabe sobre nós. Assim que li o desafio, vi que seria uma tarefa mais que difícil, pois sou a maior tagarela e depois deste blog tem muito pouca coisa que o povo não sabe a meu respeito. Atualmente a minha vida é muito mais que um livro aberto, as páginas já estão até desbotando. Mas de qualquer jeito vamos lá:
* Detesto banana -- pois é, devo ser uma das poucas pessoas que tem ojeriza a esta frutinha tão nutritiva. Até gosto do sabor e do cheiro, como bolo de banana, doce de banana e o que for, só não me peçam para morder a fruta crua. A textura me dá um nojo só! Também não suporto café!
* Nunca me imaginei vestida de noiva -- outra coisa estranha para uma pessoa que ficou fanática por casamento, até casamento dos outros. Mas a verdade é que nunca me imaginei de noiva, nunca colecionei recortes de revista, nunca rascunhei lista de convidados e nem nunca fiz seleção de músicas ou padrinhos. Claro que, na hora H, começar absolutamente do zero deu o maior trabalhão! Mas valeu muito!
* Tenho vergonha dos meus pés, que são muito feios -- herança dos meus vários anos de bailarina. Já encostei as sapatinhas há milênios, mas sempre que alguém mais observador olha para os meus pés, a primeira coisa que ouço é "Você é bailarina?" O médico do Consulado Americano nem me deixou tirar o sapato. Ele disse que era a estrutura da perna e do pé. Vai entender...
* Sempre fui americanófila, admito! Também tenho fascinação por tudo que vem dos anos 80...e 70, 60, 50 também, principalmente quando vem dos EUA! Amo os filmes mas antigos e não perco um. Por causa de tantos filmes na adolescência tinha a idéia fixa de vir morar nos EUA só para viver o "American Way of Life". Meu pai nunca quisa saber de mandar a filha para casa dos outros, então tive que vir por meios próprios e consegui uma bolsa para fazer faculdade aqui.
* Meu grande sonho, desde muito pequena, sempre foi escrever um livro, mas nunca tive nem coragem nem paciência para isto. Comecei com o blog para ver se adquiria alguma organização e agora já tenho um bom material, posts daqui e outros textos que escrevi. Só preciso arrumar tudo e encontrar um editor.
* Sempre morri de medo de escuro. Acho que quando pequena vi o filme "O Fantasma da Ópera" na casa da minha avó e fiquei traumatizada para sempre. Dali pra frente, passei a dormir na cama dos meus pais (filha mala!!!) por uns temps e depois, sempre que sentia medo, pedia para a minha irmã (que é mais nova!) dormir comigo na minha cama. Eu tinha medo de ETs!!! E ela adora jogar isto na minha cara até hoje.
Bom, acabo aqui meu desafio e passo a bola para a Debora , que tenho certeza vai ter histórias legais para contar.
* Detesto banana -- pois é, devo ser uma das poucas pessoas que tem ojeriza a esta frutinha tão nutritiva. Até gosto do sabor e do cheiro, como bolo de banana, doce de banana e o que for, só não me peçam para morder a fruta crua. A textura me dá um nojo só! Também não suporto café!
* Nunca me imaginei vestida de noiva -- outra coisa estranha para uma pessoa que ficou fanática por casamento, até casamento dos outros. Mas a verdade é que nunca me imaginei de noiva, nunca colecionei recortes de revista, nunca rascunhei lista de convidados e nem nunca fiz seleção de músicas ou padrinhos. Claro que, na hora H, começar absolutamente do zero deu o maior trabalhão! Mas valeu muito!
* Tenho vergonha dos meus pés, que são muito feios -- herança dos meus vários anos de bailarina. Já encostei as sapatinhas há milênios, mas sempre que alguém mais observador olha para os meus pés, a primeira coisa que ouço é "Você é bailarina?" O médico do Consulado Americano nem me deixou tirar o sapato. Ele disse que era a estrutura da perna e do pé. Vai entender...
* Sempre fui americanófila, admito! Também tenho fascinação por tudo que vem dos anos 80...e 70, 60, 50 também, principalmente quando vem dos EUA! Amo os filmes mas antigos e não perco um. Por causa de tantos filmes na adolescência tinha a idéia fixa de vir morar nos EUA só para viver o "American Way of Life". Meu pai nunca quisa saber de mandar a filha para casa dos outros, então tive que vir por meios próprios e consegui uma bolsa para fazer faculdade aqui.
* Meu grande sonho, desde muito pequena, sempre foi escrever um livro, mas nunca tive nem coragem nem paciência para isto. Comecei com o blog para ver se adquiria alguma organização e agora já tenho um bom material, posts daqui e outros textos que escrevi. Só preciso arrumar tudo e encontrar um editor.
* Sempre morri de medo de escuro. Acho que quando pequena vi o filme "O Fantasma da Ópera" na casa da minha avó e fiquei traumatizada para sempre. Dali pra frente, passei a dormir na cama dos meus pais (filha mala!!!) por uns temps e depois, sempre que sentia medo, pedia para a minha irmã (que é mais nova!) dormir comigo na minha cama. Eu tinha medo de ETs!!! E ela adora jogar isto na minha cara até hoje.
Bom, acabo aqui meu desafio e passo a bola para a Debora , que tenho certeza vai ter histórias legais para contar.
February 16, 2009
e.e. cummings
Como sou péssima com datas, aqui vai meu presente de Valentine's Day atrasado. Este poema é um dos mais lindos da língua inglesa...
Não sabendo que era impossível, foi lá e fez
Esta frase de Jean Cocteau sem dúvida uma das minhas máximas favoritas. Para dizer a verdade, acho que é a minha frase favorita no momento, a que mais me inspira.
Sempe adorei os trabalhos do Cocteau e a versão cinematográfica dele para o clássico "A Bela e a Fera" é imperdível. Me lembro como se fosse hoje da primeira vez que vi o filme, no terceiro ano de faculdade. Fiquei encantada.
Mas apesar de adorar o aspecto noir que ele deu a um clássico da literatura infantil, o que mais gosto do artista francês é a frase curta mas que diz muito: Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.
Sempre fui muito criteriosa e procurei me cercar de evidências para ir atrás do que eu queria. Sempre precisei de muito embasamento para defender a minha causa e algumas vezes acabei desistindo antes de tentar...
Não me lembro da primeira vez que ouvi a frase, mas no final de 2007, logo depois de ter descoberto que a cirurgia hepática era inadiável, vi a citação e na mesma hora decorei. ""Não sabendo que era impossível, foi lá e fez" Pronto tinha achado ali o meu slogan!
E desde então sempre paro para pensar em quantas coisas acabei conseguindo sem ter noção da real dificuldade que se apresentaria a minha frente. Umas coisas bem cotidianas e outras coisas mais complicadas.
Umas semas atrás escrevi uma matéria que vai sair na Noivas Rio de Janeiro no final do mês que vem. A matéria era sobre noivas que organizaram o casamento no Rio mesmo estando no exterior. E depois de entrevistar as cinco noivas -- que tem histórias interessantíssimas para contar -- cheguei a conclusão que nenhuma sequer havia casado no Rio. Sem que eu ao menos perguntasse o motivo a resposta foi uníssona "era complicado demais!" E usando a razão, elas se casaram nos mais diversos lugares, nos Estados Unidos, na Itália, na Inglaterra... até mesmo quando os dois cônjuges eram brasileiros.
E eu me casei no Brasil, apesar de toda a burocracia, apesar de não conhecer ninguém que tivesse percorrido aquele caminho antes, apesar de não ter noção da confusão que me aguardava. Como fui louca! Louca por vários motivos, mas principalmente louca por ter me casado com um homem estrangeiro e não-católico no Brasil.
Acho que se tivesse usado a razão, teria me casado nos EUA e depois voltado ao Brasil para fazer uma festa, sem casamento na Igreja. Mas como sou teimosa e às vezes mal-informada, acabei tendo o casamento dos meus sonhos: no Brasil e na Igreja Católica Apostólica Romana. Além da burocracia do cartório, enfrentei a burocarcia da Igreja Católica e as correspondências entre as arquidioceses do Rio e de Baltimore, e para aumentar meu stress ainda tive que lidar com as idas e vindas da imigração americana às voltas com a papelada do meu visto. Pensei na hora: se o Blake não fugir agora, não sai do meu lado nunca mais!
Um outro exemplo da aplicação da frase do Cocteau foi quando decidimos comprar a casa aqui. Mais uma vez não fazíamos a menor idéia do que nos aguardava. Para que a compra da casa dos nossos sonhos fosse possível vários fatores teriam que funcionado exatamente como funcionaram...se um dos fatos que contribuiram para a realização do nosso sonho tivesse sido alterado, nossa mudança não teria se tornado realidade. Foi incrível -- desde coisas muitos ruins que acabaram se transformando em bênçãos, até fatos extremamente improváveis e até insólitos tiveram que ocorrer para que nós chegássemos no destino final. Os esotéricos certamente diriam que o universo conspirou a nosso favor, que os planetas estavam todos alinhados conosco mas que o improvável se tornasse possível e viável. Mas foi o que aconteceu. Como tudo foi acontecendo de uma forma tão rápida e coordenada, não tivemos muito tempo para pensar e analisar as coisas. Melhor assim.
E tenho muitos outros exemplos em que a "ignorância" certamente conspirou a meu favor. Tenho que dar o braço a torcer e concordar com um ditado que se ouve por aqui "Ignorance is a bliss".
Acho que aos poucos vou aprendendo que de vez em quando é melhor não querer saber tudo, pois parafraseando o gênio francês, quando não sabemos que é impossível, só nos resta tentar fazer...
Sempe adorei os trabalhos do Cocteau e a versão cinematográfica dele para o clássico "A Bela e a Fera" é imperdível. Me lembro como se fosse hoje da primeira vez que vi o filme, no terceiro ano de faculdade. Fiquei encantada.
Mas apesar de adorar o aspecto noir que ele deu a um clássico da literatura infantil, o que mais gosto do artista francês é a frase curta mas que diz muito: Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.
Sempre fui muito criteriosa e procurei me cercar de evidências para ir atrás do que eu queria. Sempre precisei de muito embasamento para defender a minha causa e algumas vezes acabei desistindo antes de tentar...
Não me lembro da primeira vez que ouvi a frase, mas no final de 2007, logo depois de ter descoberto que a cirurgia hepática era inadiável, vi a citação e na mesma hora decorei. ""Não sabendo que era impossível, foi lá e fez" Pronto tinha achado ali o meu slogan!
E desde então sempre paro para pensar em quantas coisas acabei conseguindo sem ter noção da real dificuldade que se apresentaria a minha frente. Umas coisas bem cotidianas e outras coisas mais complicadas.
Umas semas atrás escrevi uma matéria que vai sair na Noivas Rio de Janeiro no final do mês que vem. A matéria era sobre noivas que organizaram o casamento no Rio mesmo estando no exterior. E depois de entrevistar as cinco noivas -- que tem histórias interessantíssimas para contar -- cheguei a conclusão que nenhuma sequer havia casado no Rio. Sem que eu ao menos perguntasse o motivo a resposta foi uníssona "era complicado demais!" E usando a razão, elas se casaram nos mais diversos lugares, nos Estados Unidos, na Itália, na Inglaterra... até mesmo quando os dois cônjuges eram brasileiros.
E eu me casei no Brasil, apesar de toda a burocracia, apesar de não conhecer ninguém que tivesse percorrido aquele caminho antes, apesar de não ter noção da confusão que me aguardava. Como fui louca! Louca por vários motivos, mas principalmente louca por ter me casado com um homem estrangeiro e não-católico no Brasil.
Acho que se tivesse usado a razão, teria me casado nos EUA e depois voltado ao Brasil para fazer uma festa, sem casamento na Igreja. Mas como sou teimosa e às vezes mal-informada, acabei tendo o casamento dos meus sonhos: no Brasil e na Igreja Católica Apostólica Romana. Além da burocracia do cartório, enfrentei a burocarcia da Igreja Católica e as correspondências entre as arquidioceses do Rio e de Baltimore, e para aumentar meu stress ainda tive que lidar com as idas e vindas da imigração americana às voltas com a papelada do meu visto. Pensei na hora: se o Blake não fugir agora, não sai do meu lado nunca mais!
Um outro exemplo da aplicação da frase do Cocteau foi quando decidimos comprar a casa aqui. Mais uma vez não fazíamos a menor idéia do que nos aguardava. Para que a compra da casa dos nossos sonhos fosse possível vários fatores teriam que funcionado exatamente como funcionaram...se um dos fatos que contribuiram para a realização do nosso sonho tivesse sido alterado, nossa mudança não teria se tornado realidade. Foi incrível -- desde coisas muitos ruins que acabaram se transformando em bênçãos, até fatos extremamente improváveis e até insólitos tiveram que ocorrer para que nós chegássemos no destino final. Os esotéricos certamente diriam que o universo conspirou a nosso favor, que os planetas estavam todos alinhados conosco mas que o improvável se tornasse possível e viável. Mas foi o que aconteceu. Como tudo foi acontecendo de uma forma tão rápida e coordenada, não tivemos muito tempo para pensar e analisar as coisas. Melhor assim.
E tenho muitos outros exemplos em que a "ignorância" certamente conspirou a meu favor. Tenho que dar o braço a torcer e concordar com um ditado que se ouve por aqui "Ignorance is a bliss".
Acho que aos poucos vou aprendendo que de vez em quando é melhor não querer saber tudo, pois parafraseando o gênio francês, quando não sabemos que é impossível, só nos resta tentar fazer...
February 13, 2009
Limpeza & Mudança
"If you don't like something change it. If you can't change it, change your attitude. Don't complain."
Maya Angelou, escritora americana
A mudança aconteceu mais rápido do que eu esperava e ontem mesmo já trouxe as minhas coisas para cá. Ainda não sei o que penso da situação, mas o tempo vai dizer.
Uma das coisas que acho mais estranhas aqui nos States é a limpeza/arrumação dos escritórios, que sempre deixa a desejar. Vi isto no Reino Unido também. Os gringos dizem que brasileiro é obsecado por limpeza e nós brasileiros achamos praticamente todos os gringos sujos, então acho que os parâmetros são diferentes.
Ao chegar na minha nova sala, cuja vista vocês podem ver nas fotos que ilustram o post, achei estranho ver material de limpeza dentro de um dos armários. Depois de convesar com o pessoal percebi que a limpeza das salas aqui é também no esquema "DIY" ou "do it yourself", o que quer dizer em bom português, por conta do freguês.
Tudo bem que já sabia que aqui nos States não tem a moleza de ter empregada todo dia. Faxineira de quinze em quinze dias já é luxo e elas cobram por hora ou por andar da casa! Mas a famosa "tia da limpeza" figurinha carimbada no Brasil corporativo aqui também não passa de lenda! Tem o pessoal que aspira o carpete quando requisitado, mas o resto é por conta do ocupante da sala!!! Bingo! É esta a explicação para o estado lamentável de alguns escritório que ja visitei.
Já tinha trabalhado aqui, mas sempre em baias ou em salas maiores com outras pessoas, agora tenho o meu cantinho, de paredes roxas, diga-se de passagem. Também tenho direito a vista de Baltimore e algumas gruas e prédios em construção, mas tudo bem, melhor que ficar trancado num cubículo sem janela... Tudo fica por minha conta, uma vez que só as secretárias e eu temos o código da porta. É até parece que trabalho para a CIA!
Então agora além de ter que dar duro em casa, também sou responsável pela faxina aqui. E não achem que é moleza, pois o que já tirei de sujeuira e poeira de um espaço menor do que meu quarto de adolescente é inacreditável. Em vez de ter vindo de blazer e calça social, deveria ter vindo de tênis e moleton! Vida de maria!!! Só espero ficar por aqui por um bom tempo para o trabalho ter valido a pena!
February 12, 2009
Sorriso (Semi)Banguela
Estou tendo um dia agitado e meio chato, mas nada que um sorriso banguela não possa alegrar.
Já sei, sou a tia/madrinha mais coruja do mundo, mas a Kika não é mesmo foférrima? Viram os dois dentinhos solitários? Daó o título do post "sorriso semi-banguela!
February 11, 2009
Dia de primavera...
Temperaturas mais do que amenas aqui em Maryland esta semana... O sol está bem forte e tive que fechar a persiana. Aliás vou sentir falta dela. Vou sentir falta de olhar para o relógio Bormo Seltzer aqui da janela.
Há poucos dias minha chefe ligou para me dizer que vou ter que me mudar para o outro prédio, sem muitas explicações. Aliás, explicação é uma coisa inexistente por aqui. Já aprendi que a gente não deve se apegar a nada, ainda mais quando é relativo ao trabalho, pois um dia temos e no outro nos é tirado. A gente sofre menos assim. Nada aqui é meu; é tudo emprestado e um dia vou ter que devolver tudo. Não que eu faça questão de ficar com alguma coisa daqui. Não faço mesmo, nem tantas boas lembranças vou levar o dia que for embora. Mas por enquanto estou aqui e mesmo sem entender e muitas vezes concordar com as regras do jogo vou ficando, aprendendo comigo mesma e tirando algumas lições que vou levar comigo para onde eu for.
Não estou com a menor vontade de empacotar caixas e de me mudar para o outro prédio, num lugar pior, para uma sala pior e ainda por cima bem no olho do furacão, do lado da minha chefe. Mas como diz a minha avó, o que não tem remédio, remediado está. E como dizia o Falabella, parafraseando as aeromoças, "na vida, tudo é passageiro." Tenho certeza que sim.
Há poucos dias minha chefe ligou para me dizer que vou ter que me mudar para o outro prédio, sem muitas explicações. Aliás, explicação é uma coisa inexistente por aqui. Já aprendi que a gente não deve se apegar a nada, ainda mais quando é relativo ao trabalho, pois um dia temos e no outro nos é tirado. A gente sofre menos assim. Nada aqui é meu; é tudo emprestado e um dia vou ter que devolver tudo. Não que eu faça questão de ficar com alguma coisa daqui. Não faço mesmo, nem tantas boas lembranças vou levar o dia que for embora. Mas por enquanto estou aqui e mesmo sem entender e muitas vezes concordar com as regras do jogo vou ficando, aprendendo comigo mesma e tirando algumas lições que vou levar comigo para onde eu for.
Não estou com a menor vontade de empacotar caixas e de me mudar para o outro prédio, num lugar pior, para uma sala pior e ainda por cima bem no olho do furacão, do lado da minha chefe. Mas como diz a minha avó, o que não tem remédio, remediado está. E como dizia o Falabella, parafraseando as aeromoças, "na vida, tudo é passageiro." Tenho certeza que sim.
February 10, 2009
Giulia
Acabei de receber um email e quis postar aqui no blog, pois sei que tem muita gente que lê, mora no Brasil e talvez possa colaborar.
Todo mundo sabe que sou eternamente grata aos doadores amigos que ajudaram a salvar a minha vida em 2002 e no ano passado. Depois de tomar mais de 20 bolsas de sangue ao todo, só estou aqui graças à generosidade de muita gente. E justamente por acreditar e ter experienciado esta bondade enorme, apelo mais uma vez aos amigos. Desta vem quem precisa de sangue e de uma nova medula é uma menina muito fofa de 10 anos, que mora no Rio e se encontra mais uma vez lutando contra a leucemia. É o mesmo pedido que eu tinha feito para o Felippe, que infelizmente não encontrou doador compatível e partiu ano passado. A Giulia continua aqui e continua à procura de um doador. Quem sabe esta pessoa especial não pode ser você???
Por isto, resolvi postar abaixo o email que a minha amiga Priscila me mandou hoje e desde já agradeço se vocês puderem fazer o exame e divulgar este email entre os amigos de vocês.
A doença da Giulia (leucemia) voltou e vamos precisar de ajuda. Ela é filha de uma amiga minha de infância e para quem, com certeza, já repassei algum e-mail para vcs...
Além dos problemas básicos como falta de sangue e plaquetas que acontecem principalmente nessa época do ano perto do Carnaval e caso exista surto de dengue, nossa pequena vai precisar de um doador de medula óssea, pois é a única maneira dela ter a cura de vez. Conseguir um doador compatível não é uma das missões mais fáceis, pois por causa da grande mistura racial que temos no Brasil.
Peço aos amigos que espalhem para todos que puderem. Aos que moram no Rio, por favor, além do exame para saber a compatibilidade, que é um exame de sangue simples, não deixem de doar sangue e plaquetas.
Para os que moram fora do Rio, o sangue e as plaquetas não chegam aqui, mas se você fizer o teste de compatibilidade da medula óssea já será uma ajuda fora do normal. Se você fizer esse teste em qualquer lugar do Brasil, em qualquer lugar do Mundo e ele for compatível com a Giulia eles vão avisar a família e eu tenho certeza que você nos ajudará a salvar essa princesinha, que ao mesmo tempo é tão pequena e uma guerreira super forte...
A Giulia vai precisar também de sangue e plaquetas. No mesmo dia você pode doar os dois no Hemorio, apenas diga que você quer doar sangue e plaqueta.
Para quem não puder doar sangue nem plaqueta, pode fazer apenas o teste de compatibilidade de medula.Os locais que podem ser feitas as coletas são:
Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti - HEMORIO
Rua Frei Caneca, 8 - Centro - Rio de Janeiro-RJ
CEP: 20.211-030
Telefone: (21) 2299-9442
Instituto Nacional de Câncer - INCA
Praça da Cruz Vermelha, 23 - 2º andar - Centro - Rio de Janeiro-RJ
CEP: 20.230-130
Telefone: (21) 2506-6580
O INCA e o Hemorio abrem também nos finais de semana:
INCA - Sábados de 08:00 ao 12:00
Hemorio - Sábados e Domingos das 07:00 as 18:00 (OBS: Se for fazer APENAS o teste de compatibilidade, o Hemorio só atende de segunda à sexta das 08:00 as 12:00)
Quando chegar no local por favor dizer que você está fazendo a doação para GIULIA HALLAIS SILVA LOURINHO, paciente do HOSPITAL DA LAGOA. Com esses dados eles te entregarão um comprovante da doação que vocês não devem esquecer de me entregar para que essa doação seja garantida para ela.
As condições básicas para quem quer doar sangue ou plaquetas são:
REQUISITOS BÁSICOS PARA DOAR SANGUE/PLAQUETA
- Portar documento oficial de identidade com foto (identidade, carteira de trabalho certificado de reservista ou carteira do conselho profissional)
- Estar bem de saúde
- Ter entre 18 e 65 anos
- Pesar no mínimo 50 Kg
- Não estar em jejum. Evitar apenas alimentos gordurosos nas 3 horas que antecedem a doação
- Não estar incluído em grupos com ocorrência freqüente de situações de risco para contaminação pelo HIV (fonte: www.aids.gov.br - prevenção) , tais como:
- Permanência em prisões;
- Usuários de drogas injetáveis;
- Profissionais do sexo;
- Homens que fizeram sexo com outro(s) homem(ns)."
ALGUMAS SITUAÇÕES QUE IMPEDEM PROVISORIAMENTE A DOAÇÃO DE SANGE:
- Febre - acima de 37°C
- Gripe ou resfriado
- Gravidez
- Puerpério: impedimento de 90 dias após o parto normal e de 180 dias após a cesariana
- Uso de alguns medicamentos
- Anemia
- Cirurgias e prazos de impedimento:
- Extração dentária 72 horas
- Apendicite, hérnia, amigdalectomia, varizes: 3 meses.
- Colecistectomia, histerectomia, nefrectomia, redução de fraturas, politraumatismos sem seqüelas graves, tireoidectomia, colectomia: 6 meses.
- Ingestão de bebida alcoólica no dia da doação.
- Tatuagem: 01 ano sem doar
- Vacinação: o tempo de impedimento varia de acordo com o tipo de vacina
- Transfusão de sangue: impedimento por 01 ano
- Ter tido parceiro sexual exposto a situação de risco para AIDS: inapto enquanto mantiver relações sexuais com este parceiro
- Amamentação
ALGUMAS SITUAÇÕES QUE IMPEDEM DEFINITIVAMENTE A DOAÇÃO DE SANGUE:
- Hepatite B - soropositvo para o vírus da hepatite B (HbsAg e/ou anti-HBc)
- Hepatite C - soropositivo para o anti-HCV
- HIV- soropositivo para o anti-HIV
- Doença de Chagas
- Sífilis - soropositivo para marcadores da sífilis
- HTLV - soropositivo para HTLV I/II
- Alcoolismo crônico
Se você puder repassar esse email será muito importante pois as chances de encontrar uma pessoa compatível com ela são pequenas por isso quanto mais gente melhor e se não for para ajudar ela ajudaremos outra pessoa que precise, certo ?
Para o doador, a doação será apenas um incômodo passageiro. Para o doente, será a diferença entre a vida e a morte.
Sobre a Medula, mais detalhes nesse vídeo.
Lembre-se, essa vida que você esta salvando, pode salvar a sua no futuro...
Deus abençoará a todos vocês. Tenho fé que encontraremos um doador compatível a tempo, e que deve ser uma pessoa muito especial!
Agradeço pela Giulia, sua família e todos que a amam!
Comercial
Tinha esquecido de postar aqui, mas achei este comercial da Pepsi o máximo.
Acho que devo estar ficando velha mesmo... Tudo bem que o Bob Dylan não é do meu tempo, mas as comparações são ótimas e fica a lição de que mudam os tempos, mudam os personagens, mas a essência é sempre a mesma.
E aí? O que vocês acham?
Acho que devo estar ficando velha mesmo... Tudo bem que o Bob Dylan não é do meu tempo, mas as comparações são ótimas e fica a lição de que mudam os tempos, mudam os personagens, mas a essência é sempre a mesma.
E aí? O que vocês acham?
February 9, 2009
Filhos de Lwala
Outro dia falei num post sobre a importância de saber de onde se vem. Acho que esta é a condição sine qua non para entendermos quem somos e para onde vamos.
Hoje, por cincidência vi uma matéria sobre este documentário na CNN e fiquei morrendo de curiosidade de ver o filme, Sons of Lwala, ou Filhos de Lwala, uma aldeia queniana sem água potável ou eletricidade. O filme retrata as experiências de Fred e Milton, dois irmãos que vem para os EUA estudar medicina e planejam voltar para o país natal para terminar o projeto de uma posto de saúde que seu pai iniciou antes de morrer de Aids.
Linda esta história.
Hoje, por cincidência vi uma matéria sobre este documentário na CNN e fiquei morrendo de curiosidade de ver o filme, Sons of Lwala, ou Filhos de Lwala, uma aldeia queniana sem água potável ou eletricidade. O filme retrata as experiências de Fred e Milton, dois irmãos que vem para os EUA estudar medicina e planejam voltar para o país natal para terminar o projeto de uma posto de saúde que seu pai iniciou antes de morrer de Aids.
Linda esta história.
Marido Gringo
O Blake está viajando a trabalho e acabou de me ligar todo contente dizendo que tinha ido a um restaurante creole (cozinha de New Orleans) em pleno Mardi Gras.
"Como assim, cara-pálida?", perguntei.
"Pois é, muito legal, fomos ao restaurante no meio do Mardi Gras, pois amanhã é Fat Tuesday, (ou Terça-Feira Gorda)," ele explicou.
"Quem te disse isto?" perguntei logo.
"O pessoal de lá," respondeu o gringo.
"Pois eles te enganaram," não me contive. "Você acha que se hoje fosse mesmo carnaval eu não saberia?"
"Saberia? Mas Mardi Gras é diferente de carnaval," ele pensou alto.
Eu ri e respondi: "Claro que não, é a mesma coisa! Você acha que a Andressa estaria trabalhando, que nenhum jornal brasileiro teria mencionado a data e que eu não saberia? Esqueceu de onde eu venho?," argumentei.
"É mesmo...," ele finalmente aceitou. "Vou falar pros caras que enganaram a gente."
Muito piada ele, né?
Só sei que depois disso me deu uma vontade de escutar uma das minhas músicas de carnaval favoritas...
"Como assim, cara-pálida?", perguntei.
"Pois é, muito legal, fomos ao restaurante no meio do Mardi Gras, pois amanhã é Fat Tuesday, (ou Terça-Feira Gorda)," ele explicou.
"Quem te disse isto?" perguntei logo.
"O pessoal de lá," respondeu o gringo.
"Pois eles te enganaram," não me contive. "Você acha que se hoje fosse mesmo carnaval eu não saberia?"
"Saberia? Mas Mardi Gras é diferente de carnaval," ele pensou alto.
Eu ri e respondi: "Claro que não, é a mesma coisa! Você acha que a Andressa estaria trabalhando, que nenhum jornal brasileiro teria mencionado a data e que eu não saberia? Esqueceu de onde eu venho?," argumentei.
"É mesmo...," ele finalmente aceitou. "Vou falar pros caras que enganaram a gente."
Muito piada ele, né?
Só sei que depois disso me deu uma vontade de escutar uma das minhas músicas de carnaval favoritas...
Michael Phelps e a Maconha
Por mais de uma semana aqui não se fala de outra coisa a não ser a tal foto do Michael Phelps fumando (supostamente) maconha num bong.
Quem me conhece sabe que eu ODEIO droga (qualquer uma: álcool, cigarro, maconha, cocaína, etc!) e tenho o maior orgulho de dizer que JAMAIS tive sequer curiosidade de experimentar nada. Sou 100% limpa! Agora nem Diet Coke tomo mais! Mas confesso que no passado tomei umas bombinhas para emagrecer, mas hoje estou mais magra do que nunca e o segredo é um só fechar a boca.
Mas voltando às drogas, sempre fui muito crítica em relação ao uso de qualquer coisa apesar de muitos dos meus amigos até bem próximos fazerem uso de substâncias ilícitas. Mais nova, não usava drogas, mas se quisessem usar perto de mim, não via problema. Só que vivendo no Rio de Janeiro, vendo o horror que o tráfico traz a nossa cidade, tive que mudar de postura. Hoje se alguém puxar um baseado ao meu lado, me retiro. Podem me chamar de radical, mas não quero compactuar em nada com esta praga que destrói a nossa sociedade. Esta é uma posição minha e acho que todo mundo tem direito à opinião.
O que eu acho ridículo é o que vem acontecendo aqui com a história do Michael Phelps, que depois de ser idolatrado, exposto e exibido como Deus na terra, agora é execrado por todos. O cara errou e daí? Mostrou que é moleque e só. Mas ninguém pode tirar dele o mérito das oito medalhas. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
O grande erro não é só do Phelps mas de uma sociedade decadente e doente que busca inventar ídolos para idolatrar. Exemplo para filho não é cantor nem jogador de futebol. Quem tem que dar exemplo para filho são o pai e a mãe! Para que jogar esta responsabilidade para um zé mané qualquer que só porque é bom na piscina ou no campo de futebol ou no palco, ou sei lá aonde virou sinônimo de perfeição?
Me irrita esta história aqui! E o mesmo vale para o Obama! Que é exemplo para todos os jovns negros do mundo todo? Mas peraí, se o Obama é o primeiro presidente negro, quem serviu de exemplo para ele?! Ele foi o trailblazer, o pioneiro, e para estes não existem exemplos a ser copiados. Sabem quem foram os exemplos de Obama? A mãe, que era de uma fibra absurda, e os avós que, à custa de muito esforço e trabalho, ajudaram a filha que era mãe solteira a criar Obama e sua irmã. O Obama não ficou procurando ninguém para imitar, pois os melhores exemplos ele teve em casa. E isto é que deve ser considerado normal.
A hora que a sociedade enxergar isto de verdade vai experimentar uma grande transformação. Quem educa filho não é a escola e nem a televisão, mas pai e mãe! O Phelps errou sim e provou ser um bobo, mas a única responsabilidade dele deveria ser com ele mesmo e não com os filhos e sobrinhos de um monte de bobocas que cultuam seres humanos passíveis de falha como qualquer um. Como diz a minha mãe, ídolos são sempre de barro.
Quem me conhece sabe que eu ODEIO droga (qualquer uma: álcool, cigarro, maconha, cocaína, etc!) e tenho o maior orgulho de dizer que JAMAIS tive sequer curiosidade de experimentar nada. Sou 100% limpa! Agora nem Diet Coke tomo mais! Mas confesso que no passado tomei umas bombinhas para emagrecer, mas hoje estou mais magra do que nunca e o segredo é um só fechar a boca.
Mas voltando às drogas, sempre fui muito crítica em relação ao uso de qualquer coisa apesar de muitos dos meus amigos até bem próximos fazerem uso de substâncias ilícitas. Mais nova, não usava drogas, mas se quisessem usar perto de mim, não via problema. Só que vivendo no Rio de Janeiro, vendo o horror que o tráfico traz a nossa cidade, tive que mudar de postura. Hoje se alguém puxar um baseado ao meu lado, me retiro. Podem me chamar de radical, mas não quero compactuar em nada com esta praga que destrói a nossa sociedade. Esta é uma posição minha e acho que todo mundo tem direito à opinião.
O que eu acho ridículo é o que vem acontecendo aqui com a história do Michael Phelps, que depois de ser idolatrado, exposto e exibido como Deus na terra, agora é execrado por todos. O cara errou e daí? Mostrou que é moleque e só. Mas ninguém pode tirar dele o mérito das oito medalhas. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
O grande erro não é só do Phelps mas de uma sociedade decadente e doente que busca inventar ídolos para idolatrar. Exemplo para filho não é cantor nem jogador de futebol. Quem tem que dar exemplo para filho são o pai e a mãe! Para que jogar esta responsabilidade para um zé mané qualquer que só porque é bom na piscina ou no campo de futebol ou no palco, ou sei lá aonde virou sinônimo de perfeição?
Me irrita esta história aqui! E o mesmo vale para o Obama! Que é exemplo para todos os jovns negros do mundo todo? Mas peraí, se o Obama é o primeiro presidente negro, quem serviu de exemplo para ele?! Ele foi o trailblazer, o pioneiro, e para estes não existem exemplos a ser copiados. Sabem quem foram os exemplos de Obama? A mãe, que era de uma fibra absurda, e os avós que, à custa de muito esforço e trabalho, ajudaram a filha que era mãe solteira a criar Obama e sua irmã. O Obama não ficou procurando ninguém para imitar, pois os melhores exemplos ele teve em casa. E isto é que deve ser considerado normal.
A hora que a sociedade enxergar isto de verdade vai experimentar uma grande transformação. Quem educa filho não é a escola e nem a televisão, mas pai e mãe! O Phelps errou sim e provou ser um bobo, mas a única responsabilidade dele deveria ser com ele mesmo e não com os filhos e sobrinhos de um monte de bobocas que cultuam seres humanos passíveis de falha como qualquer um. Como diz a minha mãe, ídolos são sempre de barro.
February 8, 2009
He Is Not That Into You
Já estava louca pra ver o filme e agora que a Mi confirmou que se passa aqui em Baltimore a vontade só aumentou! Adoro ver filmes que se passam em lugares que conheço bem. Toda vez que vejo um filme passado no West Village, vou ao delírio! Quase dei um berro no cinema uma vez que vi um personagem passando em frente ao meu prédio em Nova York...
Sem contar que o prédio que os amigos de Friends moravam (na foto) era simplesmente EM FRENTE ao meu prédio na Grove Street!!! Apesar de ter sido filmada em Burbank, na California, a série era ambientada no Village, mais especificamente na frente da minha casa, no prédio onde moravam meus amigos de verdade James e Rich, que pensando bem eram os "Friends" de verdade. (O Rich acabou casando com a Marisa, minha amiga, que por sinal é a cara da Courtney Cox, e assim como o Chandler e a Monica, eles também se mudaram para os suburbs!) Mas isto é assunto para outro post!
Mas voltando ao filme aí de cima, estou louca para ver!!! Uma pena que não terei nenhuma das minhas fiéis mosqueteiras do meu lado... Quando o livro saiu no Brasil, a Cris comprou para dar para a Dani Mi (a outra Dani do grupo) que na época estava toda enrolado com um maluco chave de cadeia, o qual carinhosamente chamávamos de "jail key" já que o carinha era escocês. Mas apesar dos pesares não tinha Cristo que fizesse a Dani desistir dele -- nem o fato dele sumir por meses, nem o fato dele mentir compulsivamente, nem o fato dele ser um jerk completo faziam a nossa amiga cair fora.
Até que a Cris já num misto de revolta e desespero achou o tal livro por acaso e resolveu dar de presente à Dani para ver se ela acordava para vida. Se a Dani acordou, isto a gente ainda não sabe, mas que o livro virou best seller entre as amigas, virou. Acho que em um mês todas nós tínhamos lido o livro e nos indentificado (infelizmente) bastante com algumas das passagens e personagens do livro.
Adoraria tê-las aqui para ir ao cinema comigo, mas acho que vamos todas ter que ver o filme sozinhas e depois fazer um chat para debater o assunto.
As girlfriends (minha irmã incluída!) fazem uma falta danada aqui nos 'burbs!
February 7, 2009
Gran Torino
Só uma palavra é suficiente para descrever o filme: EXCELENTE! O Clint Eastwood simplesmente arrebenta. Aliás, parece que a crítica concorda comigo.
Num país que cada dia fica mais insosso com o chatíssimo politicamente-correto, o cara usa todos os termos pejorativos de uma forma inteligente e tocante numa história emocionante, que em alguns momentos consegue ser triste e em outros engraçada. Humor sagaz, tiradas inesquecíveis, linguagem ácida. Mesmo calibre de Million Dollar Baby, filme forte e doce ao mesmo tempo. Elenco em grande parte desconhecido (pelo menos para mim) mas brilhante. O jovem padre manda muito bem, os jovens vietnamitas também.
Não vou dizer mais nada para não estragar a surpresa, mas foi o melhor filme que vi nos últimos tempos. Quem puder assistir, não perca!
Clint Eastwood é como vinho, quanto mais velho melhor.
February 6, 2009
Pátria Amada
No início da semana recebi um email de uma amiga, que foi minha vizinha em Nova York, mas é paulistana e está de volta ao Brasil. Na verdade, ela já voltou para casa há anos, mas quem já fez esta viagem sabe que o processo é longo e às vezes doloroso.
Como nós duas somos jornalistas e adoramos devaneios, às vezes a conversa toma um rumo mais filosófico e a gente começa a falar da vida no Brasil e da vida nos EUA. Então, no email, quando ela me perguntou como eu me sentia, ela não queria a resposta básica, também não se referia à minha saúde, que graças a Deus, está ótima. A pergunta dela veio logo carregada. Reproduzo na íntegra: “Mas e você, me conta mais, como se sente nos United States of America? Se sente americana, carioca, brasileira, de outro mundo”,? perguntou a Jenny, que apesar do nome é brasileiríssima!
O impulso foi cantar aquela música dos Titãs para ela: "Não sou brasileiro, não sou estrangeiro / Não sou de nenhum lugar, sou de lugar nenhum, sou de lugar nenhum / Não sou de São Paulo, não sou japonês / Não sou carioca, não sou português / Não sou de Brasília, não sou do Brasil / Nenhuma pátria me pariu!”
Mas estranhamente os versos já não me descreviam mais! Não agora, do alto dos meus 35 anos. É verdade, foi assim que me vi a vida toda, um verdadeiro ET, mas hoje apesar de viver longe, não tenho dúvidas de quem sou e de onde vim, uma grata supresa para mim, que passei a vida me questionando. A história é longa...
Na infância, não gostava de boneca, preferia livros. Na adolescência só pensava em programas de intercâmbio que pudessem me trazer para os EUA, nada no Brasil me interessava muito. E na faculdade, depois de ter conseguido a bolsa de estudos, quando cheguei aqui, tomei um susto ao meu primeiro contato com as Barbies deslumbradas, que era como eu carinhosamente chamava as minhas colegas. Resultado: fui parar no grupinho das lésbicas – sem ser lésbica!!! E pior sem nunca ter sido e nunca ter tido a menor vontade. Vai entender! Nasci para ser gauche na vida!
Depois da faculdade, apesar dos pesares a casa da gente é sempre a casa da gente, então voltei correndo para o Brasil, mas ao chegar à pátria amada, assim como a nossa Carmem Miranda, também disseram que eu tinha voltado americanizada! Fala sério!!! Mas a voz do povo deve ser mesmo a voz de Deus e a minha passagem pela terra-mãe não durou muito tempo e em menos de dois anos já estava eu fazendo as pazes com o Tio Sam e me mudando de mala e cuia para Nova York. E pela primeira vez na vida me senti em casa!
Passei cinco anos maravilhosos naquela cidade, onde fiz muitos dos meus melhores amigos, todos interessantíssimos e muito diferentes entre si. Pertencia a vários grupos e navegava com muita naturalidade em todos eles. Só tinha um probleminha: como eu não era americana, precisava de visto toda hora que mudava de emprego, o que é muito complicado, principalmente para quem está em início de carreira, principalmente em jornalismo. Juntaram-se então os aborrecimentos com a imigração e os invernos gélidos de Nova York, depois de cinco anos, acabei voltando para casa e fui ficando, quase que por acaso. Comecei a trabalhar, mas avisei ao chefe que não contasse comigo para mais de um ano, pois estava decidida a voltar para Nova York assim que ajeitasse a minha vida. Sub-loquei meu apartamento fofo no West Village para que a qualquer momento pudesse voltar para a Manhattan. Tinha um pé no Rio e o outro em Nova Yok e estava pronta para abandonar o navio brasileiro ao primeiro sinal de perigo ou frustração.
O primeiro ano foi trevas!!! O trabalho era legal, mas voltar para casa depois de tanto tempo fora é muito complicado. Tive que aos poucos reaprender a viver no Rio e desenterrar a carioca que deveria existir em algum lugar em mim. Mas o tempo foi passando e como dizem os mais sábios, o tempo cura tudo... Quando percebi já estava de volta havia mais de cinco anos e por mais incrível que pudesse parecer estava gostando da minha vida! Estava enfim aproveitando o lugar que tinha nascido e completamente readaptada. Estava conformada com a minha brasilidade e por que não satisfeita com ela? Apesar de tantos problemas, vejo muita coisa absolutamente fantástica no nosso país e no nosso povo. Não sou ufanista nem fanática, mas confesso que tenho orgulho do meu país, das pessoas que trabalham, da mistura de raças e credos, da simpatia dos meus conterrâneos, tenho sim.
Se durante tanto tempo, sofri por não saber onde me encaixava e tentava desesperadamente descobrir se haveria um tal lugar onde eu realmente “pertencesse”, hoje sei bem quem eu sou e de onde venho. Quanto mais o tempo passa e quanto mais fico aqui fora, mais sinto que a minha casa é mesmo o Brasil, com tudo de ruim e de bom do nosso país.
Carrego tudo isto dentro de mim e não tenho a menor vontade de ser outra coisa. Aprendi a gostar dos americanos e dos ingleses e dos indianos e dos chineses de tanto conviver com eles, mas mesmo morando aqui por muitos anos, não tenho a menor intenção de me americanizar e renegar o meu país. Tenho até pena de quem se acha americano tendo nascido em outro lugar, pois aos olhos dos americanos nascidos aqui, vai ser sempre outsider, e aí sim não vai ser brasileiro, nem estrangeiro, vai ser ET!
Eu já me senti ET durante muito tempo, mas assim como a minha amiga, fiz as pazes comigo, com o Rio e com o Brasil, onde tenho minhas raízes e referências. Por melhor que tenha sido a minha acolhida aqui, por mais que tenha escolhido morar nos EUA, nunca quero deixar de ser quem eu sou. Apesar de algumas influências americanas (tem muita coisa que aprecio neles aqui), continuo sendo 100% brasileira! Apesar do Lula, da Dilma, do Zé Dirceu, do Collor, do Maluf, do Sérgio Cabral, do Eduardo Paes, do Bispo Crivella, do Sarney e de tantos outros picaretas que se multiplicam numa velocidade absurda nas páginas dos jornais...falo com orgulho do meu país.
Como boa brasileira, tenho muita fé de que um dia nosso país vai ser um lugar melhor. E é por isto que quando for mãe, vou fazer questão de ensinar português aos meus filhos, que vão ser misturados. Espero que eles tenham a disciplina e a tenacidade dos americanos, mas o bom-humor e a diplomacia dos brasileiros. E acima de tudo, espero que eles saibam exatamente de onde vieram e tenham orgulho disso. Afinal, como diz o Obama, somos todos vira-latas.
Como nós duas somos jornalistas e adoramos devaneios, às vezes a conversa toma um rumo mais filosófico e a gente começa a falar da vida no Brasil e da vida nos EUA. Então, no email, quando ela me perguntou como eu me sentia, ela não queria a resposta básica, também não se referia à minha saúde, que graças a Deus, está ótima. A pergunta dela veio logo carregada. Reproduzo na íntegra: “Mas e você, me conta mais, como se sente nos United States of America? Se sente americana, carioca, brasileira, de outro mundo”,? perguntou a Jenny, que apesar do nome é brasileiríssima!
O impulso foi cantar aquela música dos Titãs para ela: "Não sou brasileiro, não sou estrangeiro / Não sou de nenhum lugar, sou de lugar nenhum, sou de lugar nenhum / Não sou de São Paulo, não sou japonês / Não sou carioca, não sou português / Não sou de Brasília, não sou do Brasil / Nenhuma pátria me pariu!”
Mas estranhamente os versos já não me descreviam mais! Não agora, do alto dos meus 35 anos. É verdade, foi assim que me vi a vida toda, um verdadeiro ET, mas hoje apesar de viver longe, não tenho dúvidas de quem sou e de onde vim, uma grata supresa para mim, que passei a vida me questionando. A história é longa...
Na infância, não gostava de boneca, preferia livros. Na adolescência só pensava em programas de intercâmbio que pudessem me trazer para os EUA, nada no Brasil me interessava muito. E na faculdade, depois de ter conseguido a bolsa de estudos, quando cheguei aqui, tomei um susto ao meu primeiro contato com as Barbies deslumbradas, que era como eu carinhosamente chamava as minhas colegas. Resultado: fui parar no grupinho das lésbicas – sem ser lésbica!!! E pior sem nunca ter sido e nunca ter tido a menor vontade. Vai entender! Nasci para ser gauche na vida!
Depois da faculdade, apesar dos pesares a casa da gente é sempre a casa da gente, então voltei correndo para o Brasil, mas ao chegar à pátria amada, assim como a nossa Carmem Miranda, também disseram que eu tinha voltado americanizada! Fala sério!!! Mas a voz do povo deve ser mesmo a voz de Deus e a minha passagem pela terra-mãe não durou muito tempo e em menos de dois anos já estava eu fazendo as pazes com o Tio Sam e me mudando de mala e cuia para Nova York. E pela primeira vez na vida me senti em casa!
Passei cinco anos maravilhosos naquela cidade, onde fiz muitos dos meus melhores amigos, todos interessantíssimos e muito diferentes entre si. Pertencia a vários grupos e navegava com muita naturalidade em todos eles. Só tinha um probleminha: como eu não era americana, precisava de visto toda hora que mudava de emprego, o que é muito complicado, principalmente para quem está em início de carreira, principalmente em jornalismo. Juntaram-se então os aborrecimentos com a imigração e os invernos gélidos de Nova York, depois de cinco anos, acabei voltando para casa e fui ficando, quase que por acaso. Comecei a trabalhar, mas avisei ao chefe que não contasse comigo para mais de um ano, pois estava decidida a voltar para Nova York assim que ajeitasse a minha vida. Sub-loquei meu apartamento fofo no West Village para que a qualquer momento pudesse voltar para a Manhattan. Tinha um pé no Rio e o outro em Nova Yok e estava pronta para abandonar o navio brasileiro ao primeiro sinal de perigo ou frustração.
O primeiro ano foi trevas!!! O trabalho era legal, mas voltar para casa depois de tanto tempo fora é muito complicado. Tive que aos poucos reaprender a viver no Rio e desenterrar a carioca que deveria existir em algum lugar em mim. Mas o tempo foi passando e como dizem os mais sábios, o tempo cura tudo... Quando percebi já estava de volta havia mais de cinco anos e por mais incrível que pudesse parecer estava gostando da minha vida! Estava enfim aproveitando o lugar que tinha nascido e completamente readaptada. Estava conformada com a minha brasilidade e por que não satisfeita com ela? Apesar de tantos problemas, vejo muita coisa absolutamente fantástica no nosso país e no nosso povo. Não sou ufanista nem fanática, mas confesso que tenho orgulho do meu país, das pessoas que trabalham, da mistura de raças e credos, da simpatia dos meus conterrâneos, tenho sim.
Se durante tanto tempo, sofri por não saber onde me encaixava e tentava desesperadamente descobrir se haveria um tal lugar onde eu realmente “pertencesse”, hoje sei bem quem eu sou e de onde venho. Quanto mais o tempo passa e quanto mais fico aqui fora, mais sinto que a minha casa é mesmo o Brasil, com tudo de ruim e de bom do nosso país.
Carrego tudo isto dentro de mim e não tenho a menor vontade de ser outra coisa. Aprendi a gostar dos americanos e dos ingleses e dos indianos e dos chineses de tanto conviver com eles, mas mesmo morando aqui por muitos anos, não tenho a menor intenção de me americanizar e renegar o meu país. Tenho até pena de quem se acha americano tendo nascido em outro lugar, pois aos olhos dos americanos nascidos aqui, vai ser sempre outsider, e aí sim não vai ser brasileiro, nem estrangeiro, vai ser ET!
Eu já me senti ET durante muito tempo, mas assim como a minha amiga, fiz as pazes comigo, com o Rio e com o Brasil, onde tenho minhas raízes e referências. Por melhor que tenha sido a minha acolhida aqui, por mais que tenha escolhido morar nos EUA, nunca quero deixar de ser quem eu sou. Apesar de algumas influências americanas (tem muita coisa que aprecio neles aqui), continuo sendo 100% brasileira! Apesar do Lula, da Dilma, do Zé Dirceu, do Collor, do Maluf, do Sérgio Cabral, do Eduardo Paes, do Bispo Crivella, do Sarney e de tantos outros picaretas que se multiplicam numa velocidade absurda nas páginas dos jornais...falo com orgulho do meu país.
Como boa brasileira, tenho muita fé de que um dia nosso país vai ser um lugar melhor. E é por isto que quando for mãe, vou fazer questão de ensinar português aos meus filhos, que vão ser misturados. Espero que eles tenham a disciplina e a tenacidade dos americanos, mas o bom-humor e a diplomacia dos brasileiros. E acima de tudo, espero que eles saibam exatamente de onde vieram e tenham orgulho disso. Afinal, como diz o Obama, somos todos vira-latas.
February 5, 2009
Obama contra o Câncer
Com uma caneta afiada, o Presidente Obama assinou uma lei que expande o bem-sucedido State Children's Health Insurance Program (SCHIP) decretando o maior aumento do imposto federal sobre o cigarro, no total de mais de US$1 (um dólar) por maço.
De acordo com a American Cancer Society, este aumento vai impedir que mais 900 mil mortes causadas pelo fumo aconteçam, mantendo quase 1,9 milhão de jovens longe do cigarro e incentivando 1.4 milhões de adultos a deixar o vício.
Sorry mãe e amigos fumantes, mas tenho que bater palma para esta medida do Presidente Obama, que já prometeu investir muito no combate ao câncer, doença que matou sua mãe e sua avó.
De acordo com a American Cancer Society, este aumento vai impedir que mais 900 mil mortes causadas pelo fumo aconteçam, mantendo quase 1,9 milhão de jovens longe do cigarro e incentivando 1.4 milhões de adultos a deixar o vício.
Sorry mãe e amigos fumantes, mas tenho que bater palma para esta medida do Presidente Obama, que já prometeu investir muito no combate ao câncer, doença que matou sua mãe e sua avó.
Bring Sean Home
É certamente a história mais triste dos últimos tempos e me chamou atenção, logo quando aconteceu.
Um dia lendo O Globo vi a notícia de que uma mulher de 33 anos tinha falecido na Casa de Saúde São José por conta de complicações no parto. A notícia me parecia surreal, pois quem morre de parto em pleno século XXI? E ainda por cima na São José, um dos melhores hospitais do Rio, onde várias amigas minhas tiveram bebês e só tem elogios ao atendimento de lá. (Minha avó ficou internada lá -- CTI, Semi-intensiva e quarto -- três meses e somos muito gratos a todos da equipe.)Quem é carioca sabe que a classe média só tem filho em dois lugares: na São José ou na Perinatal.
Me chamaram atenção a idada da mãe, 33 anos, e o nome da filha, Chiara. A minha irmã teve a Chiara aos 33 anos e o parto só não foi na São José porque no dia não havia vaga. Li a notícia e fiquei com o coração partido, pois além da recém-nascida Chiara, ela deixava um filhinho de oito anos. Uma fatalidade, uma coisa inexplicável. Depois fiquei sabendo que a Bruna era muito querida na sociedade carioca, e amiga de amigos meus, o que fez com que todo aquele drama ficasse ainda mais próximo de mim.
Dias mais tarde, assistindo o Today Show em casa, vi a chamada para uma matéria sobre um pai que depois da morte da esposa tentava trazer o filho de volta aos EUA. A esposa era brasileira! Na mesma hora liguei os fatos e pensei "Não é possível! Será que é a história da Bruna?" Fiquei grudada na TV e as minhas suspeitas se confirmaram. O filho mais velho da Bruna era mesmo deste americano de New Jersey e o pobre menino era o alvo da batalha judicial. Louca, esta tal de Bruna, pensei. A menina saiu do país, voltou para o Brasil e ainda casou de novo. Ainda por cima bígama!
A história cada dia ficava mais confusa. Conversando coma minha mãe, soube que a Bruna era casada com um primo de uma amiga dela, o tal Lins e Silva. Logo depois meu telefone tocou, era a amiga da minha mãe chocada com a repercussão história toda. Eu disse logo "Mas a Bruna era bígama! Raptou o filho e depois sumiu, cortou todos os laços com o pai!"
A amiga da minha mãe, do outro lado da minha, disse que o buraco era muito mais embaixo, que tinha grana envolvida, que a família da Bruna, dona do Quadrifoglio, era milionária, que sempre tinha ajudado a filha e o genro nos EUA, inclusive mandando dinheiro para comprar a casa, que o David tinha ganhado uma grana deles, etc, etc... Explicou que o divórcio tinha acontecido à revelia no Brasil, o que muita gente cansa de fazer e que durante esta confusão toda ela tinha se apaixonado pelo advogado, o João Paulo, e refeito a vida dela.
Me contou também que a menina tinha conhecido o David quando estudava fora, engravidado e se casado às pressas, aos vinte e poucos anos. Mais uma vez me imaginei no lugar dela...O que teria feito se isto tivesse acontecido comigo? Provalmente abandonado meus planos e ambições para 'fazer a coisa certa' e dar um lar ao meu filho. Mas até quando suportaria viver uma vida tão diferente daquela que tinha imaginado para mim? Será que eu também não surtaria? Sim, pois a Bruna surtou, caso contrário como explicar as ações dela?
Nos documentários que passam na TV aqui, vemos imagens de uma jovem distante, que não parece feliz, que se isola. Não sei se ela procurou ajuda...mas eu entendo. Tiro por mim. Sempre tive uma vida muito confortável no Brasil, minha família está longe de milionária, mas sempre tive acesso a tudo. Gosto de agito, badalação, praia, correria, calor, moda, eventos... Minha vida social sempre foi para lá de intensa. Por escolha minha, me casei e vim morar em Maryland, suburbia USA, e tomei um choque.
Já vim bem mais velha do que a Bruna, depois de ter morado nos EUA durante oito anos, mas nada tinha me preparado para a vida pacata e parada daqui. Quase surtei também, mas mais experiente, sempre ciente de que tinha sido uma escolha minha, fiquei e estou aqui até hoje. Pelo Blake e só. Porque ele me preenche de uma forma que provavelmente o David não preenchia a Bruna. Por isto ela fugiu. Eu não. Foi culpa do David? Será que ele era um mau marido? Longe de mim dizer isso, mas uma coisa é certa, a Bruna precisava de coisas que ele não podia oferecer. E o resto é passado.
Vejo que muita gente a critica, mas depois de ouvir muito sobre ela, não consigo. Acho que ela agiu errado, sim. Penso que ela deveria ter pedido divórcio e lutado pela guarda da criança, mas entendo que seria uma batalha difícil, sendo ela estrangeira aqui. (Tenho uma amiga que passou por situação semelhante e depois de quase ir à falência pagando advogados, teve que voltar ao Brasil sem a filha para se recapitalizar. Faz anos que não tem nenhum contato com a menina, pois o pai não deixa.) Acho que a história da Bruna se resume a uma série de passos mal dados que resultou numa catástrofe, deixando muita gente ferida.
Estive no Rio duas vezes desde que o drama começou a ser veiculado na imprensa, aqui e no Brasil. Nem preciso dizer que todo mundo fala no assunto. Cada um diz uma coisa, que o David era interesseiro, que era viciado em droga, que era a Bruna que era doidinha, etc, etc. Incrível como nestas horas todos acham que podem ser a palmatória do mundo. Alguém me falou também dos pais da Bruna, que obviamente estão arrasados. Perderam a filha de uma forma estúpida e agora estão prestes a perder o neto. Imaginem...
No fim do ano, jantando com umas amigas, o assunto surgiu mais uma vez. O Sean, filho da Bruna, é amigo de escola dos filhos da minha amiga Clara. "É um amor de menino," dizia a Clara, "não consigo acreditar no que está acontecendo. Ela está superbem aqui, tão adaptado, tão feliz com a irmãzinha. Já não basta o trauma da morte da mãe?," a minha amiga perguntava.
Difícil encontrar uma solução que não seja traumática. Entendo a posição de pai do David, que ama o filho e teve sua vida virada de cabeça para baixo do dia para a noite. Entendo perfeitamente que ele tenha que lutar pelo direito de criar o Sean, mas sinceramente não sei se é o melhor para o menino, pelo menos agora.
Muitos comparam este caso ao de Elián Gonzalez, um menino cubano que fugia da ilha com a mãe, mas com o naufrágio do barco ela morreu e ele chegou a Miami. De acordo com a lei americana, o cubano que chegar a salvo aos EUA tem direito de ficar aqui. A família de Elián, que até então não o conhecia, queria ficar com o menino no país, enquanto o pai, obviamente queria ver o filho em Cuba. No final das contas, como os cubanos em Miami estavam dificultando as negociações, a SWAT invadiu a casa (numa ação muito criticada na época) e resgatou o menino, que voltou para os braços do pai. O mais incrível é que há fotos de toda a ação policial e pode se ver os agentes munidos de metralhadoras tirando o menino de dentro do armário!
Acho o caso do Sean diferente porque ele está com o pai adotivo e com os avós há quatro anos. Hoje o pai seria mais estranho para ele... Nada que uns meses não possam mudar, tenho certeza.
Por isto não sei de que lado estou, sinceramente. Acho que a mãe errou, mas morro de pena dos avós e do menino. Ao mesmo tempo, sinto pelo pai, que há quatro anos luta para ter o filho de volta.
Tudo isto me trouxe de volta uma conversa que tive com o sábio Dr. José Kogut. Ele me falava que uma de suas filhas estava grávida e que o marido era estrangeiro... Ele estava feliz, mas visivelmente preocupado. Quando perguntei o motivo, ele disse, porque se o casamento der errado é muito complicado. Uma das amigas dela era casada com um francês e tem dois filhos. Separou-se. Recentemente perdeu o emprego. Não consegue outro. Está em dificuldades financeiras e o ex-marido não ajuda. Ela quer voltar para o Brasil, onde pelo menos vai contar com o apoio da família e tem mais chances de conseguir uma colocação. O ex disse, "Pode ir, mas sem os filhos." E ela está aqui deprimida, infeliz e falida, mas pelo menos tem os filhos.
Que triste.
Um dia lendo O Globo vi a notícia de que uma mulher de 33 anos tinha falecido na Casa de Saúde São José por conta de complicações no parto. A notícia me parecia surreal, pois quem morre de parto em pleno século XXI? E ainda por cima na São José, um dos melhores hospitais do Rio, onde várias amigas minhas tiveram bebês e só tem elogios ao atendimento de lá. (Minha avó ficou internada lá -- CTI, Semi-intensiva e quarto -- três meses e somos muito gratos a todos da equipe.)Quem é carioca sabe que a classe média só tem filho em dois lugares: na São José ou na Perinatal.
Me chamaram atenção a idada da mãe, 33 anos, e o nome da filha, Chiara. A minha irmã teve a Chiara aos 33 anos e o parto só não foi na São José porque no dia não havia vaga. Li a notícia e fiquei com o coração partido, pois além da recém-nascida Chiara, ela deixava um filhinho de oito anos. Uma fatalidade, uma coisa inexplicável. Depois fiquei sabendo que a Bruna era muito querida na sociedade carioca, e amiga de amigos meus, o que fez com que todo aquele drama ficasse ainda mais próximo de mim.
Dias mais tarde, assistindo o Today Show em casa, vi a chamada para uma matéria sobre um pai que depois da morte da esposa tentava trazer o filho de volta aos EUA. A esposa era brasileira! Na mesma hora liguei os fatos e pensei "Não é possível! Será que é a história da Bruna?" Fiquei grudada na TV e as minhas suspeitas se confirmaram. O filho mais velho da Bruna era mesmo deste americano de New Jersey e o pobre menino era o alvo da batalha judicial. Louca, esta tal de Bruna, pensei. A menina saiu do país, voltou para o Brasil e ainda casou de novo. Ainda por cima bígama!
A história cada dia ficava mais confusa. Conversando coma minha mãe, soube que a Bruna era casada com um primo de uma amiga dela, o tal Lins e Silva. Logo depois meu telefone tocou, era a amiga da minha mãe chocada com a repercussão história toda. Eu disse logo "Mas a Bruna era bígama! Raptou o filho e depois sumiu, cortou todos os laços com o pai!"
A amiga da minha mãe, do outro lado da minha, disse que o buraco era muito mais embaixo, que tinha grana envolvida, que a família da Bruna, dona do Quadrifoglio, era milionária, que sempre tinha ajudado a filha e o genro nos EUA, inclusive mandando dinheiro para comprar a casa, que o David tinha ganhado uma grana deles, etc, etc... Explicou que o divórcio tinha acontecido à revelia no Brasil, o que muita gente cansa de fazer e que durante esta confusão toda ela tinha se apaixonado pelo advogado, o João Paulo, e refeito a vida dela.
Me contou também que a menina tinha conhecido o David quando estudava fora, engravidado e se casado às pressas, aos vinte e poucos anos. Mais uma vez me imaginei no lugar dela...O que teria feito se isto tivesse acontecido comigo? Provalmente abandonado meus planos e ambições para 'fazer a coisa certa' e dar um lar ao meu filho. Mas até quando suportaria viver uma vida tão diferente daquela que tinha imaginado para mim? Será que eu também não surtaria? Sim, pois a Bruna surtou, caso contrário como explicar as ações dela?
Nos documentários que passam na TV aqui, vemos imagens de uma jovem distante, que não parece feliz, que se isola. Não sei se ela procurou ajuda...mas eu entendo. Tiro por mim. Sempre tive uma vida muito confortável no Brasil, minha família está longe de milionária, mas sempre tive acesso a tudo. Gosto de agito, badalação, praia, correria, calor, moda, eventos... Minha vida social sempre foi para lá de intensa. Por escolha minha, me casei e vim morar em Maryland, suburbia USA, e tomei um choque.
Já vim bem mais velha do que a Bruna, depois de ter morado nos EUA durante oito anos, mas nada tinha me preparado para a vida pacata e parada daqui. Quase surtei também, mas mais experiente, sempre ciente de que tinha sido uma escolha minha, fiquei e estou aqui até hoje. Pelo Blake e só. Porque ele me preenche de uma forma que provavelmente o David não preenchia a Bruna. Por isto ela fugiu. Eu não. Foi culpa do David? Será que ele era um mau marido? Longe de mim dizer isso, mas uma coisa é certa, a Bruna precisava de coisas que ele não podia oferecer. E o resto é passado.
Vejo que muita gente a critica, mas depois de ouvir muito sobre ela, não consigo. Acho que ela agiu errado, sim. Penso que ela deveria ter pedido divórcio e lutado pela guarda da criança, mas entendo que seria uma batalha difícil, sendo ela estrangeira aqui. (Tenho uma amiga que passou por situação semelhante e depois de quase ir à falência pagando advogados, teve que voltar ao Brasil sem a filha para se recapitalizar. Faz anos que não tem nenhum contato com a menina, pois o pai não deixa.) Acho que a história da Bruna se resume a uma série de passos mal dados que resultou numa catástrofe, deixando muita gente ferida.
Estive no Rio duas vezes desde que o drama começou a ser veiculado na imprensa, aqui e no Brasil. Nem preciso dizer que todo mundo fala no assunto. Cada um diz uma coisa, que o David era interesseiro, que era viciado em droga, que era a Bruna que era doidinha, etc, etc. Incrível como nestas horas todos acham que podem ser a palmatória do mundo. Alguém me falou também dos pais da Bruna, que obviamente estão arrasados. Perderam a filha de uma forma estúpida e agora estão prestes a perder o neto. Imaginem...
No fim do ano, jantando com umas amigas, o assunto surgiu mais uma vez. O Sean, filho da Bruna, é amigo de escola dos filhos da minha amiga Clara. "É um amor de menino," dizia a Clara, "não consigo acreditar no que está acontecendo. Ela está superbem aqui, tão adaptado, tão feliz com a irmãzinha. Já não basta o trauma da morte da mãe?," a minha amiga perguntava.
Difícil encontrar uma solução que não seja traumática. Entendo a posição de pai do David, que ama o filho e teve sua vida virada de cabeça para baixo do dia para a noite. Entendo perfeitamente que ele tenha que lutar pelo direito de criar o Sean, mas sinceramente não sei se é o melhor para o menino, pelo menos agora.
Muitos comparam este caso ao de Elián Gonzalez, um menino cubano que fugia da ilha com a mãe, mas com o naufrágio do barco ela morreu e ele chegou a Miami. De acordo com a lei americana, o cubano que chegar a salvo aos EUA tem direito de ficar aqui. A família de Elián, que até então não o conhecia, queria ficar com o menino no país, enquanto o pai, obviamente queria ver o filho em Cuba. No final das contas, como os cubanos em Miami estavam dificultando as negociações, a SWAT invadiu a casa (numa ação muito criticada na época) e resgatou o menino, que voltou para os braços do pai. O mais incrível é que há fotos de toda a ação policial e pode se ver os agentes munidos de metralhadoras tirando o menino de dentro do armário!
Acho o caso do Sean diferente porque ele está com o pai adotivo e com os avós há quatro anos. Hoje o pai seria mais estranho para ele... Nada que uns meses não possam mudar, tenho certeza.
Por isto não sei de que lado estou, sinceramente. Acho que a mãe errou, mas morro de pena dos avós e do menino. Ao mesmo tempo, sinto pelo pai, que há quatro anos luta para ter o filho de volta.
Tudo isto me trouxe de volta uma conversa que tive com o sábio Dr. José Kogut. Ele me falava que uma de suas filhas estava grávida e que o marido era estrangeiro... Ele estava feliz, mas visivelmente preocupado. Quando perguntei o motivo, ele disse, porque se o casamento der errado é muito complicado. Uma das amigas dela era casada com um francês e tem dois filhos. Separou-se. Recentemente perdeu o emprego. Não consegue outro. Está em dificuldades financeiras e o ex-marido não ajuda. Ela quer voltar para o Brasil, onde pelo menos vai contar com o apoio da família e tem mais chances de conseguir uma colocação. O ex disse, "Pode ir, mas sem os filhos." E ela está aqui deprimida, infeliz e falida, mas pelo menos tem os filhos.
Que triste.
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