Parece que nas últimas semanas esta doença de nome estranho e assustador resolveu ter seus quinze minutos de fama e em menos de um mês, entrou na vida de duas das mulheres mais conhecidas do Brasil: a Ministra e Pré-Candidata a Presidência da República Dilma Roussef e a escritora e autora de novelas Gloria Perez.
Impressionou-me a força das duas ao falar abertamente sobre a doença. Sei que no caso de Dilma houve muita discusão sobre como lidar com a notícia e a cúpula do PT chegou a discutir os prós e os contras que a doença poderia exercer na candidatura da ministra. (Nunca vi tanta frieza na minha vida!)
Dilma já disse que continuará a manter o ritmo acelerado e para bom entendedor já está claro que se depender dela e do companheiro Lula, a campanha à presidência contunua firme e forte. Há quem diga que a doença pode ser um fator favorável, já que pode, aos olhos do público, tornar a figura dura e fria da ministra mais afável e até mais humana. (De novo, nunca vi gente tão fria!)
Glória também é so otimismo e faz questão de afirmar que o tratamento não vai interferir em seu trabalho e que ela conseguirá continuar escrevendo "Caminho das Índias". A autora insiste em dizer que vai manter seu ritmo de vida.
Admiro a força de vontade das duas, mas acho que ambas estão perdendo uma tremenda chance de aprender com a doença. Uma das maiores lições que aprendi e venho aprendendo depois da doença tem a ver com humildade. Aprendi na marra que existem coisas que não dependem de mim nem da minha força de vontade. Aprendi também que preciso respeitar meus limites. Quando digo que fiz da doença o meu guru, quero dizer que usei uma experiência muito ruim para mergulhar no fundo de meu eu e sair de lá mais fortalecida. Usei o inimigo que morava dentro de mim para explorar as minhas próprias profundezas e me afundar nas minhas entranhas.
Foi a experiência mais assustadora da minha vida. E a mais dolorosa também, mas não canso de dizer que tanto sofrimento me transformou na pessoa que sou hoje. Longe de mim dizer que as pessoas devem se entregar. Também procuro alcançar o equilíbrio entre o otimismo e o realismo, o que nem sempre é fácil, mas ao decidir que iria enfrentar qualquer situação, preciso me preparar para isto. Claro que cada pessoa lida com seus desafios de forma diferente. Eu optei por usar salto alto e maquiagem a cada vez que me internava para fazer quimioembolização. Achava a minha perda de peso (que não foi nada absurda!) uma bênção...adorava exibir minha saboneteira e usar minhas calças caindo. (Tem doido para tudo!)
Mas ao mesmo tempo, acabei me aceitando mais, com todos os defeitos e limitações (temporárias) impostas pela doença. Passei a viver a vida muito mais intensamente, mas também me tornei mais seletiva; coloquei minhas prioridades em ordem. Usei uma experiência muito ruim para repaginar a minha existência e sou grata por isto. É por estas e outras que embora admire o otimismo de Glória e de Dilma, espero que elas não percam esta chance única de aprender com o baque.
5 comments:
Oi Dani, Sou Paciente de Linfoma e adorei o q vc escreveu eu concordo com vc o Câncer é uma 2ª chance em nossa Vida precisamos tirar aprendizado dele !!!!Bjos Joana
Dani,
Pode ter certeza de que esta frieza aparente nada mais é que uma "máscara", pois posso garantir que as duas tem muito medo, e o pacienet dizer que nada vai atrapalhar o trabalho, campanha, seja lá o que for é uma espécie de fuga da realidade, no fundo estas pessoas são as que mais sofrem e as que mais temem perder suas rotinas e vidas. Mas voc~e citou nunca ter visto gente tão fria no caso da ministra Dilma, Dani, não vamos nos iludir, política é um negócio pra lá de sujo, certo? O diagnóstico dela vai ser usado em favor dela na campanha, você leu a VEJA do domingo passado? Tem uma frase que não me lembro bem de quem é, mas é mais ou menos isso, "Ela venceu a ditadura, a tortura e vai vencer o cancer", querem compará-la a resignação do povo brasileiro, não é o fim do mundo? E vc tem dúvida que ela vai ser eleita? Eu não!!
Acho que posso falar isso, pois ou ex-paciente e tenho propriedade para tal, conheço a médica dela, pois foi uma das médicas que me atendeu quando fiquei doente, a Dra. Yana Novis, super profissional, da melhor qualidade e seriedade.
Bjs,
Paula
Joana,
Obrigada pela visita! Que bom que vc também aprendeu com a doença... Chance única!
Paula,
Deus me perdoe! Fazer da doença bandeira eleitoreira parece até coisa do capeta! Não sei não, Paula, não gosto nada de mexer com este negócio não. Que horror!
Dani,
Desculpe, não quis ser mal interpretada, eu apenas citei o que saiu na VEJA de domingo, também achei um horror isso!! Admirei a ministra pela coragem com que assumiu publicamente a doença e acho que ela vai sair vitoriosa, mas me decepcionei um pouco com a matéria da revista, que distorce o que eu vinha pensando, até comentei com o Neto, "como pode?" Não quis levantar nenhuma polêmica com isso, apenas relatei o que lí, acho que ninguém passa ileso de um cancer, ninguém, até as pessoas mais duras que conhcí se modificaram, é de certa forma a grande virada na vida de alguém.
Beijos e desculpe a má impressão.
Paula
Paula,
Não precisa se desculpar não. talvez eu é que não tenha me expressado bem. Li no Globo sobre uma discussão/debate que houve entre o Lula, a Dilma e o Franklin Martins. Se o que foi relatado é verdade, tem gente muito maquiavélica no mundo...
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