Decidi que não veria o documentário da Farrah Fawcett. Vi umas chamadas e umas matérias nos programas de TV e decidi que não era hora de assistir. Pelo pouco que vi, me emocionei demais, pois por algum motivo sempre gostei da atriz e as cenas que vi, onde ela recitava o terço me tocaram demais, já que sempre rezo o meu nos momentos de tribulação. Certamente já vivi algumas das cenas na pela e outras, infelizmente, já presenciei na vida de outras pessoas. Numa atitude um tanto quanto egoísta e atendendo ao apelo de amigos e familiares, resolvi me "preservar" um pouco.
Horas antes, liguei para a Carmi, mãe do Todd, para avisar que iria vê-los ontem à tarde. Na véspera, ela tinha mandado um email para Elizabeth dizendo que ele estava ótimo e que eles tinham ido à base pegar uns livros e que o Todd estava se preparando para voltar à faculdade mês que vem. Liguei bem otimista mas o tom de voz da Carmi indicava o contrário: o Todd tinha voltado para o CTI. Não acreditei! Do outro lado da linha, aquela mulher tão forte não conseguia mais esconder a dor "Não sei até quando vamos aguentar isto, Dani! Há três dias, voltamos a casa dele, pegamos alguns livros, passamos no supermercado e depois almoçamos juntos. Pela primeira vez em tanto tempo. Ele estava tão bem! No dia seguinte, ele me pede para chamar a ambulância. Coitado do meu garoto, Dani! Parece um tapa na cara dele. Um nocaute. Um dia, ele finalmente consegue ter um gostinho de vida normal, no outro está preso a um tubo numa cama de hospital. Não sei até quando o corpo dele vai suportar isto; ele está cada vez mais debilitado. Não sei mais o que fazer!"
Ouvi uma agonia na voz dela que nunca tinha notado antes. Na mesma hora, pedi que me encontrasse na porta do hospital para que fossemos juntas vê-lo no CTI. (Ela tinha ido deixar o carro na casa de apoio.) Quando a vi, ela não se conteve e começou a chorar. Subimos juntas e entrei logo, pois precisava sair. Todd tinha os olhos fechados, mas assim que ouviu minha voz, abriu. Como estava entubado, me respondia com os olhos. Conversei um pouco com ele e pedi que continuasse a luta, pois tinha muita gente aqui fora torcendo por ele. (Me senti um pouco estranha, pois quem sou eu para pedir que ele lute?! Este menino só tem feito isso!) Pela primeira vez, disse a ele que desde o início sentia uma certeza inexplicável de que ele sobreviveria. Ele abriu e fechou os olhos, como se concordasse comigo. E assim deixei-o no quarto.
Saí de lá e fui almoçar com o Blake. Senti que precisava de um ar. Às vezes as coisas ficam muito intensas. Na volta, falei com a Elizabeth, que me disse que os exames do Todd estavam melhores do que os médicos esperavam. De início falaram sobre "lesões no pulmão", mas ao que parece, são bactérias e um restante de líquido.
Hoje liguei de novo para a mãe dele, que estava bem mais tranquila, pois o Todd está reagindo muito bem e deve sair do tubo até o fim do dia. A maior preocupação de Carmi é até quando Todd vai continuar lutando. Não conheço muito o Todd, mas a minha intuição me diz que ela ainda está longe de desisitir. Está mais cansado física e mentalmente, mais conformado com as pedras no caminho, mas não deprimido.
Esta semana quero levar o Blake para conhecê-lo. O Todd só fala com mulher há meses. Volta e meia ele pergunta sobre algum jogo e todas nós ficamos com cara de idota, sem ter o que dizer. Acho que conversar com alguém do sexo masculino que tenha algo em comum com ele vai ajudar.
Mas voltando ao título do post, não vi o documentário da Farrah, mas pedi para o Blake gravar. Quem sabe um dia eu assista. Em vez disso, resolvi ver o novo filme do Matthew McConaughey que foi lançado semana passada, "Ghosts of Girlfriends Past. Bem bobinho, água com açucar, mas para falar a verdade já estou de saco cheio deste tipo de comédia romântica, acho péssimo exemplo para as meninas, pois nestes filmes, elas sempre se apaixonam pelo garanhão babaca, sofrem, mas no final, o cara muda completamente e vira um anjo. Fala sério, se ainda estivesse esperando meus namorados babacas mudarem, estaria solteira até hoje!
2 comments:
Dani, vc não existe! Me fazer rir no final de um post que é para pensar sobre documentário, luta, rezar pelo Todd, admirar o Blake ir lá com o propósito de ir lá falar de coisa de homem, com uma definição perfeita!!!
Oi Dani,
É...quando a luta parece ter terminado, começa outra, é assim mesmo, a maioria das pessoas , não entende como alguém pode aguentar um transplante de medula,é muita "porrada", com o perdão da palavra feia, para um corpo, eu gostaria de poder tranquilizar, se é que isso é possível, a mãe do Todd, acho que eu fui internada umas 10/15 vezes, e cada vez era uma angústia, uma aflição, os nervos tem que ser de aço, e a paciencia também!! É só imaginar que um novo sistema imunológico está se formando, e olha que aí nos EUA ele são supeeer liberais, aqui só podemos comer fora nove meses depois, tem que andar de máscara, etc, etc, eu tive sorte de nunca ter ido parar em um CTI, mas ví muita gente indo, ele é forte, tenho certeza que vai conseguir!!
Beijos,
Paula
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