October 10, 2008

Flashback


Alguns meses atrás contei a história dos meus primos que haviam perdido os pais e o irmão caçula num terrível acidente de carro, na década de 70. Uma tragédia na nossa familía, que eu apesar da pouca idade, lembro com uma riqueza impressionante de detalhes. O acidente envolvendo meus tios e primos me veio à cabeça depois da entrevista com Beau Biden, filho do candidato a vice-presidente Joe Biden, durante a convenção do partido.

Com este drama todo que a minha família tem vivido, a única coisa positiva que pudemos ver, foi que continuamos mais unidos do que nunca. O meu primo Odon, cujos pais e irmão faleceram naquele terrível acidente, estava na Amazônia quando houve o imprevisto com a minha avó, mas assim que soube, apressou o fim da viagem e foi para o Rio para ficar com o meu avô. O Tio Geraldo, pai do Odon, era o irmão mais velho do meu avô, aliás, único irmão que o meu avô tinha, além das seis irmãs. Difícil imaginar como a nossa família sobreviveu a esta perda tripla, mas mais uma vez a fé teve papel importante.

Voltando ao assunto, apesar de sempre terem morado em estados diferentes, o Odon e meu avô sempre foram muito ligados e, acredito, que para o Odon, meu avô tenha sido a figura masculina de maior expressão. Mas confesso que fiquei extremamente surpresa com a atitude do Odon de não só apressar sua volta, mas passar mais de uma semana na casa do meu avô, acompanhando-o a todos os lugares e oferecendo um apoio fundamental num momento tão difícil.

Mas foi justo numa destas idas ao hospital que pela primeira vez tocamos no assunto do acidente que o Odon havia sofrido. Comentei sobre o Beau Biden e engatamos a coversa. Meu primo disse que ainda dói muito, que se lembra dos pais e do irmão a cada dia, mas que precisa seguir em frente. Hoje, ele diz que gosta muito de falar da família e que adora ouvir histórias sobre os pais e o irmão, mas que não fala no acidente e praticamente não lembra de nada.

A minha tia-avó, também irmã do meu avô, estava do nosso lado e escutou a coversa. Quando disse que me lembrava da minha prima Nilse sorrindo na cadeira de rodas, a Tia Marluce disse que íamos muito lá na ABBR e que tinha sido lá que o filho dela, Waldiro, tinha começado a andar.

No dia seguinte, ela me trouxe umas fotos e de repente vi ali nas fotografias desbotadas a mesma cena que tinha semanas antes invadido meus pensamentos. O que mais me causou surpresa foi a minha idade – mal tinha acabado de completar três anos! (Vocês podem comprovar aqui na foto!) E aquela cena era não nítida. Incrível a memória de uma criança!

PS: Podem comentar sobre a minha roupa hippie à vontade, afinal a culpa é da minha mãe...

2 comments:

Debora Rocha Muscutt. said...

A roupa hippie tá muito fofa, sua mãe tem bom gosto!;-)
A história do que houve com seus tios é bem dolorosa sim. A vida é difícil, mas Deus nos dá forças para seguirmos em frente, para que a raça humana possa continuar, apesar de tanto sofrimento, às vezes.
Sigo orando com muita fé por sua avozinha. Ela é muito forte e tem muita vontade de viver, isto é mais que importante. Deus abençoe todos vcs, Dani! Beijos

Anonymous said...

Por mais pancadas que a vida nos dá, nestas horas que a gente vê como família é a base de tudo, vide o exemplo do teu primo. Quanto a roupa hippie, não adiantou nada, D. Angela! :-)