February 27, 2009

À Flor da Pele

Foi assim que optei (conscientemente ou não) por viver minha vida. Sentir, ousar, arriscar, cair, levantar, buscar, perder, triunfar, ao menos tentar. Todos são verbos que traduzem o meu jeito de viver. Hoje. Agora. Se durante muito tempo preferi observar, estudar, criticar, pensar, ponderar, hoje entendo que aquele tempo precioso foi perdido, desperdiçado em nome do quê?

Eu deixava de viver por ter medo de não ser perfeita, de não acertar. Me lembro de um professor que me disse que a vida era uma só e não havia rascunho para ela. Era na base do tudo ou nada. Envolvia riscos, traçados certeiros. A afirmação me deu medo. (Acho que esta não era exatamente a intenção dele...)

Percebo que até pouco tempo optei por escrever a minha vida e a minha história a lápis, sem marcas profundas, procurando a certeza inexistente de que de uma hora para outra poderia mudar o rumo da minha prosa, passando a borracha e apagando tudo que não era perfeito. Só que o que eu não entendia é que a beleza da vida está justamente na imperfeição, naquilo que nos faz completamente únicos e fascinantes, nos rabiscos, nos remendos.

Passei tanto tempo tentando encontrar o caminho certo ou o modo correto de fazer as coisas que me esqueci de viver. Me refugiei nos livros, nas análises profundas, na busca de manuais que me garantissem uma vida feliz sem grandes riscos. Levei muito tempo e outros tantos tropeços para perceber que felicidade sem risco não existe. A vida não é um conto de fadas, nem deve ser. Ela tem que ser vivida do jeito que é: real e imperfeita, de altos e baixos, de sucessos e derrotas. E não pode ser completa sem surpresas boas e ruins.

Eu, como todo mundo, já tive a minha cota de ambas: surpresas deliciosas e supresas horríveis também, das quais jamais vou me esquecer. Mas parando para pensar, não foram as tais surpresas que me transformaram na pessoa que sou, mas o modo como decidi lidar com elas, encarando ou fugindo, lutando ou me entregando. Escolhendo as minhas batalhas e traçando meu próprio caminho, aos poucos me transformei em quem eu sou. Sem perceber, fui abandonando o lápis e o medo de errar e hoje sou mais feliz, à flor da pele e na ponta da caneta.

8 comments:

Anonymous said...

Danizinhaaa! agora q descobri q vc tem um blog menina!!! que legal! vou assinar o feed pra voltar sempre! Espero q vc esteja bem ;-) mil bjs

Silvia said...

Nossa, que post lindo! Fiquei emocionada...
Eu ando também um pouco pensativa sobre como vivi minha vida e quais "erros" cometi durante ela. Hoje eu percebo que essas situações, não o que aconteceu, mas - como você disse - as escolhas que eu fiz, ajudaram a me moldar, a formar quem eu sou.
Nada, nem ninguém, é perfeito. Mas o barato da vida não é procurar a perfeição, é tentar ser sempre a melhor pessoa que nós podemos ser. É encarar a vida de frente sempre, sem medo do que vamos encontrar na próxima esquina.
Continue sempre escrevendo a sua vida do seu jeito!
Beijocas!

Dani said...

Erika,
Que surpresa boa! Bem-vinda! Volta e meio vou lá no seu blog e fico babando com as suas fotos lindas...

Silvia,
Acho que aos poucos a gente vai chegando a mesma conclusão, né? São as imperfeições que nos fazem mais completos.

Bjs e obrigada pelo carinho!

Lola said...

Umas das coisas mais interessantes que ja ouvi:

" A vida e quantica, ela se rege pelo principio da incerteza."

Foi o Ferreira Gullar quem disse numa palestra na UFRJ falando para cientistas sobre poesia.

bjs

Lola said...

Dani, saiu outra materia sobre o caso da Bruna, voce viu?

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/02/27/disputa-por-crianca-teria-sido-motivada-por-dinheiro-754628872.asp

bjs

Debora Rocha Muscutt. said...

Lindo texto, Dani! Acho que de uma certa maneira complementa o anterior onde vc falava sobre a zona de conforto. Parabéns, ficou excelente!
Beijos

Anonymous said...

Dani, esse texto daqui a pouco vai circular na internet como sendo da Lia Luft! ;-) Lindo, parabéns!

Dani said...

Meninas,

Obrigada pelo carinho...
Texto da Lia Luft? Quanto elogio!

Bjs