Se tem uma coisa que não me canso de admirar nos americanos é o engajamento social deles. Tem que tirar o chapéu. Gente de todas as classes sociais, etnias, religiões arregaça as mangas e ajuda o próximo mesmo. Eles têm este compromisso com a sociedade e levam a coisa a sério.
Eu, como boa brasileira, sempre tive o pé atrás com este negócio de ONG. Não acredito mesmo, pois não vejo resultados concretos, não vejo prestação de contas e não vejo ações de verdade. Um dos meus chefes também concordava comigo e sempre brincava dizendo que um dia ainda abriria uma ONG chamada "Seu dinheiro pode ser meu". Palhaçadas a parte, sei exatamente do que ele estava falando -- eu é que não vou dar meu suado dinheiro na mão deste povo!
Mas aqui nos EUA tem muita coisa séria, graças a Deus. Gosto muito da American Cancer Society e agora começo a conhecer melhor o trabalho da Escola de Medicina da Universidade de Maryland. Esta semana que passou eles iniciaram um evento anual muito bacana chamado Mini Med School. Durante cinco semanas eles abrem as portas da universidade para a comunidade e a cada quarta-feira dois temas importantes para a comunidade são abordados. Não cobram entrada e ainda pagam o estacionamento do pessoal e fornecem lanche. Semana passada os temas foram Síndrome do Intestino Irritado e Doença Celíaca e Violência (do ponto de vista da saúde pública).
O auditório de 300 pessoas estava lotado e durante as duas horas de palestra ninguém piscava. Estavam todos atentos, prontos para absorver todo o tipo de informação. O público era formado da maioria de pessoas na meia-idade, mais mulheres, mais negros do que brancos, afinal estamos em Baltimore. Algumas mães estavam acompanhadas de filhos adolescentes, outras de amigas.
Bacana mesmo de ver a universidade abrindo as suas portas para a comunidade local. Mais legal ainda foi ver a comunidade local aproveitando esta grande oportunidade. Durante o evento, colocamos nosso material de divulgação e muita gente me perguntava o que tinha que fazer para conseguir exames preventivos. O melhor de tudo foi poder dar a resposta a elas. Dizer que a gente pode ajudar sim, que o que eles têm a fazer é procurar nosso escritório local e se increver em um dos nossos programas. Que alívio poder ver um problema e ter, pelo menos em tese, a solução para ele.
Nos próximos meses vou organizar um evento do mesmo porte para abordar a questão de testes clínicos e da importância deles para o aumento das taxas de sobrevida. Nosso público-alvo vai ser a comunidade local, que muitas vezes desconhece ou desconfia da seriedade e da transparêncis destes testes. O pior é que com base em algo terrível que aconteceu no passado, o chamado Tuskagee Experiment, eles não deixam de ter razão para tanto receio. (É inacreditável como alguns seres humanos são maus!) Então nosso desafio é mostrar a eles que aquela atrocidade jamais vai voltar a acontecer. Hoje temos lei rígidas e mecanismos de proteção ao paciente muito avançados e a participação dos pacientes é crucial para o aumento da expectativa de vida deles.
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