Hoje acordei com a triste notícia da morte do Senador Ted Kennedy. Ideologias políticas e críticas à personalidade de playboy à parte, foi uma grande perda para a política norte-americana, num momento particularmente delicado.
Já prevendo o desfecho da história há poucos dias, o senador pediu uma mudança na lei eleitoral de seu estado de Massachusetts para que o governador pudesse indicar um subsituto ao cargo no caso da morte ou da incapacitação de Kennedy. Massachusetts se orgulha de ter uma das únicas legislções estaduais que exigem a convocação de eleições dentro de mais ou menos quatro meses nestes casos. A nova lei foi adotada há poucos anos, quando os democratas, com medo de que o então Governador Mitt Romney, um republicano, indicasse outro republicano para o cargo, exigiram eleições. Só não imaginariam que a situação fosse se inverter tão rapidamente.
Uma pena. Uma pena que Kennedy, um senador que se destacou pelo trabalho intenso na área de saúde não possa estar aqui quando a tal reforma proposta pelo Presidente Obama.
Aliás, este tópico é o mais espinhoso dos últimos tempos. Confesso que ainda não li o tal documento, pois a proposta tem APENAS 1000 (MIL!!!) páginas, e cá entre nós eu ando um pouquinho ocupada demais pra isto, mas se a coisa ficar assim, se nenhum dos meus amigos de fé topar ler o negócio, não vai ter jeito, vou ter que enfiar a cara.
Outro dia, na casa da irmão do Blake, uma amiga dela dizia que a tal reforma incluiria "câmaras de morte"!
"Como assim?", perguntei eu, assustada!
"Vai chegar uma hora que se você tiver usado muito dinheiro do Estado, os caras vão dizer que já chegou a sua hora," ela me disse.
"Como?," repeti, "E onde ficam os diretos humanos? Como é que o Estado vai dizer para alguém que ele precisa morrer?"
"Mas é o que vai acontecer," ela afirmou.
"Você leu a tal proposta? Sabe exatamente onde está esta informação?," indaguei.
"Eu não! Mas a minha mãe leu e disse que está tudo explicado na página 495," ela disse certeira.
Como ainda não li o tal documento, tive que engolir em seco e desde então venho procurando a tal página, mas a ideia das tais câmaras da morte me parece algo tão absurdo que é incompreensível que em pleno século XXI alguém acredite nisso. Memos que o Obama fosse o maior crápula da face da Terra, nenhum Congresso deixaria passar um sandice destas. Imagina? Gastou muito, tem que morrer!?
Que o debate sobre custo e benefício existe, é inegável, mas a linha tênue que separa a realidade da ficção tem sido puxada para um lado e para o outro.
Ontem, conversando com a Elizabeth, ela disse que numa reunião das assistentes sociais da oncologia, alguém disse que mais de 65% dos gastos de um indivíduo com saúde acontecem nos meses que antecedem sua morte. E daí? Se o sujeito contribuiu a vida toda pagando impostos e plano de saúde, não tem direito de usufruir um pouco? Como é que a gente vai saber se o sujeito vai morrer mesmo? E mesmo desenganado, que há de dizer que aqueles últimos dias junto com a família não são os mais preciosos?
Só sei que o sistema de saúde norte-americano está capenga, na melhor das hipóteses e merece ser repensado e mudado. Como está não pode ficar.
4 comments:
Dani,
Nossa, não acredito no que acabei de ler!!
Eu então, estaria perdida se morasse aí e fosse ter o transplante de medula custeado pelo governo, já teria ido para a camara da more há tempos...
É verdade isso? Não pode ser!!
Bjss
Pois é, Paula, nós duas! Você com seu transplante e eu com minhas cirurgias de fígado -- a primeira paga pela Sul América e papi e a segunda paga pelo Tio Sam, através do plano do Blake. Imagina, quando chegarmos lá pra tratar a esclerose ou qualquer doença de velho, vão dizer que já estouramos a nossa parte!
Esta história de câmara de morte só pode ser piada de mau gosto!
Bjs
Pois eh Dani... Nem me fale... Todos os dias peco a Deus saude... Embora seja dificil prever, mas a gente fica com medo mesmo de depender da saude americana ou seja la de onde for... Vejo no paystub os descontos e fico horrorizada em saber que, por mais que a gente contribua, a gente ainda recebe comentarios como esses, de que na hora da morte eh qdo se gasta mais... Eh mole? O bem estar do ser humano vem primeiro, mesmo nos momentos que antecipam a morte, nao eh? Incrivel o mundo em que vivemos, onde o dinheiro, o bem material superou tudo isso... So Deus mesmo para cuidar de nos...
Tbem fiquei muito triste por Ted Kennedy. Que DEus o tenha.
Adorei o post abaixo das boas notícias!!!! Querida, estou de blog novo. www.fernandafranca.com.br/blog Beijo grande Fê.
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