Acabei de me encontrar com a Amber no hospital. (Na verdade, interrompi o post para ir ao encontro dela há pouco.) Ela se tratou no University of Maryland Cancer Center e faz o acompanhamento periódico aqui no hospital. Na verdade a consulta dela estava marcada para segunda passada, mas seu irmão faleceu. Do nada. Então a consulta foi cancelada e remarcada para hoje.
Mas a Amber não leva o menor jeito para tragédia e enfrenta cada pedra no seu caminho com um jeito estóico e ao mesmo tempo leve. Ela me mandou um email na manhã da minha consulta desejando tudo de bom e, mais tarde, quando soube pela Elizabeth da morte do seu irmão mais novo, que tinha acabado de se casar, mandei um torpedo para ela.
"Sinto muito. Vocês estão nas minhas orações e tenho certeza que ele já está num lugar melhor. Se precisar de alguma coisa aqui de Baltimore, é só me avisar," dizia minha mensagem.
Ela me respondeu na mesma hora, antes mesmo que eu pudesse me sentir mal por estar feliz quando algo tão terrível tinha acontecido com uma pessoa tão boa:
"Obrigada. Estamos aqui na praia tomando umas cervejas em homenagem a ele. Como foram seus exames? Espero que esteja tudo bem."
Hoje finalmente encontrei a Amber que estava aqui para fazer a tal biópsia. Usando a mesma calça preta de yoga que ela usa há três anos cada vez que tem que fazer exames. Ela sorri ao me ver, mas diz que agora é que a ficha está caindo.
Pela primeira vez ela me conta os detalhes: O irmão dela teve uma hemorragia no cérebro (de causa desconhecida) em abril e depois de ficar dias entre a vida e a morte milagrosamente se recuperou. Como estava tendo um progresso enorme, decidiu ir em frente com os planos de casamento, mas mudou a lua de mel. Em vez do longo voo até o Havaí, optaram por uma viagem de carro rápida aqui pelas redondezas. Ele se casou na quinta passada, estava em lua de mel, quando caiu já sem vida perto da esposa. A família pediu uma autópsia para determinar a causa mortis.
Amber diz que a família está levando como pode, tentando aceitar a ideia, mas em nenhum momento ela demonstra desespero ou revolta. Talvez uma tristeza profunda e latente, que ela esconde bem sob o olhar. Está na cara que Amber não gosta de pena. Não combina com ela.
"Deixa eu ir lá, mulher! Tá na hora deles tirarem meu sangue," ela sorri, me abraça e segue em frente.
"Sorte, Amber," desejo, me despedindo. "Toda sorte do mundo!"
1 comment:
Muito triste isso que aconteceu com irmão da sua amiga. As vezes na vida passamos por coisas muito duras e doloridas, mas pelo jeito que vc descreveu, essa sua amiga segue do jeito que pode, de cabeça erguida e tentando ser o mais forte possível!
bjs
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