Este fim de semana tive a triste notícia de que o grande guerreiro Daniel Falcão partiu. O Daniel era primo de uma amiga minha e só nos falamos poucas vezes, mas que foram o suficiente para perceber que o Daniel era uma pessoal sensacional, de uma sabedoria e resiliência inacreditáveis.
Um cara que venceu a Leucemia Linfóide Aguda (LLA), fez transplante e depois infelizmente desenvolveu uma doença que só transplantado tem, a DECH - Doença Enxerto Contra Hospedeiro, que deixou várias seqüelas e fez a vida desde jovem faixa preta de karatê mais complicada. Mas ele nunca desistiu dela. Continuava trabalhando, praticando e ensinando karatê, lendo muito e nas horas vagas saltava de paraquedas e passeava de helicóptero. Nas palavras dele, "Tenho cicatrizes pelo corpo que ostento com orgulho, porque cada uma delas representa uma batalha vencida.
Parafraseando um surfista de ondas gigantes (não me lembro o nome): a melhor forma de sobreviver ao tombo é gostando de tomar caldo.Viva cada dia como se fosse o último." Os médico usavam o exemplo dele quando queriam falar de superação. Já entenderam porque.
Nos últimos meses a luta do Daniel ficou ainda mais árdua e ele passou a descrevê-la num blog, que infelizmente só descobri ontem, depois de saber que o Dani tinha falecido. Gosto de pensar que ele atendeu a um pedido meu, quando conversamos sobre a necessidade de pessoas mais jovens tocadas pela doença trocarem experiências.
A leucemia não foi a causa mortis do Daniel, mas deixou seqüelas enormes e abriu a porta para outras doenças que acabaram levando o meu amigo prematuramente. Até pela influência que o karatê teve na sua vida, o Daniel sempre foi resignado e disciplinado, paciente exemplar que manteve o otimismo e a dignidade até o final.
Tenho certeza que agora ele está num lugar melhor, onde não há mais sofrimento nem dor. A passagem dele por aqui foi curta, mas as lições deixadas foram muitas e valiosas.
Bom trabalho, samurai, vá com Deus.
2 comments:
Dani, vim retribuir a visita! =) Amei a frase "a vida é uma condição terminal". Me lembrou uma situação surreal que passei logo que recebi o diagnóstico. Alguém completamente sem noção me perguntou quanto tempo eu tinha de vida. Não tive dúvida e respondi: não sei, e você??? rs Gostaria de ler a matéria com a Cris Karr! beijos!!!
Dani,
Poxa, que pena!! Queria tanto ter falado com ele...Incrível, 08 anos de transplante e acontece isso...é bem raro!! Realmente fiquei muito triste, e o que ele passou, nossa...Eu nunca tive esta doença DECH, a única coisa são meus olhos que são um pouquinho mais secos e preciso usar lágrimas "americanas", chique não? Não podiam ser brasileiras? Não, as minhas têm que ser importadas!!
Qto ao assunto sobre romance x doença, até nisso tive sorte, o Neto, hoje meu marido estava e esteve comigo desde a notícia e eu sempre brinco, se ele ficou do meu lado, eu careca sem um pelo no corpo, me viu daquele jeito, porque transplantado fica irreconhecível, este homem não me larga nunca mais!! Porque conhecí alguns casos em que as pessoas (tanto homens quanto mulheres, simplesmente abandonaram seus respectivos parceiros), acho isso o fim do mundo!! até teve uma cena engraçada, eu estava internada um dia, meses após o transplante (isso é mto comum), por causa de uma pneumonia e um cara no corredor do hospital, estava tenttando me dar uma cantada, qdo eu falei para ele que era transplantada, ele só faltou sair correndo!! hahahah, um perfeito idiota!!
Bjs,
Paula
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