January 9, 2009

Decoração - A Saga



Agora resolvi aceitar a minha condição de Desperate Housewife mesmo. Vim no avião vendo o seriado e tomei um choque ao me dar conta que meu condomínio – assim como zilhões de outros em Suburbia, USA – é idêntico a Whiskeria Lane. Well, acho que a vizinhança é que vai ser diferente, se é que ela existe de verdade, pois desde que me mudei só vi um carinha de uns trinta e poucos anos que parou para se apresentar e uma outra vizinha que apareceu lá em casa no Halloween. O resto para mim continua sendo fantasma. Diz a lenda, ou melhor, o Blake, que do noso lado tem uma família chinesa e que o pai toma cerveja, um tanto estranho, pois chinês não bebe por estas bandas não. Eu, como pouco saio a pé por conta do frio, ainda não tive a sorte(?) de conhecer ninguém. Ainda de acordo com o Blake, o vizinho do outro lado é um cara meio antipático que faz questão de passar por ele e fingir que não o vê. Pela aparência física e atitude um tanto quanto esquisita acabou levando o apelido de Al Qaeda – sorry, mas não dava para perder a piada.

Mas voltando às Desperate Housewifes, com a graça de Deus deixei de ser housewife há tempos, já que pelo menos por enquanto ganho a vida aqui nesta universidade que às vezes me parece um manicômio, mas nas atual conjuntura, quem tem um emprego já tem que dar graças a Deus. Depois de chegar do Brasil, com várias telas modernas, resolvi investir na decoração da casa, que continua quase vazia. Eu jurava que já teria a mesa de jantar este mês, mas houve um problema na entrega e ficamos a ver navios. Com o acontecido fiquei meio de pé atrás com a minha velha amiga internet e resolvi que ia comprar a mesa numa loja de verdade. A idéia era comprar uma mesa contemporânea de madeira com um tampo de vidro, mas acabei descobrindo que o tal modelo dos meus sonhos é bem difícil de achar do tamanho do que eu quero, pois sim, quero uma mesa de OITO a DEZ lugares já que espaço aqui é o que não me falta. Acho que vamos ter que ficar com uma mesa de madeira mesmo, que por si só já é mais tradicional, e o ar de modernidade vai ficar com umas cadeiras bem clean, como o modelo da foto, que não era a mesa dos meus sonhos, mas não deixa de ser bonita e funcional. Com um tapete bacana e as minhas duas telas quadradonas compradas no Rio, acho que vamos fechar o ambiente. Também vi um lustre show e acho que até vou me arriscar a comprar pela internet, já que conheço bem a loja.

Para quem sempre morou em apertamento no Rio (e em Nova York), decorar uma casa bem grande e tipicamente americana nos suburbs é uma mudança radical, mas aos poucos a gente chega lá. Tenho que confessar que todas as vezes que via a mocinha descendo a escada nos filmes, morria de inveja e jurava para mim mesma que um dia seria eu quem iria descer deslumbrante as escadas de uma casa daquelas. Pois é, be careful what you wish for... Não só desço as tais escadas como volta e meia limpo e varro degrau por degrau!

Mas voltando ao assunto, outra dificuldade é encontrar móveis e objetos de decoração de estilo contemporâneo, pois esta parte dos EUA é muito conservadora em tudo... O meu grande problema é que até gosto de antiguidade, desde que os objetos sejam antigos de verdade e não pseudo-antigos ou velharia caquética que no Brasil estaria no lixo há tempos, que é o que a gente mais vê por aqui. Móvel estilo Chippendale feito de compensado?! Fala sério! Muito fake. Mobília kitsch dos anos 60 em péssimo estado também não entra na minha casa, pois pra mim não passa de quinquilharia. Tenha dó!

O povo aqui diz que gosta do tal Renaissance Style, mas quando pergunto exatamento do que se trata ninguém sabe me explicar direito. A meu ver, este “estilo” são móveis enormes e esteticamente pesados, cores escuras e formas arredondadas, tudo meio over. Resumindo: tudo o que eu NÃO gosto. Mas como gosto é igual a xxxxx, e cada um tem o seu, só me resta mesmo garimpar para ver o que encontro de moderno e claro por estas bandas aqui. Pois como dizia o poeta, “vai ser gauche na vida...” Quem mandou querer ser diferente?

Este fim de semana a busca continua e a missão é achar cortinas e um lugar para emoldurar as cinco telas made in Brazil que vieram na nossa mala e agora estão espalhadas por todos os cantos da casa, esperando ocupar seus lugares definitivos...

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