May 2, 2008

Promessa é dívida - Randy Pausch


Sei que prometi traduzir a "Última Aula" de Randy Pausch, mas o tempo é escasso e o texto longo, então traduzi o resumo da palestra. O texto foi publicado pelo Washington Post, em 6 de abril de 2008.

Vou voltar aqui para editar melhor, mas queria dividir isto com vocês o quanto antes. Leiam com atenção. É um testemunho emocionante.

Beijos,

Dani

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As Lições que Estou Deixando para Trás

Por Randy Pausch

Em muitas universidades, professores são convidados a dar uma “última aula”. Nesta conversa, eles refletem sobre o que mais importa para eles. Enquanto eles falam, a platéia se faz a mesma pergunta: Que sabedoria você deixaria para o mundo se soubesse que esta seria sua última chance?

Ano passado, concordei em dar uma última aula na Universidade Carnegie Mellon, onde sou professor no departamento de ciências da computação. Algumas semanas mais tarde, soube que tinha apesas meses de vida – estava morrendo de câncer no pâncreas.

Sabia que podia cancelar. Tenho três filhos pequenos, sou casado com Jai, a mulher dos meus sonhos, e ainda há tantas coisas a fazer. Mas falando, sabia que poderia colocar a mim mesmo numa garrafa, que um dia poderia aparecer na praia para os meus filhos, Dylan, Logan e Chloe. Aqui vai o que quero compartilhar.


Divirta-se Sempre

Antes da minha palestra, o presidente da Carnegie Mellon, Jared Cohon, me disse, “Por favor conte a eles sobre diversão, porque é por isso que vou me lembrar de você”. Cheguei a uma conclusão rapidamente. Cada um de nós deve tomar uma decisão, melhor resumida nos personagens de A.A. Milne, em Winnie-the-Pooh. Sou o Tigre que adora se divertir ou sou uma tristonha Eeyore? Minha posição é bem clara.

No meu último Halloween, Jai, nossos filhos e eu nos fantasiamos de “Os Incríveis”. Coloquei uma foto nossa no meu site e expliquei que a químio não tinha afetado meus superpoderes. Recebi emails com sorrisos como resposta.

Não vou desistir do Tigre dentro de mim. Alguém me perguntou o que quero escrito na minha lápide. Eu disse: Randy Pausch: Viveu 30 Anos Após um Diagnóstico Terminal”. Eu poderia encaixar muita diversão em 30 anos. Mas se não tiver que ser assim, vou encaixar muita diversão no tempo que tenho.


Sonhe alto

Tinha oito anos no verão de 1969, quando o homem chegou à lua. Estava na colônia de férias, nós crianças fomos levados até a casa principal para ver aquele momento na TV. Mas os astronautas estavam demorando, e estava ficando tarde. Os orientadores nos mandaram de volta às nossas barracas para dormir, e nós perdemos os primeiros passos.

Fiquei possesso. Pensei: “Minha espécie sai deste planeta e há um mundo novo pela primeira vez, e vocês aí acham que a hora de dormir ter importância?”

Quando cheguei em casa, meu pai me deu uma foto que ele tinha tirado da TV no segundo exato em que Neal Armstrong pisou na lua. Ainda temos esta foto.

Dê a si mesmo permissão para sonhar. Incentive o sonho de seus filhos também. De vez em quando, isso pode significar deixá-los acordados depois da hora.


Peça o que deseja

Numa viagem à Disney World, meu pai e eu estávamos no monorail com meu filho Dylan, então com quatro anos. Dylan queria sentar na cabine da frente com o motorista, e meu pai achou que seria legal também.

“Pena que eles não deixam qualquer pessoa sentar lá,” meu pai disse.

“Na verdade, aprendi que há um truque para se sentar lá na frente,”eu disse. “Quer ver?”

Caminhei até o atendente e disse: “Com licença. Será que poderíamos sentar no carro da frente, por favor?

“Certamente,” disse o atendente. Ele nos levou até a cabine da frente. Foi uma das únicas vezes que vi meu pai sem palavras. “Falei que era um truque,” disse a ele. “Não falei que era um truque complicado”.

Agora me tornei melhor ainda em “só pedir”. Como todos sabemos, pode-se levar dias para receber resultados de exames médicos. Não quero passar meu tempo esperando, então pergunto: “Quanto antes posso receber estes resultados?”

“Oh,” eles normalmente respondem, “talvez possamos dá-los a você em uma hora”.

Peça. Mais do que você imagina, a resposta que você vai ouvir é “Claro”.


Ouse arriscar

Num curso de realidade-virtual que ministrei, encorajava os alunos a tentar coisas difíceis sem se preocupar com fracasso. No final do semestre, dei um pingüim de pelúcia – “O Primeiro Prêmio Pingüim”— à equipe que apostou mais alto sem alcançar seu objetivo. O prêmio veio da idéia de que quando os pingüins pulam na água onde pode haver predadores, bem, um deles tem que ser o primeiro pingüim. Essencialmente, foi uma prêmio por um “glorioso fracasso”.

Experiência é o que você ganha quando não consegue o que quer. E isto pode ser a coisa mais preciosa que você tem a oferecer.


Procure o melhor em todo mundo

Recebi este conselho de Jon Snoddy, meu herói na Disney Imagineering. “Se vicê esperar o bastante,” ele disse, “as pessoas vão surpreender e impressionar você”. Quando você fica frustrado com as pessoas, quando você está zangado, pode ser porque você ainda não os deu tempo suficiente. Jon me alertou que isto necessitava de muita paciência, talvez anos. “No final,” ele disse, “as pessoas vão te mostrar o lado bom delas. É só ficar esperando. Ele aparece.”


Encontre tempo para o que importa

Quando Jai e eu saímos em lua-de-mel, queríamos ficar sozinhos. Como meu chefe exigia uma forma que as pessoas pudessem entrar em contato comigo, gravei este recado. “Oi, aqui é o Randy. Esperei até os 39 anos para casar, então minha esposa e eu vamos viajar por um mês. Espero que isso não seja um problema para você, mas é para o meu chefe. Aparentemente, tenho que estar disponível”. Então dei os nomes dos pais da Jai e a cidade onde eles moravam. “Se você ligar para a operadora, você consegue o telefone deles. E então, se você conseguir convencer meus sogros de que a sua emergência merece interromper a lua-de-mel da única filha deles, eles têm nosso telefone”. Não recebemos nenhum telefonema.

Tempo é tudo que você tem. E você pode descobrir um dia que você tem menos do que imagina.


Deixe as crianças serem elas mesmas

Por eu ser tão franco sobre meus sonhos de infância, as pessoas me perguntam sobre os sonhos que tenho para os meus próprios filhos. Como professor, já vi como pode ser perturbador quando os pais têm sonhos específicos para seus filhos. Minha tarefa é ajudar meus filhos a cultivar uma alegria de viver e desenvolver mecanismos para satifazer seus próprios desejos. Meus desejos para eles são bem exatos e, considerando que não vou estar presente, quero ser bem claro: Filhos, não tentem descobrir o que eu queria que vocês fossem. Quero que vocês sejam o que vocês quiserem. E quero que vocês sintam como se eu estivesse aí com vocês, qualquer que seja o caminho escolhido.

Tradução livre do texto publicado na revista Parade, do Washington Post, em 6 de abril de 2008. O artigo em inglês é uma adaptaçao do livro The Last Lecture, de Randy Pausch e Jeffrey Zaslow, recém-lançado nos EUA e ainda sem tradução para o português.

2 comments:

Anonymous said...

Oi Dani..
sigo acompanhando seus posts diaramente, como tenho feito desde que o li pela primeira vez.Agora ainda mais porque fui buscar em suas palavras forca para tentar enfrentar este inimigo tao cruel e covarde( agora a compreendo muito bem , qdo o descreve por covarde). Acabamos de recibir o diagnostico em uma pessoa de nossa familia..e algo tao assustador que ninguem o pode compreender.
Cada dia de ansiedade com os milhares de exames, o desespero com a falta de opcoes..mas faz te admirar ainda mais. Nao a vejo com uma heroina apenas..porque estas nos supoe algo fora da realidade, te vejo cada dia mais como uma mulher incrivel que acima de tudo luta todos os dias para alcancar seu maior desejo..viver..simplesmente viver tranquilamente..ter sua familia..seus filhos e tudo mais que pode parecer tao banal para alguns e que a grande maioria nao sabe o valor que possui.
Quero te dizer que voce esta sempre em minhas oracoes...pq ha muitas pessoas que nao dao o menos valor a preciosidade que e ter uma vida saudavel e vc eu sei o quanto aprecia tudo isso..o quanto le custa mantener-se nao apenas saudavel fisicamente como tambeme mentalmente.
te falando francamente as vezes nao sei como consegue estar tao sa diante de tantos problemas...porque lhe digo..eu mesmo nao estando doente..sinto-me profundamente sem esperancas e fraca para ajudar aquele que realmente precisa, diante de tamanha crueldade desta doenca.
Infelizmente nunca fui uma pessoa muito sentimental..pelo contrario..sempre reservei meus sentimentos a cantos bem obscuros que somente eu tenho acesso..com o passar do tempo venho tentando mudar isso e ler seus posts tem me ajudado bastante.
Mostrar que temos fragilidades nao nos faz menos forte..ao contrario..nos ajuda muitissimo.
Vejo que cada post seu e uma forma de tentar afastar-se de seus medos e buscar suas forcas masi profundas para uma batalha que nao lhe resta outra coisa alem de lutar e se Deus quiser e assim ele ira querer..voce VENCERA...porque eres uma lutadora nata.
bem..ja escrivi demais..outro dia tomo coragem novamente e volta a comentar.
Bjos
e boa sorte com tudo.

Barbara McLean

Dani said...

Barbara,
Suas palavras me emocionaram demais. Agradeço muito as sulas palavras carinhosas e acima de tudo as suas orações. Sou testemunha do poder que elas têm.
Queria que você soubesse que estou rezando por você também. Rezo e peço a Deus que você encontre força e coragem para estar ao lado do seu familiar doente. Sei que num primeiro momento este diagnóstico é simplesmente devastador, mas numa hora destas não nos restam muitas opções a não ser encarar o problema de frente e olhar nos olhos do inimigo e mostrar para ele quem vai vencer a batalha. A minha experiência é que esta força só pode ser tirada da fé. Para uma pessoa extremamente racional como eu, isso foi um grande desafio, mas quando entendi que não havia nada que eu pudesse fazer, mergulhei fundo na minha fé, na minha espiritualidade e só assim consegui alguma paz. O medo continua, mas minha vontade de viver e minha fé são mais fortes. Assim sigo em frente e peço para que você faça o mesmo. Não deixe o medo paralizar você. No início é difícil, mas com o passar do tempo, as coisas vão ficando mais claras. Aconselho também que consulte os melhores médicos, pesquise muito na internet e esteja sempre ao lado de quem você ama. Sem minha família e meus amigos não teria conseguido passar por tudo isso, não só uma, mas duas vezes. Como tudo na vida tem um lado bom, descobri depois da doença ser mais forte e mais amada do que jamais imaginei.
Beijos e que Deus abençoe você e sua família.