Quando penso em tudo que tenho vivido, vejo que a grande lição a ser tirada disto tudo é a paciência. Admiro demais as pessoas calmas e pacientes, mas parece que não consigo desenvolver esta virtude em mim. Acho este traço de personalidade tão importante que coloquei no topo da minha lista quando estava em busca da minha cara metade, então não foi por acaso que me casei com uma das pessoas mais pacientes que conheço. Freud deve explicar esta história de se buscar no outro algo que a gente não tem. Meu caso deve ser clássico.
A ansiedade e a busca pela perfeição, ou como diz a minha mãe, pelo inatingível, são características tipicamente minhas. Sou o tipo de pessoa que depois passar tempos me matando de trabalhar para acabar um projeto, olho para o produto final e penso: "Está mais ou menos. Pode ser melhorado. Acho que vou fazer tudo de novo." E depois de refazer tudo, olho a minha volta e me pergunto se não há nada mais a fazer. Então na certeza de ter acabado o tal projeto, me apresso e vou buscando logo uma coisa mais difícil ainda para fazer.
Mas esta loucura não fica restrita ao trabalho, a minha vida é assim. Sempre tenho que batalhar muito para alcançar o que eu quero, para atingir o nível que determinei. Se quando era mais jovem estes desafios impossíveis eram um combustível e tanto, ao ficar mais velha, tornei-me um pouco blasé. Se quando era mais jovem, traçava metas mais que ambiciosas, sofria para alcança-las, mas quando chegava lá, tudo valia a pena, só pelo sentimento de vitória, de cumprimento da missão. Era como se cada uma das minhas tarefas auto-impostas me levasse ao topo do Everest. Lutava, sofria, chorava...mas ao chegar lá, era tomada por uma sensação absurda e maravilhosa de felicidade.
Com o passar dos anos, meus desafios não ficaram mais fáceis, mas aos poucos fui me cansando um pouco da luta. O jogo era mais ou menos o mesmo: corre, corre, espera...corre, corre, espera mais um pouco. Justo esta espera para mim sempre foi insuportável, pois não existe nada que EU possa fazer enquanto espero. Muitas vezes espero pelo outro. Espero pela opinião médica, espero pela imigração americana, espero pela decisão da banca. Espero em agonia.
Desta vez a espera é um pouco diferente. Desta vez tenho que esperar o meu corpo ficar saudável de uma vez por todas para que possa ter filhos. Não que ter filhos neste momento fosse a minha prioridade maior, tendo em vista que tenho menos de um ano de casada, mas a idéia de não ter mais esta escolha nos próximos dois anos me incomoda demais. Meu relógio biológico anda cada vez mais apressado e na minha faixa etária não me resta tanto tempo assim para esperar. Sei que as estrelas de Hollywood estão tendo filhos na faixa dos quarenta, mas convenhamos que a minha conta bancária não se assemelha nem um pouco à delas.
Quando toco neste assunto com a família e com os amigos, mas principalmente com o Blake, que seria o mais interessado, todos são unânimes em dizer que neste momento o meu foco deve ser em mim mesma, na minha saúde. Dizem que filhos podem esperar. Mas será?
Racionalmente esta hipótese não é nem tão ruim assim, pois ainda tenho muito a fazer em Maryland para que possa me sentir em casa. Ainda não finquei raízes. Não tenho meus lugares favoritos, não tenho hobbies ou atividades interessantes, ainda não fiz meu grupo de amigos. Então vou usar os próximos dois anos para fazer isso. Para me encontrar por lá, para escrever e ler mais que os 100 livros que leio por ano, para me dedicar mais ao meu casamento e ao meu marido. E quem sabe depois que tudo isto estiver em seu devido lugar eu posso pensar em trazer um pequeno ser humano a este planeta tão bagunçado?
Mas por enquanto, só resta a mim me habituar à espera e a aprender com ela.
1 comment:
Hello Danielle, perhaps you remember me or perhaps you do not. Years ago I met you on FreeTel (July, 1996) along with your sister and spunky younger brother (:
You might remember me as Derek... from Vancouver.
It just so happens that today, of all days, I was cleaning up some old files on one of my computers and I found an old database of friends... which you were in (:
So I thought I would see if you had written a book yet because if I remember correct, it was your mother or grandmother who said there are 3 things you must do in life, one of which is to write a book. Personally, I am up to 4 books now and so you have a ways to go in order to catch up to me LOL although your blog is well written and may count as having written a book (:
In doing a quick search I soon discovered that you got married last year. This indeed was such a pleasant surprise and Blake is obviously a very lucky man... but apparently, it is you that is even luckier to have found him (: WOW what great news this was to see and read about. Me so happy for you!
I tell ya Danielle, when I saw that smile on your face in your wedding photo... well, not even the Mona Lisa can smile that well.
I also discovered that you have been "sick" as others would describe it.
But you know Danielle, what you probably don't know (or remember), is that when I first chatted with you online is that I was quite "sick" at that time.
I am not sure if I ever told you this, but the great pleasure and joy of chatting with you at that time helped me heal and recover. There was no doubt that you, and a few others, all helped put a smile on my face by reminding me of the joy of life... and for this, I have always been thankful... and that's why I have not forgotten you even after all these years.
I hope that this short message from an old friend puts a smile on your face too... just as you did all those years ago for me (:
Obrigado Amiga
buleganteng _at_ yahoo dot com
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