July 30, 2009

Não me chame!

Se você tiver um projeto muito bacana, principalmente que envolva crianças carentes ou jovens doentes, não me chame. Se precisar de alguém que trabalhe horas e horas durante a semana e nos fins de semana sem receber um tostão sequer, por favor, não me chame. Se quiser alguém para contar um história triste e pedir dinheiro para o seu projeto que vai mudar vidas, pelo amor de Deus, não me convide, pois corre o sério risco de eu aceitar!!!!

Tem gente que diz que depois da doença fica mais duro, mais seletivo, mais objetivo. Pena que isto não aconteceu comigo! Depois da doença virei manteiga derretida! Quando chegam envelopes pedindo doações para as zilhões de organizações de caridade na minha casa -- sim, nos EUA chegam vários todo dia, o Blake chega ao ponto de esconder de mim, pois se deixar, eu ajudo todo mundo. Se não puder ajudar financeiramente, entro pro time que faz trabalho pro-bono, compro rifa, ingresso para evento, sei lá, dou um jeito.

Claro que não estou querendo me transformar na próxima Madre Teresa, muito pelo contrário, mas é que este meu coração mole acentua ainda mais uma das minhas piores qualidades, a desorganização, a mania de fazer tudo ao mesmo tempo e tentar sempre dar um jeitinho de fazer mais alguma coisa.

Resultado: trabalho o fim de semana todo, à noite depois de chegar do trabalho e na hora do almoço! Fico morta! Tudo bem que muita gente até sente complexo de culpa por não fazer o suficiente pelo próximo ou por ganhar muita grana ou por trabalhar numa empresa cujo produto pode prejudicar alguém (tipo fábrica de cigarros, salão de bronzeamento). Mas felizmente este não é o meu caso! O meu trabalho é o máximo, já que nossa missão é "eliminar as disparidades em saúde". Sei que isto aqui é um hospício, mas a única prejudicada sou eu! Então pensando friamente a minha dívida com o próximo deveria estar mais que cumprida. Mas não está e percebo isto sempre que me chamam para algum projeto muito bacana mas que é complicado e ninguém quer fazer. Aí vou, salto de cabeça, não só pelo meu austruísmo, mas pelo sabor do desafio. Desafio que muitas vezes me deixa com os nervos à flor da pele.

Então a minha prioridade para 2010 (sim, porque 2009 já quase acabou e estou ainda com MUITOS projetos em andamento!) é me concentrar em poucos mais bons projetos que idealmente me gerem alguma graninha, pois se depender do que fiz em 2009, estou com muito crédito com Ele lá em cima!

Mas como 2009 aindanão acabou, deixa eu sair correndo para uma reunião sobre o website do Cancer Center aqui de Maryland, na minha eterna qualidade de voluntária!

2 comments:

Anonymous said...

Its a good idea.
Fazer menos com mais qualidade, sem estresse.
DEUS te abencoe,
MOM

Cristina said...

Apóio vc e sua MOM!
De que adianta ajudar tanto os outros e prejudicar sua saúde (pq stress = ameaça). Deus tá vendo e sabe do que vc é capaz. Te admiro.