August 13, 2008

Vozes dissonantes numa midia esquizofrenica

Ate que enfim lucidez no pantano que se tornou o jornalismo brasileiro...

Mais uma vez no blog do Moreno, que por mais incrivel que possa parecer e postado no mesmo Globo Online que ja julgou e condenou o Dr. Joaquim.

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Enviado por Jorge Bastos Moreno - 13.8.2008| 9h30m

Transplante
Salvar vidas ou manter a ordem na fila das mortes?

Sob o título " O Silêncio dos inocentes", na edição da "Folha de S. Paulo" do domingo passado, 10 de agosto, o ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva escreveu um dos mais memoráveis artigos sobre a condenação de inocentes e alerta que o caso do médico Joaquim Ribeiro , acusado de manipular a lista de transplante de fígados, pode ser mais uma repetição da Escola Base, um clássico erro jornalístico que manchou a mídia brasileira. O texto do ombusdman da Folha deveria estar pregado em todos os murais das redações deste país, em todas as salas de aulas dos cursos de Jornalismo e, principalmente, em todos os gabinetes do ministério Público e da Polícia Federal.

E este belo artigo do autor, roteirista e diretor de cinema e tv, Jorge Furtado, sobre esse caso dá razão ao alerta do jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva. E eu, mais uma vez reafirmo: a família de Augusto Arraes não furou a fila. Simplesmente resgatou um fígado cujo destino era o lixo, Repito também uma frase de Caertano Veloso sobre o caso: "Estão discutindo a fila e não soluções para a fila.

Leia então o artigo do cineasta JORGE FURTADO:



O médico Joaquim Ribeiro Filho foi preso no Rio de Janeiro acusado de fraudar a lista de prioridades nas cirurgias de transplante de fígado. A prisão foi registrada por várias equipes de telejornais. Jornais dizem que ele é "acusado de desvio de órgãos entre 2003 e 2007", mas esquecem de dizer que a acusação se refere a apenas três transplantes. O primeiro caso foi levado ao Conselho de Medicina, que o absolveu por 21 votos a zero. Um dos transplantes não aconteceu. No outro caso, ele é inocente. O fígado que ele transplantou, numa operação de alto risco e brilhantemente bem sucedida, iria parar no lixo de um hospital mineiro se a família do transplantado, no Rio de Janeiro, não tivesse enfrentado uma gincana para conseguir, no dia da queda do avião da TAM, um jatinho para decolar imediatamente, ir a Belo Horizonte e voltar para o Rio. O médico fez a cirurgia e tinha a obrigação de fazê-la, até porque o transplantado tinha um mandato judicial que lhe garantia prioridade. O médico fez muito bem, salvou uma vida, é disso que se trata no exercício da medicina.

O sistema nacional de transplantes tem uma tarefa fundamental, garantir a justiça na ordem de prioridades dos receptores dos órgãos doados, seguindo critérios técnicos: duração da vida útil dos órgãos doados, condições de transporte aos receptores, urgência da cirurgia. O sentido da coisa deve ser salvar vidas e não manter a ordem na lista dos mortos. Um órgão, antes de ir para o lixo, deve ser usado para salvar a vida de quem puder ser salvo, isso é o óbvio. No Brasil, cerca de 400 fígados doados vão para o lixo todos os anos por incapacidade do sistema público de saúde de fazê-lo chegar aos transplantados.

Será que os jornalistas que protestaram contra a "espetacularização" da prisão da quadrilha dantesca que tentava subornar um policial federal vão protestar contra a execração pública do médico que já salvou milhares de vidas com o seu trabalho?

Prender um médico cirurgião que, na pior da hipóteses - já que a presunção de inocência, no Brasil, foi substituída pelo mau jornalismo - representa zero de perigo para sociedade e ocupa desnecessariamente uma vaga na cadeia, é uma burrice. Prender e expor a execração pública uma pessoa inocente que exerceu com extrema eficiência a sua profissão e, assim agindo, salvou uma vida, é um crime. Quem são os autores? Serão punidos?

1 comment:

Anonymous said...

Como posso mandar o comentário do Moreno para outras pessoas?
PARABÉNS PELA SUA luta em favor do Dr. Joaquim.Ele merece!!!!
MOM