August 18, 2008

Good Morning Baltimore!



Quem viu o filme Hairspray vai lembrar da saudação no início do filme de John Waters, símbolo máximo do cinema kitsch americano. O filme original chegou às telas em 1988 e fez tanto sucesso que mereceu uma nova versão estrelada por Zec Ephron, astro de High School Musical, ano passado.

Mas o post não para falar de John Waters, nem de Michael Phelps, cidadão mais ilustre de Baltimore, mas da cidade em si. Está bem, vou falar um pouco do Michael Phelps, pois o cara é realmente um fenômeno. Em pensar que tudo começou depois do diagnóstico de ADHD - Attention Deficit Hyperactivity Disorder, uma "condição" bem comum em meninos em idade pré-escolar. A mãe não sabia como lidar com a hiperatividade de Michael e resolveu tentar a natação...quinze anos depois surge o maior campeão olímpico de todos os tempos. Incrível. Mas como americano é povo engajado mesmo, Debbie e o filho Michael decidiram abrir uma fundação para ajudar pais a lidarem com filhos portadores desta mesma "deficiência". E Michal não vai parar por aí. Na volta para casa, Michael que acaba de se formar, decidiu que vai recuperar o Baltimore Aquatic Center, que como muita coisa nesta cidade vive anos de ostracismo. Bom pro Michael. Melhor para Baltimore, cidade pobre e nada glamurosa que aos poucos recupera o prestígio perdido há muitos anos.

Baltimore, que para quem não sabe NÃO é a capital de Maryland (Annapolis é a capital) pode ser chamada de prima pobre da "arrumadinha" Washington. É também capital da violência americana, posto que disputa pau a pau com Detroit ano a ano. Baltimore é blue-colar, Washington é white-colar. Baltimore é operária e Washington é executiva, mas Baltimore tem personalidade, tem pulso, é real. Quando muitas cidades americanas têm que "inventar" arquitetura e história, Baltimore tem de sobra e agora com a revitalização de vários pontos da cidade a gente começa a ver beleza que ficou escondida tanto tempo.

O relógio da foto é a paisagem que vejo da minha janela. Vocês não imaginam a minha felicidade ao entrar na cidade de manhã cedo e de longe avistar os arranha-céus. Sou urbana. Urbana mesmo. Sempre fui assim.

Queria encontrar a felicidade no campo, junto ao verde e ao canto dos pássaros, mas não consigo por mais que me esforce. Preciso de asfalto, preciso da vibração, de vozes, de outros seres humanos, preciso de um pouquinho, só um pouquinho de caos, para ficar à vontade.

Se no início a cidade me assustou bastante -- há bolsões de pobreza que se comparam às áreas mais pobres do Rio -- aos poucos vou conquistando meu espaço, vou vencendo o medo de me aventurar.

Jamais pensei que fosse trabalhar tão diretamente em questões ligadas à saúde. Nunca pensei que fosse militar pelo direito dos menos favorecidos, dos esquecidos, num país de primeiro mundo, na maior potência mundo. Jamais pensei em ver tantas vulnerabilidades tão expostas.

O bom de Baltimore é isso, a cidade é muito real -- tem história, tem pobreza mas tem carater e eu gosto disso. Num mundo tão artificial é alívio conhecer pessoas e lugares de verdade.

1 comment:

Anonymous said...

HAHAHAHA
Agora vou passar o dia todo com essa musica na cabeca "Good Morning Baaaaaltimore!" na voz daquela atriz gordinha do filme...