January 18, 2008

Colocando Planos em Prática

Hoje, acordei com uma importante missão a cumprir. Preciso ligar para a University of Maryland e colocar meu cargo à disposição. Em teoria foi o que fiz ao descobrir o tumor e a necessidade da cirurgia. Conversei com a minha chefa no dia seguinte e expliquei o acontecido. Disse que não sabia bem quanto tempo precisaria ficar aqui e que entenderia se eles precisassem preencher a minha vaga o mais rápido possível. Ela foi muito amável e compreensiva e disse que não iria tomar nenhuma decisão até que a cirurgia acontecesse.

Achei a atitude muito bonita e confesso que não esperava tanta consideração, tendo em vista que nos EUA não há legislação que protege o empregado num caso destes, pois lá assim como férias, a licença médica é concedida proporcionalmente aos dias trabalhados.

A verdade é que o trabalho não é tão interessante assim, pelo menos não para mim. O foco é muito local e a conexão com a universidade bastante fraca, ao contrário do que eu esperava. Mas o pior de tudo é mesmo a distância, 70 km de ida e mais 70 km de volta, todo santo dia, com ou sem neve. E para quem detesta dirigir como eu este pensamento é aterrorizante.

Meu coração está apertado. Depois de tanto batalhar um trabalho, vou entregá-lo assim de mão beijada. Depois de tantos meses de agonia, vendo a minha conta bancária cada vez mais magrinha, quando finalmente consigo trazê-la de volta a níveis normais, tenho que abrir mão disto? É muito chato. Mas acho que mais chato é me enterrar de vez num emprego que não me satisfaz e ainda exige horas diárias de tortura.

Este período para mim vai ser inesquecível. E o ano de 2007, que começou perfeito, vai ser para mim um ano insuperável, pois como dizia Charles Dickens, foi o melhor dos tempos e foi o pior dos tempos. Num ano que realizei o grande sonho de me unir para sempre à minha alma gêmea, também senti na pele e tive que enfrentar meus maiores temores: a perda mesmo que rápida e momentânea da minha saúde, materializada na forma do tumor, e a perda, mesmo que por escolha, do meu emprego. Eu que tinha sempre vivenciado a minha carreira na mais perfeita ascensão, tive que amargar meses de inércia e incerteza.

Mas o bom disto tudo foi que sobrevivi. E aprendi que com ou sem emprego, saudável ou não, eu continuo a mesma pessoa, cheia de conflitos, cheia de dúvidas, mas cheia de amigos que torcem por mim. E isso deve me bastar.

Então encerro este post ainda tomando coragem para fazer a tal ligação que tenho evitado nos últimos dias, mas deixo aqui uma das minhas passagens preferidas do escritor inglês e imortal Charles Dickens:

It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of Light, it was the season of Darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair, we had everything before us, we had nothing before us, we were all going direct to heaven, we were all going direct the other way - in short, the period was so far like the present period, that some of its noisiest authorities insisted on its being received, for good or for evil, in the superlative degree of comparison only.

Charles Dickens, A Tale of Two Cities - English novelist (1812 - 1870)

2 comments:

Anonymous said...

Dani, lendo os dois posts juntos, até eu fiquei confusa...mas achei show o que o me'dico lhe falou: VC tem que fazer suas esolhas..como tudo na vida, né?
Claro que deve ser super difícil, ams acho que a gente fazendo o que gosta, não tem conta bancária, não tem estrada que não seja superado... vc já sabe de uma coisa não tem prazer no trabalho na uniersidade, entao não tem o que se fazer...trate isso como momentâneo, sua conta bancária mais magrinha, etc...
Eu passei o ano todo com a conta magrinha, magrinha...mas sabe o q ganhei: fiquei emc asa com meus filhos, levando e trazendo pra escola...era tudo que eu queria..então agora vou cair em campo eprocurar algo..acho que pra mim é o tempo
Da mesma foram, te digo: vc vai sentir quando for o tempo de parar!
Seja feliz!!!
(acho q meus comentários foram bem misturados, né???)DESCULPA!

Claudia said...

Essa parte eh dificil, eu sei.. mas transparece pelos posts que no seu coracao a decisao esta feita... entao como diria um amigo meu, advogado, ja bem velhinho: Fecha os olhos e pula!!!