March 14, 2009

A Arte e a Vida

Esta semana o Blake alugou a ópera La Traviata no blu-Ray. Ele sabe que eu sou fanática por ópera e me deu de presente de Valentine's Day ingressos para ver nada menos do que Turandot! Mas como esta ópera só estréia em maio, ele decidiu entrar no clima desde já.

La Traviata é das óperas mais famosas. A ópera de Giuseppe Verdi é baseada no livro A Dama das Camélias de Alexandre Dumas, que por sua parte é baseado em fatos da vida do autor.

É uma história linda e triste que assisti a primeira vez no Met, em Nova York há muitos anos. Assisti também anos depois ao ar livre no Central Park, mas a montagem do Met nunca me saiu da cabeça. Achei linda!

Claro que como em 99% das óperas, a história é muito triste, e apesar de ser nuito tocante, não me lembro de ter me emocionado tanto assim quando vi as montagens ao vivo.

Quando sentei ao lado do Blake ontem foi mais por curiosidade e para fazer companhia a ele, já que já tinha visto a ópera duas vezes ao vivo e algumas vezes na TV. Também nunca tinha visto a montagem no Scalla de Milão. Confesso que fiquei encantada e apesar de estar vendo pela TV, me senti como se estivesse lá numa frisa luxuosíssima! E fui às lágrimas no final do terceiro ato!

Parecia incrível que eu tivesse resistido nas duas vezes que vi a ópera ao vivo só para me debulhar em lágrimas vendo a mesma ópera no conforto da minha casa! Mas a cena final entre Violetta e Alfredo é muito intensa e agora assumiu um significado muito mais profundo para mim. A cena da despedida entre os dois me fez viajar no tempo e me vi em situação parecida não faz tanto tempo assim.

Quando soube que a minha segunda cirurgia era iminente fiquei muito assustada; senti muito medo. Por alguma lógica torta, achava que o tumor talvez fosse um sinal de que a minha jornada estava próxima do fim. Na minha cabeça, talvez Deus tivesse resolvido me premiar com mais cinco anos de uma vida muito melhor do que aquela que eu tinha vivido antes, mas temia que talvez o meu destino fosse mesmo morrer naquela mesa de cirurgia. (Por sorte estava errada!) Então cheguei a ter a mesma conversa com o Blake e a dizer a ele o que eu queria que ele fizesse caso eu não saísse daquele centro cirúrgico com vida.

Digo que aquele foi um dos momentos mais difíceis da minha vida e sinto uma angústia, um enorme aperto no peito, só de reviver aqueles minutos. A minha mãe sempre diz que levo jeito para o drama, mas só quem quase morreu numa cirurgia e tem que passar por outra entende o que senti.

Então ontem a despedida de Violetta e Alfredo me tocou fundo, pois a dor que ela sentia não me é estranha, mas graças a Deus, ao contrário da pobre cortesã, eu sobrevivi e estou aqui para contar a história. Então aquela máxima que arte é a comunhão entre o artista e o público se torna muito real. É incrível perceber que uma ópera composta há 150 anos contiunua atual, pois histórias de amor são sempre eternas.

E se eu não chorei ao ver montagens ao vivo no auge dos meus vinte e poucos anos, ontem chorei feito criança ao ver a mesma ópera pela TV. Conclui-se então que se a ópera continua a mesma, quem mudou fui eu.

Esta é a montagem do Scalla:



Mas achei esta da Ópera de Washington melhor.

2 comments:

Andanhos said...

Emocionante!
Também sou apaixonada por ópera desde pequena. Uma vez, quando criança, pedi de presente de aniversário que meu pai me levasse para assistir a alguma.
O que você viveu deve ter sido muito forte e intenso... mas, graças a Deus, você se equivocou no pressentimento.
Dani, desejo que você viva muitos e muitos anos com saúde, felicidade e esse lindo amor!
Beijos.

Dani said...

Liège,
Que bom ver você por aqui! Quer dizer que vc também é amante de ópera?
Obrigada pelo carinho!
Bjs