September 29, 2010

Decisões…

Nunca imaginei que fosse ter que tomar tantas decisões antes mesmo de ser mãe. A primeira, e provavelmente a mais importante de todas, foi decidir que realmente queríamos um filho. Queríamos tanto que decidimos ignorar os obstáculos e partir em busca de nossos objetivos. E os obstáculos não foram poucos nem pequenos: a espera, primeiro pela “permissão médica” depois pela gravidez propriamente dita. Dois anos que são como uma eternidade para quem deseja ser mãe e já passa dos 30 e poucos anos. Depois os exames, as buscas pelos motivos da nossa “infertilidade”, que ninguém nunca descobriu, já que os resultados todos foram ótimos. E enfim o tratamento, que mais parecia uma missão de CIA, com instruções em código que mudavam a cada dia e telefonemas diários, sempre às 4.30 da tarde. Mas valeu, e como!

Depois a busca de um obstetra que pudesse me guiar durante todo este processo tão novo quanto excitante. Agora a busca de uma creche que possa cuidar bem do nosso maior tesouro. Já revirei quase 10 e ainda não consegui me decidir, mas acho que estamos próximos... Presto atenção a todos os detalhes e aos poucos vou me tornando “expert”, tudo para compensar a falta de experiência.

Agora a decisão que nunca havia passado pela minha cabeça e que jamais precisaria ser tomada se tivessemos uma menina: a circuncisão. Também provavelmente não seria abordada se o Joaquim nascesse na Europa ou no Brasil. Tradicionalmente, a maioria dos meninos americanos passa pelo procedimento antes mesmo de deixar a maternidade, mas atualmente este número vem caindo bastante e a questão virou uma polêmica enorme com xiitas dos dois lados. Os grandes jornais americanos volta e meia publicam grandes matérias sobre o assunto e os comentários dos leitores são dos mais inflamados possíveis. Há evidências e estudos que defendem os dois lados, mas a situação chegou a um nível tão louco que nenhum médico aqui ousa aconselhar seus pacientes a fazer ou não o procedimento.

Sempre achei que o Blake fosse ser favorável, sendo ele americano e bem mainstream, mas fiquei mais que surpresa,quando ele disse que estava se informando melhor sobre o assunto e não tinha chegado ainda a uma conclusão. “É um procedimento invasivo. Não é porque ele não vai lembrar que ele não vai sofrer,” o futuro pai me disse. “Detesto pensar que vamos mexer em algo completamente normal e sadio por uma questão cultural ou de gosto pessoal. Acho ridículo esta história de que vão implicar com ele no vestiário. Até lá muita coisa vai mudar ,” ele concluiu. É verdade. Uma amiga minha disse que eu deveria fazer a circuncisão porque quando ele crescer as meninas vão olhar e ficar com nojo dele. Juro que não é mentira! Quase caí para trás. E se fosse assim, os europeus e latino-americanos iam morrer em celibato. A gente sabe que não é bem assim...

Muitos dizem que a circuncisão tem mais a ver com fatores religiosos ou culturais, e sendo assim, no nosso caso, fica difícil mesmo impor este procedimento a um recém-nascido. Ainda vamos fazer mais pesquisas e falar com mais médicos, mas nunca pensei que antes mesmo do bebê nascer já tivesse que tomar uma decisão tão séria por ele...

September 28, 2010

Tudo bem...

O dia de ontem foi ótimo. Tenso, é verdade, mas tudo correu perfeitamente bem e lá para as 2.30 PM estávamos saindo do hospital. Nunca é fácil, mas aos poucos parece que vamos pegando o espírito da coisa.

Saímos de casa cecdo, chegamos com tempo para resolver toda a papelada, fazer o exame de sangue e depois a ultra. Sem correria. Já é estressante pensar em passar o dia todo no hospital, mais ainda se pensarmos que estamos no "melhor hospital dos Estados Unidos", num dos "maioires centros de pesquisa do mundo" esperando que ninguém encontre NADA de errado conosco. Se disser que com o tempo a gente acostuma, estarei mentindo, pois o tempo até atenua um pouco, mas jamais apaga.

Se há coisa que fogem completamento do nosso controle, há alguns fatores que podemos controlar: o tempo e o stress são dois deles. E ontem, com menos correria, me senti menos nervosa. Saímos do exame de samgue, fomos para a ultra, onde conseguimos da uma olhada rápida no Joaquim e ver que ele está na posição correta, e depois rumamos para o consultório médico.

Isto é o que eu mais gosto em Hopkins. A gente passa o dia internada lá, um dia sempre tenso e difícil, mas sai de lá com o resultado, podendo dormir à noite. É verdade que sempre que saio de lá me sinto como se tivesse acabado de lutar com o Mike Tyson, mas pelo menos não fico em suspense, saio de lá aliviada.

É claro que ontem eles pouco puderam ver algo, mas pelo que foi visto na ultra, não houve mudança no fígado, que é tudo que nos importa, mas como o Joaquim já está bem grandinho, todos os meus órgãos estão empurrados para algum canto da barriga. O fígado está quase no peito e os rins, bem os rins, ninguém conseguiu enxergar direto, mas calcula-se que eles ainda estejam lá. Por estas e outras, temos uma ressonância marcada para o final de janeiro, para ver tudo direitinho...

Até lá muita coisa vai rolar...inclusive a chegada do Joaquim, mas o que importa é que hoje eu e ele estamos ótimos e, se Deus quiser, vamos continuar assim...

September 26, 2010

Mais um dia em Hopkins

Amanhã é dia de mais uma visita a Johns Hopkins e é claro que me dá uma pontinha de medo... Tenho muita fé em Deus e sei que Ele vai estar ao meu lado. Agora afinal de contas são duas vidas em jogo, a minha e a do pequeno Joaquim, que ainda nem chegou, mas a cada dia que passa se faz mais presente e é mais amado.

September 23, 2010

Quartinho do Joaquim





Ainda não está pronto, mas como está todo mundo morrendo de curiosidade, aqui vão umas fotos tiradas ontem a noite com meu telefone celular. Prometo colocar outras de melhor qualidade, além das famosas antes e depois.

Mama Spanx


Quem mora por aqui deve conhecer o famoso Spanx, que nada mais é do que aquilo que no Brasil chamamos de "shortinho da Trifil" e que muito antes era a nossa famosa meia-calça cortada que usávamos por baixo de roupa transparente...

Aqui nos EUA, terra das oportunidades do do American Dream, uma garota ficou milionária ao patentear a "invenção." (Ainda não me conformo de não ter tido a ideia de fazer isto antes!)

Mas o fato é que agora, no setimo mês, a barriga começa a pesar, então resolvi experimentar o tal produto que nove entre dez gringas usam. Para minha surpresa, adorei! É confortável e não aperta tanto quanto imaginei, então acho que vou até comprar mais uns outros pares. Fica a dica para outras gravidinhas...

Como as minhas calças estão ficando muito estranhas em mim, resolvi que vou enfrentar o outono e um pouco do inverno de vestido mesmo. Vou apelar para as leggings e tights porque as batinhas mais curtas agora estão ficando megaestranhas.

A gravidez continua indo bem, mas agora a azia começou a dar o ar da graça e a insônia volta a aparecer...mas tudo bem. O quartinho do Joaquim está quase pronto e segunda eu completo 30 semanas. Nem dá para acreditar que em menos de três meses ele vai estar por aqui...

September 22, 2010

Sobre Maternidade

Quanto mais reflito, percebo que a questão da maternidade está muito mais ligada ao desejo de criar um filho de que a gerá-lo propriamente. O velho ditado, “mãe é quem cria” para mim é muito certo.

Engraçado é que, durante a minha gravidez, tenho acompanhado de perto a trajetória de uma amiga que está em precesso de adoção de duas crianças da Etiópia. Ao contrário de nós, quando descobriram que a gravidez seria difícil, ela e o marido não quiseram partir para a reprodução assistida e se decidiram pela adoção. Depois de pesaram os prós e os contras, optaram pela adoção internacional, que é um processo bastante diferente, mas não menos complexo que a adoção doméstica. Volta e meia conversamos sobre o assunto "filhos" e 'e interessante ver a perspectiva dela. Comparamos notinhas sobre imigração também -- eu no meu processo de cidadania e ela garantindo o visto dos futuros filhos.

Apesar de não ter nenhum problema em assumir meu tratamento – acho que anos de terapia (Oops, assumi a terapia! ) surtiram efeito – confesso que algumas vezes me achei egoísta por querer gerar um filho meu em vez de adotar uma criança que precisasse de um lar. Outro dia, conversando com esta minha amiga que está adotando as crianças e explicando a ela como eu me sentia, ele me deu uma resposta que me deixou de queixo caído.

“Quando as pessoas dizem admirar a minha generosidade, eu fico espantada, pois no fundo me vejo como uma grande egoísta. Com a grana que estamos gastando para trazer estas duas crianças para cá, poderíamos estar ajudando centenas delas na África, poderíamos estar colaborando com orfanatos, e beneficiando muitas pessoas. Se fôssemos tão desprendidos, não pediríamos para adotar crianças pequenas, serviríamos como foster parents para adolescentes vulneráveis em Washington, pois destes ninguém quer saber. Mas não, queremos os NOSSOS filhos, porque no final das contas achamos que somos bons o suficiente e merecemos filhos para chamar de NOSSOS,” ela me disse muito diretamente.

Nunca tinha olhado para a questão sob este ângulo, mas o ponto de vista dela realmente me surpreendeu e me fez pensar...apesar de citarmos as razões mais profundas, talvez no fundo o desejo da grande maioria – ou talvez de todos nós – seja mais egoísta do que magnânimo. Não deveria me causar espanto, pois afinal de contas somos humanos. Então isto pouco importa.

September 21, 2010

Tabu II

Sinceremente não entendo o motivo que leva tanta gente a esconder as coisas. Mais, não consigo entender o motivo que leva muita gente a mentir quando o assunto envolve filhos e gravidez. Pelo amor de Deus, estamos no século XXI!

Eu odeio segredos na mesma intensidade que odeio mentiras pois acho que ambos nos tornam prisioneiros de nós mesmos e reféns de nossos medos. Aprendi a duras penas que a dor dimunui e a alegria aumenta quando são compartilhadas, e desde então minha vida tornou-se um livro aberto. Acho que as pessoas respeitam quem tem coragem de mostrar não só suas vitórtias, mas principalmentes seus desafios e suas fragilidades. Acho importante falar sobre dificuldades para que as pessoas que talvez atravessem situações semelhantes saibam que não estão sós, que existe alguém que provou que isto pode ser feito.

A fertilização in-vitro ainda é tabu para muitos e condenada pelas alas mais radicais da Igreja Católica, mas graças a Deus não faço parte delas. Quando toquei no assunto com o padre amigo da nossa família, a resposta foi: “Isto é entre seu marido, você e Deus.” E como acredito num Deus piedoso, e levando em consideração que tudo correu as mil maravilhas, acho que realmente Ele está do nosso lado.

É por estas e outras que não entendo quando alguém mente sobre a concepção de seu bebê. Respeito a privacidade alheia, mas não sou idiota. Uma mulher de 53 anos não engravida naturalmente. Obviamente existem milagres e casos extremos, mas apesar dos avanços da medicina, isto é quase impossível. Mesmo que a mulher em questão não tenha entrado na menopausa ainda, a qualidade de seus óvulos é baixíssima e as chances de sucesso quando não se usam os óvulos de uma doadora mais jovem são mais do que ínfimas. Tantas estrelas de Hollywood sendo mães às vesperas dos 50...no mínimo estranho.

Mas nada me irrita mais do que a JLo (Jennifer Lopez) dizendo ser contra fertilização in-vitro por ser muito conservadora. Então vou acreditar que aos 38 anos ela teve gêmeos fraternos do nada?! Sem ter outros gêmeos na família. Faça-me o favor. Dizer que ninguém tem nada a ver com o modo que os filhos foram concebidos é uma coisa, anunciar na capa da Elle e para quem quiser ouvir que é contra métodos de reprodução assistida é ridículo.

É claro que durante o tratamento, muita gente prefere manter segredo para evitar decepções. Eu mesma restringi os detalhes do tratamento em si a um seleto grupo. Não por achar que as outras pessoas fossem me criticar, mas para evitar as perguntas para as quais muitas vezes não se tem resposta, tipo “Deu certo?” A torcida é sempre positiva, mas às vezes tanta atenção gera ansiedade. Mas uma vez que a gravidez foi confirmada, que o período crítico passou, fiz e faço questão de dizer que mais uma vez, Deus e a ciência juntaram forças e me deram mais um presente, mais uma milagre, que em breve vai atender pelo nome Joaquim, que quer dizer “aquele que Deus elevou”.

É por estas e outras que admiro muito a Fatima Bernardes, que sempre foi muito franca e falou abertamente dos obstáculos que encontrou e do tratamento ao qual foi submetida para ter seus trigêmeos. Quem dera que mais gente fosse assim...

September 20, 2010

Tabu

Agora que estamos entrando na reta final, os detalhes passam a ser mais importantes. A primeira pergunta que o pessoal começa fazer é: “E o parto? Vai ser normal?” A resposta, para espanto da maioria, é “Até que se prove o contrário, vai ser normal sim.” Eu, que achava que teria uma gravidez de alto risco e indicação para cesariana, aparentemente sou uma paciente absolutamente normal. Mas claro que isto pode mudar até o dia do parto. Aqui, eles normalmente indicam cesariana para bebês muito grandes ou fora da posição desejada, então muita água pode rolar. E eu pretendo manter a cabeça aberta.

Semana passada, comecei as minhas aulas de yoga prenatal, então a professora pediu para todo mundo se apresentar, dizer a data provável do parto, hospital onde terá o filho, etc. Eu sou a mais avançada – 29 semanas hoje! A maioria das futuras mamães vai ter o filho em hospital – aqui nos EUA o povo escolhe se quer ter bebê em hospital, birthing centers (onde os partos são normalmente feitos por obstetrizes/parteiras e sem nenhuma intervenção cirúrgica) ou em casa mesmo, também com parteiras/obstetrizes ou com as chamadas doulas, que são coaches de nascimento e não necessariamente profissionais de saúde.

As mulheres da minha aula de yoga, apesar de terem optado por ter o bebê em hospital, são contrárias a qualquer intervenção durante o parto, ou seja, vão ter os bebês de parto normal e sem anestesia! Vão levar suas doulas para o hospital e já estão fazendo um plano de parto, que estipula tudo que deve ou não ser feito uma vez que se dá entrada no hospital.

De tanto ouvir opiniões de tanta gente, resolvi começar a pensar no assunto e rapidinho tomei a minha decisão: vou querer a tal anestesia peridural, que aqui se chama epidural, porque já tendo passado maus pedaços nesta vida, não quero saber de dor quando ela pode ser evitada.

Conversando com a médica, cheguei à conclusão que já fiz uso da peridural e graças a ela a minha segunda operação de fígado foi uma maravilha, já que passei 72 horas, que da primeira vez tinham sido de inferno, sem nenhuma dor. Ninguém no mundo vai entender a diferença que atal agulhinha fez na minha vida. Depois da primeira cirurgia, passei três dias urrando de dor, sem poder me virar, ou sequer respirar direito. Nenhum remédio fazia efeito. Então para mim, não tem nem o que pensar. O mais importante é um bebê sadio e, ao contrário de muita gente, não acho que uma dor absurda de parto seja pré-requisito para a maternidade. Os puristas que me desculpem, mas parto natural é para quem pode, não para quem quer.

Aceito de braços abertos os avanços da tecnologia e da medicina e acho difícil imaginar que se a minha bisavó tivesse tido as mesmas escolhas, ela pudesse discordar de mim. Então apesar dos olhares de desaprovação de muita gente por aqui, se tudo correr como esperado, vou fazer uso da tal anestesia sim. E de tudo que estiver ao meu alcance para tornar o parto uma experiência positiva. Já sofri muito nesta vida e acho que o Joaquim não vai ser revoltado por ter uma mais fracota. A minha mãe sofreu horrores no meu parto e no auge da minha adolescência, nos meus raros momentos de rebeldia, quando tinha que dizer horrores para ela, nunca levei em consideração tudo que ela tinha sofrido só para me colocar no mundo... fora isto, ser mãe vai muito além do parto.

Não acho que a esta altura do campeonato eu tenha alguma coisa para provar a álguem. E digo mais, se na hora, houver indicação de cesariana, obviamente vou aceitar. Como diz a minha médica no Brasil, parto quem escolhe é o bebê. No fundo, sou um monte de contradições: ao mesmo tempo que sou granola, adoro yoga e acupuntura, entro na faca sem medo se preciso for. Ao mesmo tempo que procuro me informar sobre as questões médicas, estou disposta a me manter flexível o tempo todo, pois como boa paciente profissional, já aprendi que planos são feitos para serem desfeitos.

September 17, 2010

Botando a Boca no Trombone

Pelo visto a melhor tática para lidar com médicos americanos ou de outra nacionalidade que trabalham aqui é chamar o povo na chincha. Quem acompanha o blog há algumtempo vai lembrar da minha choradeira em Hopkins numa das minhas primeiras visitas ao hospital. Quem não conhece a história pode ler aqui.

Pois a minha consulta com a obstetra não foi tão dramática assim, mas certamente expressei minha preocupação e a minha insatisfação com o atendimento. Ela foi supereducada se desculpou muitíssimo e prometeu que jamais aconteceria de novo. Levei uma lista de dúvidas e ela fez questão de pegar o papel da minha mão e me responder uma a uma. A enfermeira também veio me pedir desculpas, quando foi coletar meu sangue para o exame da glicose.

Mas como acredito que atos dizem mais que palavras, fiquei bem aliviada quando a mesma enfermeira me ligou ontem mesmo para dizer que o exame da glicose estava perfeito -- Maravilha! Doces liberados! -- mas que eu estava um pouco anêmica, o que para mim não fou surpresa. Então a médica me receitou um suplemento de sulfato ferroso, o que não é nada demais.

Fora isto, tenho me sentido superbem -- um pouco sonolenta às vezes -- mas nada inchada, tenho engordado bem pouco (nas últimas três semanas só meio quilo para compensar os quase três que ganhei no Brasil!) e tudo vai bem. A busca pela creche para o Joaquim continua e para quem se pergunta o motivo de tanta antecedência, a resposta é "Três das chreches que contatei já estou lotadas para a faixa etária dele!"

Este fim de semana vamos ver se conseguimos fazer uns ajustes no quartinho e assim que estiver tudo quase pronto, coloco as fotos aqui.

Bom fim de semana!

September 14, 2010

Médicos

Amanhã é a minha próxima consulta e depois de ler os comentário de todo mundo aqui e conversar com algumas amigas, vou ter uma conversa franca com a médica. De modo educado vou expressar minha insatisfação. Acho arriscado achar outro médico a esta hora do campeonato sem referência nenhuma.

O mais engraçado é que lancei a pergunta num forum de discussão para grávidas em Maryland e a equipe mais recomendada foi a minha!? Ou eu sou muito exigente ou eles estão pisando na bola comigo.

Pode ser impressão minha, mas acho que a grande maioria dos médicos made in USA tem que ser chamada na chincha. Foi assim em Hopkins com o médico do fígado e acho que vai ser assim com os obstetras. A gente tem mesmo é que rodar a baiana e mostrar que não é número. Depois de um começo muito tumultuado com o médico do fígado, hoje ele sabe muito bem quem eu sou e sempre retorna meus emails.

Agora é rezar para dar tudo certo no teste da glicose e que eu me sinta mais segura com os médicos aqui.

Nestas horas dá uma saudade dos médicos do Brasil...

September 13, 2010

Meio perdida…

Depois de tomarmos a decisão de que o Joaquim nasceria aqui em Maryland, minha outra prioridade foi identificar logo um bom obstetra por aqui. Depois de conversar com meus médicos, tive a indicação de uma médica muito bem recomendada que clinica perto da minha casa e faz parto no hospital que escolhi.

Marquei a minha primeira consulta e foi tudo ótimo, com um porém: ela está grávida de gêmeos e deve sair um mês antes do meu parto! Não me importei muito porque aqui nos EUA, com raras exceções, você é paciente da equipe e quem faz seu parto é o médico de plantão no dia, não aquele com que você fez todo seu pré-natal. Decidi então marcar as consutas em horários diferentes e com os outros médicos da equipe para conhecê-los antes do dia.

Não sei se fiz bem ou mal...pois ao contrário da primeira médica que vi, que me passou muita segurança, as outras duas me pareceram meio novatas... Além das duas médicas vi também a nurse practitioner, pouco antes da minha viagem para Honduras, e quando perguntei se o uso de repelente a base de DEET era seguro, ela foi fazer uma consulta e logo depois me disse que “de acordo com o Google...” Fala sério, contato direto com a Dra. Internet eu também tenho! Fiquei com pé atrás mas tudo bem...

As consultas em geral são sempre rápidas e elas só sabem me dizer que estou ótima. Nada de conversas sobre sintomas de trabalho de parto prematuro, opções de gaurdar o sangue do cordão umbilical, recomendações de pediatras ou até mesmo os próximos passos.

Semana passada, senti umas dores estranhas na barriga e liguei para o consultório pela manhã. Ningué me retornou. Como as dores passaram, fiquei mais aliviada. Liguei no dia seguinte só para ter certeza, então quando falei a palavra “contração”, a telefonista logo me passou para uma enfermeira que se desculpou por não ter me retornado o telefonema – por algum motivo mágico o meu recado ficou embaixo da pilha dela! – mas disse que se a dor tinha passado não deveria ser nada demais. Mas que eu ligasse sempre que tivesse qualquer sintoma. “Ligar eu ligo”, respondi, “o negócio é alguém me atender.” Ainda me disse que eu sempre deveria trazer minhas dúvidas anotadas para que o médico pudesse me orientar...mas peraí, por que cabe a mim o papel ativo? Este é meu primeiro filho, por que não partimos do princípio que eu não sei nada!

Lendo os trocentos livros que peguei na biblioteca e pesquisando na internet, vi que o tal exame da glicose tem que ser feito até as 28 semanas! Pois é, completo 28 semanas hoje e ninguém me avisou nada! Liguei para lá, lembrei às figuras e as recepcionistas disseram que devo fazer o tal exame na minha próxima consulta. Me pediram para lembrar assim que chegar à recepção. De novo me pergunto, este povo não tem meu prontuário? Por que eu é que preciso lembrar de quando e quais exames têm que ser feitos...

Sei lá, sou marinheira de primeira viagem então não tenho muita base para comparação, mas a verdade é que tenho muitas dúvidas na minha cabeça e a tal equipe não me deixa 100% segura. Será que arrisco e mudo agora, a esta altura do campeonato? E parto para nova busca sem muitas referências, meio que às cegas?

Alguém teve experiência parecida? O que vocês fariam?

September 11, 2010

Meninos

Toda vez que vejo este comercial na TV fico arrepiada so de pensar que vou ter um menino. Eu, que sempre fui uma menina bem quietinha, nem sei o que esperar... Mas o Blake, para me deixar ainda mais nervosa, diz que o tal comercial e mesmo baseado em fatos reais, que a infancia dele foi bem parecida. Ja pensou se o Joaquim puxar ao pai?

Socorro!!!!

September 10, 2010

O Dilema da Creche

Ao mesmo tempo que a barriga fica mais evidente, a chegada do Joaquim se torna mais real e os preparativos para ela mais intensos. Comecei a procurar creche há umas poucas semanas, e para minha surpresa, já encontrei duas que não têm mais vagas para meu bebê que só nasce em três meses! Ao que parece, os coleguinhas dele já começaram a nascer e já levaram as vagas! O Joaquim fica no berçário das crianças nascidas entre setembro e dezembro, e como ele é de dezembro, leva uma pequena desvantagem...

Aqui nos Estados Unidos as mães têm basicamente quatro alternativas quando se trata de cuidar do filho:

* a primeira é parar de trabalhar, o que é a mais comum no condomínio onde moro. A mulherada vira mãe em tempo integral para se dedicar ao bebê nos primeiros anos e, pelo que pude perceber, não volta ao trabalho nem tão cedo, quando volta. Não gosto de dizer que desta água não beberei, mas ao menos que a minha vida dê uma reviravolta muito grande, acho que esta opção está fora de cogitação para mim.

* a segunda é colocar numa creche grande, como a maior parte das creches no Brasil, normalmente em período integral. Muitas creches aqui ficam abertas de 6.30 AM a 6.30 PM para os pais que trabalham. O grande problema aqui é que o preço é normalmente equivalente à qualidade dos estabelecimentos. Quer creche cinco estrelas? Vai pagar os tubos! E ao contrário do que acontece no Brasil, aqui a criança volta para casa sem banho e sem jantar! A grande maioria das empresas -- todas as que conheço -- também não tem auxílio-creche, o que quer dizer que os pais pagam 100% ao menos que tenham ajuda do governo, o que também não é o nosso caso. Algumas empresas têm uma creche conveniada que fica no mesmo prédio ou muito próxima, como é o caso do Blake. A desvantagem? Dependendo de onde mora, o bebê fica um tempão no carro e, no nosso caso, a responsabilidade de levar e pegar seria 100% do Blake, já que eu trabalho em Silver Spring/Washington, 50 km dele, em Baltimore.

* a terceira opção, que não existe muito no Brasil, é o in-home daycare, que é uma creche na casa de uma pessoa da comunidade. Esta pessoa recebe treinamento e fiscalização do Estado de Maryland (ou de qualquer outro estado que atue)e tem uma pequena creche em sua casa. Pode ter no máximo oito crianças, sendo somente dois bebês. Tenho amigas que usam este tipo de serviço e amam, mas tudo depende da sorte. Se a pessoa é caprichosa, se realmente gosta de crianças, de quantas crianças ela toma conta, quais as idades, etc. Eu particularmente só acho que é muita criança para uma pessoa só e a pergunta que sempre me vem à cabeça é: no caso de um acidente com uma criança -- que sempre pode acontecer -- o que ela faz com as outras sete, se estiver sozinha? Tudo bem que ela tem que ter um back-up, ou alguém em caso de emergência, mas até a tal pessoa chegar? Sei lá... O preço destas creches é obviamente bem mais em conta...mas como ainda não visitei nenhuma assim, não posso emitir opinião.

* a quarta opção, também bem comum no Brasil, é a famosa babá, mas o grande problema aqui é a mão-de-obra escassa. Encontrar gente que faça serviços domésticos aqui é um perrengue, sem contar com o preço, que costuma ser absurdo. Além disto, a gente precisa encontrar "aquela babá" em quem possa confiar plenamente, principalmente no meu caso, que trabalho fora o dia todo e não tenho família por perto. É claro que fica muito mais fácil quando a mãe pode trabalhar de casa, mas este não é meu caso, então tenho medo da falta de supervisão...Fora isto, acho que é muito bem para a criança estar exposta a outras crianças e aprender a se socializar desde cedo, e com a babá a interação com outras crianças obviamente é bem menor. Acho que desta forma elas se tornam mais independentes e simpáticas.

Ontem visitei duas creches perto de casa, localização ideal para nós, e adorei uma delas, a mais cara obviamente. Gostei tanto que fiquei surpresa. Passei uma hora com os bebês do berçário e só fui embora porque tinha que trabalhar. Achei as crianças lindas e felizes e conheci uma menininha portuguesa de três anos (numa outra classe) que falava português fluentemente, e para surpresa de todos ela não se intimidou nem um pouquinho quando puxei assunto com ela. Gostei das instalações, do staff e das atividades propostas. Tudo muito organizado.

Ainda tenho outras visitas marcadas, mas temos que tomar nossa decisão em breve. Claro que com base nas experiências da minha irmã e de várias amigas, sei que planos e ideias se desfazem com o vento. A gente planeja, aí chega o bebê e diz pra gente que não é nada disso: fica doente demais na creche, tem alergia alimentar, a babá não dá certo e por aí vai...

Pois é, sei que a partir de dezembro, as decisões aqui não serão só minhas e do Blake e que muito em breve o novo habitante da nossa casa vai influenciar em tudo. Mas só para minha paz de espírito, não custa nada eu -- ao menos tentar ou pensar -- estar preparada!

September 8, 2010

Lady Gaga




Ainda estou me recuperando da estripulia de ontem à noite, quando cheguei em casa à uma e meia da matina depois do show da Lady Gaga. Ela é realmente do mesmo naipe da Madonna e tão novinha já tem uma megaestrutura.

O que sempre me espanta nos shows americanos é a organização. Nunca tem perrengue! Tudo muito civilizado... Deixamos o carro na estação de metrô perto do trabalho, em 20 minutos estávamos lá na porta do Verizon Center. Entramos na arena rapidamente e logo encontramos nosso lugares. Banheiros limpos, lugares marcados, pessoas gentis, tudo muito certinho. Os figurinos, tanto no palco quanto na plateia, foram o destaque. Pena que não me lembrei de tirar fotos.

Ela é totalmente over the top, e o shows têm sempre um gostinho de palestra motivacional ou pep rally, o que sempre me deixa um pouco com pé atrás, mas quem vai ver uma cantora cantar de calcinha e sutiã não espera nada menos do que um circo de verdade. Valeu!

Joaquim chutou muito, mas acho que gostou do show. Tomara que ele tenha o gosto eclético da mãe, que só não suporta pagode, sertanejo e heavy metal... (Desde já peço desculpas aos fãs do gênero, mas gosto cada um tem o seu!)

September 7, 2010

Refletindo...

Não gosto muito de planejar as coisas ao longo prazo. Tenho um pouco de medo de manifestar meu desejos... Não digo meus sonhos em voz alta. Tudo por pavor da decepção. Superstição? Pode ser...

Quando pensamos em engravidar, consultamos muitos médicos e só depois de muito refletir, decidimos que era um “risco” que queríamos correr. Para encurtar a história, nossa gravidez foi mais que planejada, foi muito sonhada, foi mais que esperada!

Não vou dizer que uma gravidez pode trazer mais felicidade do que a outra ou que alguém pode ficar mais feliz quando se descobre grávida... A verdade é que todo mundo, ou quase todo mundo, entra em estado de êxtase depois que recebe aquele resultado positivo. Até o pessoal que engravida por "acidente"... Mas como tudo na vida, a vitória tem um gosto muito especial para quem tem que batalhar para realizar seus sonhos. Parece que quanto maior a luta, maior a felicidade.

Hoje, quando olho para trás e me lembro da longa caminhada que me trouxe até aqui, sinto uma felicidade enorme. Quando paro para pensar em cada obstáculo, cada empecilho que surgiu no meu caminho durante os últimos anos, é impossível não me sentir abençoada. Me sinto como alguém que juntou dinheiro e planejou uma viagem por muito tempo e agora, depois de anos, consegue realizar este sonho. A viagem em si não importa, pode ser de ônibus ou de primeira classe, o fato é que ela está acontecendo.

Antes de fazer o tratamento, ficava um pouco triste quando imaginava que em vez de dizer para o meu filho que ele tinha sido concebido num lugar exótico e especial, teria que contar a ele que ele tinha sido fertilizado com outros 18 óvulos num laboratório em Baltimore. Em vez da surpresa do teste de farmácia e do sentimento de ver as duas listrinhas, vou sempre me lembrar do choro absurdo que por tanto tempo ficou engasgado na minha garganta e que só saiu quando recebi o telefonema da enfermeira, sozinha dentro do meu carro, saindo do supermercado. Supresa? Não. Sensação indescritível de que mais um milagre tinha acontecido na minha vida. Em vez de aguardar o futuro pai em casa com um par de sapatinhos e um sorriso enigmático nos lábios, liguei para ele na mesma hora e durante 60 segundos ele só me escutava aos prantos...sem saber se eu chorava de alegria ou de dor.

Mas agora nada disso faz diferença. O Joaquim está aqui comigo, me chutando cada dia mais. Tenho uma gravidez completamente normal, saudável e extremamente feliz até aqui – que Deus permita que continue assim.

September 6, 2010

27 semanas!



Hoje o Joaquim esta fazendo 27 semanas! O que quer dizer que se tudo correr de acordo com o programado, temos mais 13 pela frente!

A barriga deu uma aumentada boa nas ultimas duas semanas...ate pouco tempo estava discreta, mas agora ja chego nos lugares e o pessoal vai perguntando logo para quando e! Tambem tenho sentido mais sono e a minha alergia resolveu atacar de vez. Esta um horror! Tenho dormido mal e, de acordo com o Blake, fico fungando a noite toda. A dor de cabeca tambem deve estar relacioanda a maldita alergia, que me ataca aqui nos States. (No Brasil tive pouquissimos problemas com ela!)

Sendo assim, estamos praticamente lavando o quarto inteiro. O Blake esta la aspirando tudo e eu ja coloquei toda a roupa de cama e de banho na nossa supermaquina nova (que compramos depois da mini-enchente de semana passada!) Vamos ver se melhora!

Amanha tem show da Lady Gaga para comemorar a Independencia do Brasil -- pelo menos pra mim! Mas ate la, vamos colocando ordem na casa...

As fotos do quartinho, posto amanha. Nao esta pronto, mas ja esta bem adiantado!

September 5, 2010

Dia Lindo

Dia lindo por aqui, domingo de fim de semana longo por causa do Labor Day. Quartinho do Joaquim já está pintado -- coloco fotos em breve -- e eu tentando me animar para fazer umas comprinhas básicas...e terminar o básico do quartinho dele!

September 3, 2010

Labor Day

Labor Day, ou Dia do Trabalho, chegando e eu cheia de coisa para fazer… Acho que agora vai ser assim por muito tempo. Como diz meu chefe aqui, acabou esta história de “meu dinheiro”, “meu tempo” e “minhas coisas”. Agora é tudo do bebê!!! Claro que vou lutar ao máximo para preservar minha identidade, mas convenhamos que o ser humano que não tem a conta bancária do Bill Gates tem que ter prioridades na vida! E agora a nossa tem nome: Joaquim!

Prometo que este fim de semana coloco fotos da barriga, que vem crescendo assustadoramente, e do progresso no quartinho do Joaquim! Acho que agora a ficha caiu mesmo...parece que estamos na reta final – apesar de ainda faltarem três meses...

Mudando de assunto, o nome dele tem feito o maior sucesso por aqui. Só esta semana, duas amigas tiveram a mesma reação: "Joaquim?! I love this name!" Não que isto faça diferença, mas é legal ver como a percepção das pessoas pode variar bastante. O bom de ter um nome diferente por aqui é que ninguém tem uma história para te contar de um Joaquim chato que conheceu quando tinha sete anos! No máximo lembram do Joaquin Phoenix, que pode ser doido, mas é interessante pacas.

September 1, 2010

Lockdown



Pois está aí a vista de camarote da confusão no prédio da Discovery! Bem aqui na frente do meu trabalho...e eu almoçando, na cara do prédio, cercada de carros da SWAT e de esquadrões antibomba sem desconfiar de absolutamente nada. Só achei estranho quando vi quatro ligações não atendidas do meus chefe gente boa e mais umas tantas da galera do escritório.

"Você está aonde?", minha colega perguntou.
"No restaurante em frente ao nosso prédio", respondi.
"Então saia de perto da janela porque tem um homem com uma bomba e reféns no prédio da Discovery! Você não está vendo a polícia pra todo lado?"
"Ah, é verdade...pensei que fosse batida de carro," disse.

Mas não era e eu fiquei andando pela rua até meu chefe me dizer que eu podia voltar ao predio pela entrada de serviço.

Dei sorte, logo depois o lockdown vingou mesmo e agora ninguém tem hora pra sair...

Aguardem as cenas dos próximos capítulos!

Alguém tem dúvida que Joaquim vai ser adrenaline junkie?

Quartinho


Estava demorando, mas acho que agora entrei oficialmente na fase dos preparativos para a chegada do Joaquim. Também já não era sem tempo, já que a data marcada para o parto é dia 6 de dezembro, ou seja, daqui a praticamente três meses.

E como comigo tudo é 8 ou 80, já estou ficando meio fanática! Tenho uma ideia básica mas volta e meio me dá uma vontade de fazer algo radicalmente diferente, e é aí que entra o bom senso do Blake...graças a Deus!

Hoje devem chegar algumas coisas que compramos online, então este fim de semana vamos começar a arrumar o quartinho dele. Ontem chegou o móbile de elefantinho e já deu pra ver pelo menos os tons usados. Como já tinha decidido as cores, acabei escolhendo o tema de elefantinho que usa os meus tons preferidos – azul bebê e marrom. A mobília já está comprada, então agora falta escolher a cor das paredes e selecionar uns detalhes para a decoração. Não quero nada muito over...coisas demais me confundem e cores demais me atrapalham.

Acho que dentro de poucas semanas já deve estar tudo pronto e eu coloco fotos aqui para vocês verem o progresso...