Depois de uma semana de jet-setter em Nova York, chegou a hora de colocar as coisas em ordem aqui em Suburbia, USA.
Ontem fui a mais uma entrevista e por incrível que pareça, o pessoal gostou da minha experiência internacional. Agora vamos ver no que vai dar. O lugar é bem bacana e o escritório lindíssimo e supermoderno, muito claro, com móveis em linhas retas e chão de porcelanato, coisa que a gente não vê quase por aqui!
Finalmente hoje consegui contato com o consultório do Dr. Michael Choti, o cirurgião oncológico especializado em fígado que me foi indicado pelos médicos do Brasil.
Falei com a secretária, óbvio, pois neste país é mais fácil uma audiência com o Papa do que uma conversa com um médico. Expliquei a ela o meu caso e ela me instruiu a mandar todo o material por fax!!! Então disse a ela que fora o relatório do médico, que tiha sido escrito em inglês, tinha muito pouca coisa que poderia ser passada por fax. As minhas imagens eram imensas e além delas tinha trazido "a peça", ou seja o tumor. Ela disse que poderia mandar os slides por fax, então expliquei melhor: "Não, minha senhora, não se trata de fotografia, eu realmente tenho o meu tumor aqui comigo! Trouxe cada partezinha dele dissecada e conservada em parafina. Trouxe tudo na minha mala de mão e gostaria que o Dr. Choti desse uma olhadinha nelas e depois me desse sua opinião." Acho que foi então que ela viu que eu não estava brincando. Perguntou meu nome e disse que iria aguardar as minhas informações e depois então alguém entraria em contato comigo.
Qualquer semelhança com o atendimento no SUS não é mera coincidência! O jeito SUS de ser aqui é bem high-tech. O sujeito tem que ter todos os exames e imagens à mão, mas antes de tudo tem que ter um fax, pois contato face a face não existe, pelo menos não nesta fase. A fila, a agonia da espera, a ansiedade, tudo isso é igual. Mas se no Brasil o povo faz fila na porta do hospital, aqui até a espera é virtual. A gente manda o máximo de informação possível via fax e depois fica esperando a secretária do médico ligar para saber se o dito cujo vai poder atender a gente. Será que meu caso é grave o suficiente? Será que sou digna da atenção do medalhão? Será que a secretária dele vai me ligar? Pareço adolescente esperando a ligação do carinha que encontrei na festa... Vivo o meu limbo, mas desta vez é muito mais grave. Se o carinha não ligar vou ter que arrumar outro médico pra cuidar de mim, e convenhamos que cirurgiões-oncológicos especializados em fígado não aparecem por aí às pencas.
Como aqui neste país tudo é uma competição e apresentação é o que mais importa, vou escrever a minha cartinha pro Baú da Felicidade do Dr. Choti e torcer para ele se emocionar com a minha história o suficiente para querer me ver. Queria pelo menos ter a chance de levar meus zilhões de exames e obviamente os pedacinhos do meu tumor, que ainda estão guardados no meu quarto a espera do verdicto final.
Desejem-me sorte. Pois é, this is the American way of life...
1 comment:
Sorte vc já tem Dani! :-) Mas não custa desejar boa sorte duplo: com o "American SUS" e o emprego que vc merece com qualidade de vida! Deus te ajude!!! Vc vai conseguir os 2!
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