Escrevo aqui vendo a neve pesada cair na Madison Avenue. Paisagem linda, masmo para gente como eu, que odeia frio. A neve tem um efeito meio diferente em mim: algumas vezes me deprime bastante, outras vezes me deixa bastante feliz, me faz lembrar que sonhos de infancia podem ser realizados. Quando vejo da janela os flocos caindo e acumulando na rua, me lembro de como estou distante de casa. Lembro de como eu achava lindo ver a neve cair nos filmes americanos que me acopanharam durante a vida toda. E aqui estou eu, vivendo com personagem de um deles.
Nova York tem este poder sobre mim. Aqui eu deixo de ter uma vida ordinaria e passo a viver dentro de um filme excitante. Aqui sou protagonista da minha historia e vivo um capitulo inesquecivel a cada dia.
Ha dez anos Nova York era a minha casa. E assim foi durante cinco anos. Sim, tive o privilegio de viver na capital do mundo, vendo de perto e convivendo com os movers & shakers, no final dos anos 90. Uma experiencia sem igual. Vivi o sonho americano dos yuppies, por mais cafona que a afirmacao possa parecer. Mas ir a museus, vernissages, estreia de pecas teatrais e pre-estreia de filmes de Merchant-Ivory nao pode ser cafona! Conhecer gente interessante e cheia de coisas para dizer nao pode ser coisa de esnobe. Para mim isso e vida! Viver em Nova York e poder se misturar na paisagem e simplesmente o maximo!
E durante estes dias tenho me sentido exatamente assim, nao como uma estranha, mas como uma local, do mesmo jeito que me sentia nos cinco anos que chamei esta cidade louca de lar. Desde que me mudei daqui, nunca mais consegui me sentir assim, em casa. E ontem pela primeira vez esta sensacao voltou! A mesma felicidade que senti na estradinha sinuosa de Maryland, voltou a aparecer, mas desta vez no coracao de Manhattan, mais precisamente no burburinho da Broadway com 28th St.
Apressei meu passo, corri para pegar o metro e quando consegui recobrar o folego, percebi que tinha voltado para casa. Nova York, a minha casa. Nova York, um dos unicos lugares no mundo onde nao me sinto estranha ou diferente. Nova York, onde tenho amigos de anos, onde todos falam a minha lingua. Esta cidade caotica que nunca dorme, esta cidade de mentes perturbadas e almas inquietas. Esta cidade onde vivi os anos mais importantes de minha vida. Esta cidade que para sempre vai ser a minha casa.
Depois de oito anos de estranhamento, enfim Nova York e eu fazemos as pazes. Ontem novamente era eu a vontade no Meatpacking District, era eu confortavelmente andando de metro, apressando meu passo, certa da minha direcao, sabendo o que queria. Vez ou outra me via na rua, esbarrava comigo mesma... me encontrava...me perdia. Como uma mae magnanima esta cidade, que e um microcosmo de tudo, abre os bracos para a filha prodiga. Ah, como e bom estar em casa!
PS: Sorry pela falta de acentos mas este computador nao esta configurado para portugues.
1 comment:
Dani, estou te acompanhando desde a operação via-Claudinha. Fico muito feliz por você e compartilhei esse momento de felicidade com você, mesmo se eu ainda não tenha ido à NY. Beijao e que tudo dê certo nesse seu retorno.
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