November 24, 2010

US Citizen


Pois é, chegou mais rápido e foi bem mais fácil do que eu esperava. Ontem, depois de responder seis questões sobre história americana, ler uma frase e escrever a resposta, me tornei uma das mais novas cidadãs americanas. Sentimento estranho, confesso.

Mesmo para quem fez a opção por razões práticas, de modo muito simples e sem ter que abrir mão de nada, ainda assim, na hora dá um nozinho na garganta. O bacana é que em Baltimore, a cerimônia de naturalização e o teste e entrevista são feitos no mesmo dia, então a gente já sai dali com tudo pronto. Agora com o documento em mãos já posso dar entrada no meu passaporte.

Ao chegarmos lá, tivemos que esperar mais de uma hora para a entrevista, que foi feita junto com o teste. O pessoal do trabalho e o Blake certamente estão aliviados de não ter que me ver decorando todas as 100 perguntas e respostas do teste. Sim, porque passar todo mundo passa, então no mínimo eu tinha que acertar as 10 perguntas.

Só que no final não foram 10, mas só seis, porque como só exigem 60% de aproveitamente, quem acerta as seis primeiras fica isento das outras quatro. (Tempo é dinheiro por aqui!) E depois disso, tive que ler uma frase, que a oficial de imigração leu pra mim e depois caiu na gargalhada! Então tive que ler outra. "What's the largest state?" E escrever a reposta para a pergunta que ela tinha lido, mas que eu deveria ler. "Why do people want to become citizens?" Resposta: "People want to vote." Se é verdade ou não, não sei, mas como era prova de ditado não deu nem pra contestar...

Mas é claro que a cínica em mim tinha vários outros motivos para pensar que o povo queria a cidadania:
a) para poder ser funcionário público federal e ganhar um bom salário para não fazer muita coisa (mentalidade tupiniquim, eu sei, mas aqui vai-se pelo mesmo caminho!)
b) para recolher seguro-desemprego
c) para ter direito a welfare
Mas vamos ser otimistas e pensar que o povo quer mesmo é votar e participar de uma das maiores democracias do mundo!

Como minha entrevista acabou lá pras 12.30 fomos almoçar no Porto de Baltimore para esperar a cerimônia, marcada para às 3 pm. Chegamos um pouco mais cedo e tivemos que esperar numa sala com todo mundo.

"Estou me sentindo na sala de espera de uma rodoviária," diz o Blake.
"Imagina que isto aqui é Ellis Island do século XXI," respondi. O pior é que ele tinha mesmo razão, eu só nãosabia dizer se tinha mais cara de Greyhound Station (quem já pegou ônibus aqui sabe do que estou falando), ou de Rodoviária Novo Rio mesmo...

Tivemos que assistir ao filminho e a mensagem de boas-vindas do Barak. O mais legal são as frases ditas pelos novos cidadãos. Não sei bem o motivo, muitos deles eram de Honduras, então parecia que eu entendia exatamente o que eles sentiam, quando diziam-se gratos pela oportunidade. Por mais distante que isto esteja da minha realidade, consigo entender quando tem gente que realmente sai sem nada em busca do sonho americano. Gente que nem dinheiro para pagar coyote tem, que vem com 40 dólares no bolso e espera por um milagre. Muitos encontram desilusão, mas outros tantos conseguem enfim chegar aqui e depois de muitos anos vivendo como sub-espécie, enfim ganham direito a estar no país que escolheram viver. Finalmente podem chamar de pátria.

Olhei ao meu redor e me dei conta que este país aceita todo mundo mesmo... Tinha gente de todo o canto do planeta, de todas as idades, etnias, religiões, e classes sociais. Todos bem representados. Como diz a minha sogra, "Em 30 anos seremos todos morenos." Depois de ontem, acho que ela está mesmo certa. Seremos bem misturados -- morenos, marrons, negros, amarelos e até branquinhos...

6 comments:

Eulalia said...

depois de muuuito tempo sem vir aqui, sempre lembrando de vc mesmo sem vir...acompanhei boa parte da sua grande historia, mesmo sem nos conhecermos pessoalmente e sempre tenho vc em minhas orações...agora vcs, né?!!!kkkk
Então já linkei vc no meu blog e vou vir sempre agora!!!
Beijinhos e que Deus abençoe vcs!
http://www.papodemeninas.com/

Dani said...

Que bom receber sua visita de novo, Eulalia!!! Fui retribuir e achei um blog lindo, na minha cor favorita! Vou linkar também pra gente ficar sempre em contato. Obrigada pelo carinho e que Deus abençoe você e sua família.
Bjs

Jane said...

Não posso deixar de lhe dar os Parabéns ! Que boa notícia para o Joaquim hein ?
Aproveite tudo que você tem por direito.
Um beijão

Gisley Scott said...

Meus parabéns e aqui ainda venham muitas vitórias[ e celebrações] pela frente!

Bjos

Luciana Bordallo Misura said...

Parabens Dani! Eu tambem peguei a cidadania quando estava gravida da Julia. E eu fui uma das que queria muito pegar a cidadania pra poder votar (alem de nao ter que lidar com a imigracao nunca mais, claro). Pelo menos o seu filminho de boas-vindas foi com o Obama, o meu foi com o Bush, blargh.

E acho certo que a imigracao facilite pra quem e casado/filho/parente de cidadao sim, o problema sao os espertinhos que usam isso com casamentos falsos, mas a teoria esta correta. Infelizmente eles nao pegam na pratica todo mundo que esta usando essas vantagens so pra ter o greencard...a mesma coisa com profissionais que sofrem pra pegar o greencard, teoricamente a lei nao e ruim, mas a gente sabe como e o processo na pratica e como leva anos e anos. Entao o que tem que mudar no caso nao sao as leis, mas a eficiencia da imigracao...

A e W said...

Parabens para vc!!! Parabens para nos!!! ;o) Bjao