April 1, 2008

Como cheguei aqui?

Sabe aquelas horas que a gente dá uma parada, olha ao nosso redor e se pergunta como é que foi parar naquele lugar ou naquela situação? Volta e meia, tenho pensado nisso.

Uma das qualidades que melhor me descrevem é perseverança. A minha mãe vai além e diz que sou osbstinada, quando coloco alguma coisa na cabeça vou até o final, custe o que custar. Não sei se isso é defeito ou qualidade, pois às vezes chega a beirar a teimosia, que também é característica minha, mas que aos poucos vou tentando domar.

Na minha vida sempre acabo alcançando meus objetivos de uma forma ou de outra, mas o timing me parece sempre off e a batalha é sempre árdua. Na hora que já tinha deixado a tal história para lá...tchan, tchan, a coisa mais improvável do mundo acaba virando realidade. O problema é que até eu chegar a este ponto, muita coisa já rolou, já tive muita dor de estômago, já passei muita noite em claro e depois de muito pensar, decidi que finalmente havia chegado a hora de arquivar o tal projeto.

Muitas vezes viver dói, pelo menos em mim, mas ainda estou longe de desistir da idéia. Ontem tive um pesadelo horrível e acordei com o coração aos pulos. Sonhei que ia morrer. Pela primeira vez na vida. Sei que tudo não passou de um sonho ruim mas parecia tão real que choro de pensar nele. Mas decidi falar sobre isso aqui para tirar este peso do meu coração. Tenho descoberto que quando falo sobre meus problemas eles parecem diminuir, pelo menos um pouco. Confesso que muitas noites antes de dormir, rezo para acordar no dia seguinte e me lembrar de que tudo não passou de um pesadelo. Isso quase nunca acontece. Mas hoje, graças a Deus, aconteceu.

No meu sonho terrível, durante uma outra consulta médica de rotina, eles descobrem algo de estranho em alguma parte do meu corpo. E embora achassem que não seria nada de mais grave, descobrem que era a doença que havia se espalhado para outros órgãos. Que dor! No sonho, o médico não me dá muita esperança, mas então digo: "Já que não tenho tanto tempo para viver, quero viver tudo agora." E sorrio. Então, quando o médico me dá as costas e vai embora, grito desesperadamente.

Já vivi situações muito ruins, mas nada que se compare a uma metástese. Graças a Deus. Mas o tal momento do silêncio ensurdecedor, este sim já vivi mais de uma vez. Já me vi como protagonista daquelas cenas tristes de novela que vão mais ou menos assim:

Depois do famoso "momento de silêncio" e da expressão preocupada do médico, tomo coragem e faço a pergunta mais difícil do mundo:

"Há algo de errado, doutor?"
"Tem uma coisinha aqui que não está certa. Uma coisa da qual não estou gostando."

Então um calafrio, que vai da minha cabeça aos meus pés, toma conta de todo meu corpo num instante que mais parece uma eternidade. Minha respiração toma um ritmo diferente, meu coração dispara, meu cérebro começa a não registrar mais nada ao meu redor. De repente é só o escuro. E as vozes que se embaralham no ambiente mas que não me dizem mais nada. Sou sugada, caio num abismo, na mais profunda escuridão. Tenho medo. Muito medo.

E aí o médico, que mal esconde o susto, tenta me consolar:
"Dani, você precisa ser forte. Você tem sorte de termos encontrado a tempo de tratar. Foi para isso que você veio aqui, etc, etc..."

Como se alguém fosse ao médico para saber que está doente. É tudo tão injusto. Só preciso de um tempo para me refazer, me recuperar. Mas o tempo não é meu. O tempo é de Deus. Só não quero que a minha história seja parecida com a de Jó, o homem bom que perdeu tudo e teve sua fé testada por Deus. Já falei para Ele lá em cima que não quero ir para os anais médicos, que não quero fazer história na medicina, que não quero ser cobaia. Tudo que quero é ter uma vida absolutamente normal e feliz.

Quero poder dormir, sonhar e acordar apta a transformar meus sonhos em realidade. Não sei como vim parar aqui onde estou. Sequer imagino onde isto começou. Só sei que quero e que preciso de uma saída. Quero respirar aliviada mais uma vez. Tenho pressa.

5 comments:

Anonymous said...

Querida, lembre da última consulta, animadora... lembre dela, agarre-se nessa esperança e nessa felicidade e saúde verdadeiras. Porque aí só resta viver cada dia feliz, né? beijo enorme! Fê - www.fernandafranca.com

Dani said...

Obrigada pelas palavras, Fê.
Mais uma consultinha médica realizada e outro medo superado. Menos uma pedra no meu caminho.
Beijos

Melina F. said...

Gostei daqui e já passei pela mesma sensação de querer acordar de um pesadelo, só me deprimia quando me tocava que esse pesadelo era minha realidade.

Mas, pode relaxar que tudo irá ocorrer da melhor maneira possível e da forma que deve ocorrer. Viva sim, muito e aproveitando todos os momentos, porque como já diziam, se isso não acontecer não é vida :)
Estamos aqui para isso...
E daqui há algum tempo, você vai olhar para trás e ver que o antigo pesadelo, com fé, se transformou em passado.

:*

Dani said...

Mel,
Que bom que você gostou daqui. Sábias palavras suas. Vou viver a minha vida e rezar muito para que isto tudo passe logo e, como você disse, se transforme em passado.

Anonymous said...

É obstinada... sim e uma vencedora. Dizem que sonhar com a morte é o oposto: representa vida longa.Por isso confie e vencerá essa doença. Tenho exemplos vivos que venceram, apesar de ser uma conquista diária, você já é vitoriosa. Acredite. um bjão, Dani. Estarei sempre pedindo por você em minhas orações.