November 18, 2008

Minha Avó Ainda...

Já faz mais de dois meses que a minha avozinha está no hospital, com exceção de uma semana, tem passado cada um destes dias sozinha no CTI. Nem posso imaginar a solidão que ela está sentindo. A minha mãe e a minha irmã outro dia disseram que ela estava desanimada. Meu avô concordou. Hoje, a minha avó estava irritada, segundo elas.

Sei que é normal dentro do quadro dela, mas o meu maior medo sempre foi que ela desistisse e ela ainda existe, afinal a melhora tem sido lenta e a recuperação bemn conturbada. Este tempo todo no CTI tem suas conseqüências... Nestas horas tenho vontade de matar os incompetentes do outro hospital!!! Como puderam alimentá-la depois dela ter apresentado um quadro de vômito?

Depois de uma semana no quarto votar para o CTI é um golpe na auto-estima e na esperança de qualquer ser humano. Comparada à situação dela, minha passagem de cinco dias em 2002 e nem dois em 2008 foi meteórica. Meteórica mas extremamente traumatizante. Só quem já viveu isto sabe.

Outro dia quando me consultei com a minha nova médica aqui, expliquei a ela que sentia uma dor insuportável no peito a cada vez que me lembrava da minha avozinha no CTI. Imaginava a sala vazia e fria e a solidão que ela deve estar sentindo. Uma sensação real. Parece que é em mim.

A médica explicou que isto é natural, que é muito difícil ver alguém que amamos tanto sofrendo assim, mas no meu caso a situação é um pouco mais complicada por conta da minha própria vivência. Só em pensar na agonia da minha avozinha lá, faço uma viagem no tempo e visito um período que foi tenebroso para mim. A solidão do CTI ainda é ampliada pela falta de certezas e perspectivas que o paciente tem – não há prazos, não há garantias. E a minha avozinha teve todas as complicações possíveis, mas continua lá lutando há DOIS MESES.

Estes dois meses têm sido dificílimos para mim. De longe há muito pouco que se possa fazer e, com a minha avó no CTI, nem a minha família que está perto pode passar muito tempo com ela. A questão cruicial é a respiração dela, pois desde a broncoaspiração ela ainda não conseguiu se desvencilhar do respirador, e suspeita-se que as causas psicológicas sejam até mais fortes do que as físicas, já que os exames do pulmão dela estão bons.

Hoje, durante uma reunião de trabalho conversei com uma senhora cuja mãe, de 86 anos, passou pelo mesmo problema que a minha avó. Ela me mostrou fotos – CTI, tubos, traqueostomia, etc... E sabe o que ela me disse que tirou a mãe dela do CTI em uma semana? Fotos! Fotos da família e fotos do bichinho de estimação dela... No fundo, acho que já tem tanto tempo que a minha avó está sozinha que ela se sente desconectada, longe de tudo e de todos, distante da vida que levava. Liguei para a minha mãe e pedi para que ela e toda a nossa família levasse fotos de nós e da gatinha da minha avó, que ela ama de paixão, quem sabe assim não conseguimos que ela volte para a gente mais rápido?

Como acredito muito no poder da oração e do pensamento positivo, peço a todos vocês que me visitam aqui, que hoje lembrem da minha avó Rutinha e mandem pensamentos, orações e vibrações positivas para ela.