Hoje uma notícia no Globo me tocou muito. Li que Roseana Sarney vai operar um aneurisma cerebral. Como se não bastasse a gravidade do procedimento, esta será sua vigésima cirurgia!!! Fiquei emocionada com o que ela disse ao pai, segundo o blog do Noblat: “Pai, a única parte do meu corpo que ainda não tinha sido operada agora vai ser”. Obviamente, o senador José Sarney ficou comovido ao ouvir as palavras da filha mas depois tratou de tentar animá-la. A dor do senador eu desconheço, mas creio que se assemelhe ao que meu pai sentiu ao me ver saindo daquela sala de hospital há quase um ano.
A dor de Roseana, por outro lado, me é muito familiar. Graças a Deus ainda não cheguei nem perto das 20 cirurgias e se Deus quiser paro logo com elas. Mas este momento de fragilidade máxima que se vive quando se recebe uma notícia destas, este sim, já vivi na pele e acho que revivo toda vez que escuto uma história destas. Nestas horas, em que o mundo parece parar a seu redor, não há nada a ser feito a não ser seguir as ordens médicas e realizar a cirurgia o quanto antes. Há muitas perguntas e poucas respostas. Há muito a ser feito e pouquíssimo tempo. Até hoje nenhum médico descobriu a razão para isso, para os tumores surgirem nela ou em mim. No caso dela, eles surgem em diversas partes do corpo e são removidos antes de virarem câncer. No meu caso, o órgão “escolhido” foi o fígado e eles acabaram se transformando na doença, mas para a minha sorte pararam por ali e puderam ser removidos.
Volta e meia começo a me questionar sobre tantas coisas que me têm acontecido e confesso que fico tentada a ter pena de mim, já que tudo na minha vida tem que ser muito pensado, ponderado, analisado e medido. Fiquei sem muito espaço para a espontaneidade e às vezes isto é sufocante, limitante, restritivo. Parece que a minha vida não é só minha. Preciso seguir ordens e orientações médicas e estar sempre ciente dos riscos que posso vir a correr nas situações mais ridículas como tomar um remédio! Viver asssim às vezes é chato. Mas a minha outra escolha é deixar de viver e isto nem me passa pela cabeça, pois tenho muitos planos, que podem ter que ser modificados, como sei bem disso, mas é por isto que são chamados de planos e não certezas.
Nunca simpatizei muito com a família Sarney, aliás não gosto nem de política nem dos políticos, mas depois de ler esta matéria que saiu na Veja em 2005, passei a enxergar a Roseana Sarney de uma forma diferente e aprendi a admirá-la por sua garra e vontade de viver. Se a minha carga às vezes parece pesada demais para alguém da minha idade, depois de escutar a história dela, virei peso-pena. Depois de ver como ela teve que se adaptar por conta de tantas limitações, vejo como sou abençoada por poder usar salto alto, cordões pesados e ter uma vida completamente normal depois das cirurgias. Como ela, também me acho uma pessoa de sorte, pois apesar dos problemas graves que enfrentei, minha família sempre teve como arcar com os custos dos tratamentos. Apesar das supresas nem sempre agradáveis, sempre tive apoio da família e dos amigos e me vi cercada de amor e carinho em todas as horas.
A verdade é que apesar de algumas pedrinhas no caminho, vou seguindo o meu rumo, tentando domar meu medo e sem perder a minha essência, e aos poucos construindo a minha história. Diferente do conto que eu tinha imaginado para mim, mas é por isto que se chama vida não faz de conta.
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