June 11, 2010

Infértil eu?

Detesto esta palavra e sempre me recusei a usá-la. Acho ofensiva. Já sou "sobrevivente", agora queriam me enfiar mais um rótulo goela abaixo. De jeito nenhum! Nem que temporariamente...não mesmo!

Me disseram que gravidez dava cansaço, mas nunca imaginei que fosse tanto. Dá enjoo também e tem gente que diz que dá depressão, mas graças a Deus, até agora a última ficou longe de mim.

Depressão senti a cada mês que via meu sonho de ter um bebê evaporar diante de mim. Foram momentos difíceis, algumas vezes desesperadores, mas acho que este mesmo sofrimento agora torna minha alegria mais intensa.

Quem acompanha o blog sabe que a minha saúde me deu alguns sustos nos últimos anos. Eu que sempre me orgulhei de nunca ter faltado ao trabalho por motivo de doença, durante uns tempos passei meses em casa me recuperando de duas grandes cirurgias. Como enfrentei estes problemas no final dos meus 20 e no meio dos meus 30 anos, bem durante a idade fértil, a pergunta que sempre fazia aos médicos era se algum dia eu poderia engravidar.

A resposta era que a curto prazo não era recomendável mas a médio e longo prazo totalmente possível. Acho que foi também por este motivo que o baque de 2007 foi tão grande: na época era recém-casada e tinha 34 anos, ou seja, já não tinha tantos anos férteis pela frente.

Os médicos no Brasil e nos EUA primeiro disseram que deveríamos esperar dois anos por questões de segurança, mas diante dos meus apelos desesperados, reduziram a espera pela metade, 12 meses. Concordei, pois menos que isto me parecia irresponsabilidade. E assim foi.

Passados doze meses e um dia, novamente perguntei ao médico aqui em Hopkins que, depois de me dar um sermão sobre ‘não existem garantias e na vida temos que saber se os beneficios são maiores que os riscos, etc, etc’, disse que achava que ia ficar tudo bem.

Acho que este foi meu maior erro. Depois de receber a bênção do médico, entrei numa enorme paranóia de estar velha e ter que engravidar ontem. Vasculhei na internet tudo que dizia respeito a gravidez, simpatias, métodos para aumentar a fertilidade, tabelas, novenas...mas nada!

Ao mesmo tempo, mesmo depois dos médicos terem me garantido não haver nada de errado comigo, fiz milhões de exames – dos mais básicos aos mais invasivos – que constataram que não havia nada de errado nem comigo nem com o Blake. E mesmo assim, mais tempo se passava e nada.

E parecia que todas as mulheres ao meu redor ficavam grávidas sem querer, na maior facilidade. Só não acontecia comigo. Mas ao contrário do que eu pensava, jamais fiquei amarga. Cada gravidez de alguém próximo era festejada por mim, que não perdia a chance de comprar presentes e roupinhas para o novo bebê que chegava. Nas lojas, as vendoras me perguntavam quantos filhos eu tinha. Eu sorria amarelo “Nenhum, ainda.”

Mas a vida continuava, e aos poucos a ideia de fazer um tratamento de fertilidade começava a fazer sentido para mim. No início, achava que pelo meu histórico, os médicos iam ser contrários à ideia, mas a verdade é que eu não conseguia entender a razão da minha dificuldade de engravidar... Tudo parecia tão perfeito. Muitas mulheres até esperam encontrar dificuldades, mas no meu caso, nada me fazia pensar que comigo o processo poderia acontecer de outra forma que não naturalmente.

A negação e o medo me fizeram de refém durante algum tempo, mas a angústia da inércia é algo insurportável para mim. No final do ano passado, decidi com o apoio total do Blake, que tentaríamos algum tratamento.

4 comments:

Paula said...

Amo saber que está grávida. Simplesmete amo. É isso.

Margot said...

bom ler sobre isso. eu tbem tenho muitas duvidas em relacao a gravidezz... ter ? nao ter? se for pra ter tem q ser meio logo, etc...e eu tbem tenho um problema de saude q complica bastante o processo...

Dani said...

Mi,
No fundo ninguém é normal! Tenho várias amigas que tinham ou tiveram desde câncer até diabetes e problemas na tireóide. Umas engravidaram como num passe de mágica, outras demoraram mais, mas todas conseguiram ter seus bebês saudáveis. Tenho outras amigas que não têm absolutamente nada e não conseguem engravidar! O importante é saber que existem opções para quem quer ser mãe, que vão desde tratementos low-tech até as mais avançadas IVFs e até a adoção. A primeira coisa é responder a pergunta "qual o tamanho da sua vontade de ser mãe?"

Beijos

Anonymous said...

Dani,
muito obrigada pelo post honesto e sincero. Me caiu como uma luva.

Gracas a Deus nao tenho nenhum problema de saude, engravidei meio sem querer ha uns meses atras mas acabei tendo um aborto natural com poucas semanas. Engracado como isso me fez pensar se eu realmente quero ter um filho e o mais importante, quando?
Queria muito esperar mais uns 3 anos mas fico com medo de nao conseguir ter mais tarde....
Esse tema esta ficando complicado na nossa geracao, neh?

BEijos,

Tata