Fica cada vez mais óbvia a divisão na suburbia: de um lado as que ostentam um prole de filhos, do outro, no mais absoluto ostracismo, as que não os tem. E um muro invisível separa os dois grupos que não se misturam jamais.
Já deveria ter previsto tal conflito. Há alguns anos, fui a uma festa na casa de uns amigos do Blake, que na época tinham um filhinho de uns dois anos. Chegando lá, vi muitas crianças correndo, todas fofíssimas. Umas vinham brincar comigo e outras estavam entretidas demais com os amiguinhos. Um menino de pouco mais de um ano, volta e meia vinha até mim e me chamava de mamãe. Ficava esperando que eu lhe desse atenção. Uma coisa fofa. O pai, meio sem graça, se desculpou, mas eu disse que não havia motivo para isto.
Tempos depois, a mãe do tal menininho chegou e, ao ver o filho brincando comigo, aproximou-se. Me disse seu nome, eu me apresentei e ela logo me fez a pergunta fatal: “Você tem filhos.” Sorri e disse, “Ainda não.” Foi o bastante para ela sorrir amarelo, virar as costas e me deixar praticamente falando sozinha. Reparem que eu disse “Ainda não” em vez de “Nem pensar”, ou “Deus me livre!” Mas ela não quis saber, eu não tinha filhos e por isto não era digna de estar na presença dela ou coisa parecida. E dali para frente, a dita-cuja me ignorou a festa inteira. Note-se também que antes da mãe-maravilha chegar quem estava praticamente tomando conta do filho dela era eu, a “estranha sem filhos”. Mas c'ést la vie.
Não preciso nem dizer o quanto aquilo me marcou. Não me magooou porque nunca mais vi a figura e nem sei quem ela é, mas achei aquilo o fim da picada. O Blake contemporiza e diz que ela ficou intimidada comigo ao descobrir que provavelmente eu não me interessaria pelo único assunto que ela dominava – ou que tinha interesse. Seja o que for, acho uma tremenda falta de educação.
Mas a verdade é que desde que me mudei para cá, me deparo com episódios assim frequentemente. A piscina do meu condomínio é o cenário perfeito. Para começar, quen não tem filhos e tem mais de 20 anos não bota os pés lá, mesmo quando o calor beira os 40C. A grande maioria é de mulheres em idade reprodutiva, com ou sem marido. Todas com filhos à tiracolo. Não importa se seu filho tem 20 anos ou 2 meses, existe um código de conduta implícito que toda mulher que é mãe domina e assim passa a fazer parte de um clubinho pra lá de exclusivo. Todas se conhecem, ao que parece há tempos. Seja no parquinho, na escola ou sei lá onde...parece que sempre há uma festa para qual não sou convidada. [A grande maioria não trabalha e fica com os filhos em casa!]
Esta divisão me incomoda. Sempre me incomodou e agora me incomoda mais porque vivo uma espécie de limbo. Ainda não tenho o troféu que me garante entrada no clubinho, mas ao mesmo tempo confesso que pertencer a tal clubinho me apavora, me dá calafrios. Não quero ser como elas!
Claro que sei que a maternidade muda qualquer mulher, mas não quero perder a minha identidade. Quero ampliar meus horizontes, viver novas emoções, mas não quero deixar de ser eu mesma. Aos 36 anos estou mais do que certa do que quero. Minha gravidez foi planejada, mais do que isto, foi sonhada e batalhada, no meio de agulhas, hormônios, ultras e muitas consultas médicas. Mas não é por isto que vou deixar de ter meus interesses, minhas paixões e minha identidade própria.
Não me julguem mal, longe de mim ser uma pessoa egoísta, só não quero perder a minha essência. Não quero me anular e me isolar do mundo no papel de mãe e acordar um dia perguntando para onde a minha vida se foi. Sei que vai ser difícil, principalmente no início, mas pretendo manter minhas amizades, meus interesses e meus horizontes depois que o bebê nascer.
Acho que isto deve ser um fenômeno da suburbia americana, pois jamais notei isto nos meus tempos de Nova York e muito menos com as minhas amigas no Rio. É claro que a rotina muda, a disponibilidade diminui, as preocupações aumentam, mas não penso que nada disto seja motivo para viver isolada numa bolha, cercada de clones.
June 28, 2010
June 25, 2010
Soccer fever
Por estes lados não se fala em outra coisa. Até nos sites de notícias americanos os assunto anda merecendo o maior destaque. A grande pergunta alardeada aos sete ventos aqui é “Será que desta vez o futebol veio para ficar?” Sim, porque há quem aposte que é onda passageira, que americano não tem saco para ficar noventa minutos grudado na TV e no final do jogo sair sem ver um gol. [Eta mentalidade ridícula!] Mas a verdade é que até os comentadores esportivos andam dando o braço a torcer. Se a máxima “falem mal mas falem de mim” for verdadeira, o futebol tem boas chances aqui na Gringolândia. Há quem diga que o termo soccer vá ser aposentado e o esporte aqui em breve se chamará “futball”. A ver.
Aqui no meu trabalho, em dia de jogo o pessoal some e se espalha pelos bares das redondezas. Depois o assunto é um só. Mas como diz o Blake, meu trabalho não é parâmetro, uma ONG internacional que tem só no staff aqui de Maryland umas 36 nacionalidades diferentes. O povo aqui é granola mesmo, até a grande maioria dos gringos já viveu muito tempo no exterior, grande parte na África ou na América Latina, então não são o americano médio, mas certamente são mais parecidos com o americano que espero que meu/minha filho/a venha a ser: curioso, aberto, generoso e internacional. Claro que como em toda empresa há exceções, mas em geral a galera aqui é do bem.
Como a soccer fever por enquanto é para valer, amanhã vamos vero jogo dos EUA num bar bem animado perto de casa... E vamos chegar cedinho para garantir lugar bom!
Aqui no meu trabalho, em dia de jogo o pessoal some e se espalha pelos bares das redondezas. Depois o assunto é um só. Mas como diz o Blake, meu trabalho não é parâmetro, uma ONG internacional que tem só no staff aqui de Maryland umas 36 nacionalidades diferentes. O povo aqui é granola mesmo, até a grande maioria dos gringos já viveu muito tempo no exterior, grande parte na África ou na América Latina, então não são o americano médio, mas certamente são mais parecidos com o americano que espero que meu/minha filho/a venha a ser: curioso, aberto, generoso e internacional. Claro que como em toda empresa há exceções, mas em geral a galera aqui é do bem.
Como a soccer fever por enquanto é para valer, amanhã vamos vero jogo dos EUA num bar bem animado perto de casa... E vamos chegar cedinho para garantir lugar bom!
June 23, 2010
Forma de Bola
Para que ninguém duvide, a foto acima mostra os contornos generosos que a minha silhueta tem assumido ultimamente. A cara de cansaço é justificada por nove horas de labuta.
E quando já estava me conformando com minha nova silhueta, eis que quase morro de susto. Precavida como sempre, comecei a pesquisar creches, que por aqui se chamam Day Care Centers, nas redondezas. Como não estou na empresa há um ano, não tenho direito a licença-maternidade... Sim, aqui não é China, mas é quase. Então vou tentar ficar os três meses em casa sem receber um centavo!
Como se isto não bastasse, na minha pesquisa descobri que a creche do/ da meu/minha pequerrucho/a vai me custar a bagatela de $1500 por mês! Isto sem contar os outros fees que tem que ser pagos: matrícula, lençol, material, etc, etc... Tudo bem que a criança fica lá de oito da manhã às seis da tarde, mas vai para casa sem banho...
Ainda estou meio chocada com os valores – tinha calculado uns $1000 – mas ao contrário dos ponteiros da balança que não param de subir, a tendência da minha poupança neste momento é de queda-livre. C’ést la vie... Também não dá para pensar em colocar minha cria numa pocilga para economizar uns trocados!
June 22, 2010
Maternity Clothes
Segurei o máximo que pude, afinal perdi grande parte das minhas roupas no primeiro mês – quem manda gostar de cintões e roupas justas na cintura? Mas com vestidos larguinhos, leggings e vestidos/tops mais amplos consegui adiar bastante meu novo guarda-roupa. Até que não deu mais: hoje resolvi aceitar minha condição e minha barriga. Coloquei minha primeira calça com cintura elástica, herdada da minha irmã. Ainda por cima cor de gelo, então devo estar parecendo uns 10 kgs mais gorda!
Esta história de estar grávida nos primeiros meses é engraçada, pois a condição ainda não é óbvia, então volta e meia me pego anunciando a gravidez meio que para justificar a minha nova forma – de bola, diga-se de passagem. O problema é que a gente – digo eu! – não engorda só na barriga...a primeira coisa que vi crescendo assustadoramente em mim foi – advinhem – meu bumbum! Coisa muito esquisita!
O Blake é torturado diariamente pela mesma pergunta: “Estou parecendo grávida ou alguém pode pensar que sou gorda?” Sim, porque até agora para os desavisados pode ser uma coisa ou outra. Ele só ri e me pede para parar com a paranóia. Mas quem sempre foi criança e adolescente gorducha traz muitos e muitos traumas consigo!
No trabalho, só as pessoas mais próximas sabem. Comecei a trabalhar aqui logo com um mês, então deve ter muita gente achando que devo estar comendo feito elefante para justificar o meu ganho de peso. Acho que depois de hoje, pelo menos os mais observadores vão notar alguma coisa... E daqui para frente acho que a mudança só tende a ficar mais óbvia! Agora é só aguardar...
Esta história de estar grávida nos primeiros meses é engraçada, pois a condição ainda não é óbvia, então volta e meia me pego anunciando a gravidez meio que para justificar a minha nova forma – de bola, diga-se de passagem. O problema é que a gente – digo eu! – não engorda só na barriga...a primeira coisa que vi crescendo assustadoramente em mim foi – advinhem – meu bumbum! Coisa muito esquisita!
O Blake é torturado diariamente pela mesma pergunta: “Estou parecendo grávida ou alguém pode pensar que sou gorda?” Sim, porque até agora para os desavisados pode ser uma coisa ou outra. Ele só ri e me pede para parar com a paranóia. Mas quem sempre foi criança e adolescente gorducha traz muitos e muitos traumas consigo!
No trabalho, só as pessoas mais próximas sabem. Comecei a trabalhar aqui logo com um mês, então deve ter muita gente achando que devo estar comendo feito elefante para justificar o meu ganho de peso. Acho que depois de hoje, pelo menos os mais observadores vão notar alguma coisa... E daqui para frente acho que a mudança só tende a ficar mais óbvia! Agora é só aguardar...
June 18, 2010
Brazilian Dancing Baby
O maior sucesso brasileiro nos últimos tempos. Aqui não se fala em outra coisa!
Gostinho da Vida Antiga...
Hoje passei o dia em Georgetown, uma das minhas partes favoritas de Washington, e o dia teve um delicioso sabor de flashback.
Nos meus tempos de faculdade e nates de conhecer o West Village, achava Georgetown o lugar mais bacana do planeta -- construcoes antigas e gente antenada. O maximo! Depois de morar por muitos anos no West Village, Georgetown, e Washington de uma certa maneira, foram ficando provincianos demais para mim. Junte-se a isto pelo meu enorme desprezo por politicose "wanna-bes", o lugar perdeu muito do encanto para mim.
Continuo achando o West Village mais legal, mas hoje vi mais de perto as coisas que me faziam gostar de Washington. A cidade e bonita, bem planejada, arborizada, apesar de nao ter muito pulso, na minha opiniao.
A visita hoje foi para decidir detalhes sobre a festa de despedida do nosso CEO. Nestas ocasioes acabo sempre sendo arrastada -- e a bem da verdade nao ofereco muita resistencia. Vimos alguns hoteis bacanas na area, e temos algumas opcoes para oferecer ao nosso Board.
Mas legal foi passar uma tarde superagradavel batendo papo e passeando pela parte mais bonita da cidade... Parecia ate que estava de volta ao Rio...
So faltou a praia!
Nos meus tempos de faculdade e nates de conhecer o West Village, achava Georgetown o lugar mais bacana do planeta -- construcoes antigas e gente antenada. O maximo! Depois de morar por muitos anos no West Village, Georgetown, e Washington de uma certa maneira, foram ficando provincianos demais para mim. Junte-se a isto pelo meu enorme desprezo por politicose "wanna-bes", o lugar perdeu muito do encanto para mim.
Continuo achando o West Village mais legal, mas hoje vi mais de perto as coisas que me faziam gostar de Washington. A cidade e bonita, bem planejada, arborizada, apesar de nao ter muito pulso, na minha opiniao.
A visita hoje foi para decidir detalhes sobre a festa de despedida do nosso CEO. Nestas ocasioes acabo sempre sendo arrastada -- e a bem da verdade nao ofereco muita resistencia. Vimos alguns hoteis bacanas na area, e temos algumas opcoes para oferecer ao nosso Board.
Mas legal foi passar uma tarde superagradavel batendo papo e passeando pela parte mais bonita da cidade... Parecia ate que estava de volta ao Rio...
So faltou a praia!
June 16, 2010
Mais sobre o Tratamento
A parte mais difícil do tratamento é segurar a ansiedade. Um dia de cada vez. Acho que é impossível para quem é control freak porque você se sente mesmo como agente da CIA em missão top secret. As instruções mudam a cada dia, de acordo com o resultado dos exames também diários e o telefone toca sempre mais ou menos a mesma hora. Coisa de filme mesmo. “Oi Danielle, tudo bem? Seu nível de estrogênio está X, então hoje você enche a agulha da medicação um até o meio e dissolve em duas garrafinhas do líquido. Coloque 5 mg da medicação dois na seringa. Vamos aguardar até amanhã.”
Lógico que nos primeiros dias, meu estrogênio nem se mexeu, então o médico aumentou a dose...Depois o tal do hormônio deu uma desparada louca... Esta parte é meio mágica, meio alquimia, pois o médico vai mudando a dosagem e tentando fazer com que o estrogênio suba num ritmo compatível com o amadurecimento, com o número e com o tamanho dos óvulos. Se a fórmula não der certo, o tratamento tem que ser interrompido e volta-se a estaca zero.
É por isto que acho mesmo com tantos avanços na medicina, no final fica tudo nas mãos de Deus. O mesmo tratamento pode ser extremamente bem sucedido para uma e ineficaz para outra. Lembro que durante uma das minhas consultas, na sala de espera conheci uma outra paciente, mais ou menos da minha idade que depois do tratamento só tinha conseguido um óvulo e mesmo assim não poderia fazer in-vitro e optaria por um outro procedimento mais low-tech. Ninguém sabia dizer o motivo.
O tratamento é intenso pelo número de consultas e exames, mas como acredito que todas as experiências nos preparam para o futuro, meus dias no CTI me prepararam bastante. Claro que dá uma agitada na rotina, mas fazer tratamento e poder continuar a vida para mim é um grande luxo.
Minhas experiências anteriores também me prepararam para enfrentar o lado psicológico da coisa. Como sempre, a correria dos exames é seguida por uma espera – que parece infinita – pelos resultados. Nestas horas a fé ajuda bastante... Sempre me considero feliz por encontrar problemas que têm solução. Às vezes complica um pouquinho, mas com fé e paciência, e com uma tremenda sorte – que me acompanha sempre – tudo acaba se resolvendo da melhor forma.
Lógico que nos primeiros dias, meu estrogênio nem se mexeu, então o médico aumentou a dose...Depois o tal do hormônio deu uma desparada louca... Esta parte é meio mágica, meio alquimia, pois o médico vai mudando a dosagem e tentando fazer com que o estrogênio suba num ritmo compatível com o amadurecimento, com o número e com o tamanho dos óvulos. Se a fórmula não der certo, o tratamento tem que ser interrompido e volta-se a estaca zero.
É por isto que acho mesmo com tantos avanços na medicina, no final fica tudo nas mãos de Deus. O mesmo tratamento pode ser extremamente bem sucedido para uma e ineficaz para outra. Lembro que durante uma das minhas consultas, na sala de espera conheci uma outra paciente, mais ou menos da minha idade que depois do tratamento só tinha conseguido um óvulo e mesmo assim não poderia fazer in-vitro e optaria por um outro procedimento mais low-tech. Ninguém sabia dizer o motivo.
O tratamento é intenso pelo número de consultas e exames, mas como acredito que todas as experiências nos preparam para o futuro, meus dias no CTI me prepararam bastante. Claro que dá uma agitada na rotina, mas fazer tratamento e poder continuar a vida para mim é um grande luxo.
Minhas experiências anteriores também me prepararam para enfrentar o lado psicológico da coisa. Como sempre, a correria dos exames é seguida por uma espera – que parece infinita – pelos resultados. Nestas horas a fé ajuda bastante... Sempre me considero feliz por encontrar problemas que têm solução. Às vezes complica um pouquinho, mas com fé e paciência, e com uma tremenda sorte – que me acompanha sempre – tudo acaba se resolvendo da melhor forma.
June 14, 2010
O Tratramento
Nao e coisa de AA nao, mas a parte mais dificil de qualquer problema e aceitar que ele existe. Quando o assunto e infertilidade, normalmente ele atinge duas pessoas que tem que estar em sintonia perfeita para tomarem uma decisao.
A verdade e que por mais duro que possa ser para a mulher, o homem normalmente reage pior ao assunto. Tenho uma amiga cujo marido se recusou a fazer exames mais invasivos e rejeitou qualquer tratamento. Hoje eles esperam a chegada de duas criancas etiopes. O Blake no inicio achou tudo muito estranho, mas, como sempre, resolveu embarcar de corpo e alma em mais uma aventura.
Ate hoje me lembro na nossoa primeira consulta com o especialista, que tratatava de forma muito objetiva questoes de cunho bastante intimo. O Blake estava quase catatonico. Mas passado o choque inicial, a maior preocupacao dele era comigo, ja que quando nao ha nanhuma causa aparente, o tratamento e quase todo da mulher.
Eu tambem tinha meus medos, pois por conta da historia do figado, achava que os medicos iam proibir o tratamento a base de hormonios. Alem disto, a hostoria de ficar me injetando todo dia me dava verdadeiro pavor. (Achava que era uma injecao por dia...mas no final eram tres!!!)
Mas eu estava determinada e os medicos, para minha surpresa, apoiaram a minha decisao. No meu caso, como sempre e tudo um pouqunho mais complexo, e depois de conversar com uma verdadeira junta medica no Brasil e nos EUA, recebi sinal verde para o tratamento.
Esta todo mundo cansado de saber que este tipo de coisa esta cada vez mais comum, nao so entre as celebridades mas entre gente como a gente. Tenho varias amigas e conhecidas que fizeram todos os tipos de tratamento, desde IVF/FIV normal, ate uso de ovulos de doadoras ou/e barrigas de aluguel. Tenho um palpite que questao da infertilidade va se tornar cada vez mais importante... Quem mandou nos mulheres querermos tudo -- carreira, educacao, e relacionamentos estaveis?! Tenho amigas na minha faixa etaria que ainda nao decidiram se querem ou nao ser maes. Acho a duvida mais do que justa, so acho injusto que o nosso periodo fertil seja tao breve... Este esquema de "agora ou nunca" e assustador demais.
Quando decidimos que iriamos em frente com o tratamento, conversei por alto com algumas amigas que ja haviam passado por isto, mas o engracado e que a resposta era mais ou menos parecida "E melhor voce nao saber muita coisa. Va em frente!" Claro que as intencoes eram boas, mas sou do tipo que gosta de saber detalhes tecnicos, entao fiquei meio apavorada. E claro que cada um tem uma experiencia diferente e traz uma bagagem individual, mas acho que me preparei para algo tao terrivel que mal podia acreditar quando completava mais uma etapa.
Obvio que ninguem vai optar por fazer tratamento, mas agora penso que quando o casal tem meios, nao ha motivo para adia-lo tanto assim. O tempo e o maior inimigo nestas horas e quanto mais cedo o tratamento comecar, mais chances de sucesso para o casal. Estes numeros da minha clinica nao me deixam mentir.
Mesmo para quem verdadeira fobia de agulhas como eu, o tratamento e bem toleravel. Talvez diga isto porque so tive que me submeter a ele uma vez, mas esta foi a minha experiencia. As agulhas sao bem fininhas e ate eu -- a maior covarde do planeta -- consegui me aplicar. Tem gente que fica inchada ou cheia de hematomas. Eu, gracas a Deus, nao tive nada.
Claro que alem do impacto fisico, ha tambem a parte psicologica, que ja vem castigada pelas tentativas sem sucesso. Li elguns manuais que aconselhavam o casal a limitar a vida social ao maximo, o contato com amigos e principalmente com criancas. Acho que se tivesse obedecido o conselho, teria entrado em depressao profunda. Como tudo na vida, o tratamento exige alguma organizacao nos horarios. As injecoes pela manha eram a parte facil: logo que acordava me espetava duas vezes. As da noite eram um pouco mais complicadas, pois tinham que acontecer entre sete e oito da noite. O que pode ser um perrengue, principalmente quando se tem um trabalho louco. Mas por algumas semanas deu para levar. Continuei jantando com amigos, ou bem cedo, la para as cinco e meia/seis horas ou mais tarde, depois das oito e meia. Alguns sabiam da situacao, outros sequer desconfiavam.
E assim foi... As terriveis manifestacoes de acne que eu esperava e dava como certas, jamais aconteceram. Nem os rompantes de mau humor, nem os ataques de choro ou de agressividade. Nada de muito anormal. A unica coisa que sentia era um calafrio la para umas oito e meia da noite, efeito colateral de um dos remedios que "induzia uma menopausa precoce". Meio estranho, mas suportavel, uma vez que me dei conta de que ja era esperado.
A verdade e que por mais duro que possa ser para a mulher, o homem normalmente reage pior ao assunto. Tenho uma amiga cujo marido se recusou a fazer exames mais invasivos e rejeitou qualquer tratamento. Hoje eles esperam a chegada de duas criancas etiopes. O Blake no inicio achou tudo muito estranho, mas, como sempre, resolveu embarcar de corpo e alma em mais uma aventura.
Ate hoje me lembro na nossoa primeira consulta com o especialista, que tratatava de forma muito objetiva questoes de cunho bastante intimo. O Blake estava quase catatonico. Mas passado o choque inicial, a maior preocupacao dele era comigo, ja que quando nao ha nanhuma causa aparente, o tratamento e quase todo da mulher.
Eu tambem tinha meus medos, pois por conta da historia do figado, achava que os medicos iam proibir o tratamento a base de hormonios. Alem disto, a hostoria de ficar me injetando todo dia me dava verdadeiro pavor. (Achava que era uma injecao por dia...mas no final eram tres!!!)
Mas eu estava determinada e os medicos, para minha surpresa, apoiaram a minha decisao. No meu caso, como sempre e tudo um pouqunho mais complexo, e depois de conversar com uma verdadeira junta medica no Brasil e nos EUA, recebi sinal verde para o tratamento.
Esta todo mundo cansado de saber que este tipo de coisa esta cada vez mais comum, nao so entre as celebridades mas entre gente como a gente. Tenho varias amigas e conhecidas que fizeram todos os tipos de tratamento, desde IVF/FIV normal, ate uso de ovulos de doadoras ou/e barrigas de aluguel. Tenho um palpite que questao da infertilidade va se tornar cada vez mais importante... Quem mandou nos mulheres querermos tudo -- carreira, educacao, e relacionamentos estaveis?! Tenho amigas na minha faixa etaria que ainda nao decidiram se querem ou nao ser maes. Acho a duvida mais do que justa, so acho injusto que o nosso periodo fertil seja tao breve... Este esquema de "agora ou nunca" e assustador demais.
Quando decidimos que iriamos em frente com o tratamento, conversei por alto com algumas amigas que ja haviam passado por isto, mas o engracado e que a resposta era mais ou menos parecida "E melhor voce nao saber muita coisa. Va em frente!" Claro que as intencoes eram boas, mas sou do tipo que gosta de saber detalhes tecnicos, entao fiquei meio apavorada. E claro que cada um tem uma experiencia diferente e traz uma bagagem individual, mas acho que me preparei para algo tao terrivel que mal podia acreditar quando completava mais uma etapa.
Obvio que ninguem vai optar por fazer tratamento, mas agora penso que quando o casal tem meios, nao ha motivo para adia-lo tanto assim. O tempo e o maior inimigo nestas horas e quanto mais cedo o tratamento comecar, mais chances de sucesso para o casal. Estes numeros da minha clinica nao me deixam mentir.
Mesmo para quem verdadeira fobia de agulhas como eu, o tratamento e bem toleravel. Talvez diga isto porque so tive que me submeter a ele uma vez, mas esta foi a minha experiencia. As agulhas sao bem fininhas e ate eu -- a maior covarde do planeta -- consegui me aplicar. Tem gente que fica inchada ou cheia de hematomas. Eu, gracas a Deus, nao tive nada.
Claro que alem do impacto fisico, ha tambem a parte psicologica, que ja vem castigada pelas tentativas sem sucesso. Li elguns manuais que aconselhavam o casal a limitar a vida social ao maximo, o contato com amigos e principalmente com criancas. Acho que se tivesse obedecido o conselho, teria entrado em depressao profunda. Como tudo na vida, o tratamento exige alguma organizacao nos horarios. As injecoes pela manha eram a parte facil: logo que acordava me espetava duas vezes. As da noite eram um pouco mais complicadas, pois tinham que acontecer entre sete e oito da noite. O que pode ser um perrengue, principalmente quando se tem um trabalho louco. Mas por algumas semanas deu para levar. Continuei jantando com amigos, ou bem cedo, la para as cinco e meia/seis horas ou mais tarde, depois das oito e meia. Alguns sabiam da situacao, outros sequer desconfiavam.
E assim foi... As terriveis manifestacoes de acne que eu esperava e dava como certas, jamais aconteceram. Nem os rompantes de mau humor, nem os ataques de choro ou de agressividade. Nada de muito anormal. A unica coisa que sentia era um calafrio la para umas oito e meia da noite, efeito colateral de um dos remedios que "induzia uma menopausa precoce". Meio estranho, mas suportavel, uma vez que me dei conta de que ja era esperado.
June 11, 2010
Infértil eu?
Detesto esta palavra e sempre me recusei a usá-la. Acho ofensiva. Já sou "sobrevivente", agora queriam me enfiar mais um rótulo goela abaixo. De jeito nenhum! Nem que temporariamente...não mesmo!
Me disseram que gravidez dava cansaço, mas nunca imaginei que fosse tanto. Dá enjoo também e tem gente que diz que dá depressão, mas graças a Deus, até agora a última ficou longe de mim.
Depressão senti a cada mês que via meu sonho de ter um bebê evaporar diante de mim. Foram momentos difíceis, algumas vezes desesperadores, mas acho que este mesmo sofrimento agora torna minha alegria mais intensa.
Quem acompanha o blog sabe que a minha saúde me deu alguns sustos nos últimos anos. Eu que sempre me orgulhei de nunca ter faltado ao trabalho por motivo de doença, durante uns tempos passei meses em casa me recuperando de duas grandes cirurgias. Como enfrentei estes problemas no final dos meus 20 e no meio dos meus 30 anos, bem durante a idade fértil, a pergunta que sempre fazia aos médicos era se algum dia eu poderia engravidar.
A resposta era que a curto prazo não era recomendável mas a médio e longo prazo totalmente possível. Acho que foi também por este motivo que o baque de 2007 foi tão grande: na época era recém-casada e tinha 34 anos, ou seja, já não tinha tantos anos férteis pela frente.
Os médicos no Brasil e nos EUA primeiro disseram que deveríamos esperar dois anos por questões de segurança, mas diante dos meus apelos desesperados, reduziram a espera pela metade, 12 meses. Concordei, pois menos que isto me parecia irresponsabilidade. E assim foi.
Passados doze meses e um dia, novamente perguntei ao médico aqui em Hopkins que, depois de me dar um sermão sobre ‘não existem garantias e na vida temos que saber se os beneficios são maiores que os riscos, etc, etc’, disse que achava que ia ficar tudo bem.
Acho que este foi meu maior erro. Depois de receber a bênção do médico, entrei numa enorme paranóia de estar velha e ter que engravidar ontem. Vasculhei na internet tudo que dizia respeito a gravidez, simpatias, métodos para aumentar a fertilidade, tabelas, novenas...mas nada!
Ao mesmo tempo, mesmo depois dos médicos terem me garantido não haver nada de errado comigo, fiz milhões de exames – dos mais básicos aos mais invasivos – que constataram que não havia nada de errado nem comigo nem com o Blake. E mesmo assim, mais tempo se passava e nada.
E parecia que todas as mulheres ao meu redor ficavam grávidas sem querer, na maior facilidade. Só não acontecia comigo. Mas ao contrário do que eu pensava, jamais fiquei amarga. Cada gravidez de alguém próximo era festejada por mim, que não perdia a chance de comprar presentes e roupinhas para o novo bebê que chegava. Nas lojas, as vendoras me perguntavam quantos filhos eu tinha. Eu sorria amarelo “Nenhum, ainda.”
Mas a vida continuava, e aos poucos a ideia de fazer um tratamento de fertilidade começava a fazer sentido para mim. No início, achava que pelo meu histórico, os médicos iam ser contrários à ideia, mas a verdade é que eu não conseguia entender a razão da minha dificuldade de engravidar... Tudo parecia tão perfeito. Muitas mulheres até esperam encontrar dificuldades, mas no meu caso, nada me fazia pensar que comigo o processo poderia acontecer de outra forma que não naturalmente.
A negação e o medo me fizeram de refém durante algum tempo, mas a angústia da inércia é algo insurportável para mim. No final do ano passado, decidi com o apoio total do Blake, que tentaríamos algum tratamento.
Me disseram que gravidez dava cansaço, mas nunca imaginei que fosse tanto. Dá enjoo também e tem gente que diz que dá depressão, mas graças a Deus, até agora a última ficou longe de mim.
Depressão senti a cada mês que via meu sonho de ter um bebê evaporar diante de mim. Foram momentos difíceis, algumas vezes desesperadores, mas acho que este mesmo sofrimento agora torna minha alegria mais intensa.
Quem acompanha o blog sabe que a minha saúde me deu alguns sustos nos últimos anos. Eu que sempre me orgulhei de nunca ter faltado ao trabalho por motivo de doença, durante uns tempos passei meses em casa me recuperando de duas grandes cirurgias. Como enfrentei estes problemas no final dos meus 20 e no meio dos meus 30 anos, bem durante a idade fértil, a pergunta que sempre fazia aos médicos era se algum dia eu poderia engravidar.
A resposta era que a curto prazo não era recomendável mas a médio e longo prazo totalmente possível. Acho que foi também por este motivo que o baque de 2007 foi tão grande: na época era recém-casada e tinha 34 anos, ou seja, já não tinha tantos anos férteis pela frente.
Os médicos no Brasil e nos EUA primeiro disseram que deveríamos esperar dois anos por questões de segurança, mas diante dos meus apelos desesperados, reduziram a espera pela metade, 12 meses. Concordei, pois menos que isto me parecia irresponsabilidade. E assim foi.
Passados doze meses e um dia, novamente perguntei ao médico aqui em Hopkins que, depois de me dar um sermão sobre ‘não existem garantias e na vida temos que saber se os beneficios são maiores que os riscos, etc, etc’, disse que achava que ia ficar tudo bem.
Acho que este foi meu maior erro. Depois de receber a bênção do médico, entrei numa enorme paranóia de estar velha e ter que engravidar ontem. Vasculhei na internet tudo que dizia respeito a gravidez, simpatias, métodos para aumentar a fertilidade, tabelas, novenas...mas nada!
Ao mesmo tempo, mesmo depois dos médicos terem me garantido não haver nada de errado comigo, fiz milhões de exames – dos mais básicos aos mais invasivos – que constataram que não havia nada de errado nem comigo nem com o Blake. E mesmo assim, mais tempo se passava e nada.
E parecia que todas as mulheres ao meu redor ficavam grávidas sem querer, na maior facilidade. Só não acontecia comigo. Mas ao contrário do que eu pensava, jamais fiquei amarga. Cada gravidez de alguém próximo era festejada por mim, que não perdia a chance de comprar presentes e roupinhas para o novo bebê que chegava. Nas lojas, as vendoras me perguntavam quantos filhos eu tinha. Eu sorria amarelo “Nenhum, ainda.”
Mas a vida continuava, e aos poucos a ideia de fazer um tratamento de fertilidade começava a fazer sentido para mim. No início, achava que pelo meu histórico, os médicos iam ser contrários à ideia, mas a verdade é que eu não conseguia entender a razão da minha dificuldade de engravidar... Tudo parecia tão perfeito. Muitas mulheres até esperam encontrar dificuldades, mas no meu caso, nada me fazia pensar que comigo o processo poderia acontecer de outra forma que não naturalmente.
A negação e o medo me fizeram de refém durante algum tempo, mas a angústia da inércia é algo insurportável para mim. No final do ano passado, decidi com o apoio total do Blake, que tentaríamos algum tratamento.
June 9, 2010
Feliz!
Estou realmente surpresa e feliz com tantas mensagens bacanas que chegaram aqui no blog, por email ou até no Facebook. É impressionante como a felicidade só aumenta quando é compartilhada!
Ficar de boca calada por 14 semanas foi um sufoco. Evitar falar num assunto que realmente estava me consumindo desde o início do ano foi mesmo um suplício. Não gosto de segredos, tenho pavor a quem esconde o jogo, mas lidar com as minhas expectativas e ao mesmo tempo com a de pessoas que se importam comigo e torcem por mim me pareceu algo muito difícil. Optei pelo silêncio forçado, quase um exílio para mim.
Quantas vezes quis escrever aqui no blog sobre minha angústia de não conseguir engravidar, sobre meus medos, minha insegurança quanto ao tratamento, pois saberia que aqui encontraria alento, como sempre encontrei. Queria contar sobre cada etapa do tratamento, sobre as nossas expectativas, as mudanças nas nossas vidas, mas optei por ficar calada. Acho que mais por superstição do que por medo. Ainda não aprendi a colocar em prática o conceito de desejar em voz alta ao universo – que para mim se chama Deus – para que a vontade dEle se manifeste. Rezo calada. Encontro dificuldade em dar voz a minha vontade e a minha dor. Mas mesmo assim fui premiada e hoje tenho mais um sonho realizado que se torna mais real a cada dia.
Pensei até em encerrar o blog durante este tempo, afinal não sou mais a menina doente de 2007 e o blog foi minha tábua de salvação durante a grande tormenta, que graças a Deus ficou para trás. Outra parte de mim diz que eu devo contar uma outra história, não menos importante, que também faz parte da minha vida. Afinal, assim como tudo que diz respeito a mim, esta gravidez também teve uma pontinha de luta. Não foi coisa de comercial de margarina, ou de novela... Não acordei um dia enjoada e tive certeza que estava grávida. Aliás acordei várias vezes ansiosa, só para me decepcionar minutos depois com mais um teste negativo.
Talvez fale sobre isto por aqui, mais um tabu que não tem razão de ser. Se soubesse que o tratamento seria tão fácil, teria feito há muito mais tempo. Mas como meu próprio médico diz, eu não sou parâmetro para estas coisas.... Ultras, exames de sangue e consultas médicas há muito tempo fazem parte da minha rotina.
Ainda não cheguei a uma conclusão. Se continuar a escrever, obviamente o teor dos posts deve mudar bastante...assim como eu tenho mudado, por dentro e por fora.
Ficar de boca calada por 14 semanas foi um sufoco. Evitar falar num assunto que realmente estava me consumindo desde o início do ano foi mesmo um suplício. Não gosto de segredos, tenho pavor a quem esconde o jogo, mas lidar com as minhas expectativas e ao mesmo tempo com a de pessoas que se importam comigo e torcem por mim me pareceu algo muito difícil. Optei pelo silêncio forçado, quase um exílio para mim.
Quantas vezes quis escrever aqui no blog sobre minha angústia de não conseguir engravidar, sobre meus medos, minha insegurança quanto ao tratamento, pois saberia que aqui encontraria alento, como sempre encontrei. Queria contar sobre cada etapa do tratamento, sobre as nossas expectativas, as mudanças nas nossas vidas, mas optei por ficar calada. Acho que mais por superstição do que por medo. Ainda não aprendi a colocar em prática o conceito de desejar em voz alta ao universo – que para mim se chama Deus – para que a vontade dEle se manifeste. Rezo calada. Encontro dificuldade em dar voz a minha vontade e a minha dor. Mas mesmo assim fui premiada e hoje tenho mais um sonho realizado que se torna mais real a cada dia.
Pensei até em encerrar o blog durante este tempo, afinal não sou mais a menina doente de 2007 e o blog foi minha tábua de salvação durante a grande tormenta, que graças a Deus ficou para trás. Outra parte de mim diz que eu devo contar uma outra história, não menos importante, que também faz parte da minha vida. Afinal, assim como tudo que diz respeito a mim, esta gravidez também teve uma pontinha de luta. Não foi coisa de comercial de margarina, ou de novela... Não acordei um dia enjoada e tive certeza que estava grávida. Aliás acordei várias vezes ansiosa, só para me decepcionar minutos depois com mais um teste negativo.
Talvez fale sobre isto por aqui, mais um tabu que não tem razão de ser. Se soubesse que o tratamento seria tão fácil, teria feito há muito mais tempo. Mas como meu próprio médico diz, eu não sou parâmetro para estas coisas.... Ultras, exames de sangue e consultas médicas há muito tempo fazem parte da minha rotina.
Ainda não cheguei a uma conclusão. Se continuar a escrever, obviamente o teor dos posts deve mudar bastante...assim como eu tenho mudado, por dentro e por fora.
June 7, 2010
Surpresa!
Pois eis a razão para o meu sumiço, para a minha ausência do blog e da internet! Estamos grávidos de 14 semanas (completas hoje!), o que significa que nosso baby nasce no inicio de dezembro, pertinho do aniversário do pai! Nossa felicidade é imensa e incalculável! Mais um milagre que aconteceu com uma ajuda da medicina e com um grande empurrão de Deus, que fez com que cada obstáculo no nosso caminho desaparecesse.
Ninguém pode imaginar como foi difícil manter este "segredo" até agora, mas queria ter certeza que estava tudo bem com o baby antes de espalhar a novidade aos sete ventos. Também queria ter o resutlado dos exames do fígado, só para ficar mais tranquila.
Até agora a gravidez tem sido ótima e os enjoos do primeiro trimestre finalmente deram uma trégua, o que, se Deus quiser, vai me garantir um verão legal e cheio de energia e projetos bacanas.
Bom, por hoje é so! Me sinto imensamente feliz e abençoada por poder compartilhar esta noticia com tanta gente bacana!
June 6, 2010
Historias Boas
O tempo anda passando depressa demais. Ontem voltei ao encontro dos Jovens Adultos com Cancer, em Baltimore. Nem da para acreditar que ja faz um ano da ultima edicao do evento.
Nao queria muito ir. Acho que quero mesmo virar esta pagina de certa forma. Claro que nao quero apagar a experiencia da minha vida, mas quero torna-la menos evidente, mais indolor. Quase como a minha cicatriz, hoje completamente integrada em mim, 100% parte de quem eu sou.
No questionario que respondi, uma pergunta me pegou de surpresa. Alias, nao foi a pergunta, mas a minha resposta. A pergunta era sobre modificacoes na aparencia depois da doenca; pedia para a gente indicar de zero a dez. Eu, quase que por impulso, marquei zero, mas depois de alguns instantes me dei conta que meu abdome jamais sera o mesmo, entao a minha aparencia foi sim alterada pela cicatriz. Mas a minha vida nao! Continuo a usar as mesmas roupas, os mesmos bikinis e me sinto mais confiante hoje do que ha 10 anos, quando sequer havia cicatriz.
O resto do evento foi muito bacana e ainda ganhei dois premios nos sorteios. Quando meu nome e chamado, o pessoal ja ri e diz "A Dani sempre ganha tudo aqui!" Mas e verdade...para quem nao ganha uma rifa ha anos, uns premios fazem bem pro ego. Ano passado ganhamos dois. Este ano tambem.
Desta vez, eles me chamaram para falar da minha experiencia com medicina alternativa -- ervas, acupuntura, yoga -- aliada a medicina tradicional. Foi bom ter uma historia facil de contar...
Nao queria muito ir. Acho que quero mesmo virar esta pagina de certa forma. Claro que nao quero apagar a experiencia da minha vida, mas quero torna-la menos evidente, mais indolor. Quase como a minha cicatriz, hoje completamente integrada em mim, 100% parte de quem eu sou.
No questionario que respondi, uma pergunta me pegou de surpresa. Alias, nao foi a pergunta, mas a minha resposta. A pergunta era sobre modificacoes na aparencia depois da doenca; pedia para a gente indicar de zero a dez. Eu, quase que por impulso, marquei zero, mas depois de alguns instantes me dei conta que meu abdome jamais sera o mesmo, entao a minha aparencia foi sim alterada pela cicatriz. Mas a minha vida nao! Continuo a usar as mesmas roupas, os mesmos bikinis e me sinto mais confiante hoje do que ha 10 anos, quando sequer havia cicatriz.
O resto do evento foi muito bacana e ainda ganhei dois premios nos sorteios. Quando meu nome e chamado, o pessoal ja ri e diz "A Dani sempre ganha tudo aqui!" Mas e verdade...para quem nao ganha uma rifa ha anos, uns premios fazem bem pro ego. Ano passado ganhamos dois. Este ano tambem.
Desta vez, eles me chamaram para falar da minha experiencia com medicina alternativa -- ervas, acupuntura, yoga -- aliada a medicina tradicional. Foi bom ter uma historia facil de contar...
June 3, 2010
Preocupação com o Sol
Tenho um defeito terrível: detesto usar filtro solar. Acho que é porque sou branquela, meio amarelada, cara-pálida mesmo, então adoro torrar ao sol e aumentar ainda mais o vasto número de sardas que adornam meu rosto e colo principalmente.
Mas este ano, depois de muita insistência do Blake e da minha mãe, estou disposta a mudar. Este fim de semana fui à piscina e me protegi! Claro que meio sem prática, acabei esquecendo umas áreas...mas vou melhorando.
Como não acredito muito em acaso, recebi o email de uma leitora do blog sobre um amigo dela -- um jovem atleta, muito bonito, por sinal que luta contra uma forma muito agressiva de melanoma. Isto mesmo, câncer de pele, que mesmo na sua forma mais perigosa, o melanoma, não desperta muito medo em ninguém. Mas a história dele prova que estamos todos redondamente enganados e que este câncer pode sim, ser tão letal e violento quanto outras formas conhecidamente mais agressivas.
Com o início do verão no hemisfério norte, onde muitos dos leitores deste blog moram, vale a pena conhecer a história do Andy: http://www.andycaress.com/
Apesar de muito envolvido em tratementos agressivos e dolorosos, ele resolveu criar uma organização para propagar informações sobre o melanoma e evitar que outros casos como o dele se repitam: www.Mela-Know-More.org
Conhecendo muitos pacientes jovens que lutam contra esta doença terrível, existe algo que nunca deixa de me surpreender: a preocupação de todos eles com o resto de nós; o desejo de que ninguém mais precise passar pela dor que eles vivenciam tão de perto. Isto me toca demais. Para os pessimistas de plantão, que acham que a humanidade é toda vil e que o mundo não tem jeito, está aí a prova de que há esperança ainda.
Mas este ano, depois de muita insistência do Blake e da minha mãe, estou disposta a mudar. Este fim de semana fui à piscina e me protegi! Claro que meio sem prática, acabei esquecendo umas áreas...mas vou melhorando.
Como não acredito muito em acaso, recebi o email de uma leitora do blog sobre um amigo dela -- um jovem atleta, muito bonito, por sinal que luta contra uma forma muito agressiva de melanoma. Isto mesmo, câncer de pele, que mesmo na sua forma mais perigosa, o melanoma, não desperta muito medo em ninguém. Mas a história dele prova que estamos todos redondamente enganados e que este câncer pode sim, ser tão letal e violento quanto outras formas conhecidamente mais agressivas.
Com o início do verão no hemisfério norte, onde muitos dos leitores deste blog moram, vale a pena conhecer a história do Andy: http://www.andycaress.com/
Apesar de muito envolvido em tratementos agressivos e dolorosos, ele resolveu criar uma organização para propagar informações sobre o melanoma e evitar que outros casos como o dele se repitam: www.Mela-Know-More.org
Conhecendo muitos pacientes jovens que lutam contra esta doença terrível, existe algo que nunca deixa de me surpreender: a preocupação de todos eles com o resto de nós; o desejo de que ninguém mais precise passar pela dor que eles vivenciam tão de perto. Isto me toca demais. Para os pessimistas de plantão, que acham que a humanidade é toda vil e que o mundo não tem jeito, está aí a prova de que há esperança ainda.
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