Sei que a combinação é meio estranha, mas quem acompanha o blog sabe que estes são dois dos assuntos que mais me interessam e que conseqüentemente me tornei quase expert neles.
Apesar da diferença entre eles, existe uma semelhança que não deixa de ser engraçada: nunca pensei que fosse passar por nenhuma das duas experiências. Quando a maioria das meninas sonha com vestido de noiva, eu sonhava com uma passagem aérea e uma bolsa de estudos para fazer faculdade nos States. Ainda bem, pois como vim a saber depois, a bolsa de estudos na tal universidade americana veio muito mais fácil e mais rápido que o marido. Mas tudo bem.
A verdade é que nunca li revista de noivas, nunca fiquei entrando em igreja e me imaginando casar ali (eu adoro visitar igrejas por conta da arquitetura e do valor histórico) e vestido de noiva então?! Nem pensar! Imagina eu vestida de bolão!? Fla sério! E branco? Onde já se viu branco, estar cor engorda horrores, estou foríssima, sempre pensei. Ah e o dinheiro da festa...este dinheiro eu uso dando uma volta ao mundo ou pagando meu mestrado, dizia para mim mesma.
Mas como diz o ditado popular, quem cospe para cima acaba levando na testa, acabei me saindo uma noiva mais do que tradicional e se não passei a vida toda planejando o casório, fiz um baita intensivão em seis meses e me transformei numa especialista em casamentos internacionais. Acabei me inteirando de tudo, desde a papelada necessária para casamento por procuração com gringo no Brasil, até excursões para a família e os amigos gringos de férias no Rio, passando por burocracias da Igreja Católica envolvendo casamento de católicos e não-católicos. Pois é, para quem não queria nem saber de casamento, acabei me metendo numa baita empreitada. Até branco usei. Foi minha última opção, mas o vestido que mais gostei não vinha na cor off-white, então lá fui eu de noiva toda de branco... Só me recusei a usar bolão, aqueles modelos de saia mais que bufante que eu sempre detestei! Nunca tive queda para estilo debutante. Mas de resto teve tudo, igreja barroca, padrinhos no altar, padre amigo da família que falou pra caramba, avós no cortejo, mãe que mais parecia noiva, brindes cafonas na festa (mas que animam demais!), camisa do Flamengo (oficial e roubada pelo meu avô!), open bar de caipirinha (que os gringos falam até hoje!), bouquet e até cinta-liga. Ah, e obviamente não poderiam faltar nem os discursos (a minha família ADORA um microfone!) nem a reza da minha mãe, mas quem conhece a gente sabe disso. E, por incrível que pareça, diria que dos 350 presentes, 99% eram amigos bem próximos da família, gente que está acostumada com o jeito espalhafatoso da família Machado Duran.
Não me canso de dizer que um dos maiores motivos para realizar a tal festa de casamento foi meu problema de saúde em 2002 e os dois eventos, a cirurgia e o casamento, foram estranhamente parecidos, já que ambos trouxeram muitas pessoas para perto de mim -- amigos próximos e outros que até então nem eram tão próximos assim, mas que estiveram presentes em momentos cruciais da minha vida. Quando pensei na festa do casamento, a minha idéia era poder dividir uma ocasião de extrema felicidade com as pessoas que estiveram ao meu lado durante momentos de tristeza absoluta. Parece chavão, mas não é, a vida é isto mesmo, momentos de alegria e tristeza com um marasmo no meio e pode se considerar feliz aquele que tem as mesmas pessoas consigo nos dois extremos, pois este tem verdadeiros amigos. E este é o meu caso!
Meus amigos foram feitos em diferentes fases da minha vida, uns me acompanham desde a infância, outros se tornaram praticamente família há poucos anos. Meus amigos estão espalhados pelos quatro cantos do planeta, uns moram bem pertinho da minha família, outros em continentes distantes, mas vários nem pensaram duas vezes ates de pegar o avisão ou o carro e se despencar para o Centro do Rio e depois para são Conrado. Não pensaram duas vezes também antes de irem a Botafogo doar sangue para mim, não uma, mais duas vezes. Não viram obstáculos em sair de casa no fim de semana ou dar uma fugida durante o almoço para me visitar não em um, mas em três hospitais. Com alguns amigos falo praticamente todo dia, ou pelo menos uma vez por semana, via email, telefone, Orkut ou Facebook...se preciso fosse, até por sinal de fumaça. Outros desaparecem um tempinho (ou sou eu quem some), mas quando nos vemos ou nos falamos, vemos que a amizade continua intacta.
Num ano que tem sido tão conturbado para mim, tenho ainda muito que agradecer. A lista é grande, mas hoje agradeço a Deus pelas pessoas especiais que Ele colocou no meu caminho, pois cada uma me inspira de uma forma diferente e me aceita do meu jeito, fazendo com que eu me sinta muito especial.
Voltando ao título do tópico e respondendo o que casamento e câncer têm em comum -- as pessoas que nos cercam durante as duas experiências. Se festa de casamento sem amigos não tem a menor graça, enfrentar o câncer sozinha teria sido impossível.
2 comments:
Ah, Dani... Como gosto de você... Que bom ter sua amizade!
Pedi para uma amiga minha do trabalho que vai se casar ano que vem ver seu blog neste post exatamentem, Dani. Ela se emocionou ao ler - ela teve isquemia no passado, é jovem, e vai fazer a festa pelos mesmos motivos que você. Viu as fotos e achou seu vestido lindo! Meu último post foi triste, achei que tinha que fazer um alegre hoje ;-)
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