Ontem tive uma outra notícia triste: o Sandro que chegou aqui no blog em busca de informações sobre câncer no fígado também partiu este fim de semana. Outro jovem, de trinta e poucos anos, otimista e guerreiro até o fim nos deixou. Outro golpe para mim. Mas segundo a Mônica, irmã dele, o Sandro foi em paz e agora já está lá em cima. Imagino a saudade que ele vai deixar e por isto rezo para que seus pais e sua irmã consigam superar esta dor imensa. Obrigada por tudo, Sandro. Fique em paz...
Este ano, que aos poucos se encerra, foi muito importante para mim. No final do ano passado, me perguntava que caminho deveria seguir e como deveria encarar a experiência tão marcante que tinha tido com a doença. Não precisei de muito tempo, pois a doença acabou de novo entrando na minha vida sem pedir licença e me tomando de medo e incerteza. Por outro lado, encontrei a resposta que procurava. Não tinha mais como tentar esquecer tudo que tinha vivido, se muitas lembranças estavam de apagando com o passar do tempo, a nova cirurgia as trouxe de volta numa intesidade e numa velocidade assustadoras. Foi por isto que resolvi entrar de cabeça nesta causa e me engajar ao máximo no combate ao câncer e no apoio aos pacientes.
Não me arrependo nenhum pouco, pois aprendi muito e fiz muitos amigos, mas não foi sem dor. Sofri duras perdas e chorei muito por pessoas cujo rosto sequer tinha visto, mas que tinham e terão sempre um lugar especial no meu coração. De certa forma me sinto responsável por manter a memória deles viva, tentando ajudar outros que podem vir a se encontrar na mesma situação. Um dia li num livro que os pacientes de câncer eram os mais desassistidos, pois até os médicos desistiam deles já que muitas vezes entendiam que havia pouco ou nada a fazer e é difícil para um médico admitir sua própria impotência. Por sorte, não tive esta esperiência, mas acho que muitos pacientes infelizmente passam por isto. Às vezes a família não consegue falar no assunto e os amigos não sabem como ajudar. No final, estes pacientes não encontram com quem dividir momentos tão tristes. E por isto vou estar sempre aqui, para oferecer ajuda, um ombro amigo, uma indicação médica ou às vezes um pouco de esperança, por menor que seja.
Sempre soube que ao escolher este caminho estaria me expondo muito, mas sabia que a causa era maior e mais importante. Sei que meus pais se preocupam comigo e os médicos também, então preciso encontrar mecanismos para me proteger, para lidar com a dor que às vezes é extrema.
Conversando com a Kris Carr, de Crazy Sexy Cancer, fiz esta pergunta a ela -- como ela conseguia ter uma vida normal e saudável se tudo ao seu redor lembrava câncer? Ela me disse que tirava férias, que quando saía com o marido não levava celular, não respondia email de trabalho, e só pensanva em si própria.
Estou pensando em adotar e mesma atitude quando entrar no avião depois de amanhã, só espero que a minha chefe colabore... De qualquer jeito, a partir de amanhã, vou entrar em "vacation mode" e falar de amenidades...
Estou louca para ver minha avó e a minha sobrinha, que deve estar linda. Também estou morrendo de saudade da minha família e mal posso esperar para jogar conversa fora com meus amigos no Rio, porque se é verdade que "home is where the heart is", então o Rio vai ser sempre a minha casa.
1 comment:
Puxa, Dani, mais uma grande perda...:-( Que Deus ampare a família do Sandro!
Prometo colaborar para suas férias e não falar mais disso. Sugiro até vc fazer como o blogueiro mor que eu conheço - "blogueiro de férias, a tripulação responde" :-)
Boa viagem!
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