Tive muita sorte de ter encontrado pessoas extremamente especiais ao longo da minha caminhada: família superunida e sempre ao meu lado, amigos solidários de longa data, médicos mais do que competentes e dedicados, superiores extremamente compreensivos que aliviaram muito a dor trazida pela doença. Também encontrei alguns idiotas ao longo do caminho, mas destes fiz questão de esquecer. Quem sabe um dia escrevo um post só para fazer a gente rir. Nunca ouvi tanta abobrinha.
Mas voltando ao que interessa, algumas pessoas que mais me ajudaram foram justamente aquelas que já tinham passado por situações semelhantes a minha, pois tinham as palavras certas nas horas certas que me traziam ao mesmo tempo esperança e seugurança.
Uma das pessoas que mais me ajudaram foi a Dona Marli, gerente de recursos humanos do escritório de propriedade intelectual onde trabalhei desde o início de 2001 ao final de 2003. A Dona Marli é uma pessoa boníssima, daquelas que sempre sabem exatamente o que dizer para que a gente se sinta melhor. Entre a descoberta da doença e a cirurgia, foram pouquíssimos dias. Meu chefe imediato foi incrível, disse que me esperaria o tempo que fosse. Durante todo meu tratamento, recebi visitas de vários colegas de trabalho e a D. Marli, que anos antes tinha vencido uma batalha contra o câncer de mama, me acompanhava de perto, ligando sempre e me visitando sempre que podia.
Fiquei longe do trabalho durante dois meses e meio e voltei animada para recomeçar a minha rotina. Por mim, teria voltado muito antes, mas por causa da insistência dos médicos e dos meus chefes para que fizesse uma recuperação completa, só voltei ao trabalho no início de 2003.
Voltei muito feliz e pronta para recuperar o tempo perdido. Mas minha alegria durou pouco, logo soube que teria que fazer algumas sessões de químioembolização e talvez fosse necessária uma outra cirurgia. Meu mundo caiu de novo. Corri mais uma vez para a sala da Dona Marli para dizer a ela que a minha "volta definitiva" tinha durado muito menos que o previsto.
Ela me tranqüilizou dizendo que meu emprego estaria lá sempre esperando por mim e que ela sabia que nos próximos meses a minha concentração estaria muito aquém do normal, mas tudo aquilo já era esperado. Ela sabia do que estava falando, pois tinha vivido a mesma situação quando lutava contra o câncer de mama.
Senti uma tranqüilidade enorme na voz dela: "Você vai vencer também. Não tenho dúvida. Aqui temos muitos casos de câncer, mas ninguém morre disso." Para mim aquilo virou a verdade mais absoluta.
Foi muito importante saber o quanto era querida no meu local de trabalho: as flores, as visitas incessantes (a minha amiga Dani Cerdeira me visitou TODOS os dias no hospital e por causa dela, todo dia eu fazia questão de tomar banho sozinha e trocar de roupa), telefonemas, flores, presentes e tantas orações.
Foi ali que descobri o quanto era importante para mim poder receber a energia positiva das pessoas que gostavam de mim. Fui uma doente diferente -- jamais quis me esconder, me isolar e por mais cansada que estivesse, uma conversa com amigos e uma boa farra, ainda que no leito de um hospital, eram o bastante para levantar meu astral.
A Dona Marli foi muito importante para mim, não só pelo carinho que ela sempre demonstrou por mim, mas por me servir de exemplo de superação. Ela sabia o que eu estava passando e tinha vencido a batalha. Eu venceria também.
2 comments:
Admiro muito você!!!
Nem preciso dizer o quanto fiquei emocionada ao ler meu nome nesse maravilhoso blog! Eu fiz, faço e sempre farei tudo por você e por toda sua família que eu considero como se fosse a minha. Sempre me acolheram e me fazem MUITO bem! Saiba que eu TE ADORO muito, muito, muito e MUITO e lhe desejo TODA felicidade desse mundo, pois você merece!!!
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