July 22, 2008
Dúvidas
Nada pior para um paciente do que médicos que têm opiniões conflitantes sobre a conduta a seguir. Infelizmente isto é muito mais comum do que parece e em casos graves leva o paciente ao desespero. O raciocínio é simples -- se os grandes médicos especialistas após décadas de estudos e pesquisas não conseguem se entender e fechar um diagnóstico que dirá nós, simples mortais, pacientes ansiosos e desesperados por uma cura? Nos sentimos reféns, isolados na nossa ignorância e importentes diante de uma situação gravíssima que exige ação muitas vezes imediata.
Quanto mais perguntas fazemos, menos respostas encontramos, mais dúvidas surgem e mais angústia sentimos. Neste turbilhão de emoções é praticamente impossível
encontrar o que mais necessitamos: paz. Paz para tomar uma decisão crucial que pode significar vida ou morte. Sim, pois os médicos podem opinar, sugerir, recomendar, mas no final das contas a decisão é exclusivamente do paciente que aceita ou não os riscos trazidos pelo tratamento, ciente de que pode vir a pagar com a própria vida.
Antes da primeira cirurgia não tive muito o que pensar. Entre diagnóstico final e cirurgia foram apenas quatro dias. Não tive tempo sequer de ter medo. Como dizer por aqui, foi tudo no susto. Respirei fundo e fui.
Já na segunda cirurgia foi tudo completamente diferente. Meu mundo literalmente caiu. Parecia que tudo que tinha vivido nos últimos cinco anos tinha sido uma farsa. Todas as comemorações pela minha cura tinham sido em vão. Me senti traída. Traída pelo meu corpo, pelas imagens que nunca antes haviam sugerido existência de tumor, traída pelos exames de sangue sempre normais e traída pelos médicos que tinham me dado "alta".
Depois de tomar uma verdadeira rasteira do destino, achei que meu tempo por aqui tinha se esgotado. Depois de cinco anos felizes, a festa enfim tinha acabado e a dura realidade uma vez mais batia à minha porta. Foi difícil de aceitar. Eu de novo em dúvida sobre a existência do futuro.
E quanto mais as pessoas e os médicos me diziam para ter calma e tranqüilidade, mais inquieta e desesperada eu me sentia. E nestas horas nada que eu ouvia me servia de consolo. Sentia um vazio enorme, um medo, uma angústia e uma solidão absurda. Mas as respostas para meus questionamentos só poderiam vir de dentro de mim e foi quando percebi isto que encontrei paz. Paz que independe de médicos, diagnósticos e de opiniões alheias.
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reflexões
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