Se não bastasse a falta de sorte de estar entre a minoria da população mundial que algum dia vai se ver às voltas com um diagnóstico de câncer, se o sujeito ainda tiver nascido num país mais pobre, as chances de tratamento e conseqüente cura caem assustadoramente.
De acordo com uma matéria veiculada no site da BBC há uma imensa variação nas taxas de sobrevivência em diferentes partes do mundo. A publicação inglesa cita um estudo científico da Lancet Oncolology que identifica os EUA, a Austrália, a França e o Japào como os campeões de sobrevivência após cinco anos. O mesmo estudo aponta a Argélia como lanterninha entre os 31 países pesquisados.
A pesquisa foi realizada por mais de 100 cientistas no mundo todo sob a liderança do Prof. Michael Coleman, da London School of Hygiene and Tropical Medicine e analisou informações de dois milhões de pacientes de câncer que receberam diagnóstico e tratamento nos anos 90.
Embora os números possam estar ultrapassados, a mensagem central não está - o acesso à medicina de qualidade é desigual.
O mesmo estudo relata que um homem americano tinha quatro vezes mais chances de sobreviver a um câncer de próstata do que seu companheiro argelino, enquanto que um japonês tinha seis vezes mais chances de sobreviver a uma câncer de intestino.
De acordo com o estudo da Lancet, Polônia, Eslovênia, Brasil e Estônia têm taxas de sobrevivência que chegam à metade daquelas observadas nos países líderes do ranking. Os resultados espelham fielmente a quantia que cada país gasta em saúde durante o mesmo período.
Enquanto os EUA ocupam a posição de liderança com mais de 13% do PIB gastos em saúde, o Canadá, a Austrália e os países europeus que no topo da lista gastam entre 9% e 10%. Na lanterna, Argélia gasta 4%. De acordo com algumas estatísticas que vi, o Brasil gastava há alguns anos por volta de 6% do PIB em saúde... Dá para ver que faz diferença. Não que o sistema de saúde americano seja uma maravilha -- longe disso -- mas que os pacientes têm chances maiores de participarem de testes clínicos ou de tratamentos inovadores, disso ninguém tem dúvida. Sou extremamente crítica quanto ao serviço de saúde norte-americano, mas não posso negar que o país é berço das pesquisas e testes clínicos mais avançados no mundo. O acesso entretanto continua problemático e as minorias obviamente estão em desvantagem. Não gosto muito deste conceito de minoria, mas neste caso as minorias são também os mais pobres, logo não têm mesmo acesso às grandes novidades e inovações tecnológicas disponíveis aos mais ricos.
A matéria é bem abrangente e vale muito a pena ler. Quem tiver interesse, basta clicar aqui
Como dizem os americanos, "some food for thought."
Depois de pensar no assunto fiquei ainda mais animada com meu trabalho novo, pois a bandeira da Dra. Claudia Baquet, minha nova chefe, é justamente aumentar a participação das minorias - negros, brancos e latinos - nos estudos e testes clínicos. Estou superfeliz ao saber que na minha nova função vou trabalhar com populações negras, latinas e indígenas.
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