June 10, 2008

Entrevista VIP ou Uma vez repórter...





Uma vez repórter, sempre repórter. É exatamente assim que me sinto. Embora tenha passado anos longe da minha profissão, ao chegar aqui nos EUA, entendi, depois de muito bater a cabeça, que o caminho mais fácil para a volta ao mercado seria partir do início, ou seja, voltar para onde tudo começou aqui.

Vim para os EUA em 1992 estudar comunicação. Como meu sonho era ser correspondente internacional, acabei me formando em Comunicação e Relações Internacionais, com um minor (uma concentração menor) em alemão, afinal, ao contrário do que a gente vê por aí, um correspondente internacional deve ser fluente em vários idiomas. Enfim, saí de lá com meu diploma pronta para voltar para o Brasil e fazer uma carreira brilhante no jornalismo televisivo.

Dá para perceber que as coisas não aconteceram bem assim. Apesar de toda a minha bagagem, estudos no exterior, bolsas de estudo, recomendações, etc, o pessoal no Brasil reagia com "curiosidade" ao me conhecer. Volto a lembrar que isto aconteceu no início dos anos 90, quando viajar para o exterior ainda era "coisa rara" e estudar no exterior era só para milionário, ou bolsista (meu caso), mas o fato é que em cada entrevista que eu fazia, me sentia um ET. As perguntas do entrevistador eram no mínimo estranhas, coisas tipo "Se você estudou nos EUA por que quer trabalhar no Brasil?"

Depois de dar entrada no pedido de revalidação no meu diploma e esperar por dois anos, resolvi voltar para os EUA. Meus professores universitários insistiam e eu acabei conseguindo outra bolsa. Vim para Nova York em 1996 e foi a melhor coisa que fiz na vida. Em 1998 terminei o mestrado na NYU.

Sempre quis fazer TV, mas pelo menos por aqui, em início de carreira, TV paga muito pouco ou nada, então não era uma opção viável. Depois de dois estágios na CNN e na NBC, acabei caindo de pára-quedas no jornalismo financeiro, que paga melhor, e fui ficando até conseguir escapar de volta para o Brasil, onde comecei a trabalhar em comunicação corporativa, marketing, etc.

Enfim, não me tornei nenhuma Barbara Walters, mas não posso me queixar. Até ano passado, o jornalismo estava tão distante de mim que achei que jamais fosse voltar ao batente. É bem verdade que durante os tempos de "exílio corporativo", coordenava sessão de fotos, gravação de vídeo, escrevia releases, etc, mais como hobby do que outra coisa.

Mas o tempo passou e acabei voltando ao jornalismo financeiro, ainda que temporariamente, então não poderia recusar a missão impossível que me foi dada por ninguém menos do que o meu melhor amigo de sempre, Horácio Brandão, o mago do entretenimento no Brasil.

A verdade é que apesar de ter trabalhado com todo o jet-set do entretenimento mundial, de Rolling Stones a Police, passando por todos os ballets e tenores do mundo, o Horácio não consegue esquecer que a gente apresentava o festival de música do colégio do alto dos nossos 14 anos e foi exatamente isso que aconteceu esta sexta-feira passada. De uma forma insólita, conseguimos reviver aqueles momentos, ali no palco com Frank Sinatra Jr e orquestra.

O próximo evento internacional do Horácio será a tournê brasileira de Frank Sinatra, Jr. Vocês não sabiam que o Blue Eyes tinha um filho cantor? Nem eu! Mas o cara é músico dos bons e trabalha muito desde os anos 60.

O dia foi meio surreal, depois de uma senama punk, pois além de ser a repórter on-camera, fui também a produtora, e o Blake foi o researcher e assistente de câmera, mas valeu muito a pena.

O Sinatra Jr. é uma pessoa bem reservada e introvertida, talvez por ter crescido à sombra do pai. O fato é que numa época do culto à celebridade, o cara só quer ser anônimo.

A entrevista em si foi um desafio, pois ao contrário do pai, o Sinatra Jr é completamente avesso à badalação. No fundo ele é músico e só. Fazer com que ele se abra não é para qualquer um, mas confesso que em alguns momentos senti a casca dele quebrar um pouquinho. Um sorriso tímido aqui, uma historinha interessante ali, até que a entrevista ficou legal. Digo isso com um certo orgulho, pois a última entrevista dele no Today Show aqui foi triste.

Um dos momentos mais interessantes foi quando perguntei se ele imaginava que a sua carreira poderia ter sido diferente se ele tivesse um outro sobrenome. Depois de um começo meio padrão, ele acabou confessando que tudo que ele sonhava desde criança era
ser pianista, mas que por ter a voz parecida com a do pai, além da semelhança física notável e do sobrenome, ninguém deixava que ele pisasse no palco sem cantar. E como toda pessoa comum, o que ele não cansa de frisar, ele precisava trabalhar e se cantar era parte do pacote, não havia como negar.

Fiquei pensando... Normalmente, a gente culpa a falta de recursos ou de contatos quando não realiza nossos sonhos. Se eu não precisasse de dinheiro, se eu tivesse amigos no meio, se eu tivesse uma mãozinha...tanta coisa poderia ter acontecido. Bom, o caso do Sinatra era justo o oposto. Ele tinha dinheiro demais, conhecimento demais e o peso incrível de um sobrenome legendário. Tanto peso que acabou sufocado e ficando preso na figura do crooner.

Por isso foi muito legal ver o ensaio do show, pois além de cantar ele regeu uma orquestra de 50 músicos. Para quem é leigo como eu, é impressionante ver que enquanto canta o cara percebe que a harpa não entrou no tempo certo, ou que há um violino atrasado... Detalhes tão importantes para um músico mas muitas vezes imperceptíveis para o resto dos mortais, mas que fazem toda a diferença no resultado final.

Outra coisa legal do Sinatra Jr. é a generosidade com que ele trata os músicos da orquestra. Não só os que tocaram com o Sinatra pai, mas todos que dividem o palco com ele. De novo, a figura da celebridade temperamental passa longe. Graças a Deus. Apesar de não ser muito carismático, por outro lado é um alívio perceber que o cara é na dele e não tem nada de fanfarrão.

Quem tiver interesse, vai poder ver o show dele no Brasil, pois a tournê Sinatra by Sinatra vai percorrer o país de norte a sul. O show é uma viagem ao passado e se você fechar os olhos vai jurar que está escutando o inesquicível Frank Sinatra pai. Vale a pena!

Os fãs da Família Soprano, vão recenhecer o Paulie numa das fotos aqui. Ele é muito amigo do Frankie e estava lá durante todo o ensaio e obviamente durante o show. Foi um dos momentos engraçados da noite, quando o cantor fez referência à amizade da família com a "Cosa Nostra". Ele nega, põe a culpa nos terríveis tablóides enquanto o Paulie, com a cabeleira inconfundível, caminha em direção a ele no palco.

Fora o dia de repórter com o Sinatra, foi ótimo rever o Horácio e bater perna pela cidade que luta para se livrar da fama de cafona. Tem umas lojas bacanas nos cassinos, mas a cidade em si...well, como diria o Horácio, é uma Guarapari americana. Eu vou mais além e acho que é uma mistura de Araruama com Itacuruçá, mais os cassinos.

Mas valeu muito! Eu saí de lá muito feliz de ter conseguido o que a Meredith Vieira (âncora do Today Show) não conseguiu: conhecer um pouquinho da personalidade do Frank Sinatra Jr. O Horácio ficou feliz por ganhar uma balança digital do Caesar's Cassino (isso é assunto pra outro post!), o Blake adorou ter visto o ensaio do show e sua primeira experiência atrás das câmeras. Só não gostou da minha resposta quando o Frankie perguntou o que uma carioca estava fazendo em New Jersey e eu disse: "O motivo está ali", e apontei para ele, que estava segurando a luz para o câmera. O Blake disse: "Agora o Sinatra vai pensar que você veio morar aqui porque casou com o 'cara da luz'!!!"

Só faltava essa!!!

4 comments:

Anonymous said...

Tudo muuuuuuuuuuito legal!
Congratulations!
MOM

Fernanda França said...

Adorei o post, o astral, as histórias, as lembranças, as fotos da entrevista, tudo. Adorei, Dani!!! beijos, Fê.

Isabel said...

Dani,
Quanta novidade!
Você agita mesmo...isso morando em Maryland...só imagino como não era tua vida em NY!!!!
E tudo que vc. faz é com muita paixão! Parabens,
Isabel

Anonymous said...

E há pouco tempo ela reclamava da calmaria :-) Parabéns, Dani! Mas a resposta que faltou, "É para o Fantástico?" rsrs