June 15, 2008
Tim Russert
Como jornalista não poderia deixar de falar da morte do ícone do jornalismo americano Tim Russert. Tim era apresentador do Meet the Press, melhor programa de entrevistas nos EUA e possivelmente no mundo. Era direto sem perder a elegância; educado, sem ter medo de fazer perguntas difíceis; firme sem ser arrogante, coisa rara nos dias de hoje.
Apesar de não o conhecer pessoalmente, o Tim era daquelas pessoas que a gente gosta de longe. Num mundo onde valores como família e religião andam tão esquecidos, Tim sempre fazia questão de falar de seu pai, Big Russ, ainda vivo, e de seu filho, Luke, que acabou de se formar na faculdade. Era autor do bestseller Big Russ & Me, pai e filho: lições de vida., que nada mais era que uma homenagem ao pai. Tim era casado com com Maureen Orth, jornalista da Vanity Fair, há vinte cinco anos.
Numa sociedade secular, Tim era católico praticante e sempre levava um terço consigo. Era muito grato à educação católica que tinha recebido em escolas jesuítas. Dizem que ele fez uma promessa de que se tivesse um filho saudável jamais deixaria de ir à missa. Ele tinha acabado de voltar da Itália de férias com a família, onde teve uma audiência com o Papa Bento XVI.
Tim morreu sexta-feira, vítima de um enfarte fulminante nos estúdios de NBC em Washington, quando gravava as chamadas do programa que iria ao ar este domingo. Tinha voltado de férias mais cedo para gravar; o filho e a esposa tinham ficado na Itália. Tim morreu trabalhando, fazendo o que mais gostava. Sempre digo que esta morte é um prêmio para quem vai, já que não envolve longas temporadas de sofrimento em hospital, mas é uma tremenda covardia para quem fica, que de uma hora para a outra e sem a menor explicação perde alguém que tanto ama de uma forma brutal.
Enfim, além do profissional excepcional, na minha opinião, o melhor em atividade nos EUA, Tim Russert era gente como a gente, ser humano bacana mesmo e vai fazer muita falta. Os domingos aqui nos EUA jamais serão iguais sem a inteligência e a generosidade de Tim Russert.
Perde o jornalismo mundial, perde o público americano, perdem a família e os amigos de Tim...
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2 comments:
Caramba... que covardia a morte pegar um homem novo assim de surpresa. Mesmo com fé, fica difícil aceitar, não é? Beijos.
Fica sim, Fê.
Um homem novo que estava fazendo toda a profilaxia -- dieta, exercício, remédios. Como disse uma médica aqui na TV, tragédias assim nos fazem perceber que há uma força maior. E como disse o padre de Tim, "estamos aqui de passagem e ele já foi para a casa."
Fiquei arrasada.
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