Durante cinco anos não chorei. Acho que por falta de tempo...ou por falta de coragem. Depois do choque inicial e de algumas poucas lágrimas derramadas, simplesmente mergulhei de cabeça na cura da minha doença. Não tive tempo de discutir, de duvidar, de questionar. Todo tempo que me restava era investido na minha recuperação. Para frente é que se anda, era o que eu dizia a mim mesma todos os dias.
Por incrível que possa parecer, em nenhum momento sequer me perguntei por que tal coisa tinha acontecido comigo. Também não tive chance de me revoltar e ou encontrar culpados. Tudo que eu queria era que aquela tempestade passasse e que eu pudesse voltar a viver a minha vida como se nada tivesse acontecido. Mal sabia que nada jamais seria como antes. Melhor assim.
Fazia algum tempo que me sentia um pouco fraca e cansada, mas achava que tudo era conseqüência da vida atribulada em Nova York no final da década de 90. Estava realizando o meu sonho, vivendo na cidade mais importante do mundo, conhecendo pessoas e lugares fascinantes e tentando aproveitar ao máximo aquela experiência única. Devia ser pressão baixa ou stress, nada preocupante.
E os anos foram passando e o cansaço aumentando...mas eu continuava achando que era a vida de trabalho e compromissos sociais que estava afetando o meu corpo. No final de 2000, fui ao Brasil visitar a família e esperar a minha troca de visto. Foi aí que comecei a prestar mais atenção à minha saúde, muito mais por necessidade que por escolha.
Acabei decidindo não voltar mais a Nova York e aceitando uma proposta de trabalho no Rio para ficar mais perto da família. Meus amigos e meu coração ficaram em Nova York, mas algo me dizia que a festa tinha chegado ao fim e era chegada a hora de voltar para casa.
A adaptação ao Brasil foi difícil, mais difícil do que havia imaginado, mas a minha decisão já tinha sido tomada e eu nunca fui daquelas pessoas que ficam se lamentando pro resto da vida. Esperneei um pouco no início e custei a achar a minha turma, mas aos poucos ia entendendo que precisava fechar um capítulo da minha história de uma vez por todas.
E o tempo foi passando, minha saúde parecia ter melhorado, não me sentia já tão cansada, mas a minha anemia teimava em não me abandonar. Devo ter ido a mais de 15 médicos e feito milhares de exames. Já não aguentava levar mais agulhada! A conclusão, ou melhor, inconclusão era sempre a mesma: stress. Mas eu sabia que havia mais ali...meu corpo dava sinais que ninguém parecia entender, nem eu mesma.
Dica: ESCUTE SEU CORPO
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