Ainda pensando no meu projeto que está em marcha-lenta por causa da visita dos meus pais aqui...
Como ando sem tempo de escrever, posto um trecho do email que mandei para a minha amiga e companheira de luta, Carla...
Acho que respeitei o conselho médico de não me envolver muito com a causa nos primeiros anos, mas agora sinto que tenho que fazer alguma coisa. A solidão que senti naqueles meses, e ainda sinto às vezes, ainda dói, então tive a idéia de recolher depoimentos de pessoas que passaram por coisas semelhantes para que outros pacientes não se sintam tão sozinhos.
Entrei para um site que se chama www.planetcancer.org e é para pacientes jovens de câncer trocarem experiências. Coisa muito bacana... Nas minhas leituras descobri que só agora posso me considerar uma sobrevivente (survival), pois até o marco de cinco anos estamos em "remissão". Ainda bem que só descobri isto agora, pois já me considerava curada desde a minha cirurgia! hahaha Descobri também que no meu tipo de tumor a taxa de morte é de quase 70%!!!! E a chance de uma reocorrência nos primeiros anos é de 60% a 100%, o que explica a preocupação absurda dos médicos!!! É nessas horas que a ignorância é realmente uma bênção. Eu sabia da gravidade do caso, mas estava tão ocupada em me recuperar que não tive tempo de analisar minhas chances... Ainda bem!
Cinco anos...dá até arrepio olhar pra trás e ver o que você superou, né? Você se achava capaz? Eu, por alguma razão louca, sempre achei que se tivesse uma doença grave, morreria de depressão, pois simplesmente não teria forças para reagir... E qual não foi a minha surpresa quando o oposto aconteceu?
Comprei o livro do filme Crazy Sexy Cancer e li em um dia! Muito legal, otimista e fácil de ler... Queria fazer uma coisa parecida, mas diferente!!! O livro dela foca em mulheres jovens com câncer, já eu queria mostrar que o câncer une e não divide, pois odeio estas segmentações: câncer de mama, câncer de pulmão, câncer de fígado... E acho errado, já que "câncer" é só uma palavra para rotular uma doença que tem milhões de nuances... há centenas de câncer de mama, centenas de linfomas, e por aí vai... Por isso queria uma demografia bem variada: homens, mulheres, jovens, idosos, católicos, crentes, ateus, negros, brancos, japoneses, ricos, pobres... para provar a minha teoria que basta estar vivo para correr o risco e basta estar vivo para querer lutar.
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